Quando uma banda lendária como o Uriah Heep ainda se faz presente depois de tantos anos de estrada, é louvável que seja feita alguma comemoração. Afinal, a banda britânica de Hard Rock está com 55 anos de carreira e planeja encerrar a sua trajetória ao melhor estilo. Ou seja, com shows memoráveis e passagens marcantes por diferentes países.
Contudo, serão cinco shows no Brasil, com datas também no Chile, Argentina e Uruguai. Portanto, assinando a sua marca pela América Latina. E só para ilustrar, a banda se consolidou como um dos pilares do Hard Rock mundial através de clássicos do porte de “Easy Livin’”, “July Morning” e “Lady in Black”, só para citar algumas pérolas eternizadas pela mesma.
A turnê atende por The Magician’s Farewell e se trata de uma realização da Top Link Music, assim prometendo ser uma celebração histórica para os fãs da banda, junto aos locais indicados.
O vocalista Bernie Shaw falou sobre a sensação de realizar os últimos shows ao lado do Uriah Heep da seguinte forma:
“A banda tem 55 anos e está muito forte, e eu não tinha ideia de que já se passaram 39 anos da minha vida sentado, bebendo e rindo ao lado do Mick Box. É surreal! Nós já viajamos para 65 países, logo serão 67 com a Argentina e o Uruguai, então nós demos a volta no planeta nos divertindo e levando a nossa marca musical para as pessoas.”
O cantor também enfatiza a respeito energia sentida e transmitida pelo público latino-americano:
“O sangue latino é quente e apaixonado, e sempre que chegamos na América do Sul vocês enlouquecem. Não tem limites. Quando você vai a um festival ou a um show, vocês sabem se descabelar e não tem nenhum problema em fazer com que a banda saiba o quanto vocês apreciam. É um dos melhores lugares para se tocar, é sempre muito emocional, e é isso que eu amo sobre tocar aí!”.
Todavia, Shaw explica sobre como funcionará daqui para frente em se tratando do futuro da banda, já que se trata da última grande turnê do Uriah Heep:
“A banda não vai parar, apenas não vamos mais fazer aquelas turnês longas de oito, nove, dez semanas. Nós estamos muito velhos pra isso por causa da burocracia e da dificuldade que está agora para viajar“.
Ou seja, estamos vivendo tempos cada vez mais difícil e logo menos não poderemos nem sequer sair de nossos respectivos bairros.
Por fim, confira todas as datas da turnê do Uriah Heep:
04 de abril – Montevideo, Uruguai @ Montevideo Music Box (link para ingressos: redtickets)
05 de abril – Buenos Aires, Argentina @ Groove (link para ingressos: tuentrada)
06 de abril – Santiago, Chile @ Teatro Teleton (link para ingressos: eventrid)
09 de abril – Rio de Janeiro, Brasil @ Teatro Clara Nunes (link para ingressos: meaple)
10 de abril – Porto Alegre, Brasil @ Opinião (link para ingressos: bileto)
11 de abril – São Paulo, Brasil @ Tokio Marine Hall (link para ingressos: ticketmaster)
12 de abril – Curitiba, Brasil @ Ópera de Arame (link para ingressos: meaple)
13 de abril – Belo Horizonte, Brasil @ Mister Rock (link para ingressos: meaple)
Uriah Heep/The Magician’s Farewell Tour/Top Link Music
O Grave apareceu em 1991 em meio a primeira onda de bandas clássicas de Death Metal que varreram a cena naquela época. Embora conseguissem algum destaque, o grupo sempre foi um daqueles nomes que conquistaram um público mais restrito. Apesar de serem tão seminais quanto qualquer outra banda, foram relegados aos porões escuros do underground e nos dias de hoje possuem um status de cult.
Em agosto do ano passado, os suecos anunciaram que fariam uma turnê especial em 2025 reunindo a formação original formada por Ola Lindgren (guitarra e vocais), Jörgen Sandström (vocais e guitarra), Jens “Jensa” Paulsson (bateria) e Jonas Torndal (baixo).
