Ícone do site Mundo Metal

Live Review: Setembro Negro Festival – XV Edição; Pré-Festa

Setembro Negro Festival - XV Edição; Pré-Festa

A pré-festa do Setembro Negro Festival aconteceu no dia 07/09/23, quinta-feira, feriado de independência do Brasil.

Em primeiro lugar, é sempre bom relembrar o quão complicado é realizar um evento de pequeno e médio porte no Brasil, mesmo em se tratando de um país de extensão continental.

Muitos percalços, incertezas, falcatruas, impostos altíssimos para realizar qualquer coisa viável ao próprio país, entre outras complicações, emperram muitas dessas ideias. Porém, Edu Lane, líder e baterista do Nervochaos, uma das principais bandas de Metal Extremo do Brasil, nunca se rendeu e manteve sua ideia sempre ativa e em constante evolução.

Por entre parcerias e apoios importantes, a ideia de ter um festival indoor de bandas de Metal na cidade de São Paulo passou a ganhar força edição após edição. Entretanto, o país não tinha muita tradição nesse quesito e a base para tudo isso era simplesmente o famoso e já clássico Rock In Rio.

Assim sendo, o mesmo se tornou uma marca forte a ponto do evento ser realizado em outros países. Sim, caro metaleiro esquentador de sofá! Rock In Rio é uma marca e não um evento de Rock e Metal, como você sempre encarou.

Sem avançar nos méritos do festival citado, o Setembro Negro estava a buscar seu espaço ano após ano. Porém, não era bem assim que funcionava. O evento era pequeno, acontecendo em datas distintas e com pouquíssimas bandas.

Do underground empoeirado ao underground levado a sério

A evolução do Setembro Negro Festival é notória e muitos dos fãs que puderam acompanhar desde o seu início, sempre lembram das histórias e de como tudo começou. Até que hoje pode ser facilmente chamado de festival de verdade e acontecendo anualmente sempre no mês de setembro.

Foi a partir da 10ª edição que o Setembro Negro passou a ser realizado somente no Carioca Club em São Paulo. Desde então, o festival acontece sempre nessa ótima casa de shows.

Sim, existem outras casas de shows boas, mas por experiência própria, a escolha pelo Carioca Club foi mais do que certa, além do formato inteligente de identificação do público pagante através das pulseiras fixas, dando liberdade ao consumidor de se locomover pelos arredores da região da casa sem ser obrigado a ficar “preso” dentro do estabelecimento. Assim é feito quando tem aquele carimbo de identificação. No caso do Setembro Negro, há essa grata evolução.

Setembro Negro Festival – XV Edição; Pré-Festa

Breve histórico do evento

Setembro Negro Festival teve onze edições até o ano de 2012, mas houve uma pausa feita pela Tumba Productions no início de 2013, se estendendo até o fim de 2017. Em 2018, com a volta da Tumba Productions, o festival também retornou e teve a sua 12ª edição realizada.

Primordialmente, a 14ª edição foi cancelada devido ao que ocorreu mundialmente em 2020. Houve uma tentativa para que acontecesse a realização em 2021, mas por conta das diversas restrições, o evento foi cancelado novamente.

Por fim, o festival retornou ao calendário da cidade de São Paulo após a melhoria com relação à saúde e ao maior controle da pandemia. Logo, a 14ª edição do evento foi anunciada e realizada nos dias 02, 03 e 04 de setembro de 2022.

Para o público, restava o anúncio da próxima edição do Setembro Negro e ele veio, então.

Anúncio da 15ª edição do Setembro Negro Festival

O anúncio da nova edição foi realizado logo no início de 2023, tornando o marketing mais forte e alimentando a veracidade da ideia, principalmente para com aqueles que ainda não havia presenciado a grande festa do Metal internacional e nacional.

Inegavelmente, tudo foi se tornando propício para a execução da edição de número 15 do festival indoor mais importante da capital paulista.

Para saber sobre a origem e evolução do Setembro Negro com mais detalhes, clique aqui.

