Outras Bandas: Holy Hell,The Kids, Looks, Harlequin, Bible Black
Estilo: Heavy Metal
Ano de Atividade: ativo
Discografia: Battle Hymns (1982), Into Glory Ride (1983), Hail To England (1984), Sign Of The Hammer (1984), Fighting The World (1987), Kings Of Metal (1988), The Triumph Of Steel (1992), Louder Than Hell (1996), Warriors Of The World (2002), Gods Of War (2007), Battle Hymns MMXI (2010), The Lord Of Steel (2012), Kings Of Metal MMXIV (2014).
ERIC ADAMS / Reprodução / Facebook
“Você é um palhaço que não conhece Manowar!”
Talvez esta seja uma das frases mais conhecidas nos últimos anos no Brasil, quando alguém se refere a banda americana Manowar.
O bordão foi usado por um fã (nático) do quarteto, após ter ouvido críticas sobre a sonoridade do grupo.
Em conclusão, o lamentável episódio se transformou em um dos memes mais engraçados (pra não dizer patéticos) no mundo da música e o responsável pelo mesmo deve se olhar no espelho nos dias atuais e pensar:
Onde diabos eu estava com a cabeça quando paguei esse mico?
Mas afinal, o que esta introdução tem a ver com o artigo a ser escrito? Bem, ela tem tudo a ver já que o homenageado em mais um capítulo do “Grandes Vozes” é ninguém menos que Eric Adams, vocalista do Manowar.
Breve Histórico:
Conhecido por seus préstimos vocálicos à frente do Manowar, banda americana formada em 1980 que conta com vasto material lançado.
Eric Adams traz, segundo ele, influências diretas de Ian Gillan, do Deep Purple, banda que ele, quando adolescente, assistia todos os shows para ouvir Gillan cantar.
Sua história na música começou aos nove anos, quando formou sua primeira banda (1965).
Dono de uma voz privilegiada, Adams aprendeu sozinho a técnica de cantar e dominar sua respiração, visto que segundo ele, teve aulas de canto apenas uma vez.
Além disso, ele trabalhou criando seu próprio estilo e sua forma de cantar.
Suas habilidades vocais cobrem mais de 4 oitavas do baixo G1 ao soprano C6, atingindo agudos perfeitos, cabendo a ele segurar notas altas por mais de 40 segundos em suas apresentações com o Manowar.
Sobretudo a frente do Manowar, Eric Adams integra uma seleta lista de vocalistas importantes e relevantes do estilo, tornando-se uma das peças principais da velha guarda do Heavy Metal.
Atualmente, com 71 anos, Eric continua sendo uma das “Grandes Vozes” do Metal, pois sua história rende muitos capítulos a serem contados.
O início:
Nascido em uma família de origem italiana em 12 de julho de 1952, em Auburn/NY,Eric Adams deu os primeiros passos como cantor ainda precoce, aos 8 anos, quando fez parte do coral da igreja a qual sua família frequentava.
Com três amigos com idades entre 10 e 13 anos, Eric integrou a The Kids, estreando com o single “Lovin Everyday“, faixa do EP “Meet The Kidz” (1965)pela pequena gravadora Chroma Records, seguido do debut “Class Of 66” (1966), único registro deles.
Entretanto, vale lembrar que aqui, Eric Adams era somente Louis Marullo, jovem garoto de 12 anos e sem o nome artístico que o faria ficar mundialmente conhecido, posteriomente.
Ao propósito, a origem de seu nome artístico vem da junção de seus dois filhos, Eric e Adam.
Pré Manowar:
Em 1978, ao lado dos músicos Bruce Van Brocklin (guitarras, backing vocals), Mark Alexander (baixo), John Gagliano (bateria), Louis (Eric) integrou o Harlequin, banda de Classic/Hard Rock, onde gravou só duas faixas, “Fever” e “My Lady, My Life”.
Enquanto esteve à frente do The Kids e mais tarde no Harlequin, Louis (Eric), além de vocalista principal, era também o responsável pelas guitarras bases.
Era Manowar:
O ano era 1980 e Louis Marullo (agora Eric Adams) foi convidado por seu amigo de longa data, Joey DeMaio, para integrar o Manowar, banda onde DeMaio era baixista e um dos fundadores, ao lado do guitarrista Ross The Boss.
