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Clássicos: Motörhead – “Orgasmatron” (1986)

Após o final da era que contava com a formação original (Lemmy, Phil “Animal” Taylor e “Fast” Eddie Clarke), o Motörhead lançou o polêmico “Another Perfect Day”. O disco contava com o guitarrista Brian Robertson e, apesar de ter envelhecido bem e conquistado uma legião de apreciadores, a grande verdade é que na época em que foi lançado, o álbum foi alvo de inúmeras críticas. Para “ajudar”, faltou aquele hit indiscutível que poderia alavancar as vendas e melhorar o desempenho. O resultado foi o mais esperado: não deu para segurar Brian Robertson, que foi substituído por nada menos que dois guitarristas.



Mudanças na formação

Phil Campbell e Wurzel chegaram para marcar o início da era das duas guitarras e também o período do Motörhead como quarteto. Outra novidade em relação ao registro anterior foi a saída de outro integrante original, o baterista Phil “Animal” Taylor. Para o seu lugar, entrou o ex-baterista do Saxon, Pete Gill. É claro que Phil retornaria em breve, mas é interessante ouvir pela primeira vez um álbum típico do Motörhead sem as características de seu baterista clássico. Aliás, aqui Lemmy provou à todos os descrentes que poderia escrever um álbum 100% do Motörhead sem a ajuda dos dois integrantes originais.

Reprodução/Divulgação

Antes do lançamento de “Orgasmatron”, a banda lançou a coletânea “No Remorse”, em 1984, que já contava com 4 músicas inéditas: “Killed By Death”, “Snaggletooth”, “Steal Your Face”, assim como “Locomotive”. Era nítido que Lemmy queria se desvencilhar de uma vez por todas das críticas recebidas em “Another Perfect Day”, portanto, apostava na velha sonoridade da banda. As novas músicas traziam a sujeira, a velocidade, a acidez e a energia de volta.

“Orgasmatron” foi o primeiro disco após a saída da Bronze Records e, por isso, acabou demorando mais do que o previsto para ser lançado. Chegando às lojas somente em 9 de agosto de 1986, o embróglio que remonta a chegada do grupo a GWR Records foi somente o início de inúmeros problemas relacionados a gravadoras que aconteceriam dali para frente.



Produtor questionável, musicalidade intacta

Mas nos atendo ao momento, finalmente, o Motörhead apresentava aos fãs um novo álbum de inéditas. E podemos afirmar que a espera valeu muito a pena. “Orgasmatron” é um disco composto à moda antiga e traz, principalmente, peso e velocidade em abundância. Apesar do produtor Bill Laswell ter recebido algumas críticas por conta de um suposto som abafado de bateria, inegavelmente, o registro acabou agradando por conta da crueza visceral das composições. Laswell anteriormente trabalhou com artistas de fora do Metal e, talvez por conta disso, não tenha acertado a mão por completo. Apesar dos fãs mais exigentes afirmarem que o disco merecia atenção de um produtor mais qualificado, seu trabalho não estragou o resultado final.

Reprodução

Outro ponto que precisamos salientar é que o aqui “novato” Phil Campbell já mostra a que veio e sua participação no disco é apenas um presságio do que aconteceria dali em diante. Para quem não sabe, Phil foi se tornando peça fundamental com o passar dos anos, ficando apenas atrás de Lemmy e se tornando o músico que perdurou mais tempo na banda. Sua participação foi de 1986 até 2015, a saber, o ano em que Lemmy veio a falecer e o Motörhead foi oficialmente encerrado.

Um bom refrão é a chave para o sucesso

Musicalmente, o oitavo trabalho de estúdio dos britânicos é focado em canções rápidas e diretas, mas quando é preciso diminuir a velocidade em canções pontuais, faz isso com êxito indiscutível. É bom dizer que a audição inicia com uma destas mais cadenciadas, “Deaf Forever”. Música com um ritmo gingado e diferente, porém, com bastante peso e um refrão daqueles gigantes que somente o Motörhead entregava com tamanha categoria. Depois de começar a audição de forma desafiadora, quatro voadoras na porta chegam na sequência: “Nothing Up My Sleeve”, “Ain’t My Crime”, “Claw” assim como “Mean Machine”. É quase como um recado de Lemmy: “voltei e tenho alguns traseiros para chutar”.

