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Indicação: Satan – “Cruel Magic” (2018)

Reprodução

Metal Blade Records

O Heavy Metal em sua forma mais tradicional saiu da escuridão em que esteve durante anos e, novamente, se transformou em um gigante imponente e amedrontador. O momento é sublime e se você buscar na história por algo parecido, foi somente nos tempos da saudosa NWOBHM que tivemos tantos bons lançamentos e tantas bandas novas surgindo. Obviamente, o Heavy Metal nunca morreu como alguns idiotas falaciosos chegaram a decretar em tempos passados, mas a grande realidade é que dos anos 90 até meados de 2005 (mais ou menos), o estilo em sua forma mais tradicional não vivia um momento muito favorável.

Um ou outro lançamento chegava a causar certa comoção, porém, nada que pudesse se assemelhar ao período áureo. Foi a nova geração a grande responsável por ressuscitar o interesse das pessoas na sonoridade oitentista, e esse ‘boom’ gerou uma espécie de efeito colateral extremamente benéfico e bastante interessante. Diversos nomes icônicos que estavam em um hiato de décadas retornaram do limbo e, ainda pegando carona nessa explosão, bandas renomadas que viviam fases pouco produtivas acabaram entrando na onda da molecada. É certo dizer que coincidentemente ou não os ‘tiozinhos do Metal’ foram atingidos por um enorme sopro de vitalidade e também passaram a nos brindar com belíssimos trabalhos.

O Satan foi uma dessas bandas que resolveu dar-se uma segunda chance e retomou suas atividades em 2012, após 27 anos.

Apesar do nome lendário e do mítico registro de estreia (“Court In The Act”, de 1983), foi unicamente o conteúdo musical de extrema qualidade que fez dessa “volta ao mundo dos vivos” algo realmente relevante. “Life Sentece” (2013) e “Atom By Atom” (2015) se tornaram exemplos de como uma banda que está parada há tanto tempo deve se comportar em uma volta a indústria musical. Retornaram com sua formação clássica, com discos imponentes e, musicalmente, mantiveram-se intocáveis e cheios de gana.

Satan/divulgação

Em “Cruel Magic”, temos exatamente o tipo de registro que se espera de uma banda como essa. Nada de reinventar a roda ou qualquer tipo de revolução musical, somente o mais puro Heavy Metal tradicional calcado naquele passado saudoso que, ironicamente, eles mesmos ajudaram a escrever. A produção não possui nenhum requinte técnico ultra moderno e, para ouvidos exigentes acostumados com limpidez e sonoridades cristalinas, isso pode ser um problema, porém, é o que Brian Ross (vocal), Russ Tippins e Steve Ramsey (guitarras), Sean Taylor (bateria) e Graeme English (baixo) sempre buscaram. Cá entre nós, não imagino um novo álbum do Satan, altamente produzido, é essa sujeira e sensação de ser um disco “quase ao vivo” que o torna tão atrativo e orgânico. Talvez, esse tipo de produção pudesse até influenciar negativamente caso a musicalidade não fosse tão compatível a ela, já com esse tipo de conteúdo apresentado é certo afirmar que o encaixe é perfeito.
Liricamente, o álbum dá sequência aos assuntos costumeiramente abordados pelo Satan. Talvez, pelo nome da banda, você imagine uma porção de temas macabros ou feitos para satanistas infanto-juvenis, porém Brian Ross é taxativo ao dissertar sobre a temática por trás de “Cruel Magic”: “É uma personificação da injustiça em nosso mundo. Quem nos conhece sabe que nunca cantamos sobre o Diabo, exceto nos termos mais abstratos. Dito isso, fica claro que não temos interesse nesse tema, você nunca ouvirá palavras como ‘Rock And Roll’ em uma canção do Satan, nem qualquer referência a sexo, drogas, carros velozes ou motocicletas. Nós focamos nas coisas ruins que geralmente acontecem no mundo, sejam elas reais ou imaginárias, e a injustiça em particular, sempre foi uma grande parte do que nos leva a escrever letras.”

Brian Ross/reprodução

O álbum possui algumas pequenas diferenças se compararmos aos seus dois antecessores, porém o direcionamento musical é exatamente o mesmo. Temos uma quantidade um pouco menor de composições velozes, mas é bom que se diga que elas ainda se fazem presentes. “In The Mouth Of Eternety”, “The Doomsday Clock” e “My Prophetic Soul” são claros exemplos disso, se gravadas nos anos 80, certamente acelerariam o surgimento do Thrash, pois deixariam Kerry King e Lars Ulrich ainda mais fanáticos pela NWOBHM.

As linhas de guitarra e os solos estão muito mais trabalhados e melhor construídos, Russ Tppins e Steve Ramsey foram responsáveis por performances de gala em “Cruel Magic”. As guitarras de “Legions Hellbound”, “Death Knell For A King”, “Ghosts Of Monongah” e “Who Among Us” falam por si, todas essas músicas, detentoras de boas viradas e momentos de alta criatividade.

Na faixa título, assim como na ótima “Ophidian”, temos um Satan mais melodioso e cadenciado, porém não menos empolgante. Pra finalizar, “Mortality” encerra o disco de forma brilhante e épica.
Se algumas bandas pioneiras demonstram imensa dificuldade e total inabilidade em apresentar álbuns que sejam capazes de empolgar seus antigos fãs, temos aqui a prova definitiva que os deuses do Metal continuam olhando por nós e não nos desampararão.

Satan band/reprodução

Enquanto Iron Maiden, Metallica e outras seguem derrapando na pista, devemos agradecer pela longevidade do Saxon e pelos retornos absolutamente significantes de Accept, Riot e, obviamente, do Satan.

Extremente recomendado!

Nota: 9,0

  • Integrantes:
  • Brian Ross (vocal)
  • Russ Tppins (guitarra)
  • Steve Ramsey (guitarra)
  • Sean Taylor (bateria)
  • Graeme English (baixo)

Faixas:

  1. Into The Mouth Of Eternity
  2. Cruel Magic
  3. The Doomsday Clock
  4. Legions Hellbound
  5. Ophidian
  6. My Prophetic Soul
  7. Death Knell For A King
  8. Who Among Us
  9. Ghosts Of Monongah
  10. Mortality

Redigido por: Fabio Reis

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