Este é o lineup que gravou os três primeiros discos do grupo, decerto, considerados por muitos como peças fundamentais e clássicas para o Death Metal sueco. “Into The Grave” (1991), “You’ll Never See…” (1992) e “Soulless” (1994) são registros icônicos e mesmo que não tenham atingido o patamar de outras bandas norte americanas, estão no coração dos verdadeiros apreciadores do gênero.
Na noite deste sábado, 5 de abril, o Grave fez, enfim, o seu primeiro show de reunião no Kulturhuset em Estocolmo, na Suécia.
O setlist foi o seguinte:
Into The Grave
Eroded
Turning Black
Day Of Mourning
Morbid Way To Die
Deformed
In Love
Soulless
Brutally Deceased
Black Dawn (CORPSE cover)
Christi(Ns)Anity
Bullets Are Mine
For Your God
Extremely Rotten Flesh
Encore:
You’ll Never See
Hating Life
And Here I Die
O Grave ainda irá participar de alguns outros festivais nos próximos dias. Sendo assim, podemos mencionar como próximas paradas para a banda o Party San Metal Open Air da Alemanha, o Brutal Assault da República Tcheca, o Metal Storm Over Luzern da Suíça e o Graveland Festival da Holanda.
Após o anúncio oficial desta reunião, Ola Lindgren, conforme o esperado, foi até as redes sociais da banda para explicar a intenção por trás destes shows. Ele escreveu:
“Muito obrigado a todos vocês que comentaram sobre o anúncio da semana passada e que estão tão animados com isso quanto nós. Vamos esclarecer um pouco sobre o que é essa ‘reunião’.
Então, no começo deste ano, fui abordado pelos outros 3 membros originais para uma reunião. Resultou no plano de fazer alguns ensaios por diversão para ver se éramos capazes e, antes de tudo, também ver se gostaríamos de tocar juntos novamente.
Eu diria que tocar juntos depois de todas essas décadas foi muito além das expectativas de qualquer um, então decidimos tentar marcar alguns shows e aqui estamos.
Este é inicialmente um plano para shows em festivais durante 2025. No momento, não há planos de fazer nenhuma turnê ou gravar novo material com esta formação, mas quem sabe onde isso pode nos levar…
O Grave que implodiu no ano passado não está morto e enterrado, ele foi simplesmente colocado no gelo.
Tomas Lagrén definitivamente não foi demitido da banda e será ele quem decidirá se quer fazer parte de qualquer empreendimento futuro do Grave quando chegar a hora.”
Abaixo estão alguns vídeos feitos por fãs presentes no show. Confira:
O futuro do Nightwish parece incerto depois que a a banda anunciou uma pausa nas turnês sem uma previsão de retorno aos palcos. A banda lançou seu novo álbum “Yesterwynde” em setembro de 2024.
Em uma entrevista recente com aMetal Hammer, o líder e tecladista do Nightwish, Tuomas Holopainendiscutiu sobre o tema central do novo álbum e confirmou que a banda não tem planos de retomar as turnês à curto prazo:
“O tema principal do álbum é o tempo – voltar no tempo, reconhecendo a nossa própria mortalidade. É sobre história, sobre ser humano, mas é optimista. Apesar de todas as coisas más, temos a hipótese, como espécie, de nos unirmos e sobrevivermos. Essa é a mensagem central e a essência do álbum.”
Holopainen negou que possíveis desendimentos entre os integrantes pudessem ter levado a banda a tomar tal decisão:
“O álbum foi lançado em Setembro. E não vamos fazer nenhum concerto. Os motivos para isso são pessoais, não vamos entrar por aí, mas era algo que tinha que ser feito para a banda continuar. Não há quaisquer problemas entre os membros, nada disso. Só precisamos de respirar fundo.”
Sobre uma previsão de retorno aos palcos, ele disse:
“Pessoalmente, não pensei muito nisso. Não sei quanto tempo esse hiato vai durar.”
Contudo, ele afirmou que não é o fim do Nightwish:
“O Nightwish não vai parar, então as pessoas não precisam se preocupar. Só precisamos de um descanso das turnês.”
