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Álbuns Injustiçados: Destruction – “All Hell Breaks Loose” (2000)

Gravadora: Nuclear Blast



O Thrash Metal foi bastante afetado pelo fenômeno que ocorreu na década de 90, fazendo com que grande parte das gravadoras só pensassem em trabalhar com produtos alternativos, fechando as portas para o Metal, que nunca foram muito grandes mesmo em seus tempos áureos. Várias bandas que se tornaram ícones ao término da década de 80 sentiram na pele toda essa mudança, dentre as quais, buscaram inspirações em outros ares dentro do Rock para produzirem algo rentável. Enquanto o Kreator migrava para o lado industrial, experimentando sonoridades constituídas e consumidas pelos lados da Europa, e pouco depois acrescentando elementos de Groove e distorções mais graves em seu som, o Sodom foi um dos representantes que procurou se manter intacto, trazendo mudanças mais simples e sempre voltadas às suas próprias influências iniciais ligadas ao som mais pesado e sujo. As bandas americanas optaram em mergulhar nessa onda de mudança estrutural e sonora, com umas adentrando de forma direta e rápida como o Metallica, e outras de forma mais branda, tendo ainda o reforço à época da hoje extinta MTV. Já o Destruction, após a saída de Marcel “Schmier” Schirmer da banda, a mesma iniciou um hiato que perduraria por toda a década de 90. Porém, sob o comando do guitarrista Mike Sifringer, o Destruction lançou os EPs “Destruction” (1994) e “Them Not Me” (1995), além do famigerado álbum “The Least Successful Human Cannonball” (1998), um álbum tão odiado que a própria banda o excluiu de seu catálogo oficial, juntamente com os dois EPs.

Não chega a ser estranha essa posição, já que a sonoridade de tais trabalhos é muito descaracterizada do som tradicional de sucesso construído pelos alemães nos álbuns clássicos anteriores. Foi um susto muito grande para quem pegou para ouvir logo em seu lançamento, entretanto, hoje em dia, colecionadores optam por tê-lo devido à simpatia para com a banda, para completar a discografia além do aceitável pelo próprio Destruction, ou até mesmo por gostar do disco, e até dos EPs. Sendo assim, o Destruction só voltou a se tornar relevante quando Schmier retornou ao seu posto como vocalista e baixista, completando o power trio novamente. O que estava por vir trazia bastante curiosidade, e só não foi maior essa curiosidade por conta do momento em que o Metal se encontrava, à exceção do Power Metal que havia conquistado o seu devido espaço, e também do Death Metal, que, acostumado a viver às margens da mídia, soube se manter resistente até o fim desta relutante década. Foi entre 1999 e 2000 que a coisa voltou a esquentar a favor dessa sagrada vertente do nosso querido Metal, o nobre e devastador Thrash Metal. E ressaltando que a década de 90 em si foi muito longe de ser ruim, pois nos brindou com diversos clássicos, principalmente dentro do Power Metal e do Metal extremo, e até mesmo do Prog Metal.

Assim como o Kreator, que ensaiava seu retorno ao estilo que o consagrou era nítido que o Destruction precisava dar a sua versão da reposta para seus fãs e para o público em geral. O Sodom seguia com seus lançamentos, mesmo que de forma ainda menos badalada se comparado aos seus primeiros trabalhos. Outros países que hoje encabeçam a lista de territórios emergentes do Metal pesado ainda não tinham holofotes suficientes para figurarem nessa história. Teriam que arrumar uma pá maior para cavar um pouco mais e encontrar mais ouro espalhado pelas profundezas do underground. Óbvio que essa ou aquela banda poderia ser citada para representar o movimento em outra região do planeta, mas a concentração maior era de fato entre EUA e Alemanha. E se hoje o leque de países que carregam a bandeira do Thrash aumentou, se deve muito ao empenho de bandas do escalão médio dos principais países que regiam toda essa orquestra. O Brasil com suas ótimas bandas, tendo o Sepultura como aquela que acenderia a pira em uma metafórica olimpíada do Metal, também pode ser citado em uma próxima fileira junto da Inglaterra. Mas, se formos analisar o alcance, fica óbvio que após os EUA, vem a Alemanha com seu Teutonic Big Four facilmente.



