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Live Review – Suicidal Tendencies em Curitiba 14 de julho de 2024, no Tork n’ Roll

SUICIDAL TENDENCIES / Reprodução / Facebook

Domingo, 14 de julho de 2024, teve Suicidal Tendencies em Curitiba/PR.

O domingão frio e chuvoso na capital paranaense não foi suficiente para espantar os fãs sedentos pelo melhor do Crossover Thrash mundial. Afinal, já faz quase 11 anos desde que o Suicidal Tendencies se apresentou em Curitiba pela última vez, e os fãs estavam ansiosos para essa reunião.

SUICIDAL TENDENCIES / Divulgação / Metal Archives

O evento ocorreu no Tork n’ Roll, uma casa de shows com excelente estrutura para bandas de médio porte. Nesse local, o som não costuma ser uma preocupação, pois o equipamento da casa é de boa qualidade. Passaram pelo palco 3 bandas de abertura, mais a atração principal, com os shows começando pouco após as 17:00.

Todas as bandas foram pontuais no seu horário de início e encerramento. Acho válido comentar que a maior parte das bandas de abertura aproveitou para fazer manifestações políticas durante seus shows e eu levei isso em conta para resenhar suas respectivas apresentações. As opiniões e comentários presentes nesta resenha são de autoria do redator e podem não representar a opinião da equipe Mundo Metal como um todo.

Mustaphorius

Banda Curitibana que é abertamente inspirada pela sonoridade do ST, mas sem parecer uma cópia barata. A banda tocou um setlist curto, o som estava bom e o vocalista Jhow interagiu bastante com o pouco público que havia naquele momento.

Uma pena colocarem o Mustaphorius como primeira atração do evento, eles mereciam tocar em um horário melhor. Poderiam facilmente ter tocado imediatamente antes do Suicidal, pois deixaria o público no clima ideal para a atração principal.

Mustaphorius / Divulgação / Metal Archives

Eskrota

Logo no começo da apresentação, o trio anuncia ser “feminista e antifacista”, e isso resume o show e a sonoridade da banda. Todas as músicas têm o mesmo tema e depois da segunda canção a banda começa a soar bastante repetitiva.

É como se tivessem pedido ao chat GPT compor músicas a partir de frases de efeito de um panfleto político. A única exceção foi a música “não entre em pânico”, que fala sobre filmes de terror e contou com a participação de uma menina vestida de Ghostface, da franquia Pânico.

A Ghostface animou o público e aproveitou para participar do mosh, que se intensificou durante a música. Nessa parte a plateia realmente participou do show, o que me leva a crer que a banda se sairia melhor se variasse um pouco o tema das músicas. Além disso, a cada duas músicas a banda parava e fazia um discurso sinalizando virtude e criticando os homens (que eram cerca de 70% da audiência ali presente). Menos discurso e mais sonzeira!

Bayside Kings

A montagem de palco foi super rápida e o show começou alguns minutos adiantado. Eu estava nas canvas de merchandise quando começou a tocar um tema do Star Wars indicando que a banda entraria no palco, e eu fui correndo até lá, pois estava ansioso para ver esse show.

Quando eles começaram a tocar, fui surpreendido: havia confundido Bayside Kings com a banda que se chama apenas Bayside (e possui uma sonoridade BEM diferente). Passado o choque inicial, eu até curti a sonoridade dos caras,e o show me deixou empolgado.

A banda tem muita energia e colocou a galera pra cima, gerando rodas e engajamento do pessoal. O vocalista conversou bastante com o público e a maneira dele falar lembrava muito os hosts do Podpah, cheio de gírias e entonações.

Em certo momento ele pulou na galera e deu uma “surfada” até voltar para o palco. Isso causou ainda mais agitação. A banda apresentou alguns problemas na bateria, mas eles foram resolvidos rapidamente, e como o show havia começado mais cedo, isso não prejudicou o setlist. O som apresentou boa qualidade e a banda é boa tecnicamente, com uma sonoridade bem rápida e vocais rimados lembrando um rap.

O único deslize foi a banda parar o show em duas ocasiões: uma para se declarar antifacista (a gente sabe onde isso quer chegar, né?) e a outra para mandar o Bolsonaro tomar no lugar onde o sol não bate (mas alguém precisa avisar os meninos da banda que esse aí já não é mais o presidente…).

Fora isso, Os reis da baía certamente esquentaram a casa e deixaram um clima agitado para a grande atração.

Enfim, Suicidal Tendencies

“Diretamente de Venice, Califórnia: Suicidal Tendencies!”

