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MUNDO METAL ENTREVISTA: NIGHTWÖLF

Nightwölf / Divulgação / Facebook

Nightwölf, banda de Heavy Metal tradicional do Distrito Federal, cedeu entrevista ao redator do Mundo Metal, Cristiano Ruiz, falando sobre o lançamento de seu primeiro full lenght, “The Cult Of The Wolf”, o qual foi lançado no dia 13/10/2023, pelo selo Kill Again e, além disso, respondendo questões sobre sua história na estrada do Metal. A fim de saber mais, confira o nosso bate-papo abaixo.

Atualmente, o quinteto conta com o seguinte line-up: Guilherme de Almeida (baixo), João Videira (bateria), Adan Hessen (guitarra), Rafael Roan (guitarra) e *Jack Znake (vocal).

*O excelente vocalista Jack Znake, infelizmente, deixou a banda recentemente e, desde então, eles buscam outro frontman.

Divulgação / Facebook

Questões:

Mundo Metal: sete anos após a fundação da banda, veio enfim o primeiro full lenght, “The Cult Of The Wolf”. Como vocês avaliam o feedback da mídia especializa e dos fãs de Heavy Metal, está de acordo com o que a banda imaginava?

Nightwölf:

“Antes de mais nada, muito obrigado pela oportunidade de conceder essa entrevista, caras! Sim, o feedback tem sido muito bom, temos recebido ótimas críticas da mídia especializada e de headbangers de todas as partes do Brasil e do mundo! Com o EP já tínhamos alcançado algumas boas críticas, mas o peso de um full length na carreira de uma banda é sempre muito maior, então posso dizer que o feedback tem sido incrível!”

Mundo Metal: acompanhamos o trabalho do quinteto desde que iniciaram a sua discografia com o belíssimo EP “Unleash The Beast”, em 2020. Naquela época, o debut já estava no planos, mas ele demorou três anos para acontecer. Houve uma pandemia nesse hiato. Assim sendo, o atraso se deu por conta da pandemia ou alguma outra razão?

Nightwölf:

“A pandemia prejudicou todo mundo de diferentes formas, e com o Nightwölf não foi diferente. Lançamos o nosso EP duas ou três semanas antes de explodir a pandemia, lockdown e tudo aquilo que vivemos. Então, ficamos com a divulgação do ‘Unleash the Beast’ muito prejudicada. Por outro lado, aproveitamos o tempo em nossas casas para tentar compor novas músicas – como tenho um home studio, consegui produzir muita coisa e enviar para a banda aquilo que tinha potencial. Entretanto, voltar ao estúdio para lapidar as novas músicas com todos juntos e preparar os shows de divulgação do “Unleash the Beast” eram cruciais, então tivemos que aguardar para retornar – e só retornamos quando foi seguro para todos da banda, quando as vacinas estavam disponíveis. Depois, focamos nos shows de divulgação do Unleash the Beast para só então focarmos na gravação do novo disco de fato. Então, o contexto pandêmico explica os três anos que, considerando tudo, não creio que tenha sido um atraso, apesar de muita gente (e principalmente nós da banda) estar ansiosa por um disco completo.”

Mundo Metal: a NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal) marcou o renascimento do Heavy Metal tradicional do mundo e, dessa forma, surgiram importantes bandas ao redor do globo. O início da banda foi incentivado por essa nova onda?

Nightwölf:

“Não… definitivamente não! Veja… eu comecei a ouvir metal na virada dos anos 90 para os anos 2000. Depois, comecei a aprender a tocar guitarra em 2004 e nesse período já conhecida bandas como Dio, Saxon, Manowar, Halford (solo), U.D.O, Judas Priest, Iced Earth, Mercyful Fate/King Diamond, Running Wild, Primal Fear… todas essas bandas cruzaram os anos 90 e o início dos anos 2000 levantando a bandeira do Metal clássico, com novos lançamentos e shows em festivais importantes. Então, com todo respeito, mas não acredito nesse papo de “renascimento do Heavy Metal tradicional no mundo” (risos)! O Heavy Metal tradicional sempre esteve por aí, tanto com bandas clássicas como bandas mais undergrounds como Paragon, Jag Panzer, Tad Morose, Hazy Hamlet… O que quero dizer é que todas essas bandas que citei influenciaram e influenciam o Nightwölf e a mim pessoalmente, que sou um dos principais compositores da banda. Então, o Nightwölf não nasceu porque existia um movimento, ou qualquer coisa que o valha – nasceu porque somos fãs de Heavy Metal muito antes dos tênis brancos, calças de zebra e cabelos poodle hair estarem em voga…”

