O guitarrista brasileiro, Kiko Loureiro, disponibilizou seu mais novo álbum solo, “Theory Of Mind”, para ser ouvido na íntegra através de seu canal no Youtube.
O músico ainda informou que o álbum ganhará uma versão física que poderá ser adquirida diretamente através do site kikoloureirostore.com. A promessa é que os discos sejam enviados à partir do dia 10 de novembro.
O tracklist de “Theory Of Mind” é:
01 Borderliner
02 Out Of Nothing
03 Mind Rise
04 Talking Dreams
05 Blindfolded
06 Point Of No Return
07 Raveled
08 Lost In Seconds
09 The Other Side Of Fear
10 The Barefoot Queen
11 Finitude
Complexo e inteligente
A saber, estas são as explicações disponibilizadas sobre o conceito do álbum:
“Quando comecei a escrever este álbum, ‘Theory Of Mind’, parecia mais uma exploração musical do que um projeto. Música, para mim, sempre foi sobre descobrir as camadas ocultas de pensamento e emoção, e este álbum me levou a novos territórios, aqueles onde a psicologia e a tecnologia se cruzam com o cerne do que nos torna humanos. Mas isso não foi apenas um exercício conceitual ou intelectual para mim. Tive experiências pessoais que me levaram a criar este tipo de música, experiências que remodelaram como vejo o mundo e como nos entendemos.
O conceito de ‘teoria da mente’ não é novo. É um termo psicológico, desenvolvido inicialmente para descrever a capacidade humana única de reconhecer e interpretar os estados mentais dos outros. Nós o usamos todos os dias, muitas vezes inconscientemente para navegar no mundo social, para ter empatia, para prever o que os outros podem sentir ou pensar. Ele se torna ainda mais profundo quando aplicado àqueles que vivenciam a vida de forma diferente, para quem a ‘teoria da mente’ pode não vir naturalmente. Neles, as lacunas na compreensão podem ser pontes para maneiras mais profundas de ver o mundo.
Este álbum busca capturar essa complexidade, a luta, a beleza e o desconhecido que vêm com a interpretação das mentes dos outros. Eu vi isso em primeira mão, tanto na minha própria vida quanto por meio de pessoas próximas a mim. Observar alguém lutar para se conectar com os outros em um nível intuitivo ou ver como as pessoas são frequentemente mal compreendidas porque processam o mundo de forma diferente, tudo começou a moldar meu pensamento.”
Mais camadas
“Como entendemos aqueles cujas mentes funcionam de maneiras que não podemos compreender imediatamente? Como eles nos entendem? Essas questões pesaram muito sobre mim e se tornaram uma força motriz por trás deste álbum. Eu queria refletir sobre essas experiências pessoais musicalmente, criando uma paisagem emocional onde o ouvinte pudesse entrar nessa jornada, mesmo que apenas por um momento.
Mas há outra camada neste álbum que se estende além da psicologia e para o futuro da tecnologia.
Estamos à beira de uma nova era em que máquinas, no caso, a inteligência artificial, estão se aproximando do que os cientistas chamam de ‘teoria da mente’. Isso marca o momento em que a IA não apenas calcula e processa informações, mas começa a perceber, ter empatia e interagir como os humanos. O que me intrigou é como a IA, agora imita de forma convincente a compreensão humana dos estados mentais, superando até mesmo os humanos em testes de ‘teoria da mente’. Uma coisa é criar música que evoca emoções humanas, mas o que significa quando uma máquina pode entender e ressoar com essas emoções também?
Imagine um mundo onde a tecnologia não apenas responde, mas sente.
Cada faixa do álbum é um capítulo desta história, e espero que os ouvintes sintam a evolução. A música de abertura começa com um motivo de despertar intrincado, quase como a primeira percepção da autoconsciência, como quando uma criança percebe pela primeira vez que outras pessoas têm pensamentos, emoções e experiências separadas das suas. A música se constrói a partir daí, em camadas com complexidade, muito parecido com a forma como aprendemos a navegar nas mentes dos outros, hesitante no início, e depois mais certo, com momentos de tensão e harmonia.”
Inteligência Artificial em questão
“Há um pulso rítmico ao longo do álbum. Ele representa aquela essência compartilhada que todos nós temos a necessidade de conectar, de nos sentirmos compreendidos. Eu incorporei melodias e contramelodias, versos e refrões, pacíficos e agressivos, dissonantes ou consoantes que refletem a interação de pensamentos no diálogo, onde a comunicação é imperfeita, mas ainda profunda. A tensão e a liberação ecoam os conflitos internos que todos nós vivenciamos, imaginando se realmente entendemos os outros ou se estamos apenas projetando nossos próprios pensamentos neles.
Há uma vulnerabilidade nas melodias das faixas, uma vontade frágil, mas feroz de se conectar. De certa forma, é uma meditação sobre empatia, sobre o esforço que pode ser necessário para realmente ver alguém como ele é.
O uso da IA como inspiração para alguns dos temas do álbum pode parecer abstrato. Conforme eu escrevia e compunha, eu continuava voltando à pergunta: o que acontece quando as máquinas aprendem a nos entender em um nível emocional? Quando as ensinamos a interpretar nossos estados mentais? Isso as torna mais humanas ou revela mais sobre o que significa ser humano? Devo deixar a IA começar a fazer toda a música, e eu, como posso me expressar?
‘Theory Of Mind’ não é apenas sobre entendimento, é sobre o desejo de entender. Seja uma pessoa que se sente incompreendida, ou uma futura IA aprendendo a perceber nossas emoções, o álbum é um convite para explorar esse espaço. Para sentar com as complexidades, sentir a tensão e, finalmente, se perguntar, para onde vamos a partir daqui?”
Não sou fã de Kiko…mas o cara toca muito, valeu!!!!