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Álbuns Injustiçados: Deep Purple – “Who Do We Think We Are” (1973)

Lançado em janeiro de 1973, “Who Do We Think We Are” é o sétimo álbum da banda britânica de Hard Rock, Deep Purple, sendo o quarto com seu line-up apelidado de Mark II.

Produzido pelo próprio quinteto, junto com o saudoso Martin Birch, o full lenght poderia muito bem pertencer ao quadro “Álbuns Injustiçados”, porém, a ocasião pede com que ele seja publicado hoje. Quando afirmo que o ”Who Do We Think We Are” é injustiçado, não me refiro aos fãs, mas foi o próprio Deep Purple que, simplesmente, ignorou o seu potencial.

DEEP PURPLE / MARK II / Acervo

Logo após o lançamento do “Machine Head”, Ritchie Blackmore, Ian Paice, Jon Lord, Ian Gillan e Roger Glover percorreram a estrada do sucesso, da fama e da grana. Além disso, o ego de Blackmore, que já era enorme, chegou a limites insuportáveis. Em pouco tempo, as discussões tornaram-se muito frequentes e o clima interno se tornou muito pesado.

Depois do lançamento do ”Who Do We Think We Are”, que em português significa “Quem Nós Pesamos Que Somos?”, suas canções, inclusive os dois singles, não eram executadas nos shows. As faixas, inexplicavelmente, não foram divulgadas em turnê e, posteriormente, Gillan e Glover deixaram o grupo, dissolvendo, temporariamente, a Mark II, a qual voltaria a se unir para a gravação do “Perfect Strangers”, onze anos depois. Mas, essa conversa fica para outra ocasião.

“Who Do We Think We Are”

Que tal descrevermos as composições do sétimo full lenght de nosso dinossauro do Hard britânico?

Primeiramente, temos a maravilhosa “Woman From Tokyo”. As coisas não estavam funcionando bem no relacionamento dos membros do Deep Purple, mas as suas composições não refletiam seus problemas internos. Todos os músicos tocaram com excelência no registro. Ian Gillan mostrou o lado suave de sua voz em contraste com seus reverenciados agudos. Jon Lord encaixou um solo de piano que é a cereja desse bolo saboroso.

“Woman From Tokyo” frequentou as estações de rádio FM por décadas, mas só começou a fazer parte das apresentações a partir do retorno da Mark II no meio da década de oitenta.

“So far away from the garden we love
She is what moves in the soul of a dove
Soon I shall see just how black was my night
When we’re alone in Her City of light”

Em seguida, “Mary Long” traz o quinteto que aprendemos a idolatrar desde o lançamento do “In Rock” em 1970, fazendo Hard Rock com a sua legítima marca registrada. O single “Super Trouper” também é Hard, todavia com um toque psicodélico, promovido pelo uso do efeito flanger na guitarra, principalmente na hora do refrão.

Canção acima da média! Excelente.

“Quão bem você me conhece”
“Você me viu chorar, eu sou apenas uma sombra”
“Em um céu de Rock and Roll”
“Eu estava vivendo em um céu rock and roll”
“Eu era um rei, pesado no estilo”
“Super trouper, sim te conheço bem, me fazendo brilhar”
“Eu não pude ver o que você fez comigo, eu estava tão cego”
“Quão bem você me conhece”
“Você me viu chorar, eu sou apenas uma sombra”
“Em um céu de rock and roll”

DEEP PURPLE / MARK II / Acervo

“Smooth Dancer” encerra o lado A com uma mistura entre Hard 70’s e Classic Rock 60’s. Pedindo licença para inverter o uso do trocadilho, a música fomenta uma dança nada suave, pois possui um ritmo que não deixa com que o corpo permaneça inerte.

Além de “Woman From Tokyo”, podemos dizer que “Rat Bat Blue” seja legítima representante quando o assunto é ”Who Do We Think We Are”. Seu riff é um daqueles irresistíveis e muito grudentos. O solo de teclado de Jon Lord demonstra toda a sua técnica e genialidade criativa.

Helloween e Diamond Head também gravaram ótimas versões dessa música.

“Ei querida, o que você vai fazer”
“Quando as luzes focam em você?”
“Qual é o seu nome, posso te levar para casa?”
“Docinho, você está sozinha?”
“Você é a pessoa certa para mim”
“Vou mantê-la ocupada como uma abelha, você poderia ser uma abelha, poderia ser uma rata-morcega azul”

Agora vem minha favorita do disco. “Place In Line” é um legítimo Blues do início ao fim. Gillan tem uma interpretação com requintes de maestria. Glover faz com que a canção pulse em sintonia com a frequência cardíaca e Paice acompanha a sua onda. Lord e Blackmore transbordam o seu feeling de solistas. Eis uma das masterpieces da carreira do Deep Purple.

DEEP PURPLE / “WHO DO WE THINK WE ARE” / Art

“Our Lady” tem uma interessante vibe psicodélica que mais uma vez confronta o Classic Rock 60’s com o Hard Prog 70’s, incluindo fazer com que a mente viaje sem cobrar passagem alguma. Podemos defini-la como excelente encerramento para um disco de muito bom gosto, que infelizmente foi atrapalhado pelos egos inflamados da Mark II.

Respondendo a pergunta do título “Quem Nós Pesamos Que Somos?”:

“Vocês formaram um dos quintetos mais relevantes de todos os tempos, mas o tamanho do sucesso fez com que seus egos inflassem mais que moedas de países de terceiro mundo e sua arrogância fez com que uma das maiores bandas da história do Rock se separasse”.

Nota: 9,0

Integrantes:

Faixas:

REDIGIDO POR: CRISTIANO “BIG HEAD” RUIZ

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