“Agent Orange” é o terceiro full lenght da banda alemã de Thrash Metal, Sodom.
Entre os anos de 1961 e 1971, as tropas do exercito americano espalharam milhões de litros de herbicidas usados como desfolhante, durante os conflitos da Guerra do Vietnã. Um desses desfolhantes era uma mistura terrível de dois herbicidas, ironicamente, usados na agricultura até hoje, o letal Agente Laranja!
Esta abominável arma química deixou sequelas irreparáveis, não apenas na população do país onde ocorria o conflito, mas também nos soldados norte-americanos, que acabaram movendo uma ação judicial contra as companhias químicas que forneciam o Agente Laranja, anos após o término da guerra.
Mais de 4 milhões de pessoas expostas aos desfolhantes, incluindo crianças e idosos, desenvolveram enfermidades abomináveis, síndromes neurológicas, assim como câncer.
Das entranhas da mente geniosa e aficionada por guerra do Sr. Thomas Such (A.K.A Angelripper) vinha ao mundo, no dia primeiro de junho de 1989, um dos magnânimos do Thrash Metal e terceiro full lenght do poderoso Sodom, “Agent Orange”.
Harris Johns
É notável como os registros produzidos pelo lendário Harris Johns são excepcionais e decisivos, a produção de Harris simplesmente moldou o Thrash Metal teutônico como conhecemos, e, inegavelmente, “Agent Orange” é um de seus maiores êxitos, além de ser o epítome do que se define como Thrash Metal, o registro vendeu mais do que qualquer outra banda do Thrash alemão.
“Tired and Red”
Em pouco mais de 36 minutos de duração, somos transportados para as florestas negras do Vietnã. A faixa titulo abre de maneira direta e reta o registro. Somos então conduzidos pelos Sr. Blackfire, Sr. Angelripper e o Sr. Witchhunter, e não existe desempenho mediano de nenhum dos 3 membros aqui, esse é o diferencial primário de um clássico.
“Tired and Red” é um dos melhores feitos da história do Sodom, ainda que seja Thrash puro, a faixa flerta um pouco com aquele Death Metal old school que ainda caminhava na época, e na metade da faixa temos um dos pouquíssimos momentos de dualidade na discografia do Sodom, depois de quase dois minutos de tempestade e estrondosos trovões, temos um efêmero momento de calmaria acústico, até o bombardeio retomar e destruir tudo de vez.
Muitos clássicos do Teutonic Thrash Metal nasceram nesse disco
Em “Incest”, a pancadaria continua incessante, porém eu preciso dar os créditos as composições líricas dessa música. Mesmo que soe quase como sermão, também parece ser uma espécie de confissão de um crime, algo costumeiro na forma do Sr. Angelripper de compor.
“Remember the Fallen”, um dos maiores hinos anti guerra do Sodom, pois tem um riff inconfundível e marcante, algo que parece ter sido criado para tocar em estádios lotados, cortesia do lendário Sr.Blackfire.
Além disso, temos “Magic Dragon”, faixa dedicada ao D AC-47, uma das mais devastadoras aeronaves militares, desenvolvida pela força aérea americana durante a Guerra do Vietnã, com intenção de carregar mais poder de fogo do que as aeronaves militares de leve e médio porte.
A faixa justifica a sua fonte inspiração
Em seguida, “Exhibition Bout” nos põe de volta a cidade de Saigon, durante a ofensiva do Tet. Ou seja, no meio do fogo cruzado, catatônicos e com a adrenalina no maior nível humanamente possível. Enquanto “Ausgebombt”, por sua vez, é aquela faixa que não nega suas influências. Dessa forma, aquela artéria Motörhead tão firme e pulsante presente no Sodom, nunca foi tão evidente.
“Baptism of Fire”, clássica absoluta do Thrash germânico
“Baptism of Fire”, oitava pedrada, é a canção favorita deste que vos escreve, já que todos os aspectos que mais aprecio e mais valorizo no Thrash Metal, estão presentes aqui. Riffs cavernosos, riffs cavalgados, a presença nefasta do baixo discreto, e é claro a bateria destruindo tudo sem dó nem remorso. Aliás desempenho magistral do saudoso Sr. Christian Dudek (A.K.A Witchhunter), tornando-a perfeita em tudo.
A fim de finalizar a contaminação letal do Agente Laranja, temos um ótimo cover de “Don´t Walk Away” dos britânicos do Tank. Contudo, até hoje acho que seria muito melhor ter finalizado o registro na penúltima faixa, seria genial.
Antes de mais nada, “Agent Orange” está cravado na história da música pesada como um álbum obrigatório, essencial e grandioso pela própria natureza. Sendo assim, não poderia esquecer meus agradecimentos ao mestre Harris Johns, Frank Blackfire, Tom Angelripper e ao eterno Chris Witchhunter, que embora descanse em paz, transcendeu a vida. Seu nome artístico, atualmente, ainda é referencia na bateria do Thrash Metal.
No encarte do relançamento do álbum em 2010, está escrito a seguinte mensagem:
“Este álbum é dedicado à todas as pessoas – soldados e civis- que morreram pelas agressões sem sentido das guerras ao redor do mundo.”
Nota: 9,0
Integrantes:
- Tom Angelripper (vocal, baixo)
- Frank Blackfire (guitarra)
- Chris Witchhunter (bateria)
Faixas:
- 1.Agent Orange
- 2.Tired and Red
- 3.Incest
- 4.Remember The Fallen
- 5.Magic Dragon
- 6.Exhibition Bout
- 7.Ausgebombt
- 8.Baptism of Fire
- 9.Don´t Walk Away (Tank Cover)