Se estivesse vivo, o baterista, Vincent Paul Abbott, mas conhecido como Vinnie Paul, estaria completando 58 anos.
Nascido no dia 11 de março de 1964, na cidade de Abilene/TX, na América, Vinnie Paul faleceu no dia 22 de julho de 2018, aos 54 anos, vítima de problema cardíaco.

Uma trajetória de sucesso e dor
Vinnie Paul foi membro fundador do Pantera juntamente com seu irmão, o guitarrista Dimebag Darrell. A banda iniciou em 1981 executando uma sonoridade muito diferente daquela ao qual ficou conhecida mundialmente nos anos 90. Nos primeiros registros, principalmente, nos três iniciais, “Metal Magic” (1983), “Projects In The Jungle” (1984) e “I Am The Night” (1985), a música do Pantera era calcada no Hard Rock e Glam Metal. Somente em 1988, com o lançamento de “Power Metal” e a chegada do vocalista Phil Anselmo substituindo Terrence Lee, que a sonoridade do quarteto começou a se lapidar e rumar para o que veríamos nos registros seguintes.
Para muitos fãs, a carreira dos texanos começa realmente nos anos 90 com a chegada dos mega clássicos “Cowboys From Hell” (1990) e “Vulgar Display Of Power” (1992). Nesta época, o grupo se tornou um fenômeno de mídia mesmo tocando um Metal rápido, ácido, pesado e agressivo. Músicas como “Cemitery Gates”, “Psycho Holiday”, “Domination”, “Cowboys From Hell”, “Mouth For War”, “This Love”, “A New Level” e “Walk”, se tornaram grandes hinos e sucessos comerciais estrondosos.
Nesta época, a banda era uma das mais respeitadas no mainstream e tinha enorme representatividade entre os jovens. Seus shows ao vivo eram classificados como insanos e, além disso, a fama de ser experiências definitivas. Os músicos realmente se entregavam de corpo e alma, os discos batiam recordes de vendagem e o sucesso foi aumentando drasticamente.
Enquanto o Grunge alcançava a crista da onda e desbancava a maioria das bandas de Metal, o Pantera inexplicavelmente se manteve no auge emplacando sucesso atrás de sucesso. “Far Beyond Driven” (1994) e “The Great Southern Trendkill” (1996), despejaram mais uma sequência de hinos nas FMs mundiais e a programação da MTV exibia os videoclipes incessantemente. Seguindo o caminho contrário de muitas bandas da época, que resolveram dar uma aliviada na sonoridade e gravar discos mais comerciais, o Pantera ficou cada vez mais brutal e cada vez mais extremo.
Com a fama, vieram também os problemas de convivência, principalmente, com o vocalista Phil Anselmo. O Pantera seguia lotando arenas e sendo figurinha carimbada nos maiores festivais do mundo, mas internamente a situação ficava cada vez mais insustentável. Anselmo viajava em aviões separados, gravava suas partes vocais em horários diferentes do restante da banda e, às vezes, em estúdios diferentes. Vinnie Paul, Dimebag Darrel e Rex Brown sabiam que o fim se aproximava, mas tentavam a todo custo manter a banda unida de alguma forma. “Reinventing The Steel” foi lançado em 2000 em meio a esse turbilhão de acontecimentos e, como já se esperava, foi o último trabalho de estúdio do quarteto.
Phil alegou um problema crônico na coluna e por causa das dores justificava o abuso de drogas e álcool. Ele disse que precisava de férias para tratar seus problemas, foi embora e não voltou mais. Pouco tempo depois, apareceu fazendo turnês e divulgando o primeiro trabalho de sua nova banda, o Down. Vinnie Paul e Dimebag telefonaram incessantemente para o vocalista para obter um posicionamento sobre o futuro do Pantera, mas Phil não atendeu, não respondeu os recados, não deu satisfações e foi desta forma melancólica que uma das maiores bandas dos anos 90 encerrou suas atividades.
Os irmãos Abbot resolveram criar uma nova banda e seguir com suas carreiras esquecendo de vez o ex-vocalista do Pantera. Foi assim que nasceu o Damageplan. Mas quis o destino que a banda durasse muito pouco.
Em 8 de dezembro de 2004, pouco tempo depois do lançamento do disco de estréia do Damageplan, Vinnie viu seu irmão Dime ser baleado e morto durante um show da banda na cidade de Columbus. O assassino era um fã do Pantera que sofria de esquizofrenia. Uma das suas personalidades, Nathan Gale acreditava ser uma espécie de alter ego do vocalista Phil Anselmo e, em meio a suas loucuras, culpava Dimebag e Vinnie pelo fim da banda. O rapaz adentrou o palco disparando a queima roupa contra Dime e depois contra a platéia e seguranças, o guitarrista faleceu ainda no local e o atirador foi morto pela segurança. Vinnie Paul culpou Phil Anselmo pelo ocorrido e nunca o perdoou. Anselmo foi impedido de comparecer ao velório e, no decorrer dos anos, tentou inúmeras vezes uma reconciliação com Vinnie, mas isso nunca aconteceu.

