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Lançamento: Satan’s Empire – “Hail The Empire” (2020)


Gravadora: Dissonance Productions

Independente de qualquer outra coisa, essa é uma história que merece ser contada…

Provavelmente, poucos serão os headbangers que ouviram falar do Satan’s Empire, e é justamente para esses que este texto é destinado.

No longínquo ano de 1979, em meio à ebulição do movimento inglês denominado New Wave Of British Heavy Metal (para os íntimos, apenas NWOBHM), o Satan’s Empire foi fundado. Os caras debutaram oficialmente para o mundo do Heavy Metal em 1981, com uma aparição marcante na coletânea “Lead Weight”, lançada pela Neat Records. O disco ainda trazia “novidades” como Blitzkrieg, Venom e Raven, mas o que nos interessa aqui é a épica faixa de encerramento da compilação, “Soldiers Of War”. Trata-se de uma canção tão boa, que muitos entusiastas daquela “nova” sonoridade praticada no Reino Unido entre o final da década de 70 e início dos anos 80, passassem a aguardar ansiosamente o disco de estréia do quarteto escocês.

Infelizmente, a espera se mostrou infrutífera e o tal debut não foi gravado. Em 1988, a banda encerrou oficialmente suas atividades e tudo o que tinha sido registrado sobre o Satan’s Empire era aquela música da coletânea. Anos depois, alguns fãs da NWOBHM conseguiram uma gravação de uma demo tape pertencente à própria banda (tal material nunca foi lançado), onde além de “Soldiers Of War”, continha mais 4 composições. Isso aguçou ainda mais a sede desses fãs, já que todas as músicas eram muito boas e mereciam, ao menos, terem sido gravadas de forma decente.

Mas infelizmente, era tarde demais para o Satan’s Empire.

Ou não?


Bem, durante mais de 30 anos, a banda era apenas um dos muitos nomes míticos que jamais conseguiu se projetar no cenário musical, mas alguns senhores teimosos, em meio a um copo e outro de cerveja perambulando por algum pub europeu, se lembravam com carinho de como era promissor o tal Satan’s Empire. O detalhe mais impressionante é que os músicos envolvidos simplesmente escafederam-se, não foram mais mencionados e jamais tocaram em outra banda de Heavy Metal depois do encerramento em 1988. Tentei encontrar algum registro dos caras, mas o máximo que consegui foi achar uma banda chamada VHS, que lançou duas demos entre 1985 e 1987, e contava com o vocalista Derek Lyon. No mais, não havia absolutamente nada. Bom, pelo menos até 2015.

O que houve em 2015 foi um daqueles sonhos meio impossíveis, no qual dois membros originais da banda, o vocalista Derek Lyon e o guitarrista Sandy McRitchie, sabe-se lá o porquê, decidem tentar novamente.

Em 2017 estes senhores lançaram um single batizado apenas com o nome da banda e, em 2018, após 37 anos da aparição na coletânea “Lead Weight”, finalmente debutam com o excelente “Rising”. O trabalho traz as 5 faixas da demo tape disputada a tapas pelos fãs, mas agora devidamente registradas e produzidas de forma digna, além de mais 5 novas composições. Devo dizer que a audição é obrigatória a todos que se autodenominam fãs da NWOBHM, não sendo exagero algum incorporar este álbum, que foi lançado no ano de 2018, como parte do movimento.

Saltando para 2020, o Satan’s Empire parece correr contra o tempo perdido e nos traz mais um trabalho, desta vez, apenas com músicas inéditas. E não é que os caras acertaram de novo? Não sei, talvez eu esteja ficando meio romântico em relação a determinadas histórias e bandas, mas ouvindo “Hail The Empire”, todo aquele clima envolvido nos discos daquela época está presente. A produção ajuda, já que é boa, porém bem old school, e as músicas são um verdadeiro convite a entrar numa máquina do tempo e desembarcar por volta de 1982 ou 1983. Não vou comentar sobre todas as músicas, até por que já me estendi bastante, porém, é preciso dizer que o herege que ousar não apreciar as ótimas “Warriors”, “Secrets”, “Empire Rising”, “Hail The Empire” (que refrão épico!) e “New World”, merece nada menos que a fogueira da inquisição.

O álbum é todo constituído daquela sonoridade oitentista maravilhosa, sem qualquer tipo de experimentação e sem tentativas desnecessárias de reinventar a roda. É Heavy Metal tradicional, clássico, datado e feito a moda antiga, do jeitinho que a gente gosta e aprecia.

Não posso deixar de mencionar que, tanto este, quanto seu antecessor são trabalhos que transpiram honestidade. Nada aqui soa forçado, trata-se apenas de alguns senhores amantes do Heavy Metal se divertindo e fazendo seu sonho se tornar real. Se um dia eu encontrasse qualquer um desses caras, apenas diria o quanto admiro sua perseverança, meu único conselho seria: continuem!

Nota: 8,5

Ouça o álbum completo.

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