Após o retorno já citado de Schmier ao “Destrucho” da massa, Mike não pensou duas vezes em retomar todas as ideias que ficaram estagnadas desde o fantástico “Release From Agony” (1987), já que “Cracked Brain” de 1990 contou com os vocais de André Grieder. É um álbum querido por muitos e odiado por tantos, mas que faz parte da fase boa da banda que buscava alçar voo novamente. “All Hell Breaks Loose” foi gravado durante o mês de dezembro de 1999 no Abyss Studios, Parlby, Suécia. O álbum foi produzido e gravado por Peter Tägtgren, vocalista do lendário Hypocrisy, e pelo próprio Destruction, enquanto a masterização foi feita em janeiro de 2000 no Klangstudio Leyh, Sandhausen, Alemanha. Além disso, Peter canta e toca guitarra na faixa 10 do disco, que é justamente a regravação renomeada como “Total Desaster 2000”. Faixa esta que apareceu originalmente na demo “Bestial Invasion Of Hell” e, em seguida, no EP “Sentence Of Death”, ambos trabalhos lançados em 1984.

Muitos dos adeptos do Thrash e do próprio Destruction acabam por esquecer o “All Hell Breaks Loose” devido à distância entre ele e seus antecessores mais qualificados, ocorrendo o mesmo com seus irmãos mais próximos, “The Antichrist” (2001) e “Metal Discharge” (2003). Isso vem um pouco da preguiça de determinados fãs da boa “múzga” que param de ouvir a banda após o segundo disco e vivem a exaltar essa fase inicial por um longo período, sempre citando apenas os dois ou no máximo três primeiros discos. Todas as bandas mencionadas aqui, exceto as bandas que pertencem ao mainstream, sofrem um bocado com essa situação. Mas, que encontram em outro seleto grupo de fãs, grande vontade de garimpar mais discos, portanto, lembrando de mais trabalhos de uma mesma banda. Dentre estes, há os que prefiram o “All Hell Breaks Loose”, enquanto outros já preferem o “The Antichrist”, e uma parcela menor consagram o “Metal Discharge”. Isso faz parte da injustiça causada contra o álbum na qual estamos averiguando, pois este marca um retorno mais do que digno de Schmier ao seu posto que perdura até os dias de hoje. Outro fato importante é que desse disco surgiram grandes faixas que passariam a figurar em seus shows posteriores, e em seus principais lives lançados em DVD. As faixas de que falo são: “Machinery Of Lies”, “Tears Of Blood”, e “The Butcher Strikes Back”, que aparece na posição de número 6, e vem a ser a mais conhecida dentre as três canções destacadas muito por conta do nome que envolve o seu mascote, The Butcher.

Com esse avanço em relação ao trabalho lançado após assinar com a Nuclear Blast, o Destruction voltou ao cenário como uma das grandes novidades nos casts dos eventos mundo afora. Estava de volta ao seu lugar de direito, pois se tratava de uma das grandes bandas que ajudaram a construir e instituir o que conhecemos por Thrash Metal, e junto aos seus compatriotas Kreator, Sodom, Tankard, Assassin, Necronomicon, Darkness e Accu§er, eles estavam de volta para espalhar o seu som novamente nos ouvidos dos metalheads.

Após uma breve “Intro”, abrem-se as cortinas para “The Final Curtain”, que assim como o nome sugere abre alas para uma vista mais ampla e clara, cheia de vontade de provocar o caos sonoro em meio a um longo período praticamente em silêncio. “Você machucou meus amigos e destruiu minha propriedade / O medo acelera como o câncer no último estágio / Você é um animal perigoso e cruel, criminoso e violento / Por que eu confiei no poder da lei?” – a tal da lei sempre punindo os oprimindo e arregaçando as pernas para os seres mais sujos e carniceiros deste planeta. Não importa o país, você estará condenado se for uma pessoal normal e comum. E é em momentos assim que pode surgir o famoso ‘dia de fúria’. Você, engravatado, deve temer a nós, o povo. Sinta a ira deste riffs ruidosos e famintos por carne fresca e sangue, sangue de corruptos que infestam cada território, que acabam por tomar as nossas propriedades, não se importando o quanto suamos e sangramos para conquista-las. Na emenda da constituição do Thrash Metal – parágrafo 3, encontramos “Machinery Of Lies”, primeira das três canções de destaque citadas acima. E se no início da jornada, o rasgo nas cortinas foi de dilacerar o peito, aqui a sensação é de estar ardendo em chamas através da revolta sonora provocada pelo Destruction. Se hoje você sente falta dessa energia visceral, por aqui pode muito bem relembrar ou até mesmo conhecer essa face mais agressiva dos alemães. Com as principais bandas de Thrash Metal possuindo uma identidade musical bastante forte, restava ao ‘power trio’ resgatar a sua essência lá no âmago da alma distorcida e com os padrões constituídos pelo Destruction. Os versos vociferados por Schmier guiam o ouvinte pelo engenhoso plano que forma uma maquinaria coberta de mentiras e as primeiras instruções a seguir para se esquivar de boa parte dessa criminosa e abominável influência é governar o seu dia, sem que se deixe controlar o seu próprio sono, sob o apoio das linhas potentes de guitarra de Mike, as amarras podem se afrouxar e podemos nos libertar ao menos momentaneamente. Ao perceber um pouco mais dessa ajuda, notará o apoio inabalável de Sven, que explora o seu kit como nunca, e te faz entender que “eles” não querem que você perceba que está sendo controlado, e se transformará em uma formiga com lavagem cerebral. Passo a passo, o baixo de Schmier mostra em cada tom, a manipulação se espalhando como uma doença incurável, da qual faz nos apodrecer e perecer lentamente. Se liberte de toda essa maquinaria junto a este grande single dos cidadãos de Baden-Württemberg.