O festival foi chamado oficialmente de Setembro Negro Festival – XV Edição, acompanhando a nomenclatura desenvolvida com algarismos romanos. Assim, mantendo um toque secular ao festival.

Localização fixa, datas e promoções oferecidas

Foi a partir da 10ª edição que o Setembro Negro passou a ser realizado somente no Carioca Club em São Paulo. Desde então, o festival acontece sempre nessa ótima casa de shows.

Contudo, essa foi uma decisão bastante assertiva para um evento com formato inspirado nos festivais americanos fechados. Existem outros festivais, porém, estes carregam apenas os nomes, não sendo fixos com relação a datas e locais. Portanto, o Setembro Negro é quem carrega a bandeira de um festival fiel às suas raízes e com o ímpeto de expandir e se tornar cada vez mais relevante dentro do cenário underground. Mas, um underground aconchegante e com comodidade para ouvir um som de qualidade e poder se divertir à vontade.

Com o intuito de propor uma sensação de algo extenso, qualificado e único, a Tumba Productions, juntamente com seus parceiros e apoiadores, divulgaram as datas, sendo para os dias 8, 9 e 10 de setembro, respectivamente. Decerto, através do sucesso que o mesmo veio obtendo, foi acrescentada uma data extra, aproveitando o feriado de Independência do Brasil, no dia 7 de setembro, quinta-feira.

A data extra foi intitulada e divulgada como a Pré-Festa do evento, na qual consistia em uma bonificação a quem adquirisse o combo para presenciar os 3 dias principais de shows. Adquirindo o combo, poderia participar da Pré-Festa sem nenhum acréscimo. Bastava comparecer ao Carioca Club, que receberia a pulseira de comparecimento nos quatro dias de shows.

Localidade, bar e estrutura

Quanto à localidade fixa do evento, o Carioca Club fica em uma região aberta, próxima ao Metrô e também com acesso aos ônibus. A melhor opção para quem deseja ir em todos os dias de evento, morando longe do local, é adquirindo uma reserva em algum hotel próximo ou aproveitando para visitar algum parente que more próximo à região. Sim, isso é muito frequente por lá, com relação ao que nos foi passado.

O bar interno, sendo dividido entre a ala da pista e camarote, funciona de maneira eficaz, além da comunicação visual ter melhorado e muito. A casa está bem mais escura com praticamente toda sua estrutura banhada em preto, o que traz um ar muito especial para quem deseja realmente ouvir um bom subgênero do Metal que tanto amamos.

Mesmo escura, certamente acertaram na questão da luminosidade, te deixando muito confortável para ir, seja até o bar, os estandes de merchandising das bandas, banheiro e até mesmo a área livre para soltar sua fumaça com tranquilidade.

Além disso, a pulseira oferece a garantia de poder sair do estabelecimento a qualquer momento e voltar no instante em que desejar, sem qualquer tipo de irritação. Em suma, acaba por ser importante esse “respirar”, já que acontecem muitos encontros entre amigos do lado de fora, e já que parte das pessoas podem chegar além do horário de início do evento.

Portanto, falando em evento…

Facebook/Setembro Negro Festival – XV Edição; Pré-Festa

Início da Pré-Festa

Por consequência do feriado, quem folgou no trabalho ou esteve livre de alguma forma, conseguiu comparecer à Pré-Festa. Assim sendo, o metalhead presenciou algo além de uma simples bonificação de pacote de ingressos. Em resumo, o dia 7 foi uma experiência muito bacana, pois apesar de não ter lotado o Carioca Club, recebeu um público bastante considerável para a abertura das cortinas negras.

Ao lado do incrível vocalista da banda Criminal Brain, Mr. Daniel Dante, compatriota e parceiro de equipe do Mundo Metal, pude conferir de perto como aconteceu a véspera da 15ª edição do Setembro Negro.