Tobias Forge, vocalista e líder do Ghost, contou àPlanet Rockcomo foi revelar sua identidade e como isso acabou por simplificar a sua vida. Apesar de sua identidade não ser mais nenhum segredo, ele não se sente um cara super famoso:
“Isso tornou a vida mais fácil. Antes disso, tínhamos que nos esforçar muito mias para não sermos visíveis. Isso criou algumas vantagens para manter a imagem, mas muitas desvantagens práticas. Era simplesmente desconfortável. Fazia as pessoas se sentirem desconfortáveis. Isso levou a muitos mal-entendidos.
Antes de ser exposto e começar a dar entrevistas como essa, eu não me sentia completamente anônimo. Depois de 2017, não me sinto super famoso. Colocar meu nome em coisas abertamente não significa que todo mundo começou a me reconhecer.”
O novo álbum do Ghost intitulado “Skeletá” será lançado no dia 25 de abril pela Loma Vista Recordings. O single “Satanized” já disponível:
Sobre a nova música, ele comentou:
“Sim, é um vídeo divertido e é uma faixa animada e divertida. É uma música sobre estar apaixonado e como isso pode ser potencialmente confundido com possessão demoníaca, mas na realidade essa música não tem nada a ver com possessão demoníaca.”
Ele acrescentou:
“É engraçado porque, enquanto eu estava fazendo o disco, eu realmente não coloquei muito esforço em tentar escrever hits… Claro, como compositor, você sempre tenta escrever as melhores músicas possíveis, mas não havia muito, tipo, ‘Oh, eu vou escrever uma música de sucesso’. Então eu estava mais interessado em fazer um monte de músicas que eu iria colocar de forma coesa em um álbum compreensível e divertido. E isso é sábio com a experiência ao longo dos anos em que entreguei discos para as pessoas que trabalham comigo, e eu ficava tipo, ‘Esta é a música. Este é o single. Este é o sucesso’. E mais do que frequentemente, acaba sendo ao contrário, eles ouvem e dizem, ‘Oh, não. Nós acreditamos naquela música em vez dessa’. Certo.
Então finalmente eu meio que desisti um pouco disso. Então eu meio que dei o disco a eles e fiquei observando, algo como, ‘vocês escolhem o que querem fazer’. E então eu meio que segurei minha opinião um pouco, cruzando meus dedos, esperando que talvez eles ouçam o que eu ouço. E para minha grande surpresa, eles voltaram com ‘Satanized’. E eu me senti muito bem e disse, ‘eu não poderia estar mais feliz. Eu tenho uma ideia de vídeo muito engraçada para essa música. Eu nunca pensei que vocês iriam escolher essa’.
Para mim, sou um grande fã de música dos anos 70. Essa é uma maneira muito simplificada de dizer isso, mas sou um grande fã do Scorpions dos anos 80, mas também do Scorpions dos anos 70, que às vezes, eu acho, uma certa faixa etária pode não estar ciente de que o Scorpions era uma banda dos anos 70, e eles lançaram vários discos. Esses discos são um pouco diferentes dos discos dos anos 80, quando eles meio que se tornaram uma banda de Rock de sucesso dos anos 80.
E ‘Satanized’ definitivamente tinha mais uma semelhança com o Scorpions de 77 que eu realmente gostei na faixa. E de alguma forma, portanto, eu acho que não estava colocando essa música como uma provável favorita dos fãs para um hit-single. Eu pensei que iria fazer minha mágica para fazer dessa música uma grande música, da mesma forma que fizemos com ‘Mary On A Cross’ uma vez, quando era considerada uma faixa ‘B’ que era apenas para diversão. E eu pensei, ‘Eu acho que essa música é realmente muito boa. Nós vamos tocá-la em todos os shows que fizermos’. E levou anos até que ela se tornasse o que se tornou.”
Faixas:
1. Peacefield 2. Lachryma 3. Satanized 4. Guiding Lights 5. De Profundis Borealis 6. Cenotaph 7. Missilla Amori 8. Marks of the Evil One 9. Umbrea 05:31 10. Excelsis
Na noite deste sábado, 5 de abril, os veteranos thrashers norte americanos do Exodus fizeram um show bastante especial no Decibel Magazine Metal & Beer Fest. Esta foi a primeira apresentação ao vivo da banda depois da saída do vocalista Steve “Zetro” Souza e o consequente retorno do Rob Dukes.
