Gravadora: Metal Blade Records
Vinte e cinco anos se passaram desde que o Six Feet Under foi de projeto paralelo de Chris Barnes com o lendário guitarrista Allen West (Ex-Obituary) para banda oficial, logo após a saída de Barnes do Cannibal Corpse. A intenção primordial da criação da banda era fazer um Death Metal que não se resumisse em blast beats e velocidade insana, sua sonoridade é mais orientada no Groove, cadenciado e vagaroso. É basicamente um Obituary com Chris Barnes nos vocais, e curiosamente é uma formula que funciona muito bem… Uns 20% do tempo, digamos.
Ame ou odeie, o Six feet Under tem a sua relevância no gênero, pra quem conhece e aprecia o som dos caras, apesar de sua sonoridade simples e por vezes mórbida, já sabe o que esperar de um novo lançamento, aquele Death Metal pesado, que beira ao Stoner,com riffs viciosos e a total deterioração da voz do Sr.Barnes, só lucro. Pra quem não está familiarizado com a discografia dos americanos, muito provavelmente já deve ter se deparado com um dos vários polêmicos covers em tributo a vários medalhões do Metal e do Rock em geral, feitos ao longo de 10 anos, em específico um do AC/DC, que é no mínimo interessante.

Neste 13º registro oficial intitulado “Nightmares Of The Decomposed, sucessor do tenebroso “Torment” de 2017, o ouvinte vai encontrar basicamente o que foi descrito no início com certas nuances aqui e ali. Dito isso, vamos deixar bem claro desde já que se trata de algo consideravelmente “consistente”, com exceção da primeira e última faixa, a metade do álbum soa como uma continuação um tanto involuntária de uma faixa pra outra, apesar de suas distinções rítmicas e líricas, obviamente. A presença notável do lendário guitarrista Jack Owen (Ex-Cannibal Corpse,ex-Deicide) faz a diferença no instrumental do registro, porém não espere nada semelhante ao que o Sr. Jack vinha fazendo nos seus anos de Deicide. O inicio do registro com “Amputator” é agressivo, rápido, incansável, aquele Death Metal Old School porradeiro e sem freio, algo que se encaixaria no álbum “Maxiumun Violence” de 1999. Somos engabelados por 3 minutos, até o álbum começar de verdade com “Zodiac”,com aquele Groove “malvadão” de doer a coluna cervical bem característico e simples.
Uma breve observação antes de retomarmos o passeio pelo “Pesadelo Do Decomposto”, há alguns anos atrás, mais específico no ano de 2003, num registro chamado “Bringer of Blood”, o Sr. Chris Barnes não contente com seus famigerados guturais extremamente profundos, passou a utilizar uma das técnicas vocais mais absurdas já difundidas no Metal Extremo… O“Pig Squeal” (Grunhido de Porco) técnica essa que infelizmente (Ou felizmente)o cara usa e abusa desde lá. Observação feita, o cara leitor vai se deparar com as mais belas harmonias vocais e composições românticas já feitas aqui, em “The Rotting” o ritmo de sua antecessora permanece e continua assim por um bom tempo, mudando, basicamente, apenas os riffs entre uma faixa e outra. “Migraine” tem uma sonoridade bem orientada pelo Stoner e Sludge, é uma faixa que possivelmente agradaria os fãs do Metal mais arrastado. Ao mesmo tempo em que o álbum oferece ótimos exemplares da sonoridade clássica da banda, que não foge da formula já faz mais de 10 anos, temos aqueles famosos ocupadores de espaço, como “The Noose”, faixa extremamente mórbida que destoa bastante daquela suposta fluidez. “Self Imposed Death Sentence” tem uma presença maior da bateria do Sr. Pitruzzella, aquelas viradas legais no meio do som pra não passar em branco, padrão.

“Dead Girls, Don´t Scream” é uma daquelas lindas “canções de amor” que não podem faltar em um álbum do Six Feet Under, os mais belos adjetivos para se expressar com mais convicção estão aqui meus caros. Eu me peguei cantando o refrão dessa música em vários momentos, assim como o soturno riff que não dá descanso, contribuição do Sr. Jack Owen. O instrumental e a produção dos álbuns da banda são talvez os pontos altos desde o início do álbum. Você vai encontrar basicamente a mesma simplicidade sem pretensão de sempre, e a produção sempre glorificando peso absurdo das distorções e dos timbres da guitarra e baixo, e é basicamente o que define “Drink Blood, Get High”, segunda faixa mais dinâmica do disco, perdendo apenas pra última, porque é basicamente as únicas que tem uma variação de tempo considerável em todo o álbum.
“Labyrinth of Insanity” é onde o Sr. Chris Barnes mais se esforça de maneira mais excruciante possível pra forçar os seus guturais no máximo a faixa marcada por esse aspecto. A derradeira “Without Your Life” é a melhor do disco sem sombra de dúvida, é quase uma continuação direta da primeira faixa. O inicio extremamente veloz e agressivo, dá lugar a uma mudança sinistra de tempo e um riff nefasto e pesado, de um segundo pro outro. É o melhor momento do registro, uma simples mudança de tempo.

Falar de uma banda como o Six Feet Under é uma experiência interessante, este que vos escreve aprecia a sonoridade, porém preciso dizer que mais me divirto do que admiro, é uma banda na qual o ouvinte provavelmente irá encontrar certas características de outros subgêneros do Metal que mais agradam, mas também é muito provável que ache os vocais do Sr.Barnes extremamente execrável… Compreensível. A banda tem três dos registros que mais gosto no Death Metal em geral, Haunted (1995),Warpath e Maximum Violence(1999), todos esses álbuns tem instrumentais muito bons e uma produção melhor ainda, é basicamente isso que podemos esperar de tudo que veio nos anos subsequentes. Não há mais convicção no desempenho do Sr.Barnes, é decepcionante, e ironicamente ele é o único membro remanescente, mas tenho que dar os meus parabéns… O cara tá complemente atoa pra tudo isso. Eu recomendo que ouçam “Nightmares Of The Decomposed” em um momento mais descontraído e esteja disposto a tentar tirar proveito de um álbum cadenciado, mais Groove, e conferir o desempenho do instrumental que está muitíssimo competente. Em um ano tão produtivo e repleto de lançamentos fantásticos no Death Metal, o Six Feet Under nos brindar com mais um registro, é um verdadeiro dane-se gigantesco… Eu me divirto!
Nota: 6,0
- Integrantes:
- Chris Barnes (Vocal)
- Jack Owen (Guitarra)
- Ray Suhy (Guitarra)
- Jeff Hughell (Baixo)
- Marco Pitruzzella (Bateria)
- Faixas:
- 1. Amputator
- 2. Zodiac
- 3. The Rotting
- 4. Death Will Follow
- 5. Migraine
- 6. The Noose
- 7. Blood Of The Zombie
- 8. Self Imposed Death Sentence
- 9. Dead Girls Don´t Scream
- 10. Drink Blood,Get High
- 11. Labyrinth of Insanity
- 12. Without your life
- Redigido por Giovanne Vaz