Cronograma da Pré-Festa

Cortinas negras do sagrado Metal abertas ao honorável público

Agora sim o papo começa a ficar mais sério, intrínseco e profundo, com relação ao espetáculo. No meu caso, seria a primeira vez em que eu estaria diante de um festival em todas as suas datas. Assim sendo, a expectativa que girava em torno disso tudo crescia ao compasso das horas.

Eu conhecia aquelas cortinas pretas, mas me perguntava sobre como seria o início de toda essa história. Afinal, estamos falando de nada mais nada menos que 36 bandas em solo paulistano, misturadas entre estrangeiras e bandas da nossa casa. Ao me aproximar do local, era notória a alegria dos headbangers presentes, cada qual com suas turmas, tomando aquele elixir sagrado, trocando uma ideia violenta de tão boa, além dos vendedores ambulantes, que enfeitavam os arredores com seus produtos. Então, o que bastava era aguardar o início dessa batalha sonora para poder contar o desfecho dessa história.

Mas, antes disso, era bom molhar a garganta e exibir a talvez nossa maior frase em cartaz:

Daniel Dante/Stephan Giuliano/Mundo Metal

Esse cartaz deu o que falar e ainda dará, pois a bruxaria é real e a mensagem deve ser espalhada para combater as forças “dumal” (risos).

No momento em que se abrem as cortinas negras pela primeira vez para ouvirmos a “palavra de perdição” do Erasy

Finalmente, a hora mais esperada chegou e através dela, a abertura do Setembro Negro Festival! A 15ª edição do evento estava de volta para ampliar ainda mais seus horizontes em todos os aspectos. Será que a missão seria devidamente cumprida! Vamos juntos acompanhar o que de melhor rolou nesse cardápio sonoro!

O abrir das cortinas foi realizado em favor da apresentação da primeira banda da noite e de todo o evento. Certamente, estamos falando da banda Erasy, às 15:55h da quinta-feira, dia 7 de setembro de 2023. Assim, estava dada a largada para o maior festival indoor do país!

Erasy/Facebook/Setembro Negro Festival – XV Edição; Pré-Festa

O Erasy é natural de Feira de Santana, Bahia, estado que vai muito além das porcarias “sonoras” que chegam até nossos ouvidos por tabela. Lá também o Metal é bastante forte e possui bandas de som pesado e de respeito, só para ilustrar.

O Erasy une a tríade de sonoridades primas, sendo calcado em algo como Doom/Stoner/Sludge Metal. “The Valley Of Dying Stars” (2016) e “Some Nice Flowers” (2020) formam a dupla de álbuns de estúdio lançados pela banda. Além disso, possui o EP “Under The Moonlight” (2018), também contando com três singles, sendo “Life Kills” o mais recente, de 2022, então.

Gustavo Diakov

Parte do público optou por ficar mais tempo do lado de fora, pois também estava bastante animado. Porém, quem presenciou o show dos representantes de Feira de Santana, se saiu muito satisfeito com o que viu. Ou seja, o acerto para abertura do festival foi notório e cravado com sucesso.

A banda cativou os fãs e se postou como uma das notáveis surpresas das noite através dos vocais rasgados de Luciano Penelu, acompanhado por uma camada sonora totalmente voltada para o cenário denso e mórbido, oriundos da tríade citada.

Gustavo Diakov

Integrantes do Erasy:

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Seguindo com os trabalhos extremos musicais: Burn The Mankind

A Pré-Festa deu sequência com o Burn The Mankind, representante de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, sendo praticamente de um Death Metal técnico, direto e visceral. Surpreendentemente, a banda gaúcha honrou as tradições do Metal Extremo feito por seus compatriotas, a qual trouxe bastante energia para o público presente.

