Dois anos após o bem recebido debut “Too Fast For Love”, a banda californiana Mötley Crüe lançava seu segundo full-lenght, “Shout At The Devil”.
Brigas, arruaças, orgias, quartos de hotel destruídos, drogas e outras confusões marcaram absolutamente o início da carreira do quarteto, porém, juntos, eles sempre possuíam a química perfeita.

Assim nascem os clássicos
Nenhum clássico nasce por acaso, já que a razão de seu nascimento pode ser planejamento adequado e alto nível de inspiração. Ou ainda, os dois atuando ao mesmo tempo. A introdução “In The Beginning” não é capaz de transmitir o que vem logo depois. “Shout At The Devil” entra justificando o porquê de ser a faixa título do álbum e ter se tornado, permanentemente, obrigatória no set list da banda. Em suma, um verdadeiro hino do Hard Rock.
Lembro até hoje a primeira vez que vi o videoclipe de “Looks That Kill”. Aquele riff arrasador mudando a minha vida e a de muita gente, no melhor sentido da palavra, ao passo que aquelas mulheres selvagens ao redor da banda despertavam meus sonhos adolescentes. Essa não é somente a melhor canção do disco, mas a melhor música da carreira do Mötley Crüe. Em seguida, vem “Bastard”, que não deixa de ser uma boa faixa. Mas convenhamos, vir logo após “Looks That Kill” não é uma tarefa nada agradável, então ela ficou um tanto ofuscada.
“Helter Skelter”, um cover perfeito
Um pequeno e lindo tema instrumental, “God Bless The Children Of The Beast”, invade o álbum, funcionando como um descanso para os ouvidos. A canção dos Beatles, “Helter Skelter”, ganha uma versão sensacional, encerrando, dessa forma, o lado A do disco. A música já era pesada em sua gravação original, porém o Mötley Crüe soube dar a ela a sua personalidade. Muita gente prefere o cover, eu sinceramente não consigo escolher, mas essa interpretação mais moderna me agrada bastante.
Lado B
Abrindo o lado B, “Red Hot” introduz com a bateria destruidora de Tommy Lee, fazendo dela, desse modo, a canção mais Metal do disco. Os riffs de Mick Mars não soam menos importantes em toda essa intensa canção. Pena que a banda não permaneceu com ela no set list pelo tempo que ela mereceria.
A atmosfera volta ao Hard Rock em “Too Young To Fall In Love”. Confesso que quando ouvi o full-lenght pela primeira vez, não gostei tanto assim dessa música, atualmente, gosto bem mais dela. Quase o mesmo posso dizer em relação a “Knock ‘Em Dead, Kid”. Quando a apreciei há bastante tempo atrás, achei o riff bem parecido com o de “Looks That Kill”, mas posteriormente entendi que a dinâmica é completamente diferente e passei a observar a canção com outros olhos, ou melhor, com outros ouvidos.

“Ten Seconds To Love” também faz parte do pacote de canções clássicas nascidas no “Shout At The Devil”, porém ela caberia perfeitamente no debut “Too Fast For Love”, pois possui uma sonoridade muito semelhante a ele. Mars faz um belo solo nessa faixa, acompanhado pelos seus costumeiros riffs e pelo sincronizado baixo de Nikki Sixx. O álbum encerra com a música “Danger”, que é Hard Rock quase balada, contendo variações dinâmicas e rítmicas, encerrando esse belo trabalho do Mötley Crüe, o melhor entre todos os gravados pela banda.
Posteriormente, o quarteto anunciou o retorno às atividades, motivado pelo sucesso do filme “The Dirt”, que é uma biografia da banda e a colocou novamente sob os holofotes.
Nota 8,8
Integrantes:
- Vince Neil (vocal)
- Mick Mars (guitarra)
- Nikki Sixx (baixo)
- Tommy Lee (bateria)
Faixas
- 1.In the Beginning
- 2.Shout at the Devil
- 3.Looks That Kill
- 4.Bastard
- 5.God Bless The Children Of The Beast
- 6.Helter Skelter (The Beatlers cover)
- 7.Red Hot
- 8.Too Young To Fall In Love
- 9.Knock ‘Em Dead, Kid
- 10.Ten Seconds To Love
- 11.Danger