Dukes tocou pela primeira vez ao lado de seus companheiros após 11 anos afastado. O evento aconteceu na Filadélfia (Pensilvânia) e apresentou um setlist quase todo baseado no clássico disco de estreia “Bonded By Blood”, lançado em 1985.
Veja o setlist:
Bonded By Blood
Exodus
And Then There Were None
A Lesson In Violence
Metal Command
Deathamphetamine
Blacklist
Piranha
No Love
Deliver Us To Evil
The Toxic Waltz
Strike Of The Beast
Rob Dukes comentou como foi que retornou para a banda em uma entrevista a Mark Striglque aconteceu em fevereiro. Ele disse:
“O que aconteceu foi que Lee Altus e Gary Holt me ligaram, e Tom Hunting me ligou, e todos falaram comigo individualmente para ver onde eu estava. E então eles me perguntaram se eu voltaria e eu disse: ‘Claro’.
Não vou falar sobre o porquê de eles terem feito o que fizeram — isso é problema deles, porque eu não tenho ideia. Quer dizer, eu meio que tenho, mas não é da minha conta. Então, vou deixá-los lidar com isso.
Fiquei tão surpreso quanto você, cara. Quer dizer, quando recebi a ligação… Eu e Gary não falávamos muito, mas eu e Tom conversamos o tempo todo. Eu e Lee conversamos constantemente sobre hóquei e geralmente nos chateamos — eu sou fã dos Rangers e ele é fã dos Flyers — então estamos sempre em contato, especialmente durante a temporada de hóquei. E então, como eu disse, cara, isso surgiu do nada para mim também. E eu tirei um dia e decidi, ‘É, ok, eu posso fazer dar certo’. Eu tenho que colocar minha vida em espera, a vida que venho construindo há 10 anos como construtor de carros e soldador. Mas eu sentei com as pessoas para quem trabalho e expliquei a situação, elas reagiram mais ou menos com um, ‘É, vá em frente, cara. Você só vive uma vez’. E eu só pude pensar que, ‘É, legal. É exatamente assim que eu estava pensando sobre isso’. Então, deu tudo certo. E todo mundo está empolgado e feliz.”
Abaixo estão alguns vídeos feitos por fãs que estavam presentes no show. Confira:
“Março Maldito Festival” é uma nova tentativa de configurar e inserir um novo evento de Metal no Brasil. Afinal, diferente de alguns outros festivais, este possui a premissa de se tornar onipresente e felicitar os metalheads de grande parte do país. Certamente, o Setembro Negro é o carro chefe liderado pela Tumba Productions e pelo baterista do Nervochaos, Edu Lane.
A ideia é a de transmitir essa energia do underground ao redor do país, colocando mais edições com várias datas próximas e em lugares diferentes para cada uma dessas datas. Decerto, estaremos falando sobre a edição que ocorreu na capital de São Paulo e em meio a um Carioca Club abarrotado de gente. Não sei se foi o show mais lotado que presenciei por lá, mas com toda a certeza, é um dos mais cheios de adeptos do Metal. Seria uma prévia para o retorno do Setembro Negro nesse ano de 2025? E acabou sendo, de fato. O maior e melhor festival de Metal extremo underground da América Latina estará de volta no seu mês tradicional.
Sem sombra de dúvida, isso trouxe uma importância ainda maior para o festival de março. Restaria saber se daria certo e se de fato o nome e data do evento dariam liga. E pelo visto tudo parece ter dado mais do que certo. Isso nós iremos conferir ao longo deste pergaminho sobre os shows de cada banda do cast dessa noite. Se, certamente, foi uma noite mágica para os headbangers de plantão no evento e como funcionou tudo isso desde o seu início.
Data, horários e cast do Março Maldito Festival
O Março Maldito Festival ocorreu em uma sexta-feira, dia 21 de março. As portas se abriram às 18h, segundo comunicado antecipado da produtora, pois o horário estava previsto em flyer para às 19h. Contudo, os horários de entrada de cada banda também foram modificados, com o intuito de promover maior espaço para as mesmas e organização desde a abertura da casa.
