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Indicação: Tyrant – “Hereafter” (2020)

Vinte e quatro anos. Esse é o tempo desde “King Of Kings” (1996), terceiro e até então o último álbum lançado pelos norte-americanos do Tyrant. Muitos adeptos foram pegos de surpresa com este novo trabalho e logo aquela ansiedade de conferir veio à tona. “Hereafter” foi lançado no dia 15 de maio via Shadow Kingdom Records e marca a volta de mais um grande ícone do Heavy Metal dos anos 80, embora o início deles seja datado oficialmente em 1978.

O line up atual conta com o patrono da preulinha toda, o glorioso Greg May no baixo; Rocky Rockwell (ex-Savage Garden, ex-Visions) segue firme no comando das guitarras; Ronnie Wallace coordena os bumbos, pedais e pratos; fechando a escalação do time temos Robert Lowe nos vocais desde 2017 (Grief Collector, ex-Solitude Aeturnus, ex-Concept Of God, ex-Solitude, Disciple Of Doom, Gathered In Darkness, ex-Candlemass, ex-Last Chapter, ex-Graven Image, ex-The Holy, ex-Muthalode (live)). Apresentada a banda principalmente para quem não a conhecia, vamos juntos mergulhar nesse novo conto giratório sonoro e saber se a caminhada será boa até o final da bolacha.

Tyrant – Hereafter/Photo

Assim como nos trabalhos anteriores, a marcha infernal é iniciada com a continuação das revelações do tirano. “Tyrant’s Revelation 4” se despede dos algarismos romanos enquanto despeja todo aquele tempero de um passado que muitos admiram, mostrando-se uma intro que abre bem o pacote e estende o tapete vermelho para “Dancing On Graves”. Faixa esta que começa a todo vapor oferecendo o puro suco do Metal estadunidense, sempre elegante e com espaço para notas artesanais de baixo em meio aos riffs e solos incandescentes. Uma verdadeira dança nos túmulos pútridos dos tolos e posers que infestam a cena – assim disse o coveiro.

“The Darkness Comes” apaga as luzes da mente do ouvinte e o coloca na pista para praticar o bom e o velho headbanging, regado a altas doses de air guitar e muito mais. Sendo que com isso a escuridão fica mais iluminada que qualquer dia ensolarado. Na prateleira seguinte temos “Fire Burns” que convida o ouvinte a queimar tudo (no bom sentido, claro!) através de uma linha muito “Sabbathica”, mais precisamente se caminharmos de volta até 1992. Sim, meu caríssimo leitor e adepto da boa “múzga”! É do “Dehumanizer” que estou falando, pois as linhas de guitarra de Rockwell se assemelham e muito com as linhas desta obra. Não somente as linhas de guitarra como de baixo e bateria casam muito bem com o álbum citado. Mas, sem soar como mera cópia em nenhum momento, servindo apenas de inspiração. E que inspiração!

Durante a passagem do ciclone musical temos a faixa-título iniciada a partir de um violão maroto que se une aos outros instrumentos invadindo as entranhas do doravante. “Hereafter” segue cadenciada como a faixa anterior, porém sem perder peso em quase nenhum momento. Lembrando um pouco os conterrâneos do Saint Vitus em determinados trechos. O baixo de May apresenta um papel fundamental, conduzindo o trabalho de forma brilhante. Ressaltando que esta é a maior faixa do disco com seus 8min27s de duração. O sexto giro no ponteiro do relógio é completado através de “Pieces Of Mine”. E aposto que isso possa te lembrar um disco clássico, não é mesmo? Ah, sim! Ele mesmo, “Piece Of Mind” do glorioso Iron Maiden de 1983. A canção decola como um planador e corta os céus de forma magistral, tanto que me remete a uma espécie de Candlemass acelerado. Se isso é estranho eu não sei, mas foi o que pressenti ao ouvir. Contanto que não pise em nenhuma mina ou resquício de uma, está tudo certo. Um riff certeiro somado a um baixo bastante ofensivo só poderia me fazer colocar esta canção no patamar de melhor faixa do disco.

“Until The Day” começa sinistra, misteriosa e introvertida, que logo desembrulha o presente e apresenta um belo arsenal mantendo a qualidade alta deste novo pergaminho giratório do Tyrant. Os solos de Rockwell se apresentam constantes e que elevam o patamar deste capítulo de número 7. “When The Sky Falls” chega para nos dizer quando o céu cairá sobre nossas cabeças. Tão ignorante o ser humano que é capaz de pensar que as nuvens amortecerão a queda do céu. Canção esta que remete aos trabalhos do maior e melhor de todos, Ronnie James Dio, em sua banda da qual nunca considerou uma carreira solo, apesar de que muitos citam Dio como sua carreira solo, ao invés da banda de Ronnie.

Tyrant Official Logo

“Bucolic” possui um dedilhado bem denso e que logo deságua no mais puro e ardente som característico do pessoal de Pasadena, California. Outra bela canção, a qual mantém viva a chama do bom e gigantesco Heavy Metal, a qual retrata os costumes do campo, referente aos pastores e seus rebanhos. Para fazer a luz ser iluminada com a aura da alma, “Beacon The Light” aparece para contornar de forma coesa, técnica e pesada os últimos trechos desse full-length. Não superior às anteriores, mas eficaz no seu propósito. Fechando o pacote temos “From The Tower”. E é da torre que terminamos aqui mais uma etapa auditiva repleta de bravura e densidade referente a mais esta nova descoberta de 2020.

O Tyrant só vem reforçar a ideia de que bandas antigas podem sim continuar lançando ótimos trabalhos, desde que realmente se interessem a tal condição, pois se fosse para lançar álbuns somente para fazer volume, deveriam deixar isso quieto. O que não acontece por aqui, pois se trata de um retorno amplamente digno. E digo que isso não pode parar apenas neste álbum, afinal a banda se mostrou muito forte e pronta retomar as rédeas no certame musical, podendo lançar muito mais discos daqui em diante.

Que assim seja. O Tyrant está de volta!

Nota: 8,6

Formação:

Faixas:

1. Tyrant’s Revelation 4
2. Dancing On Graves
3. The Darkness Comes
4. Fire Burns
5. Hereafter
6. Pieces Of Mine
7. Until The Day
8. When The Sky Falls
9. Bucolic
10. Beacon The Light
11. From The Tower

Redigido por Stephan Giuliano

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