Mundo Metal: quais as temáticas líricas das canções do álbum atual, “The Cult Of The Wolf”? Se vocês pudessem escolher uma dessas letras para entrar no nosso quadro “Música & Letra”, qual escolheriam?

Nightwölf:

“Todos na banda gostamos de Literatura e História, então de certa forma esses são temas que permeiam as letras da banda. Não nos prendemos a uma única temática e tentamos sempre trazer uma perspectiva heavy metal para o que achamos interessante nisso tudo. Creio que a letra de “The Cult of the Wolf” seja um bom exemplo disso: faz referência ao nome da banda, tendo como inspiração a lenda grega de Lycaon, rei de Arcádia, que dá origem ao mito da licantropia – tudo isso retratado de uma maneira sombria e totalmente “metal” de ser, como é a característica da banda.”

Planos para o futuro

Mundo Metal: agora que vocês têm, um EP e um full lenght na bagagem, o que pretendem fazer? Ou seja, em outras palavras, quais são os planos da banda para o futuro próximo?

Nightwölf:

“Nossos planos se resumem a tocar em todos os locais possíveis para divulgar o disco! Acredito que é ao vivo que uma banda vende seu peixe para o público, onde não dá pra maquiar as coisas, então esse é um passo fundamental que vamos dar. Porém, infelizmente tivemos que substituir Jack Znake nos vocais da banda, uma vez que ele irá agora viver na Europa e é bastante inviável manter um vocalista à distância, sobretudo para uma banda como a nossa. Então, em um curto prazo, precisamos adequar um novo frontman à banda, que consiga interpretar as músicas do disco e, ao mesmo tempo, acrescentar sua própria personalidade à banda.”

Mundo Metal: quando e onde ocorrera a gravação de “The Cult Of The Wolf”, assim como também o processo de mixagem e masterização? Foi o mesmo artista que fez ambas as capas, do EP e do álbum?

Nightwölf:

“A capa do disco foi feita por Bebeto Daroz, um grande artista brasileiro e também autor da capa do EP. Acho que foi uma escolha acertada pois mantém uma mesma identidade para os discos da banda e o Bebeto teve a capacidade de traduzir exatamente o que queríamos em termos de conceito em suas artes! Em relação à gravação, o disco foi todo feito em Brasília, nossa cidade natal, no Hangar 408, por Nyx e Arthur Dantas. Passamos o mês de junho e julho focados nesse processo e, graças ao trabalho da banda e ao magistral talento do pessoal do Hangar 408, conseguimos alcançar um resultado que considero excelente em termos de produção, sem dever em nada para muitas das produções gringas que ouvimos por aí. Foi realmente um trabalho do qual todos os envolvidos saíram orgulhosos!”

Mundo Metal: o live videoclipe da canção “Do & Die” foi gravado enquanto faziam um show ou a performance foi exclusiva para a gravação? Alías, elogios a parte, ficou sensacional.

Nightwölf:

“O vídeo foi feito pelo pessoal do Falando em Metal, que está fazendo um trabalho de altíssimo nível em prol do heavy metal brasileiro. Pra ser sincero eu particularmente nem estava sabendo que teríamos uma gravação, pois aquele foi um registro feito na 9ª Festa dos Dinossauros, um tradicional festival de Heavy Metal da nossa cidade! Os caras disseram que pretendiam gravar uma música da banda e topamos na hora, mas não imaginaríamos que seria algo tão profissional e tão legal como o que ficou! Os caras são foda demais! E o mais legal do clipe é justamente isso: como não foi algo muito programado, captou perfeitamente a atmosfera e a energia da banda ao vivo, sem muita maquiagem e enrolação… Creio que é um excelente retrato do que é o Nightwölf ao vivo – fúria, suor e muito headbanging!”