Conforme dito acima, o Março Maldito aconteceu em outras datas próximas e em outros lugares mais distantes. Assim sendo, o evento aconteceu em quatro cidades:
20 de março, em Porto Alegre, no Opinião
21 de março, em São Paulo, no Carioca Club
22 de março, em Recife, no Estelita Bar
23 de março, em Belo Horizonte, no Mister Rock
Só para ilustrar, o Sodom só se apresentou em São Paulo, sendo o headliner convicto do festival. Ao lado dos tradicionais thrashers alemães, tivemos as presenças de Bewitched (banda sueca de Black/Heavy/Thrash Metal retornando aos palcos), Desaster (os detentores da alcunha de maior expoente alemão do Black/Thrash Metal, segundo muitos adeptos), Sacramentum (banda também sueca, só que praticante do Melodic Black/Death Metal e que participou do Setembro Negro), além do The Black Spade (representante do Black Metal nacional e que figurou em nossas listas de melhores álbuns de 2024 através do excelente álbum “…E do Fim Se Faz o Início”).
Por conta da escolhida, acontecendo em dia de semana, seria uma escolha um tanto arriscada devido horário que eu poderia estar presente. Em meio a isso, aconteceram coisas favoráveis que me fizeram chegar um pouco menos tarde ao local. Ou seja, mesmo tendo comprado o ingresso ainda em 2024, sabia que não poderia estar presente desde o início do festival. Mas isso não me impediu de presenciar o evento na medida do possível. Como eu já conhecia a funcionalidade do Setembro Negro, achei muito viável poder participar dessa festa e além disso, também queria ver o retorno do Bewitched aos palcos, já que, quando conheci a banda, a mesma encerraria as atividades logo em seguida. O hiato permaneceu até então e eu queria ver essa surpresa.
Consequentemente, eu aproveitaria para presenciar pela primeira vez então, o show do Desaster, e se possível rever o Sacramentum e assistir à surpresa do Metal paulistano, o The Black Spade. Porém, como havia dito, não daria para eu chegar em tempo de conferir as duas primeiras bandas da noite. Todavia, seria improvável também chegar no início da apresentação do Desaster. Por fim, acabou que eu cheguei entre a metade e o fim da apresentação do guitarrista Infernal e seus asseclas, para depois me ajeitar melhor para assistir as duas últimas bandas da noite. Assim sendo, Bewitched e Sodom, de Angelripper e Blackfire.
Pontos a destacar do evento, público e início do apocalipse sonoro
O que se deve destacar do Março Maldito Festival é a simplicidade conforme foi idealizado. Pois, foi algo realizado sem deixar qualquer tipo de dúvida, mesmo com acontecimentos negativos recentes envolvendo pseudos produtores (enganadores, na verdade) e cancelamentos de festivais. Aqui, tudo aconteceu dentro do previsto e os ingressos se esgotaram com o passar dos meses antecedentes ao evento. O público comprou fielmente a ideia, jogando totalmente no lixo a premissa errônea de que o headbanger não vai em show.
Pode-se até reclamar do preço da cerveja adentro do local, mas funciona assim. Eu acabei não consumindo nada nesse dia, mas pela quantidade de garrafas e latas pelo chão, creio que o consumo tenha sido grande. Isso, sem contar o consumo extra campo. Afinal, quando cheguei ao endereço do evento, tinha muita gente nos bares próximos ao Carioca Club, me dando a entender que muita gente só foi para ver o Sodom. Algo que costumeiramente acontece nos shows com mais bandas. Entretanto, mesmo sem esse pessoal, a casa estava abarrotada em cada canto e também no mezanino.
Por conta da lotação, o sistema de ventilação acabou não sendo suficiente, causando um clima bastante abafado. Isso já havia ocorrido no próprio Setembro Negro. Isso poderia ser estudado de alguma maneira, mas fora isso, nada atrapalhou o andamento da carruagem musica profana. E antes de iniciar o parágrafo seguinte, estarei entregando o nanquim virtual pela primeira vez a um ilustre parceiro nosso de longa data, o baterista e colecionador de raridades, Ale Fontana! Toma que o nanquim é teu!