Photo: Fin Costello/Redferns

Nesta sequência, temos o Motörhead sendo Motörhead, mas com alguns ajustes pontuais que contribuíram para o bom desempenho do disco. Se o baterista Pete Gill conseguiu pisar forte no acelerador, a dupla de guitarristas apontou para uma direção ambígua. Ao mesmo tempo que a sonoridade clássica era mantida por parte dos dois – e isso não era negociável com Lemmy – ainda conseguiam experimentar de forma discreta sem atrair a ira dos fãs mais saudosistas. Mas o que mais chama a atenção na construção musical de “Orgasmatron” é a forma que Lemmy desenvolveu melhor seus refrãos. Antes tinhamos basicamente repetições do nome das músicas como refrão, veja clássicos como “Overkill”, “Bomber”, “Ace Of Spades”, “Stay Clean”, “Capricorn”, assim como “No Class” e muitos outros. Já em “Orgasmatron”, a dinâmica das composições de Lemmy evoluiu bastante e passamos a ter refrãos construídos de outra forma, veja a diferença:



“I’ve had enough, stepping out of line
Ain’t gonna stop me, babe, you ain’t worth a dime
You nearly had me fooled, wastin’ all my time
You might’ve broke my heart, and if you broke my heart
I know it ain’t my crime”

“Unclean,
fever dream,
on the wild side
in the Mean Machine”



“I’ve got the medicine you need
I’ve got the power, I’ve got the speed
I’ll find out how to stop your clock
We sure ain’t talking Doctor Spock
Hear me talking, Doctor Rock”

O Igreja do Rock ganha o seu Messias

É claro que os refrãos do Motorhead nâo eram somente repetições dos nomes das músicas, mas estes eram a maioria. A partir de “Orgasmatron”, a métrica de Lemmy muda e as músicas passam a ser desenvolvidas com o foco em refrãos melhores e mais articulados, isto é, com mais palavras sendo ditas.

Na canção seguinte, temos um outro ótimo exemplo disso. “Built For Speed” é quase um ode de Lemmy ao Rock e, no refrão, temos a fiel constatação:



“I was born to rock n roll, everything I need
I was born with the hammer down
I was built for speed”

Reprodução/Facebook

Nesta mesma música, Lemmy ainda estabelece sua real crença para os fãs e assume uma posição quase messiânica:

“Don’t you listen to a single word
Against Rock and Roll”
(Você não consegue ouvir uma única palavra sendo dita contra o Rock and Roll?)



“The new religion, the electric church
The only way to go”
(A nova religião, a igreja elétrica, é o único caminho a seguir)

“I don’t give a good goddamn
My life’s been alright”
(Eu realmente não me importo com nada, minha vida parece estar bem)

“I’m gonna crazy out of my mind
Every single night”
(Eu vou enlouquecer e sair de mim, em cada uma das noites)”



E isso não é tudo, pois o tracklist de Orgasmatron é tão insano que ainda temos tempo para mais três momentos brilhantes. A quase Thrash “Ridin’ With The Driver”, o hit “Doctor Rock” e a devastadora faixa título, “Orgasmatron”, com uma das melhores letras já escritas na história de todo o Heavy Metal.

A ira de Lemmy!

Aqui, Lemmy conseguiu traduzir em palavras todo o seu asco pelo sistema religioso e político, além de trazer uma parte extra para explicar que a união destas duas coisas só servem para trazer uma coisa: a guerra! A interpretação inviesada, quase demoníaca, é algo que transcende todos os níveis possíveis.

Photo: Erica Echenberg/Redferns

Se quiser se aprofundar nesta música em específico, leia a matéria abaixo:

Música e Letra: Motörhead – “Orgasmatron”


É impossível passar incólume pela discografia do Motörhead. Esta é a constatação que fazemos. Se você deseja se aprofundar na história de uma banda e não sabe qual, recomendamos fortemente que a primeira da fila seja o Motörhead. Os discos são fortes musicalmente e liricamente, as performances ao vivo são estonteantes, Lemmy é uma figura ímpar no mundo do Rock e as histórias que você vai descobrir são simplesmente fantásticas.

“Orgasmatron” é apenas um capítulo desta saga. Podemos dizer que é um capítulo memorável, mas você ainda precisa saber mais sobre esta história maravilhosa.

Nota: 9,2

Integrantes:



Lemmy Kilmister (vocal e baixo)
Phil Campbell (guitarra)
Würzel (guitarra)
Pete Gill (bateria)

Faixas:

  1. Deaf Forever
  2. Nothing Up My Sleeve
  3. Ain’t My Crime
  4. Claw
  5. Mean Machine
  6. Built for Speed
  7. Ridin’ with the Driver
  8. Doctor Rock
  9. Orgasmatron

Redigido por Fabio Reis

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Comentários

  1. “Orgasmatron” talvez seja um dos álbuns mais ferozes da discografia da banda, e que contém também várias canções memoráveis”. Talvez se ele soasse como as músicas inéditas gravadas pelo novo quarteto no “No Remorse”, teria muito mais brilho do que já tem, pois realmente, a gravação soa bem abafada como um todo. Naquela época era incrível saber que Pete Gill estava na banda, sabendo que na contra-capa de “Wheels of Steel” do Saxon de 1980, ele estava usando uma camiseta do Motörhead (quando o Saxon e o Motör fizeram uma turnê juntos pelo UK)! Minhas preferidas são “Built for Speed” (e sua versão “alternativa” tocada ao vivo, “On The Road”); “Doctor Rock”, “Nothing Up My Sleeve” e a canção-título! Depois deste, a banda ficou mais no rock’n roll básico pesadão, até voltar a tocar mais furioso e quase metal, em “Bastards” e principalmente “Sacrifice”.

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