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Indicação: Sutura – “Clasta” (2019)

Ao abrir o planisfério seguindo pelo Brasil, estaciono os olhares para Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Terra do glorioso time do Friburguense com suas cores extravagantes. Uma pena que hoje em dia esse e outros tantos clubes estejam distantes do que já foram. Mas, o lance aqui continua sendo falar sobre Metal e dentro desse local reside o Sutura, banda de Death/Black Metal que lançou seu debut no dia 23 de fevereiro de forma independente no Dead Bird Estúdio, também em Nova Friburgo. O line up conta com William “Delta X” Toledo (Desvanecer, ex-Krattera) na bateria; Luciano Galvão na guitarra e vocal; Erik Amorim no baixo; e Nathan Azevedo na guitarra. O Sutura surgiu em 2016 e já possuía em seu currículo o EP “Morte Alheia” (2017).



Sutura/Divulgação

Com uma influência vasta envolvendo nomes de peso do submundo da música extrema, o Sutura, através de seu primeiro full length, está aí em busca de seu espaço no cenário nacional e, consequentemente, internacional. E já de antemão digo ao honradíssimo leitor e fã de música suja, ríspida e visceral que este é mais um daqueles discos que se deve possuir junto à sua coleção. Ressaltando também que ao ouvir a bolacha, percebe-se que dentro do set já se nota uma evolução que poderá se destacar em um futuro segundo álbum.

Sem mais enrolação é hora de avaliar o “são”. Só pra rimar e não deixar o cachimbo cair no dedão, vamos desvendar os mistérios desta escuridão. Eis que o arsenal de batalha é revelado com “Solstice”, trazendo de início uma introdução melódica e mórbida até que a maldade e veracidade entram em ação. Muito em virtude de suas influências, o Sutura parece caminhar em um solo vulcânico ardiloso, que se torna mais firme a cada passagem musical. Bandas como Hellscourge e Apocalyptic Raids vem à tona entre as passagens mais sujas somadas ao Death/Black Metal praticado pelos fluminenses com aquela boa dosagem de Speed. “Os mentirosos começam a rezar / A ansiedade preenche minha mente / Eu lentamente fico louco / Meu corpo começa a apodrecer / Minha alma não é a mesma / Para sempre no escuro / Eu vou desaparecer.” A segunda faixa “The Grave Awaits Your Flesh” invoca os demônios adoradores de filmes de terror para uma rodada de brutalidade e sangue. Os solos ditam o tom da machadada por aqui em meio a uma boa distribuição de riffs cadenciados e outros mais enfurecidos, ficando bastante evidente o lado Death da coisa. Em meio a esse clima pútrido você não pode se esconder, bastando entender que: “O túmulo aguarda sua carne”.

Quando os sinos tocam ao longe é o momento exato para se livrar de toda a corrente benéfica que o cerca com a terceira canção intitulada “Covenant Of The Wicked”. Esta sim, lembrando e muito o lendário Sarcófago, além de mostrar toda a segurança e perspicácia de Delta X com seu kit. “Curve-se a mim e me dê sua alma luxuriosa / Não há mais necessidade de respirar, sem uso para seus olhos e ouvidos / Pereça nos medos mais sombrios / Como seu corpo começa a apodrecer / As chamas se aproximam” – mostrando que não há mais o que se possa fazer há não ser se unir à aliança dos malignos. “Into The Evil Tomb” é a quarta canção e já apontando para a primeira metade do evangelho de vossa malevolência suprema. Assim como todo ritual se inicia de forma vagarosa com o baixo de Erik cantando as notas e elevando a crueldade sonora das guitarras de Nathan e Luciano, que além de tocar, blasfema como ninguém. “Há uma frase sussurrada / No meio do silêncio / Em sua mente o mal cresce / Mostrando nossa natureza” – vozes de espíritos zombeteiros que sofrem eternamente, buscando mais almas para o delírio de seu senhor.