Mundo Metal: todos nós sabemos que a cena Metal aqui no Brasil ainda não é autosuficiente e, desde sempre, passa por problemas estruturais seríssimos. Assim sendo, podemos afirmar que a maioria das bandas tem dificuldade em se manter em atividade durante muito tempo. Quais são as principais dificuldades que vocês enfrentam?

Nightwölf:

“Creio que as mesmas dificuldades que a maiorias das bandas enfrentam… Dificuldades logísticas para tocar fora do nosso estado, equipamentos precários, produtores com muita vontade mas pouco know-how e profissionalismo… Enfim, infelizmente ainda temos muito o que evoluir mas também não podemos apenas ficar sentados reclamando da cena e desejando que as coisas evoluam sem fazer a nossa parte – e creio que nossa parte é botar a cara, entregar o máximo que pudermos para assim o metal brasileiro evoluir como um todo, todos juntos.”

Mundo Metal: como vocês imaginam a carreira do Nightwölf daqui há 15 anos?

Nightwölf:

“Provavelmente mais gordos, mais cabelos brancos, com mais olheiras e mais dívidas no banco! (risos) Mas, certamente, com a mesma paixão e vontade de subir no palco e tocar Heavy Metal ALTO, com couro e correntes, como tem que ser tocado!”

Reprodução / Facebook

Mundo Metal: de acordo com nossa equipe de redatores, o Nightwolf é uma das bandas brasileiras que melhor representa o espírito do Heavy Metal tradicional. Já que o álbum “The Cult of the Wolf” está muito próximo dos principais registros lançados pela NWOTHM no mundo, tanto em termos de qualidade como em produção. Ou seja, existe algum tipo de aproximação com as bandas internacionais do movimento? Pensam em tocar fora do Brasil? Acham que o Brasil (através do Nightwolf, assim como através de outras bandas do segmento) pode adentrar esse grupo de vez?

Nightwölf:

“Nós tivemos a honra de, durante esses anos, ter tocado com o Air Raid e Ambush, ambas da Suécia. Foi uma experiência muito legal essa troca e também esse sentimento de estarmos todos juntos em prol desse estilo específico de som. Ademais, é notório um crescimento e o surgimento de novas bandas de Heavy Metal tanto no Brasil quanto no mundo, o que é muito legal e possibilita que o público de Metal em geral também passe a se interessar por essa vertente. Acho que o Brasil foi, é e sempre será um expoente em termos de Heavy Metal, principalmente quando falamos de Thrash Metal e estilos mais extremos como Death e Black Metal, e creio que agora também estamos mostrando que aqui (e na América do Sul como um todo) sabemos fazer Metal tradicional tão bem ou até melhor que os gringos.”

Mundo Metal: esse espaço serve para que vocês avaliem a entrevista, tanto como para falar sobre a carreira do Nightwölf. Em suma, fiquem a vontade e digam o que quiserem.

Nightwölf:

“Gostaria de agradecer a cada headbanger que apoia o Nightwölf da maneira que pode: seja indo aos shows, comprando merchandise, compartilhando nossas coisas, enfim… Tudo o que cada um de vocês faz é fundamental para o crescimento da banda e somos eternamente grato a cada um de vocês! Gostaríamos também de agradecer a todos vocês do Mundo Metal pelo apoio que têm nos dado desde o lançamento do nosso EP de maneira honesta e íntegra – afinal, muita gente não sabe, mas existem muitos veículos por aí que se dizem sérios e que “apoiam o metal nacional” mas só divulgam as bandas das suas próprias a$$e$$orias. Em um contexto de normalização do jabá no underground brasileiro, ver um veículo com o alcance que vocês têm dar este espaço e este tratamento às bandas nacionais é um alento. Um grande abraço e espero que nos vejamos na estrada, que no fim das contas é onde as bandas devem estar! STAY HEAVY METAL!”

Mundo Metal: nós é que devemos agradecer a vocês pela seriedade e amor com que trabalham, já que é o que resulta disso que nos encoraja a continuar. Desejamos muita luz na estrada do Nightwölf, assim como sucesso para todas suas próximas turnês. E que venham logo os próximos registros, pois já estamos ansiosos.

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