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Clássicos: Torture Squad – “Pandemonium” (2003)

Gravadora: Mutilation Productions



Falar de uma banda que se tornou tão importante para mim com o passar dos anos é uma tarefa muito gratificante, embora eu não memorize tão bem as coisas quando penso em datas e acontecimentos específicos. Porém, o principal de tudo isso não é obedecer à linha temporal e apenas deixar levar a escrita com vento a favor da imaginação e das boas lembranças que forem surgindo. O Torture Squad está inserido no grande panteão de bandas nacionais que considero essenciais para quem deseja saber o que vem a ser o Metal tupiniquim. Isso mesmo! Ou quer que eu diga tupi-guarani? Ou posso ir mais longe até a época de Ilha de Vera Cruz. Bom, isso não tem muita relevância quando o assunto principal a ser comentado é música. E música de primeiríssima qualidade. Há quem não compactue com meus dizeres sobre esta banda que surgiu lá em 1990, e até os dias de hoje, mesmo com suas mudanças de formação, nos proporcionam álbuns e apresentações incríveis. Mas, ninguém nasceu para se tornar unanimidade só porque alguém quer. Nem para mais e nem para menos, apenas magistral para quem aprecia e dispensável para quem abdica. Mas, estamos falando de Torture Squad, e essa é uma das grandes bandas brasileiras repleta de fãs em todos os cantos do país. Isso sem contar o exterior, já que os caras conseguiram vencer o disputadíssimo Wacken Metal Battle em 2007.

Entre 2005 e 2006, foi que de fato tive contato com o som da banda, e foi a partir daí que ela nunca mais saiu da minha lista de bandas preferidas. Ao lado de Korzus, Krisiun, Claustrofobia e Andralls, formavam o quinteto todo poderoso, digamos assim. Isso sem contar com Sepultura, Sarcófago, Chakal, Holocausto e tantas outras que fui conhecendo e curtindo simultaneamente. Eu não vou lembrar jamais a ordem em que conheci cada banda, mas foi o álbum “Pandemonium” (2003) que me jogou de cabeça nesse mundo da tortura excepcional e prazerosa do Torture Squad. Como sempre gostei de pesquisar informações sobre as coisas, logo soube que havia outros discos antes deste e que dividiam a opinião dos adeptos quanto ao melhor álbum da banda. O fato é que de todos o que fez mais sucesso foi exatamente este ‘vermelho-fogo’. Podemos colocar o álbum anterior, “The Unholy Spell” (2001), como o causador da explosão que catapultou a banda para mais lugares do mapa, e que através de “Pandemonium”, conseguiu êxito ainda maior. Tanto que gerou uma grandiosa e histórica apresentação no Wacken e de lambuja, conquistando o prêmio já citado. Também resultou no live “Death, Chaos And Torture Alive” de 2004. “Shivering”, debut de 1998 que demorou a ser lançado, e o segundo full length, “Asylum Of Shadows” de 1999 foram os primeiros estrondos nas entranhas do underground que despertaram o público para o seu som que sempre navegou nas ondas do Death e do Thrash Metal.

Não poderia ser diferente e “Pandemonium” foi o primeiro álbum da banda que adquiri ao qual considero não apenas como um dos melhores trabalhos deste conglomerado paulistano, mas como um dos melhores álbuns de Metal de todo o globo terrestre. Um álbum que possui “Horror And Torture”, “Towers On Fire” e a faixa-título só para citar algumas canções que são grandes clássicos da banda, não é qualquer disco. É um álbum que serve para mostrar do que uma banda brasileira é capaz de fazer em se tratando de Death/Thrash Metal. O live mencionado no parágrafo anterior foi realizado na saudosa e extinta Led Slay, sendo que na mesma noite aconteceu o live “Brazilian Blitzkrieg Blasphemies” (2004) dos alemães do Desaster. Quem presenciou isso deve estar festejando ao relembrar neste mesmo instante. Eu não estava lá, mas em 2014 presenciei o show de gravação do DVD “Coup D’etat Live”, que saiu em 2015, e eu até apareço no DVD, na sessão dos bastidores. “Cortaram” a minha cabeça no video, talvez por não me conhecerem e ficarem com receio de eu cobrar direitos de imagem, me deixando parecido com os personagens humanos da clássica animação Tom & Jerry. O problema é que eu combinei isso com a fotógrafa e filmadora que me pediu para mostrar umas camisetas da banda e falar algumas coisas. Tudo isso foi cortado, mas quem está mexendo nas camisetas sou eu mesmo.