UNITED KINGDOM – OCTOBER 01: Photo of Scott COLUMBUS and Ross FRIEDMAN and MANOWAR and Joey DeMAIO and Eric ADAMS; Posed studio group portrait, full length, barechested L-R Joey DeMaio, Ross the Boss, Eric Adams and Scott Columbus (Photo by Fin Costello/Redferns)
A estreia do Manowar deu-se em agosto de 1982 com “Battle Hymns”, o primeiro de uma discografia repleta de singles, Ep ‘s, compilações, live albums, DVD’ s, e claro, álbuns oficiais.
Mais que um debut, “Battle Hymns” é uma espécie de cartão de visita e também a introdução de Eric Adams no Heavy Metal, cujo reconhecimento viria posteriormente nos discos subsequentes.
O que dizer de Eric e suas linhas de vozes em: “Metal Daze”, “Shell Shock”, “Manowar” e “Battle Hymms”?
A verdade é que desde sua estreia com o Manowar, Eric mostrou ser dono de uma das vozes mais impressionantes do Heavy Metal, atingindo tons altos não apenas em estúdio, já que o mesmo segura tons altos por aproximadamente 40 segundos ao vivo.
Ainda sobre “Battle Hymns”: um clássico na carreira da banda, cuja faixa título é uma das músicas mais cultuadas do quarteto até os dias atuais.
*Destaque para as narrações do ator e diretor Orson Welles (Cidadão Kane, A Guerra Dos Mundos, A Era de Ouro do Rádio, etc) na faixa “Dark Avenger“.
“Into Glory Ride”
Posteriormente, onze meses após o debut, o grupo lança “Into The Glory Ride”, segundo álbum oficial da carreira e mais um trabalho destacando os vocais excepcionais de Eric Adams.
Destaco: “Secret Of Steel”, “Gloves Of Metal”, “Gates Of Valhalla”, e “March Of Revenge (By The Soldiers Of Death)”.
“Hail To England”
Em julho de 1984, sai o excelente “Hail To England” e nele a magistral “Blood My Enemy”, uma das músicas mais belas do Manowar, composta em um dos melhores trabalhos da banda.
Aliás, ouso dizer que temos aqui um dos momentos mais épicos de Eric Adams como vocalista.
Outras canções como “Each Dawn I Die”, “Hail To England”, “Army Of Immortals” e “Bridge Of Death”, merecem destaques principalmente no quesito vocais.
Entretanto, ainda em 1984, especificamente em outubro do referido ano, a banda lança “Sign Of The Hammer”, 4º disco da carreira e ao lado do já mencionado “Hail To England”, um dos melhores momentos da banda.
Indiscutivelmente Eric Adams é a cereja do bolo, já que seus vocais únicos demonstram o quanto os anos de carreira lhe fizeram bem.
Destaques para “All Men Play On 10”, “Thor (The Powerhead)”, “Mountains”, “Sign Of The Hammer”, “The Oath” e “Guyana (Cult Of The Damned)”.
“Guyana (Cult Of The Damned)”
“Guyana (Cult Of The Damned)” mostra a versatilidade nos vocais de Eric, que muita naturalidade consegue ir dos tons médios aos altos, dos graves aos agudos e, além disso, ainda consegue passear brilhantemente por belos falsetes com a naturalidade de poucos.
O ano era 1987, o Hard Rock estava em alta e a MTV transformou-se em uma via de acesso aos videoclipes de nosso(as) artistas/bandas prediletas.
“Fighting The World”
O que isso tem a ver com a matéria?
Bem, digamos que “Fighting The World” tem um pézinho no Hard Rock e por que não dizer que o mesmo tem um certo apelo “comercial”?
Era normal ligar a TV e dar de cara com o videoclipe de “Blow Your Speakers” rolando nos programas destinados ao Rock/Metal.
Talvez por este motivo alguns fãs mais xiitas detestam o disco, e o mesmo seja o motivo de xingamentos da galera mais “troo”.
Afinal de contas ver Joey DeMaio sem camisa, Scott Columbus, quebrar as baquetas de sua bateria e surrá-la com as mãos, Ross The Boss fazendo firulas com sua guitarras, Eric Adams vestido a la “Xena a Princesa Guerreira”, além dos passinhos ensaiados e bem coreografados era demais para o coração peludo dos fãs mais “tradicionais”.
“Carry On”
A verdade é que “Fighting The World” é um registro excepcional e por que não dizer, o disco “maduro” da banda onde todas as faixas merecem destaques, além dos vocais imponentes e poderosos de Eric Adams, soando perfeitos em todas as faixas, ouso dizer que “Carry On”, “Violence and Bloodshed”, “Defender”e “Black Wind, Fire And Steel” são os ápices de seus vocais.
*Mais uma vez a banda garantiu a presença de Orson Welles.