Sabíamos que a atração seguinte faria bonito por acompanharmos de perto seu trabalho, porém a horda da morte do sul do mapa trouxe aquilo que gostamos. Ou seja, o Death Metal tocado com qualidade e de verdade, pois dava para notar o sentimento dos integrantes despejados em seus instrumentos musicais, além da alegria em estarem presentes conosco naquele momento especial.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

O vocalista e guitarrista Marcelo Nekard demonstrou entusiasmo até nos momentos de anúncio de cada canção. Primordialmente, as canções envolveram os trabalhos da banda surgida em 2009. A banda gaúcha possui o debut intitulado “To Beyond”, de 2015, além dos EPs “Burn The Mankind” (2010) e “Chaos Matter” (2020). Fechando a discografia com mais quatro singles, sendo dois os mais recentes, ambos de 2020 e contidos no segundo EP. São eles: “The Red Rise” e “Sulfur”.

Ao propósito de realizar um show coeso e com bastante garra, a banda porto-alegrense honrou a música sangrenta, apresentando linhas bastante agressivas, aliadas a um alicerce bastante preciso, sem que se colocasse a sonoridade em dúvida jamais. As faixas mais novas casaram muito bem com as mais antigas da banda, além de terem feito uma ótima versão para a faixa “Morrer” do Ratos De Porão.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Integrantes do Burn The Mankind:

Stephan Giuliano/Mundo Metal

O lado progressivo do Metal da Morte: Warshipper

O tempo passa rápido e é chegada a vez da terceira atração da noite. Com uma sonoridade pesada, melódica, extrema e progressiva, o Warshipper, banda natural de Sorocaba, interior de São Paulo, subiu ao palco para ampliar os horizontes sonoros e também aumentar a qualidade do evento. Não que a noite não estivesse já em alta, mas das três bandas até aqui, o Warshipper é a única banda acompanhada por nós do Mundo Metal, a qual sabemos bem sobre o poderio do quarteto interiorano.

Logo no começo da apresentação, despejaram uma das canções de “Essential Morfine”, novo álbum da banda lançado em 2023. A canção escolhida para a segunda posição no setlist do show foi “Religious Metastasis”, então servindo de grande aperitivo para confirmar que os sons novos, além de se alinharem com os sons de discos anteriores, também oferecem um ar bastante revigorado junto às camadas contidas na canção.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Renan Roveran, guitarrista e vocalista do Warshipper (ex-Bywar, ex-Hippie Hunter, ex-Alcoholikiller), chegou a pedir para o público bater cabeça, machucar o pescoço (no melhor dos sentidos!), pois se tratava de música porrada. E que de fato era. Afinal, a sonoridade do quarteto não se prende a rótulos, tomando vários caminhos distintos até se encontrar nos mares avermelhados, que são a sua base musical.

Dentre as canções que percorreram a discografia dos caras, outro ponto alto foi o anúncio de Renan para “Respect!”, pertencente ao álbum “Barren…” (2020), e sendo oferecida em homenagem a todos os presentes.

Antes de mais nada, é bom ressaltar que o baixista Rodolfo Nekathor (ex-Zoltar, ex-Lecher) também canta algumas das canções, possuindo um gutural mais puro e denso, enquanto Renan segue pelos campos mais rasgados, o que deixa um ar de show dos americanos do Nile, por assim dizer.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Integrantes do Warshipper:

Stephan Giuliano/Mundo Metal

40 anos na estrada do Thrash: Leviaethan

Desde 1983 buscando o seu espaço e fazendo muito barulho, o Leviaethan, outro grande representante do Rio Grande do Sul, aterrissou em terras paulistanas para contar sua história e celebrar sua trajetória no certame musical nacional.

Encabeçada pelo baixista e vocalista Paulo Soares, único membro original desde o início da banda, começou a contar sua história através de seus dois discos bem conhecidos no cenário underground. São eles: “Smile!” (1990) e “Disturbed Mind” (1992). Entretanto, a apresentação no Setembro Negro não ficou apenas por aí e, surpreendentemente, mandaram duas canções novas, sendo uma delas “Hell Is Here”, nome bastante apropriado para a onda de calor que tomou conta da cidade e do show também.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Paulo disse uma coisa muito importante:

“Vamos tocar o que queremos fazer depois.”

