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Indicação: Fuoco Fatuo – Obsidian Katabasis (2021)

Profound Lore Records

O Metal nos brinda sempre com estilos obscuros e densos, e um dos mais perversos, densos e obscuros mundos é o Funeral Doom. Esse estilo brinca com a misantropia e o niilismo e tende a apresentar uma atmosfera tenebrosa e pesada. E os italianos do Fuoco Fatuo são mestres em fazer isso, combinar a atmosfera macabra a um tema soturno e perverso. “Obsidian Katabasis” é o 3° full do quarteto e representa a evolução de qualidade da banda. Tendo uma boa evolução na produção, os vocais de Milo Angeloni ainda se confundem com os instrumentos e surgem como corais obscuros em meio a tenebrosa combinação harmônica. A construção da cozinha é bem simples e segue o princípio de menos é mais, com pequenas passagens mais trabalhadas e dando sustentação a guitarras que compõe uma tríade quase que maligna, como pode ser ouvido na ótima “Obsidian Bulwark (Creation of the Absurd)”, a primeira faixa do cd.

Reprodução / Facebook

Digamos que o compacto é dividido em 3 atos, sendo que cada um é seguido por uma faixa instrumental que designa qual foi o ato passado. Dessa forma, acabamos de passar pelo ato 1, então a próxima faixa, será a instrumental “I”, uma densa composição de ligação, que apresenta sintetizadores e uma atmosfera quase religiosa, mas embebida em trevas e morte. Na sequência se tem a assustadora “Thresholds of Nonexistence Through Eerie”, uma música tão obscura quanto, ou se não mais, a primeira composição do disco. Aqui a atmosfera é mais lenta macabra, com vocais mais próximos a vozes assombrosas. Os sintetizadores tenebrosos preenchem o ambiente e se mesclam as cordas enegrecidas de Giovanni Piazza e Milo. O baixo de Andrea Collaro simplesmente desaparece em meio a ambientação grave da faixa. Mas os ouvidos mais treinados conseguem ouvi-lo ressoar ao fundo, como um suspiro pela noite. Por mais que a faixa seja densa, arrastada e longa, as nuances são agradáveis e apresentam a boa forma de composição. Por sua vez, é dado fim ao segundo ato, então em seguida ouvimos a instrumental “II”. Aqui, as guitarras se assemelham a sussurros de desespero em meio a uma destruição lenta e dolorosa. Um instrumental digno da obra apresentada.

Reprodução / Facebook

Para os que não sabem, ‘Katabasis’ na mitologia se refere a descida ao submundo, e na música antiga, a palavra se refere a uma melodia descendente. E aqui neste disco, ouvimos os dois, melodias que te transmitem a ideia de descer, de sentir como que algo te puxando para baixo. E uma atmosfera como que te levando a descer ao submundo. Em “Psychoactive Katabasis” especificamente, temos a síntese da densidade e da escuridão. Uma composição misantrópica, niilista e com atmosfera esotérica, o faixa é totalmente hipnótica, e mesmo os mais críticos do estilo sentem arrepios ouvindo a música. Com nuances e mesclando seu estilo principal ao Death Metal, a música une o melhor dos dois mundos: o peso e a densidade do Funeral Doom, com as pontes mais brutais do Death metal. Os vocais ecoam como que cânticos amaldiçoados entoados em alguma caverna soturna, enquanto o instrumental trabalha com um nível de obscuridade que chega a soar perverso e maligno. E como que fechando um ciclo, ouvimos a boa faixa instrumental “III”, que são 5 minutos de dedilhados mesclados com guitarras ecoando ao grave de um baixo distorcido e denso, dando ainda mais a sensação de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento.

Nota: 8,5

Faixas:

  1. Obsidian Bulwark (Creation of the Absurd)
  2. I
  3. Thresholds of Nonexistence Through Eerie
  4. II
  5. Psychoactive Katabasis
  6. III

Integrantes:

Redigido por: Yurian ‘Dollynho’ Paiva

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