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Clássicos: Black Sabbath – “Heaven And Hell” (1980)

Ouvir “Heaven And Hell” nos dias de hoje e dizer que se trata de um clássico da música pesada pode soar redundante, porém, quando o álbum foi concebido, acreditem se quiser, a história não era bem essa e o disco estava, de certa forma, fadado ao fracasso.

Alguns motivos são os responsáveis por essa afirmação e os principais deles podemos listar facilmente. Ozzy acabava de ser demitido da banda por que os demais integrantes não conseguiam lidar mais com seus vícios. Bill Ward estava igualmente imerso nas drogas, Geezer Butler deixava o grupo por conta de seu divórcio e apenas Tony Iommi acreditava que poderia fazer o Black Sabbath ressurgir das cinzas.

Ronnie James Dio

Para ocupar o posto deixado por Ozzy, o ex cantor do Rainbow, Ronnie James Dio, foi chamado, mas acontece que sua forma de cantar e sua voz potente era o oposto do estilo do “madman” e isso deixou os fãs desconfiados e temerosos. Para piorar, o grupo vinha de dois trabalhos que naufragaram comercialmente, portanto, a difícil missão era: 1. Fazer com que Dio caísse nas graças dos fãs; 2. Exorcisar o fantasma de Ozzy; 3. Compor um álbum muito melhor que os dois últimos.

Geoff Nicholls (ex-Quartz) assumiu a posição de baixista, porém Geezer voltou em meio as gravações e Geoff acabou se tornando o tecladista oficial do grupo pelos próximos 23 anos. Apesar de nunca aparecer nas fotos promocionais e não ocupar um lugar de destaque no palco, ele sempre esteve lá.

Photo: Fin Costello/Redferns

Todas as faixas de “Heaven And Hell” são de autoria de Tony Iommi e o estreante Ronnie James Dio, que também escreveu todas as letras.

A influência do baixinho foi seminal para que o disco emplacasse e, desse modo, de seu estilo mais clássico, o Black Sabbath acabou fugindo da musicalidade mais densa e sombria já conhecida pelo público, investindo em composições mais diretas e melodiosas.

Surfando na onda da NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal)

A sonoridade do álbum foi diretamente ao encontro do que as novas bandas britânicas começavam a apresentar no movimento conhecido como NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal).

Importante mencionar que não foi apenas o Black Sabbath que surfou nessa onda, mas Judas Priest e Motorhead também embarcaram de cabeça na idéia e aproveitaram a explosão do movimento para lançar nada menos que “British Steel” e “Ace Of Spades”, no mesmo ano.

No geral, “Heaven And Hell” é um trabalho magistral e a produção de Martin Birch é nada menos que brilhante. Com ele, o Black Sabbath arrebatou uma nova legião de fãs e, por fim, conseguiu finalmente se reinventar e ressurgir das cinzas, provando a todos os incrédulos que ainda podia ser relevante mesmo sem Ozzy.

Apesar do registro ser detentor de oito faixas primorosas, não há como deixar de destacar os mega hinos “Neon Knights”, “Children Of The Sea” e a faixa título “Heaven And Hell”.

Particularmente, “Die Young” e “Lonely Is The World”, considero tão boas quanto as três mais aclamadas e certamente, ambas possuem lugar garantido no meu hall de melhores canções do grupo.

Reprodução/Twitter

Uma curiosidade interessante a respeito desta época, é que a banda angariou fãs tão jovens, que nem sequer chegaram a conhecer os discos lançados em seus primórdios. O Sabbath foi simplesmente associado as bandas da NWOBHM e chegou até mesmo a relançar “Paranoid” (1970), fazendo com que o trabalho fizesse sucesso novamente e chagasse na 14ª posição no ranking da Billboard, dez anos depois do seu lançamento original.

Bill Ward

Na turnê de divulgação, Bill Ward não foi capaz de vencer as drogas e, assim como Ozzy, também teve que deixar o seu posto. Para o seu lugar, logo em seguida, entrou Vinny Appice e esta formação foi a responsável por gravar o excelente “The Mob Rules” um ano mais tarde.

“The Mob Rules” seria o último de inéditas na década de 80 que contaria com o talento do mestre Dio nos vocais, já que em 1982, o baixinho deixava o Black Sabbath para formar sua própria banda solo. O primeiro álbum lançado? Um tal “Holy Diver”. Conhecem?

Nota: 9,5

Integrantes:

Faixas:

Redigido por: Fabio Reis

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