Vitor Rodrigues (vocal), Mauricio Nogueira (guitarra), Castor (baixo) e Amílcar Christófaro (bateria) formam o quarteto fantástico que foi capaz de nos presentear com esta obra de arte chamada “Pandemonium”. Infelizmente eu não pude presenciar esse timaço ao vivo, mas conseguiu ver o Vitor ‘in action’ durante o lançamento do primeiro EP do Voodoopriest, de mesmo nome, e neste dia a sua ex-nova banda abria para o Korzus que faria uma releitura do seu maravilhoso clássico “Mass Illusion” (1991), que inclusive foi resenhado por mim. E quem diria que em 2016, durante a elaboração do meu TCC sobre “Mercado de Vinil”, estaria o próprio Vitor Rodrigues participando dele, além do grande Fausto Mucin, proprietário da loja e selo Die Hard Records. Ou seja, o Torture Squad quando descoberto por mim, sempre me ajudou desde as primeiras audições de suas músicas. E este álbum projetou toda a história que estou contando aos poucos aos meus nobres e assíduos leitores. Este que é um dos clássicos do esquadrão de tortura foi gravado no famoso e requisitado Mr. Som Studio em São Paulo, capital, entre março e maio de 2003. O artefato sonoro foi mixado pelo super guitarrista do Korzus, Heros Trench, juntamente do próprio Torture Squad. O design e a bela arte de capa ficaram nas mãos de Marcos Cerutti, enquanto as fotos foram tiradas por Vera Kikuti. A produção, engenharia de produção, mixagem e masterização têm a assinatura do já lembrado Heros Trench e também do dono da voz do Korzus, Marcello Pompeu. Ou seja, com uma equipe dessas a favor só poderia resultar em algo grandioso realmente. Claro que nessa época eu nem sequer procurava saber disso, porém, hoje sei o quanto é importante ter pessoas que entendem de tais áreas para construírem um material rico e qualificado. A própria ordem das músicas no álbum é importante para elevar ou diminuir o seu potencial, e no caso de “Pandemonium”, a ordem escolhida está mais do que perfeita. A “Intro” que abre caminho para a clássica “Horror And Torture” é um primor de abertura e combina muito bem com esta sequência. E ao continuar ouvindo o álbum você percebe essa junção natural das peças, fazendo com que o full length se torne ainda maior e melhor do que viria a ser.

“Horror And Torture”

E se você está se perguntamos se não vamos adentrar em mais um caminho repleto de boas histórias para contar. É claro que sim! A intro que se chama “Intro” mesmo e que inicia a joia rubra naquele suspense fantástico como um belo álbum de Death Metal pede. Isso quando já não começa a jornada com os quatro pés na porta, correto? Bom, aqui temos essa abertura para estender o tapete vermelho para uma das melhores músicas feitas por uma banda brasileira de Metal em toda a história. “Horror And Torture” já inicia de forma clássica com uma introdução muito bem trabalhada e que abre espaço para todos os instrumentos e voz se destacarem por igual. Normalmente, as guitarras se sobrepõem aos outros instrumentos em uma canção, porém, aqui se percebe o equilibrado cuidado que tomaram ao elaborarem tal canção. Riffs, pontes e solos sensacionais sem nenhum questionamento negativo. “Ouça meu chamado e venha até mim/ Reunir vidas é apenas o meu êxtase / Escondido nas sombras, estou te observando / Como uma mosca para uma aranha, vou te pegar” – esse é o chamado para o horror e tortura eterna provocada pelo tirano do submundo que conta com o backing vocal do vocalista e guitarrista do Claustrofobia, Marcus D’Angelo. Colada na calda do cometa de sua antecessora, “Towers On Fire” também possui sua preparação inicial muito bem construída e colocada em prática. Quem conhece o som do Torture Squad sabe muito bem o quanto é comum eles repicarem o som, ou seja, iniciar uma introdução seguida de outra, sempre alternando os elementos e movimentações entre o cadenciado e o veloz, como um bom carpinteiro ao montar a sua estrutura, em que por vezes ele está serrando a madeira de forma mais técnica e calma, e em outra ele leva e trás o serrote com mais rapidez, até que para novamente de acordo com o corte que o mesmo pretende fazer. “As rodas da desgraça continuam seu caminho / Revelando os fatos… Prepare-se para orar / O tempo acabou e o céu está tão cinza! / Página de sangue! Condição de terrorismo / O mundo caminha para a última premonição: a morte!” – recado dado, mas ninguém percebe o clima hostil e destruidor à sua volta, pois está somente atento ao telhado do vizinho, tamanha a inveja pelas conquistas do outro.