Porém, desta vez, sua voz esteve presente na faixa “Defender”.
Já que estamos falando em vocais, “Wheels Of Fire”, “Kingdom Come”, “Blood Of The Kings”e “Kings Of Metal”, faixa que dá nome ao 6º registro da banda, são mais uma prova do quão grandiosas são as interpretações de Eric Adams, e do quão alto seus tons podem chegar.
Em especial “Blood Of The Kings”, um dos melhores momentos do disco e também da banda.
“Triumph of Steel”, sucessor do já mencionado “Kings Of Metal”, chegava quatro anos depois, em setembro de 1992.
Em mais um trabalho onde os vocais são a cereja do bolo, o disco, que ao meu gosto não está no mesmo nível (musicalmente falando) dos anteriores, mostra em “Metal Warriors”, “Spirits Horse Of The Cherokee”, “Burning” e “The Power Of Thy Sword” que apesar das derrapadas as quais uma banda pode dar, um bom vocalista é capaz de trazer o prestígio necessário e mudar a história.
ERIC ADAMS / Reprodução / Facebook
O álbum seguinte, “Louder Than Hell”, lançado em 1996, apresenta em “Return Of The Warlords”, “The Gods Made Heavy Metal”, “Brothers Of Metal (Pt.1)” e “Outlaw”, mais um excepcional momento onde os vocais geniais de Adams, sem sombra de dúvidas, fazem a diferença.
Sobretudo, antes de adentrarmos ao próximo trabalho do Manowar, é necessário traçar um parâmetro entre o possível e o impossível.
Calma! Vou explicar de forma mais clara.
Como seres em evolução que somos, aprendemos, amadurecemos e diariamente somos capazes de melhorar e/ou aperfeiçoar nossas qualidades como indivíduos.
A saber, esta perfeição aconteceu exatamente em “Warriors Of The World”, oitavo registro do quarteto, lançado em 04 de julho de 2002, quebrando um jejum que durou seis anos.
Certamente a espera valeu a pena, já que o disco marca em minha humilde opinião, o ápice e a perfeição de Eric Adams como vocalista.
Primordialmente, na faixa “Nessun Dorma”, uma das mais belas canções da música clássica mundial.
E por quê em um disco contendo 11 faixas, uma em especial chama a atenção?
A resposta é simples e resume-se em dois pontos importantes.
1-A interpretação mais que perfeita de Eric Adams, um cantor de Heavy Metal, deixaria boquiabertos nomes da música clássica como Plácido Domingo, Andrea Bocelli, José Carreras e Luciano Pavarotti, quatro excepcionais tenores que o estilo conhece.
2-Poucos vocalistas se atreveriam a regravar “Nessun Dorma” sem a preocupação de arranhar a grandeza de uma canção mundialmente conhecida, e o principal, sem descaracterizá-la e/ou alterar sua melodia.
3-Seria preciso no mínimo um cantor com formação clássica ou um tenor com grande capacidade para tal.
Como resultado, Eric mostrou que seu talento como vocalista vai além do imaginável.
Sua voz caiu como luva e sua interpretação certamente deixou muitos boquiabertos (incluindo este que vos escreve).
ERIC ADAMS / Reprodução / Facebook
ADAMS, TALENTO ACIMA DE QUALQUER CRÍTICA
Contudo, se em algum momento houve dúvidas da competência e do talento mór de Adams, então eu vos digo que é preciso ouvi-lo e rever seu conceito sobre o mesmo.
Voltando a “Warriors Of The World”:
Canções como “Call To Arms”, “The Fight For Freedom”, “An American Trilogy”, “Warriors Of The World United”, “Hand Of Doom”, “Fight Until We Die” e “The Dawn Of Battle”, ao lado da já citada “Nessun Dorma”, garantem ao ouvintes a satisfação necessária.
“Gods Of War”
Os trabalhos seguintes, “Gods Of War” e “The Lord Of Steel”, editados em 2007 e 2012, respectivamente, seguem a linha dos anteriores e característicos da banda.
Embora esses discos deixem a desejar (musicalmente falando), algumas canções apresentam performances vocais ímpares de Eric Adams.
Caso de “King Of Kings”, “Sons Of Odin”, “Die For Metal”, “Born InGrave”, “Touch The Sky”, entre outras.
Além das músicas pesadas onde seus vocais são mais exigidos, o cantor também impressiona com seu timbre suave e voz amena nos momentos calmos de canções como, “Defender”, “Heart Of Steel”, “The Crown And the King”, “Hail And Kill”, “Master Of the Wind”, “Courage”, “King”, “The Fight For Freedom”, “Swords In The Wind”, “Blood Of Brothers”, dentre outras.