“Machinery Of Lies” official live video

“Tears Of Blood” é a quarta marcha fúnebre lambuzada de excrementos corporais e pulverizadas por uma insanidade sonora das boas. A abordagem sonora apresenta diversos ingredientes dentre os quais contribuíram para a construção do que chamamos por Destruction. Mais cadenciada que suas irmãs anteriores, este é um recado de que um bom disco deve ter suas nuances, mas que dentro da própria canção, existe a sua pauta veloz. Schmier berra a plenos pulmões e a canção toma um ar catastroficamente mais vibrante e nocivo aos desacostumados com esta vertente tão marcante e barulhenta, dando a ideia de que ela funcionaria muito bem nas apresentações seguintes. Mike é o dono dos riffs que fazem as cabeças girarem até escapar de seus pescoços. “A terrível besta orgulhosamente afiou suas facas / Milhares de maridos estão perdendo suas esposas / Com orgulho, eles apresentam seus troféus mortos na TV / Você tem que pagar com sua vida se quiser ser livre!” – aqui podemos enxergar dois mundos, ou seja, o nosso mundo cruel e canibal em diversos aspectos, e o mundo das aves na qual é citado como o nosso alimento enxergaria esse mundo sob uma membrana racional próxima à nossa. O próximo disparo é da com a devastação de sua alma, e obviamente que estamos falando de “Devastation Of Your Soul”, e como de costume temos os alemães administrando o esquema tático vencedor sem que haja alguma interferência da arbitragem. O deslumbrante solo anuncia o que está por vir e ao notar o reflexo de sua alma dilacerada após acordar em uma poça de sangue, você não consegue lembrar de toda sua vingança contornada por seres humanos em pedaços de carne morta e vísceras nojentas! Cada nota destilada por guitarra e baixo clareia a ideia de que eles não merecem viver, mas quem seria você para decidir por qual vida eliminar e entregar para as mandíbulas eternas da morte. “Em um mundo que está chorando / Matar ou ser morto será o mandamento de nossa / Raça podre suja / A pena de morte para a humanidade no mundo da ganância!” – o dor causa ao desespero que leva ao ódio, que por sua vez, se propaga diante do medo desenvolvido através dessa dor.

Eis que o açougueiro maluco dá as caras e ataca novamente ao som de “The Butcher Strikes Back”, faixa esta que além de ser um dos singles incluídos nos shows, acelera os passos e os cortes na pútrida e sangrenta carne. Sob a batuta do incendiário da boa “múzga”, Mike Sifringer, o açougueiro contra-ataca com um ataque Thrash devastador e uma força invencível, que é liberada na agonia provocada pela distorção do baixo somado á voz rasgada e aguda de Schmier. É uma saudação completa àqueles que obedecem e acreditam no DESTRUCTION! Com linhas de baixo e bateria mais trabalhados, isso quando são notados belos contratempos em diversas passagens da sétima canção que foi batizada como “World Domination Of Pain”, incluindo momentos mais extremos que são explorados por Sven. A “múzga” em si possui vários momentos, desde os mais viscerais e velozes, até os breves momentos de morbidez profana. “No 7º mês de 1999 / O rei do terror vai iniciar sua máquina de morte/ O 3. Anticristo transformará o sol em trevas / Seu domínio será um sucesso assustador / Dominação mundial da dor / Dominação mundial da dor…” – aqui é retratada a profecia de Nostradamus, só que de uma forma mais simples e escrachada. Tema este que estava muito em pauta à época do lançamento do disco.