Em 2006, Vinnie concedeu uma entrevista a revista Revolver e contou em detalhes o motivo de nunca ter perdoado Anselmo. Quando questionado sobre uma possível volta do Pantera, o baterista foi incisivo:
“Amávamos o Pantera, mas quando o Phil Anselmo parou de querer fazer parte daquilo e começou a tratar a gente muito mal, estabelecemos limites. Não deixaríamos o Damageplan de lado para ficar pisando em ovos até o Phil se recompor direito. Acho que ele queria tentar o melhor de si em várias bandas e, caso desse errado, os bons e velhos Vinnie e Dime estariam sentados, esperando por ele. Não é assim que funciona.
Quando você dá coração e alma a alguém por 15 anos de sua vida e esse alguém dá as costas pra você, não responde ligações, não se comunica e fala mal de você, é hora de dizer “chega”. Talvez o Rex e o Phil quisessem uma reunião, mas eu e Dime estávamos de saco cheio. Sem o Dime, não tem Pantera e não tem Damageplan. Ponto final.
Se o Dimebag era amigo dele, por que ele não atendia as ligações? Por que o irritou tanto? Como ele pôde dizer o que falou sobre meu irmão nas revistas? [Anselmo, certa vez, disse que Dimebag “fisicamente, merece ser espancado].Ele falou aquilo, palavra por palavra. Ninguém forçou ele a falar nada e o que ele disse é o tipo de merda que incentiva caras como o que matou meu irmão. Quando tentou entrar no funeral do Dime, Phil me mandou uma mensagem dizendo que podia provar que não deu aquela entrevista. Eu tenho as gravações de áudio, cara. Quem quiser ouvir é só falar. No que diz respeito a ele chamar Dimebag de “meu guitarrista”, é assim que ele pensa mesmo. Tudo é “dele”. Ele fez exatamente o que eu achei que faria: mentir sobre tudo.
Cara, o Phil gosta de culpar a imprensa especializada em heavy metal pelo rompimento do Pantera. Nunca me senti traído pela mídia. Eles nunca distorceram minhas palavras e nunca achei que estavam tentando me sacanear. Ele deu entrevistas, ele disse o que disse e tudo que fizeram foi escrever o que ele disse. Se ele quer culpar alguém, ele tem que se olhar no espelho.“
E assim foi. Os dois músicos jamais reataram, Phil Anselmo seguiu fazendo parte de inúmeros projetos onde nenhum deles conseguiu sequer chegar perto do êxito do Pantera. Vinnie montou o Hellyeah!, gravou e excursionou com a banda até o fim de sua vida. O baterista faleceu no dia 22 de junho de 2018 e sua morte foi anunciada através da página oficial do Pantera. Vinnie se foi devido a um infarto fulminante que aconteceu enquanto dormia. Ele foi enterrado ao lado do seu irmão Dimebag Darrell.
Rest In Peace, Vinnie!

Excelente matéria. É triste como uma banda tão boa se foi tão cedo. O Damageplan apesar de não ser do mesmo nível do Pantera, achei muito bom, grande parte por conta dos riffs do Dimebag, e o disco do Hellyeah que eu escutei (Blood for Blood) também achei. Dificilmente vai surgir uma banda nos dias atuais que seja tão boa quanto o Pantera e que consiga os holofotes da mídia.