Outras características peculiares estão em algumas canções quase declamadas, onde as melodias dão vez a sonoplastias cujos diálogos são entoados com maestria.
Algumas destas canções nos dão a impressão de que estamos assistindo filmes com temática viking/épico medieval, pois era onde as batalhas estavam prestes a começar.
Os dotes como vocalista e o poder de sua voz fazem de Eric Adams um artista com excelentes habilidades (e facilidade) para cantar outros estilos.
Uma de suas façanhas mais interessantes e incomuns foi cantar a ária “Nessun Dorma” (da ópera Turandot de Giacomo Puccini) ao vivo em Milão em 1999 como homenagem aos seu fãs italianos.
Posteriormente a canção integraria o já mencionado “Warriors Of The World” (2002).
“An American Trilogy”
O mesmo álbum contém “An American Trilogy”, que Adams apresentou no Popcom. Durante uma turnê em 2007, ele cantou “The Phantom Of The Opera”, canção de Andrew Lloyd-Webber, em dueto com Maria Breon, da banda HolyHell.
Posteriormente, a música foi incluída no EP de estreia da banda, “Apocalypse”, lançado em março de 2007.
Além disso, o vocalista proporcionou outros momentos fora do seu habitat musical, ao cantar “Silent Night”, famosa canção de natal gravada por inúmeros artistas.
“Live in Bulgaria Kaliakra Rock Fest”
Ao lado da soprano inglesa Sarah Brightman, Adams gravou “Where Eagles Fly”, canção que integraria o álbum “Harém” de Sarah, porém, a música nunca foi lançada oficialmente.
Surpreendentemente, em junho de 2007, Eric Adams cantou o hino nacional búlgaro “Mila Rodino” durante o show do Manowar em Kavarna, Bulgária, como uma homenagem aos fãs búlgaros.
A saber, a apresentação foi filmada e posteriormente lançada no DVD “Live in Bulgaria Kaliakra Rock Fest”.
Apesar de integrar uma banda de Heavy Metal, cuja postura soa “radical” e/ou “infantil” em alguns momentos, já que o Manowar é muito melhor tocando do que falando, Eric Adams não se limitou como artista, conquistando respeito e apreço até mesmo de críticos que não expressam particular estima por sua banda.
Por exemplo, o que Adrien Begrand da Decibel Magazine que escreveu:
“Eles (Manowar) têm um dos frontman mais simpáticos e carismáticos do gênero”.
*Questionado sobre seu gosto pessoal pela música, Eric Adams expressou sua paixão pela música clássica.
* Questionado sobre vocalistas como Robert Plant e Ozzy Osbourne, Adams disse que “eles são ótimos também, mas para mim foi definitivamente Gillan.
Ele era o cara sentado nas barracas a noite toda esperando o Purple aparecer”.
* Em uma de suas entrevistas ao Metal-Rules.com, questionado sobre a banda americana Kiss, o vocalista disse: “Nós temos alguns membros da banda que são fãs do Kiss, mas pessoalmente, eu nunca fui um fã do Kiss e nunca gostei deles. É uma coisa muito pessoal para mim. Eu apenas não consigo entendê-los, mas é só comigo. Eu conheço um monte de pessoas que realmente gostam deles”.
“Fighting The World”
A pergunta veio por conta da capa do álbum “Fighting The World” do Manowar, já que o ilustrador Ken Kelly também foi o responsável pela arte do álbum “Destroyer” do quarteto americano.
*Fora do Manowar, Eric gravou em 2006, o DVD “Wild Life and Wild Times”, sobre caça e pesca de animais selvagens.
Segundo ele, prefere “caçar o animal, ao invés de comer a carne colorida falsa que é ́servida nos restaurantes”.
Eric também é profissional com arco e flecha.
Além de exímio vocalista, Eric também toca guitarra, teclado e bateria.
No já mencionado “Wild Life And Wild Times”, o cantor foi o responsável por compor a trilha sonora.
*“Guyana (Cult of the Damned)”, faxa gravada no álbum “Sign Of The Hammer” (1984), é uma canção sobre o suicídio em massa de 1978 liderado por Jim Jones do grupo Peoples Temple, em Jonestown, noroeste da Guiana.
*“Nessun dorma” (“Ninguém durma”, em italiano) é uma famosa ária do último ato da ópera Turandot, criada em 1926 por Giacomo Puccini.
A ária refere-se à proclamação da princesa Turandot, determinando que ninguém deve dormir.
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