Consegue adivinhar qual música é? Acertou se disse “Drinkin’ Death”, terceira faixa do álbum “Disturbed Mind”. Uma ótima dica a qual seguimos à risca desde antes do início do evento (risos).

Em resumo, foi uma bela comemoração de uma banda que batalha até os dias de hoje, isso sem contar que houve uma pausa de 1997 até 2001. O lado positivo é que retornaram e os fãs aguardam por um novo disco. E por falar nisso, os dois álbuns do Leviaethan foram relançados em modelo slipcase para ninguém botar defeito. O estande da banda estava presente, principalmente no domingo, para aprecio e aquisição de todo o merch da banda.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Integrantes do Leviaethan:

Stephan Giuliano/Mundo Metal

A banda do Woody Woodpecker: In The Woods…

Posteriormente à comemoração dos 40 anos de vida do Leviaethan, estivemos diante da primeira atração internacional da noite e do festival, o In The Woods…

A Noruega foi lembrada através de seus representantes, e com isso o tradicional subgênero ligado a esse nobre país. Certamente, estamos falando do Black Metal. Porém, é necessário saber que existem nuances de outros caminhos dentro dessa base sombria e nefasta. Juntamente com o Black Metal, temos o Gothic e o Prog como formação de toda a camada sonora pertencente aos residentes de Kristiansand, Agder.

Vale lembrar que a banda substituiu o trio norte-americano Primitive Man. Já a grata surpresa do cast, surgiu em 1991 e possui ao todo seis álbuns de estúdio. O full mais recente se chama “Diversum” e foi lançado em 2022.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Os noruegueses, sabedores de que o público brasileiro conhece o seu trabalho, começou a jornada com músicas de seu início de carreira. A abertura contou com “Heart Of The Ages”, faixa-título do debut de 1995. Emendaram com “Empty Streets” (“Cease The Day”, de 2018), assim tornando o show bem marcante e envolvente. Hora com passagens melódicas e fúnebres, hora com o lado extremo da coisa trazendo o inferno musical do palco para a pista.

“Yearning The Seeds Of A New Dimension”, também pertencente ao primeiro álbum da banda, foi sem sombra de dúvida a faixa mais longa a qual presenciei ao vivo. Já que a mesma contabiliza mais de doze minutos oficialmente no álbum. Foi extremamente gratificante encarar cada nuance.

O final da apresentação foi coroado pela canção que carrega o nome da banda, contida na demo “Isle Of Men”, de 1993. Em resumo, a formação da banda conta apenas com um integrante original, o baterista Anders Kobro.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Integrantes do In The Woods…

Stephan Giuliano/Mundo Metal

A energia que contagia e exala o bom humor: Voivod

É exatamente assim que foi o show dos tradicionais canucks. Com muita energia e bom humor. Então, é com essa positividade que terminaremos os destaques dessa excelente Pré-Festa.

Pontualmente, o Voivod, banda canadense que percorre os vales do Thrash, e do Prog, adentrou ao palco um a um após a abertura das já lendárias cortinas negras.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

40 Years Of Morgöth Tales Tour

A banda fez uma homenagem ao seu passado, mas sem deixar o seu presente de lado, tendo três músicas do penúltimo álbum, “Synchro Anarchy” (2022). São elas, a faixa-título, “Holografic Thinking” e “Sleeves Off”. Já as outras dez músicas que os representantes de Jonquière, Quebec, tocaram, foram distribuídas entre outros dez álbuns. Assim sendo, uma de cada disco.

O vocalista Denis “Snake” Bélanger (Aortha, ex-Union Made, Paranoland), circulou todo o palco, sempre interagindo com o público e fazendo ótimas piadas. Enquanto o show acontecia, o backdrop digital da banda mostrava várias imagens ligadas à discografia e aos vídeos da mesma, tornando cada momento único.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Afinal, se você tirasse duas fotos em sequência, só para exemplificar, poderiam ser duas fotos com dois painéis distintos. Surpreendentemente, o Voivod trouxe todo o clima futurista e arruaceiro para o Setembro Negro, transformando o show em algo muito além de uma simples apresentação.

