Phoenix, Arizona. Foi lá que surgiu uma das bandas mais importantes do Thrash Metal. Falo do Flotsam And Jetsam e seu 14° full lenght intitulado “The End Of Chaos”, lançado dia 18 de janeiro via AFM Records. Para conduzir as baquetas ainda em 2018 foi convocado Ken Mary do Fifth Angel (ex-Accept, ex-Chastain, ex-David T. Chastain, ex-Impellitteri, ex-James Byrd, ex-TKO, ex-Strike, ex-Alice Cooper, ex-House Of Lords, ex-Magdallan, ex-Randy Hansen, ex-Soul Shock Remedy).
Muitos devem se lembrar de um grande clássico como “Doomsday For The Deceiver”, disco de estreia lançado em 1986 e também da participação rápida do baixista Jason Newsted, pouco antes de figurar no Metallica. De 2010 para cá a banda vem lançando discos com intervalos de dois a três anos respectivamente. E dentre os lançamentos mais recentes, considero o autointitulado de 2016 o melhor trabalho deles até o momento, isso sem mencionar o álbum mais recente, “Blood In The Water” (2021).

Os temas sobre insanidade, sobrevivência diante do caos terrestre, depressão, e batalhas pessoais encabeçam as letras das canções que percorrem o disco que abre as asas e decola com a faixa de abertura intitulada “Prisoner Of Time”. Nesta decolagem Ken demonstra um amplo empenho em seu kit até que uma introdução do baixo de Spencer coloca o planador no prumo certo onde uma sequência rítmica surge ditando o tom mais moderado da canção que nos diz sobre viver a vida sem se preocupar tanto a ponto de ficar preso no tempo. “Control” chega rasgando os céus se deslocando com uma velocidade superior à faixa anterior e certa segurança em meio a um tema que podemos imaginar uma ex-namorada/esposa ou alguém que fora de muita confiança, porém, descobriu-se que esta pessoa sempre se escondeu atrás de mentiras. “Pegue meu mundo – mas você nunca levará minha alma” e “Eu acreditei em cada palavra que você disse” são frases que ressaltam bem a confiança que fora perdida com o tempo e que não importando o que aconteça, essa pessoa nunca assumirá o controle.
Chegamos a terceira faixa nomeada “Recover” que remete a lembranças e sensações sombrias que machucam a alma e te tornam completamente impotente sem forças para seguir em frente. “Um sentimento que você não pode descrever, pois escurece tudo o que você vê” – quando por entre essa camada depressiva a sonoridade envolvida por aqui segue mais cadenciada e com detalhes mais melódicos, principalmente nos refrãos crescentes. O solo final traz um leve toque especial à composição.
Está preparado para o caos? Não?! É melhor se preparar, pois “Prepare For Chaos” chega através de um rasante quase batendo a hélice no chão, mas que se segura firme no ar e mantém a aeronave em posição confortável para prosseguir em sua viagem sonora. Uma das melhores do álbum. Na sequência temos “Slowly Insane” que nos convida a “bailar”. Com um início potente demonstrando que a equipe possui bastante combustível, é uma faixa que mantém o poderio do quinteto que canta em seus versos sobre uma mente bastante perturbada na qual destaco um trecho do refrão: “A pressão está se acumulando dentro do meu cérebro” – e isso ocorre de forma lenta sem que seja percebido.
Agora eu diria que estamos diante da faixa mais pesada e mais Thrash do álbum. “Architects Of Hate” chega disparando seus mísseis altamente nocivos aos garotinhos com ouvidos de porcelana. Com um vocal mais insano e nervoso de AK, os riffs velozes e cortantes de Gilbert e Conley ditam um ritmo para qualquer metalhead bangear pela casa ao ouvir essa que podemos classificar como a melhor faixa do disco. Aqui o ódio foi muito bem arquitetado. Em seguida temos “Demolition Man” que me fez lembrar de Tony “The Demolition Man” Dolan, baixista e vocalista do Venom Inc. Mas, a lembrança para por aí. A canção que recebeu um videoclipe muito caprichado por sinal conta sobre o poder da mente humana utilizando o campo da demolição de forma metafórica. “Vou derrubá-lo no chão como se nunca estivesse lá / E eu amo o cheiro de poeira de um lugar caindo”. Possui novamente algumas doses “powerísticas” e com solos de qualidade, seguindo com firmeza e veracidade. “Unwelcome Surprise” mantém o ritmo com destaque para as linhas de baixo de Spencer e a cozinha entrosada com Ken. “Ganhe o grande prêmio e morra no dia seguinte / Ninguém vai dizer aonde tudo vai / Gaste as economias da vida em um carro novo / Veja-o amassado sendo rebocado” – trecho para pensar e refletir realmente.

“Snake Eye” é bem peçonhenta no bom sentido com solos bem construídos e encaixados. A aeronave continua seu percurso sem que precise de nenhum pouso de emergência. As três últimas canções que fecham o álbum mostram um Flotsam variando entre o Thrash e boas doses de Power que lembram um bocado como outras bandas do estilo têm feito sem comprometer o andamento da bolacha. “Survive” – com seu círculo vicioso sobre os mesmos acontecimentos trágicos e se continuaremos sobrevivendo a eles proferidos pela voz potente de AK. “Good Or Bad” com o baixo pulsante de Spencer e a mensagem sobre o legado e o preço deste: “Continue seu legado da maneira que quiser / É a sua eternidade e o seu preço”. E “The End” – velozmente instigante e coberta de delírios diante do bem e do mal sem saber o que ocorrerá ao certo no final – encerram os trabalhos de forma muito positiva. A decolagem foi correta e o pouso foi tranquilo sem graves deslizes.

Embora não tenham superado o álbum anterior em minha singela opinião, AK destacou-se interpretando muito bem cada estrofe e esse novo full lenght funciona como uma boa sequência apresentando uma banda com muita lenha para queimar e pronta para continuar voando e encarando desafios sem causar maiores turbulências.
Nota: 8,3
Integrantes:
- Eric “AK” Knutson (vocal)
- Michael Gilbert (guitarra)
- Steve Conley (guitarra)
- Michael Spencer (baixo)
- Ken Mary (bateria)
Faixas:
1. Prisoner Of Time
2. Control
3. Recover
4. Prepare For Chaos
5. Slowly Insane
6. Architects Of Hate
7. Demolition Man
8. Unwelcome Surprise
9. Snake Eye
10. Survive
11. Good Or Bad
12. The End
Redigido por Stephan Giuliano