Brian Ross, lendário vocalista britânico de Heavy Metal, das bandas Satan e Blitzkrieg, cedeu entrevista ao redator do Mundo Metal, Cristiano Ruiz, falando sobre sua carreira musical desde que lançou “Court in the Act” (Satan), em 1983, até os recentes: “Songs in Crimson” (Satan) e o homônimo (Blitzkrieg), ambos lançamentos de 2024. A fim de saber mais a respeito, confira o nosso bate-papo abaixo.
Atualmente, Satan segue com o mesmo line-up que gravou o debut “Court in the Act”. Ou seja, o quinteto oriundo de Newcastle conta com os integrantes: Russ Tippins (guitarra), Steve Ramsey (guitarra), Graeme English (baixo), Sean Taylor (bateria) e Brian Ross (vocal). Já a formação do Blitzkrieg traz os seguintes músicos: Brian Ross (vocal e teclado), seu filho, Alan Ross (guitarra), Matt Graham (bateria), Liam Ferguson (baixo), assim como Nick Jennison (guitarra).
Questões:
Antes de mais nada, gostaríamos de parabenizar o senhor Brian Ross pelo seu respeitável legado dentro do Heavy Metal.
Mundo Metal: após um intervalo de seis anos, finalmente, Blizkrieg lançou seu décimo full lenght, que é homônimo, no dia 6 de setembro de 2024. Logo depois, na semana seguinte, dia 13 de setembro de 2024, foi a vez de “Songs in Crimson”, sexto álbum completo da discografia do Satan. Como foi a recepção, por parte dos fãs e imprensa especializada, desses dois ambos lançados praticamente ao mesmo tempo?
Brian Ross:
“Ambos os álbuns foram muito bem recebidos pelos fãs e pela imprensa. Acho que “Blitzkrieg” é o melhor álbum que a banda já fez e, como nós mesmos o mixamos e masterizamos, finalmente, conseguimos um álbum do Blitzkrieg que soasse do jeito que queríamos.”
Mundo Metal: no último dia 5 de outubro de 2024, o senhor completou 70 anos de idade e, ainda assim, sua voz se mantém a mesma do princípio de sua carreira. Qual o segredo para manter o vocal da mesma forma que era nos primórdios, sem qualquer perda de qualidade?
Brian Ross:
“Eu também sou um Coach Vocal, então eu uso meu próprio programa vocal para manter minha voz em forma. Além disso, eu não fumo, pois fumar pode, e vai, destruir sua voz.”
Mundo Metal: sabemos que o Satan mantém seu line-up clássico, enquanto o Blitzkrieg passou, durante sua história, por várias mudanças de formação. Essas características influenciaram de alguma forma a sonoridade que cada banda possui na atualidade?
Brian Ross:
“É extremamente raro que uma banda consiga manter a mesma formação ao longo de sua carreira. No caso de Satan, quando nós 5 estamos juntos, simplesmente funciona muito bem. Há uma química em Satan que não pode ser definida ou descrita. Ela simplesmente funciona para que não a questionemos. Blitzkrieg viu muitos músicos irem e virem. Blitzkrieg tem um lema – ‘Captivos non accipies, non viatores portare’, que em latim significa ‘Não faça prisioneiros, não leve passageiros’. Então, quando alguém não quer mais estar na banda, é hora de sair, seguir em frente. Novos membros são escolhidos pela capacidade de manter o legado Blitzkrieg em seu estilo de tocar, ao mesmo tempo em que trazem novas ideias.”
Mundo Metal: tivemos a impressão que esse álbum novo do Satan, “Songs in Crimson”, possui estruturas mais simples e diretas, ao passo que no anterior, “Earth Infernal”, parece que as faixas são mais trabalhadas e complexas. Essa impressão condiz com a realidade e foi um ato deliberado?
Brian Ross:
“Sim, acho que é verdade que ‘Songs In Crimson’ é mais simples e direto, mas não acho que tenha sido deliberado, simplesmente aconteceu assim.”
Os arranjos vocais diferenciados da canção “Vertigo” do Blitzkrieg
Mundo Metal: quando escrevemos a resenha do “Blitzkrieg”, fizemos questão de afirmar que todas as suas canções são fantásticas, mas algumas são especiais. Dentre elas, “Vertigo” foi uma das que mereceu destaque, pois seu trabalho vocal é diferenciado, já que a voz executa escalas em sincronia com o baixo. Como surgiu essa ideia fantástica?
Brian Ross:
“Agradeço sua análise de ‘Blitzkrieg’. ‘Vertigo’ foi um esforço conjunto entre mim, Nick e Alan. Alan teve a ideia da história da música. Nick e eu escrevemos a letra para contar essa história. Foi ideia de Nick que a linha da melodia vocal seguisse o baixo e estivesse em sincronia com ele. É uma ideia incomum, então ou funcionaria bem ou seria horrível. Felizmente, funcionou muito bem.