Eu gostava do debut e do “The Wake”, antepenúltimo álbum dos caras, isso contando com “Morgöth Tales”, álbum comemorativo pelos 40 anos de estrada lançado no dia 21 de julho desse ano. Porém, esse show me trouxe uma sensação tremenda a ponto de querer ouvir toda a discografia por ordem de lançamento. Do álbum “The Wake”, tocaram “Obsolete Beings”, enquanto a representante do clássico “War And Pain” foi aquela que carrega o nome da banda.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Back to the past ’86

Após tocarem a ótima faixa “Rise” (“Phobos”, de 1997), foi a hora de relembrarem o ano de 1986 com o álbum “Rrröööaaarrr”, lançado no mesmo ano e sendo o segundo disco dos canadenses. O que um dos maiores pontos do show e esse nome de álbum é o melhor para se falar em uma noite animada. Tente dizer sem dar risada. Não estou nada sério nesse momento (gargalhadas)!

Além das próprias músicas que coroaram a rica apresentação do Voivod, o que chamou bastante atenção também foram o timbre e o modelo único da guitarra de Daniel “Chewy” Mongrain (Martyr, ex-Cryptopsy, ex-Gorguts, ex-DBC (live), ex-Capharnaum, ex-Black Cloud), além de sua grande habilidade, principalmente nos contratempos, solos e efeitos sensacionais. Sua interação com o público também foi incrível!

Stephan Giuliano/Mundo Metal

O baterista Michel “Away” Langevin (Ocre, ex-Tau Cross, ex-Les Ékorchés, ex-Aut’Chose, ex-Kosmos, ex-Men Without Hats, ex-Tarrat) simplesmente destruiu nessa noite, com viradas insanas, uma levada ímpia e soberana, ao mesmo tempo em que demonstrava muita fibra junto ao seu kit.

Outro que não ficou escondido no canto festa e apareceu muito bem na foto foi o baixista Dominique “Rocky” Laroche (Steve Hill), sempre presente com suas linhas precisas e contratempos extraordinários em prol dos 40 anos da banda.

Juntamente de todo esse aparato de primeira linha, o show apoteótico da noite só poderia ser daqueles de agradecer por estar presente. A faixa que nomeia o full length “Killing Technology” (1987) iniciou o baile metálico e o grande final seria com “Fix My Heart”, do álbum “The Outer Limits” (1993). Todavia, o show não poderia acabar tão já. Mesmo com as cortinas sendo fechadas.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Ainda tinha mais uma carta na manga

Boa parte do público pensou que tinha acabado e outra parte ficou em dúvida. Como ficamos atentos ao lance, percebemos que não havia acabado nada. As luzes do palco seguiam acesas e ninguém se movimentou para desmontar as aparelhagens.

Certamente, nossa conduta não trouxe nenhum susto para o aprecio do show. Ficaria até melhor de tal forma, e o que de fato aconteceu.

As cortinas reabriram, o quarteto retomou seu posto e anunciaram aquela que iria fechar a Pré-Festa, tornando-a amplamente relevante e importante.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

O super debut “War And Pain”, já citado em parágrafos acima, foi lembrado através da grandiosa canção chamada simplesmente de “Voivod”.