Com uma terceira abertura diferente, sem contar a faixa instrumental de abertura, “World Of Misery” apresenta as suas armas e destrói o seu aparelho de som com suas levadas técnicas e brutas, somadas ao maior aceleramento tanto dos riffs quanto dos versos esganiçados em que Vitor despeja toda a sua artimanha vocálica para complementar com amplo êxito esta que é simplesmente mais um presente do outro mundo para seus respectivos adeptos. “Quando o choro de uma criança rasga a noite / Quando os exércitos com grande poder na luta eterna/ Tente obliterar os despojos da guerra / Olhos da morte sobre o óleo queimando /Isso significa que a guerra te deixa louco / Dança macabra, mundo sob maldição / Medo do amanhã e da energia nuclear / O futuro é uma torre caída” – talvez nem sobre a torre caída para contar alguma história para as pessoas sem memória que vagam sem vida e sem propósito neste instante. E é nessa exata hora que “Leather Apron” dá as caras com sua faca suja de sangue de prostitutas e pessoas que atravessam o seu caminho à noite. A violência sonora causada por Amilcar, Castor e Maurício Nogueira só apimentam ainda mais a vontade do assassino serial em perseguir suas presas sem dar qualquer chance de fuga ou sobrevivência a elas. Utilizando um formato mais denso e repleto de nuances musicais quanto às notas executadas, a canção e sua figura maligna seguem sua jornada num ritmo que te prende e faz você fazer aquele belo ‘headbanging’ sem pedir água no final dessa dança sangrenta. E se você demonstra calma até aqui, aproveite para ficar “Out Of Control” agora mesmo! Siga o seu personagem e observe-o ficar cada vez mais louco a ponto de perder completamente a razão e ativar o modo automático de assassino que sempre foi, mas faltava despertar a total sede de sangue. Violência extrema e tortura tomam conta do cenário revestido de vermelho e contemplado por chamas ardentes infernais. Reveja seus conceitos, pois se você é alguém capaz disso tudo, saiba que sempre terá alguém que te superará e irá dilacerar suas tripas olhando nos seus olhos. Não superior às faixas anteriores, ainda sim, esta canção faz o seu barulho e mantém o navio fantasma no prumo com bons ventos malignos e sombrios favoráveis à mesma. Solos cortantes como navalha enrolada no pescoço são distribuídas “a rodo” pro Maurício nesta trama.