Essa foi a introdução que ouvimos antes da banda entrar no palco e começar a botar para quebrar. Tocar “You can’t bring me down” como primeira música é um verdadeiro esculacho e a banda mostra que o show vai ser de altíssimo nível. O ST é uma banda que acaba mudando a formação inteira a cada 6 meses, com exceção do lendário vocalista Mike Muir e o guitarrista Dean Pleasants.

Live Review – Suicidal Tendencies em Curitiba 14 de julho de 2024, no Tork n’ Roll – Reprodução

Na segunda guitarra temos Ben Weinman, que até então era desconhecido para mim. E na cozinha da banda temos dois integrantes que se destacam: Jay Weinberg na bateria (ex Slipknot) e Tye Trujillo no baixo, sendo este último filho do icônico Robert Trujillo (Metallica, ex Suicidal Tendencies). Essa dupla se destaca muito, com Jay arregaçando na bateria e tirando um som pesado e agressivo, sem deixar de exibir muita técnica; E falando em técnica, o jovem Tye traz linhas de baixo absolutamente insanas que preenchem demais o som da banda.

O Suicidal sempre deu muito destaque para o baixo e sempre trouxe baixistas com muita técnica e groove, e Tye não deixou a desejar em nenhum momento. Provavelmente esse guri já nasceu com um baixo na mão, e com apenas 19 anos já deixa muito baixista de bandas maiores no chinelo.

A performance de Mike Muir

O frontman Mike canta muito e não fica parado um segundo em cima do palco, se movendo de um lado para o outro e fazendo seus movimentos característicos durante TODO o tempo. A todo momento ele convocava o público a participar e incitava moshs cada vez maiores. Entre uma música e outra, Mike aproveitava para fazer discursos incentivando seus fãs a acreditarem em si, perseguirem seus sonhos e não deixar a vida te derrubar. Bem melhor que manifestação política barata, não é mesmo?

Mike Muir definitivamente parece ser um cara muito bacana, realmente torço para que ele mantenha toda essa energia em palco por muitos anos mais. Digo isso pois eu vi muita gente jovem nesse show, mostrando que sua música atravessa as eras e consegue renovar seu público, chamando a juventude para um som pesado.

Suicidal Tendencies, influenciando novas gerações

Eu mesmo quando era adolcscente fui muito apaixonado pelo ST e afirmo que próximas gerações definitivamente merecem ter uma banda com o Suicidal Tendencies entregando shows no mais alto nível. Todas as músicas foram muito bem recebidas e algumas realmente se destacaram, como o novo single “Nós somos família”, cantando em portugues pelo pessoal das bandas de abertura.

Também destaco a saideira, “Pledge your allegiance” que é um verdadeiro hino de amor do público para a banda, e a banda retribuiu de uma maneira espetacular: o palco é liberado e o público é convidado a subir e curtir lá de cima com o pessoal da banda. É realmente muito bacana ver o carinho que a banda tem pelos seus fãs e assim fica fácil entender como ela se mantém relevante até os dias atuais.

A única coisa que eu pontuaria como negativo é que a banda tem a mania de esticar as músicas e fazer finalizações longas e épicas,o que acaba comendo muito tempo de show. Para exemplificar de uma maneira prática: eu criei uma playlist com o setlist para ir escutando até o dia do show. A playlist possui 50 minutos e o show durou uma hora e meia.

Esse tempo poderia ser melhor aproveitado para colocar mais músicas no setlist. Inclusive, para cobrir mais fases da banda, pois a ela possui uma discografia extensa e alguns discos não entraram para o set final.

Setlist

Algumas considerações finais

Como já mencionado anteriormente, eu pude testemunhar que Suicidal Tendencies é uma banda que atrai muitos adolescentes e jovens adultos, tanto no show de 2013, quanto neste de 2024. Eu vejo isso como algo importante para o futuro da música pesada nas próximas gerações. O ST tem uma sonoridade com influências claras de muitos estilos musicais e isso traz uma associação mais rápida para o pessoal mais novo escutar a banda e gostar, mas também serve para o caminho inverso.

O jovem que escuta essas músicas e curte pode facilmente enveredar para o Punk Rock, o Hardcore, o Thrash metal, etc. Isso eventualmente pode se converter em mais shows de Rock, pois haverá público para consumir e os produtores locais vão trazer mais atrações, e também pode influenciar mais pessoas a criar suas próprias bandas e contribuir com o Metal de maneira direta.

Redigido por: Daniel Ramon

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