Grande desfecho para uma incrível apresentação junto à 40 Years Of Morgöth Tales Tour. Para quem já conhecia e é fã de carteirinha do Voivod, foi mais uma apresentação excelente dos caras. Porém, para quem nunca tinha os presenciado ao vivo, foi a certeza de que a banda canadense é sim ótima e merece espaço na prateleira de bandas boas do nosso querido e amado Metal.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Integrantes do Voivod:

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Setlist tocado na Pré-Festa:

1. Killing Technology
2. Obsolete Beings
3. Synchro Anarchy
4. Macrosolutions To Megaproblems
5. Rise
6. Rebel Robot
7. Thrashing Rage
8 Holographic Thinking
9. Nuage Fractal
10. Sleeves Off
11. Pre-Ignition
12. Fix My Heart
Bis:
13. Voivod

Setembro Negro Festival – XV Edição; Pré-Festa

Curiosidades, informações e conclusões finais sobre o evento de número XV

Decerto, uma das principais curiosidades é saber que em um país como o Brasil, pode se abrigar eventos semanais, sem apenas se prender aos finais de semana. Isso, embora seja calculada a possível presença de prospectivos para o evento, não apenas as figurinhas carimbadas e nem os “serra goró” à época da saudosa Led Slay.

São Paulo é uma bagunça, mas você consegue erguer grandes negócios e o Setembro Negro é a prova real e cabal disso. A Pré-Festa foi um achado para os organizadores e, creio eu que estejam todos felizes com os resultados. Afinal, aproveitaram muito bem o calendário com o feriado próximo ao final de semana.

Toda a disposição do evento melhorou externa e internamente. Principalmente em se tratando do lado interno com a comunicação visual bastante superior em relação às últimas edições. O evento veio sim para ficar e o Carioca Club é um excelente lugar que tende a melhorar sua estrutura cada vez mais.

Sobre o termo canuck, no dicionário canadense, é dito sobre a pessoa nascida no Canadá. Sendo ainda mais direto, trata-se do canadense de origem francesa.

Melhorias na divulgação

Embora seja colocado como um evento underground, o Setembro Negro deixou de ser um evento simples faz tempo. Hoje você pode facilmente colocá-lo no mesmo porte de outros eventos mais famosos, porém é o único evento indoor com esse formato extenso. Open The Road Festival e Extreme Hate Festival são eventos similares, mas com datas únicas, além de não possuírem locais fixos. Ao menos, até o momento em que utilizo o nanquim virtual, não há mudanças quanto a tais informações.

Primordialmente, a divulgação ainda carece de melhorias, das quais será sempre viável ao evento em si. O termo underground é legal de dizer, possui uma paixão por ser algo nichado e sem contaminações de assuntos que seguem longe do Metal. Entretanto, é necessário haver uma comunicação melhor, pois para a Pré-Festa, muitas pessoas estavam confusas quanto aos valores, se precisava pagar mesmo obtendo o combo, se precisava pagar mesmo quem vai mais um ou dois dias no evento, e até mesmo para o dia 7 em si.

Certamente, a informação sobre isso é simples, mas se existem muitas pessoas com dúvidas, é porque é necessário evoluir a parte da comunicação e do marketing do festival. E, finalmente, vejo que isso irá melhorar com toda a certeza.

Duas bandas quarentonas no palco

Exatamente! Conforme pudemos acompanhar o desfecho dia em que antecedeu o festival, vimos que tanto os gaúchos do Leviaethan quanto os canadenses do Voivod, estão completando 40 anos de estrada e ambos estiveram com merchandising oficial no local do evento.

O Voivod lançou uma camiseta comemorativa em especial para o Brasil, ou seja, modelo único e somente encontrado por aqui. Eu e meu grande irmão Daniel Dante, adquirimos as camisetas do próprio Setembro Negro, mas saímos gratos por toda a Pré-Festa.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Agora, peço a você que chegou honrosamente até aqui e aguarde a resenha sobre o primeiro dia do Setembro Negro Festival! Ou se quiser seguir a ordem de eventos, o segundo dia de apresentações da 15ª edição do apelidado por mim, o calabouço do Metal.

Muito obrigado e fiquem com o fraseado secular e arcaico do nosso querido Daniel Dante:

“Foi um prazer feladaputa compartilhar a trincheira com vosmicê!”

Daniel Dante/Stephan Giuliano/Mundo Metal

A Pré-Festa do Setembro Negro Festival – XV Edição foi realizada no dia 7 de setembro (quinta-feira).

Sair da versão mobile