Mundo Metal: Satan e Blitzkrieg surgiram na NWOBHM. Assim sendo, como as bandas se sentiram, na época, estando inseridas dentro da NWOBHM? Em suma, o que isso representava na prática para as bandas?
Brian Ross:
“Nem Blitzkrieg nem Satan eram bandas NWOBHM originalmente. Ambas eram apenas bandas de True British Metal. Então a NWOBHM aconteceu e nós fomos pegos por tudo isso. Não fez diferença nenhuma para Blitzkrieg ou Satan. Nós apenas fizemos o que fizemos e as pessoas entraram na onda.”
Mundo Metal: visto que Satan e Blitzkrieg, tendo como vocalista o senhor Ross, lançaram seu recentes álbuns na mesma época, assim como já acontecera no ano de 2013, como é possível organizar a agenda de ambas para as turnês de divulgação de seus atuais discos?
Brian Ross:
“Jarvis Leatherby organiza os shows das duas bandas para garantir que nossas agendas não entrem em conflito.”
Mundo Metal: no álbum “Blitzkrieg” saiu a canção “Above the Law (Pull the Trigger Part 3)”, portanto, a terceira parte de uma trilogia musical. Você poderia nos contar como essa trilogia iniciou e o que veio em seguida?
A trilogia “Pull The Trigger”
Brian Ross:
“A música “Pull The Trigger” é obviamente a primeira música da trilogia. É, na verdade, uma música do Satan, que foi escrita para inclusão em ‘Court In The Act’, mas não foi incluída. Depois que Satan e eu seguimos caminhos separados, perguntei aos caras de Satan se eu poderia gravar a música e colocá-la no álbum Blitzkrieg, ‘A Time Of Changes’. Russ Tippins até tocou violão nela. A segunda parte da trilogia está no álbum ‘Unholy Trinity’ e seu título é ‘Hair Trigger (Pull The Trigger Parte 2).’
A trilogia ‘Pull The Trigger’.
01 – ‘Pull The Trigger’ – Um homem desiludido com sua vida tenta suicídio, mas falha.
02 – ‘Hair Trigger’ – Após tentar suicídio, o homem é levado às pressas para o hospital, onde sua vida é salva. O resultado é que ele se torna um ‘assassino de aluguel’ e mata ‘alvos’ para clientes que o pagam para fazer isso. No final da música, ele vira alvo do seu cliente, que contratou outro ‘assassino de aluguel’ para matá-lo.
03 – ‘Above The Law’ – Novamente ele sobrevive e experimenta um sentimento de remorso e ódio por assassinos e pessoas que cometem crimes violentos graves. Ele agora se torna um vigilante e aplica sua marca de justiça em criminosos que de alguma forma foram libertados em um tribunal devido à falta de evidências. Ele é como o Batman, mas com uma arma.”
Mundo Metal: explique-nos como é a sensação de dividir o palco com o seu filho, o talentoso guitarrista Alan Ross, desde que ele passou a fazer parte do Blitzkrieg em 2021? Aliás, ele também é o atual vocalista do Tysondog.
Brian Ross:
“É ótimo ter Alan a bordo. Ele é um guitarrista e vocalista tão talentoso. Alan e Nick tocam tão bem juntos e o som de guitarra que eles criam juntos é inacreditavelmente bom. Da mesma forma, Alan e Nick são vocalistas por direito próprio. Alan com TysonDog e Nick com The Saints Of Arcadia. Juntos, nós três criamos um som vocal mais completo para Blitzkrieg que eu acho que soa incrível.”
Mundo Metal: esse espaço serve para que você avalie a entrevista, fale sobre algo que não perguntamos e, igualmente, para que fique a vontade e diga o que sentir que deve dizer:
Brian Ross (Satan e Blitzkrieg):
“No início da entrevista, você falou sobre as mudanças de formação que ocorreram ao longo da história do Blitzkrieg. Nós chamamos isso de ‘The Blitzkrieg Curse’. Se você conferir todos os álbuns do Blitzkrieg, descobrirá que nunca tivemos dois álbuns consecutivos com a mesma formação. Esta é ‘The Blitzkrieg Curse’ e adoraríamos quebrá-la.”
Mundo Metal:
Pois bem, nós torceremos para que Blitzkrieg consiga repetir esse mesmo line-up em seu próximo álbum, já que ele soou fantástico. Além disso, obrigado pela honra da entrevista, Sr. Ross.
Entrevistado: Brian Ross
Entrevistador: Cristiano “Big Head” Ruiz