“X-treme Measures” segue à risca e não faz feio diante de um público exigente e um disco potente, ao menos até o presente momento, enquanto degustamos tal passagem sonora. De todas é talvez a faixa mais “moderna” do álbum, mas não compromete o que fora idealizado para o disco. Tanto que foi bem colocada no tracklist e seu lado mais Groove não a distancia de suas antecessoras, e ainda traz solos bem bagunçados (no melhor dos sentidos), que remetem aos solos de John Frusciante à frente do Red Hot Chili Peppers, mais precisamente no clássico álbum “Mother’s Milk” de 1989. O som te leva a passagens em que medidas extremas são tomadas diariamente no mais puro intuito de competir sem ao menos parar para analisar cada cenário. A inveja cresce naqueles que não podem comprar isso ou aquilo que está na moda e um monstro sem identidade própria é criado e fortalecido com o passar dos dias. Tudo perde o seu devido valor por conta dessa disputa que por vezes não era para acontecer. Não que o mercado não deva ser competitivo, mas levar isso para todo e qualquer campo acaba tornando as pessoas cada vez mais sem visão e sem alma. Finalmente chega o convite para apreciar aquela que dá nome ao álbum: “All Hell Breaks Loose”. E em um momento bem descontraído, ela te faz o convite para ir direto para o mosh, sem dar tempo de tomar sua cerveja. Ora, tome durante o embate! Sempre que um disco se aproxima do seu fim, surge aquela indagação sobre o álbum poder dar uma desanimada, e aqui o lance é inverso. Muito por conta da versatilidade e criatividade em alta, mostrando que a reunião era mais do que necessária, não somente para os fãs, mas para a banda em si.



Conforme foi comentado no início desta nobre carta aos fãs de Metal, “Total Desaster 2000” é uma ótima versão de si mesma. Tão veloz como na noite anunciada em meio aos imensos raios e trovões, que vieram contemplar o nascimento daquele que pertence ao reino do inferno, governado por Satanás! A veia Speed Metal fala alto e os solos de guitarra se apresentam prontamente contra o pregador virgem, e partem para a execução sumária de seus devotos que seguem ao seu profeta em vão, junto a esse massacre sonoro. E por conta desses tolos, o mundo agora é um concha, e o fogo do inferno destruirá a todos. “Visual Prostitution” é o complemento ideal para a sequência deste full length. Não diria que se destaca mais do que as canções que entraram no set list dos shows da banda, mas ela cumpre muitíssimo bem o seu papel por aqui. Possui tempero Thrash de sobra e de uma forma positiva, mas clichê, não deixa pedra sobre pedra, em meio a toda a crítica envolvida com o universo da pornografia, com seus clichês, manias e falsidades que já estavam saturados. Tudo perdeu o sentido e a apelação passou a “comer solta no Morumbi”, como diria o locutor esportivo.

Distorção com o velho efeito de avião, o final da obra é anunciado e acompanhado por “Kingdom Of Damnation”, que não dispensa momentos de muita fúria e um carrossel de emoções que multiplicam a sede de sangue tanto da banda quanto do ouvinte. É assim que se fecha um álbum com dignidade e respeito ao que fora proposto. Schmier mostra o porquê de ser o principal condutor das quatro cordas, e também o verdadeiro dono da voz do Destruction. Já o ultra inspirado Mike, destila todo o seu veneno como músico, explorando seus horizontes extremos com relação aos seus riffs e solos na canção. E por fim, Sven compõe o alicerce de forma magistral, executando todas as suas linhas e viradas de bateria com dedicação total a você, fã de Thrash Metal, metido na bagunça que é o atual reino da danação.

“Only pain…”

Um disco que além de recolocar a banda no mapa da mina, ainda apresenta ao público três músicas que passaram a fazer parte do set list dos shows da banda desde então, não pode ser deixado de lado jamais e merece ser ouvido e fazer parte da coleção de quem de fato gosta dos grandes momentos do Destruction. Se hoje ele ainda busca nivelar o prumo, por aqui a banda está afiadíssima. É só conferir e perceberá isso, garotinho!



“Thanks to those who obey and believe

Thanks to those who obey and believe

In DESTRUCTION – strikes back

Devastating thrash attack



Hail to those who obey and believe

Hail to those who obey and believe in

DESTRUCTION…”

Nota: 8,9



  • Integrantes:
  • Mike Sifringer (guitarra)
  • Marcel Schmier (baixo, vocal)
  • Sven Vormann (bateria)
  • Faixas:
  • 1. Intro
  • 2. The Final Curtain
  • 3. Machinery Of Lies
  • 4. Tears Of Blood
  • 5. Devastation Of Your Soul
  • 6. The Butcher Strikes Back
  • 7. World Domination Of Pain
  • 8. X-treme Measures
  • 9. All Hell Breaks Loose
  • 10. Total Desaster 2000
  • 11. Visual Prostitution
  • 12. Kingdom Of Damnation
  • Redigido por: Stephan Giuliano
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