“Clasta” não é apenas a quinta “múzga” do álbum, como também é a faixa-título e anuncia que já adentramos a metade deste trabalho forjado em meio às estalactites da caverna mais densa com águas vulcânicas. O riff inicial já aponta que estamos em meio ao fim de toda a história escrita em vão. “Nascido para matar, para destruir / A vida é ódio, aceite seu destino” – um destino de quem não espera mais nada que valha à pena. Em “Path From Insanity”, a melancolia aparece em primeiro plano até que as guitarras engrossam o caldo negro e entregam ao ouvinte a insanidade que o mesmo venha a desejar. Não há o mesmo apelo que as faixas anteriores, porém, não ofende o senhor das trevas nem a dona da foice, complementando bem o andamento desta esmeralda do caos. “Vida destruída / Esperança esquecida / Faça o que você quiser / Faça isso por ódio, a cara de horror” – não importa a situação, faça com ódio. Assim como Ikki de Fênix aprendeu: “O ódio, Ikki!”.

Sutura/Spotify

“Edges Of Deception” está na posição de número 7 e traz consigo uma chuva intimista que apresenta entre as cumulus nimbus carregadas uma intro cheia de mistérios a serem sanados com o fim de tudo. “Entre o nevoeiro e a chuva / Sua sanidade vai embora / Nada mais para levar / Aqui no abraço da montanha fria” – mais intensa e acelerada que a anterior, tornando a tempestade ainda mais macabra, só que agora somente em formato de música crua e suja. Quem entende do assunto sabe que é um baita elogio, diga-se de passagem. Lembrando que a morbidez no refrão e ao acompanhar os solos remete um bocado ao que os neerlandeses do Asphyx praticam. O fim retorna com mais um pouco da chuva torrencial inicial. Agora estamos diante da instrumental “Only Darkness Will Remains” com seu nome bastante evidente.

Na sequência temos a empolgante “Mountains Of Grievance”, que joga na fuça do bandido toda a receita de um Death Metal bem feito com aquele toque especial do Metal profano. “Nas montanhas de queixas / Eu fico lá sozinho / Esperando pelo sinal, uma desgraça iminente / Rodeado pela escuridão / E sua ira iminente / Possuindo a alma dos que foram deixados”. No último degrau do palácio do mal está “Gravelord” que encerra o sulco anti sagrado e insolente com uma bela faceta no melhor estilo Entombed dos tempos áureos. “Escrito em pedra / Minha memória entalhada” – um belo desfecho que evidencia o fim certo e celebra uma estreia que se torna mais marcante a cada audição. “Esculpido no túmulo / Guardando meus restos mortais” – o fim acontece e a dor permanece com o término da canção acontecendo de forma hipnótica.

Sutura/Arquivo

Em toda a audição deste livreto do sacrilégio mundano, o Sutura mostra serviço e não se abala por se tratar de seu primeiro full length e, tudo isso somado à músicos que se dispõem a realmente entregar o que fora descrito, podendo alçar vôos cada vez maiores. Apenas devo dizer que fico no aguardo do segundo disco desta horda “brazuca”, desde já.



Nota: 8,6

Integrantes:

  • William Toledo Delta X “(bateria)
  • Luciano Galvão (guitarra e vocal)
  • Erik Amorim (baixo)
  • Nathan Azevedo (guitarra)

Faixas:

1. Solstice
2. The Grave Awaits Your Flesh
3. Covenant Of The Wicked
4. Into The Evil Tomb
5. Clasta
6. Path From Insanity
7. Edges Of Deception
8. Only Darkness Will Remains
9. Mountains Of Grievance
10. Gravelord

Redigido por Stephan Giuliano

Confira também a resenha do mais recente álbum do Sutura:

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Comentários

  1. Não conhecia a banda, muita coisa coisa boa existe no cenário brasileiro e graças ao mundometalbr.com é que aparece espaço para os caras!!!! muito bom!!!! Valeu!!!!

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