“Come Taste The Band” é o décimo full lenght da banda britânica de Hard Rock, Deep Purple.
Lançado no dia 10 de outuro de 1975, Há exatos 47 anos, pelos selos EMI/Warner, “Come Taste The Band” é uma salada de musicalidades e divergentes opiniões.
O encrenqueiro guitarrista Ritchie Blackmore havia deixado a banda para montar o Rainbow, tendo sido substituído pelo jovem americano, Tommy Bolin, guitarrista virtuoso que tocava com James Gang e Billy Cobham, sendo especialista em Fusion, Blues, Funk e Soul e já que, desde “Stormbringer” (1974), as referências em Blues e Soul haviam tomado conta da sonoridade do quinteto, principalmente pela influência musical dos recém chegados Glenn Hughes e David Coverdale, portanto, nem seria necessário mencionar que a entrada de Tommy Bolin fez com que essa tendência tomasse conta em definitivo da música do Deep Purple.
A guitarra de Tommy Bolin
As duas primeiras canções, “Comin’ Home” e “Lady Luck”, trazem um prenúncio do que seria o Whitesnake pouco tempo depois. Afirmo, sem medo, que um dos principais passos para a criação da futura banda de David Coverdale foi dado aí e, dessa forma, nem é necessário dizer que Coverdale é quem comanda a voz em ambas as faixas. “Gettin’ Tighter”, por sua vez, nos brinda com o swing e o magistral vocal de Glenn Hughes, assim como os riffs que impõe um ritmo alucinante que mescla Funk (nada parecido com essa merda que vem do Rio de Janeiro) e Hard Rock. Bolin dá show tanto nos riffs, quanto nos solos, Hughes comanda a cozinha com a genialidade de Ian Paice, ditando um ritmo no qual é impossível ficar inerte.
“Dealer”
“Dealer” também tem certo swing, porém bem mais cadenciado que o da música anterior. A voz que comanda é a de Coverdale, porém Bolin manda um lindo trecho, mostrando que também sabia cantar, que a musicalidade era completa em seu sangue. Em seguida, vem “I Need Love”, que é mais uma canção que caberia em qualquer disco do Whitesnake sem que houvesse qualquer desconfiança por parte do ouvinte de que seria Deep Purple.
Mais um Hard swingado, “Drifter” abre o lado B da bolacha, misturando a conhecida sonoridade do Deep Purple com essa tendência pré-Serpente Branca presente no registro.
“Love Child”
Se o disco é imperdível até aqui, imagina a trinca final que é fabulosa. Primeiramente, “Love Child” tem aquela pegada Led Zeppelin do início dos anos 70 e esse tipo de música combina perfeitamente com a interpretação de David Coverdale. O mestre Jon Lord, do qual falamos pouco até então, começa a dominar as ações e o faz até o final da bolacha. Logo após, “This Time Around/Owen To ‘G'” mistura quase todos os ingredientes dessa deliciosa receita a um saboroso tempero de Prog Rock.
Não sei dizer como Glenn Hughes emociona mais, se é com a sua voz ou sua linha de baixo ou o piano de Lord que intensifica todos os fortes sentimentos emanados por essa obra de arte musical.
Quando a bateria chega, a parte com vocal se encerra e começa um instrumental de preço imensurável e ao final, o saudoso guitarrista Tommy Bolin usa todo o seu talento em prol da beleza musical.
“You Keep On Moving”
A minha favorita ficou para o encerramento. O baixo dinâmico tocado com o absoluto feeling de Hughes introduz a maravilhosa “You Keep On Moving”. Coverdale e Hughes executam suas vozes em uníssono, fazendo qualquer fã arrepiar todos os pelos do corpo. Quando a bateria aumenta a intensidade da canção, Glenn Hughes canta uma parte solo, a qual introduz o exímio solo de teclado de Jon Lord. Assim que termina o solo do maestro, é a vez de Coverdale cantar uma parte. Enfim, a canção retorna na mesma pegada do início com as duas vozes, mais uma vez, unidas em coro.
O solo mais lindo gravado por Tommy Bolin enfeita a parte final da canção, dando certo ar de despedida dele, que morreria aproximadamente um ano depois de overdose de heroína, com somente 26 anos.
“Come Taste The Band” iniciou um hiato que durou até o lançamento de “Perfect Strangers” em 1984. É certo que esse álbum não recebeu a atenção merecida, pois muita gente não aceitou o fato de não ser Ritchie Blackmore o guitarrista. Porém, se dessem uma chance e ouvissem o disco com atenção, talvez desfizessem o preconceito. Trata-se de um ótimo disco.
Bom demais!
Nota 8,7
Integrantes:
- Jon Lord (teclado, piano, sintetizador)
- Ian Paice (bateria)
- David Coverdale: (vocal, guitarra)
- Tommy Bolin: (guitarra, baixo e vocal em “Dealer”)
- Glenn Hughes: (baixo e vocal em “Gettin’ Tighter”, “This Time Around” e “You Keep On Moving”)
Faixas:
- 1.”Comin’ Home”
- 2.”Lady Luck”
- 3.”Gettin’ Tighter”
- 4.”Dealer”
- 5.”I Need Love”
- 6.”Drifter”
- 7.”Love Child”
- 8.”This Time Around/Owed to ‘G'”
- 9.”You Keep On Moving”