“Pandemonium”

Como eu havia citado no início deste pergaminho das almas torturadas por seus medos, “Pandemonium” joga a moeda n°1 do Tio Patinhas lá no topo da pirâmide mais alta, a ponto de conquistar um brilho único através do por do sol avermelhado de glóbulos vermelhos em sua volta. Quando começa a abertura é como se tivéssemos ganhado uma guerra e entrado em outra ao mesmo tempo. Prepare-se para um ‘mosh’ insano, raivoso, porém com muita confraternização ao término de mais uma clássica “múzga”. “Na TV vejo notícias sobre guerras / A ignorância está de volta / Mais uma vez, sangue! Morte! Tragédia! / Paz é uma palavra em vão / Eu tento entender esse tipo de situação” – estamos em 2021 e tudo o vemos na TV é cada pior do que a mensagem espalhada pelo esquadrão. Aqui além de mais um show quanto aos vocais de Vitor, também apreciamos a condução intensa da canção com seu alicerce muito bem estruturado e repleto de variações dentro do próprio estilo e enriquecendo cada vez mais a obra. Antes do fim temos mais uma faixa instrumental, “Requiem For The Headless Rider” que serve para tomar um gole de cerveja antes do último desfecho. O réquiem para o cavaleiro sem cabeça funciona muito bem com sua balada de violão sinistra e tambores ao fundo demarcando o território devastado por seus ataques, e que são reforçados pelos teclados de Vera Kikuti. Agora sim, encerrando o festival sangrento de riffs, solos, viradas marcantes de bateria, e vocais alternantes entre rasgado e gutural chega ao seu fim definitivo com “The Curse Of The Sleepy Hollow”, que usa e abusa da alternância entre o mais extremo e visceral ao mais cortante, impactante conjunto de riffs que não têm piedade alguma de suas pobres vítimas. “Sim, ouça: o galope do fim / Corra para as colinas à noite, respiração difícil / Morte rasgada pelo inquieto vingador / Seu machado e espada gotejando por vingança / Dor e ganância alimentam a árvore da discórdia / Muitas cabeças cortadas, sangue para despejar / O mal governa aquela alma doentia / Vestido de preto carregando uma carga terrível” – o pesadelo em Sleepy Hollow está morto, mas as memórias continuam vivendo em nossas cabeças.

Concluo através desta, que o Torture Squad é uma das representantes nacionais que além de apresentar grandes músicos, também oferece um cardápio repleto de excelentes discos e músicas. Pode até não ser o seu disco favorito da banda, mas “Pandemonium” é sem sombra de dúvida o verdadeiro divisor de águas para a projeção do Torture Squad referente ao mercado fonográfico local e mundial. Quanto aos números de vendas, claro que não se pode comparar com as bandas mais conhecidas e que são de países com maior abrangência, tanto de mídia quanto financeira, porém, dentro do underground o Torture Squad conseguiu o seu devido e respeitado espaço, se tornando atração principal em diversos festivais no país, e recebendo diversos convites para excursionar pela Europa. Inclusive, eu tenho um poster da “Æquilibrium European Tour 2011” que comprova todo esse sucesso que a banda alcançou, e continua seguindo em frente com outra formação. Mas, voltando no tempo, esse momento à época de “Pandemonium”, a banda realmente mostrou a que veio e conseguiu proporcionar ao público uma grande artilharia musical, fazendo aquele fã mais radical com relação às bandas locais, dar o braço a torcer e reconhecer que aqui neste mesmo país existem bandas tão boas quanto às de qualquer lugar do mundo. E o que mais importa não é a nacionalidade, mas a música em si.

“When the time starts to close and the sky
Turns to black like death
Clouds of suffering and screams of pain:
This is the last breath
Battlefield is the only thing to see before
The hell strikes back again
All his life is consumed in an attack
Bloody fight in his brain
Lost and confused a silent cry to the stars
He’s agonizing in fear
Staggering walk looking for something to
Saciate his burning tears
When his body screams he close his eyes to
Support the mortal pain
Countries at war, genocide is here
The reaper is laughing with disdain”



Nota: 9,4

Integrantes:

  • Vitor Rodrigues (vocal)
  • Mauricio Nogueira (guitarra)
  • Castor (baixo)
  • Amílcar Christófaro (bateria)

Faixas:



  • 1. Intro
  • 2. Horror And Torture
  • 3. Towers On Fire
  • 4. World Of Misery
  • 5. Leather Apron
  • 6. Out Of Control
  • 7. Pandemonium
  • 8. Requiem For The Headless Rider
  • 9. The Curse Of The Sleepy Hollow

Redigido por: Stephan Giuliano

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