Março Maldito: exemplo de festival underground a ser seguido
A ansiedade tomava conta do meu peito desde o final de 2024, pois foi quando o festival Março Maldito foi anunciado pela Tumba Productions. Eis que, fui me preparando para o que estava por vir. Devido ao cast anunciado, logo fiquei empolgado e a sensação de estar presente foi eminente. Sexta-feira, 21 de março! Seria o dia que eu partiria com a minha caravana musical para o festival. Ingresso adquirido e missão confirmada para ser concluída em 2025!
Então, a data tão esperada chegou e logo me aprontei para o baile de gala. O local era o tradicional Carioca Club, na região de Pinheiros, em São Paulo, capital. Lugar esse muito confortável para ir e reencontrar grandes amigos dos quais realmente encontrei. De fato, muita gente foi para ver as apresentações do Sodom e também do Desaster, pois poucos conheciam os trabalhos do Bewitched e não era visto muita gente falando sobre as outras bandas. E vamos a elas!
A primeira banda a receber a abertura das cortinas negras foi o representante brasileiro e paulistano. Falo da banda de Black Metal, The Black Spade, que conta com o baixista João Ribeiro (ex-Living Metal). Só para ilustrar, quem participou da gravação do debut “…E do Fim Se Faz o Início” foi a baixista S. Damballa. Além disso, Ribeiro utiliza o pseudônimo J. Azag.
Contudo, a apresentação da revelação brasileira foi muito competente, sem desabonar em nada. Ou seja, foi uma verdadeira amostra ao vivo do poderio das músicas do disco de estreia tocadas ao vivo. Destaque para “Condessa Sangrenta” e “Soberano Exu Caveira”, assim encerrando uma apresentação curta, porém muito convincente.
O modo tradicional de ganhar o público
A segunda banda a adentrar o palco do Carioca Club foi o Sacramentum. Banda essa que se fez presente na última edição do Setembro Negro, em 2023. Sua proposta atendeu muito o anseio do público, que por sua vez, respondeu à altura da qualidade do show. Black Metal bem tocado e banda bem entrosada é o verdadeiro jogo tradicional ganho. Sem truques e sem invencionices baratas. Os suecos mandaram muito bem.
Destaque para “Fog’s Kiss”, “When Night Surrounds Me” e “Blood Shall Be Spilled”, sendo que as duas últimas citadas foram todas em ordem diferente no Setembro Negro, além da primeira citada.
E o que a galera esperava em maior número e com mais afinco era o quarteto alemão do sujo, ríspido e visceral Black/Thrash Metal. Certamente, estou falando do Desaster! Considero ser uma das melhores bandas do gênero e também ressalto sobre os intervalos muito bem respeitados no Carioca Club. O show em si foi matador no mais amplo sentido da palavra, com a banda tocando vários sons de sua carreira e mostrando toda sua garra e energia! O ponto negativo ficou por conta do set curto.
Porém, os alemães mandaram petardos do calibre de “Satan’s Soldiers Syndicate”, logo na abertura, passando por “Learn to Love the Void”, além de “Teutonic Steel” e “Divine Blasphemies”. Set curto, porém devastador! Além disso, a casa inteira estava vibrando e curtindo o show do Desaster.
Parte final com muito calor e vontade de presenciar tudo de novo
Nesse momento, após o intervalo, foi a vez do grande Bewitched, banda sueca de Black/Heavy/Thrash Metal subir ao palco. Quando as cortinas se abriram, muitos que ansiavam pelo retorno dos caras se surpreendeu com a aparição da banda. Seu set também foi bem variado, visitando vários pontos de sua carreira e trazendo muito peso de bom gosto ao público. Em resumo, foi um show animalesco!
E, para finalizar e fechar a grandiosa noite, houve um intervalo considerável com pouco atraso. Não aponto como uma crítica, pois foi algo sem exagero. Enfim, uma das minhas bandas preferidas, o espetacular Sodom apareceu no palco. Um detalhes em especial vai para os instrumentos amplamente audíveis e, principalmente, a bateria bem nítida e bem na cara. Entretanto, o Sodom também se prontificou a executar sons de várias partes de sua rica discografia. E assim, desfilando um bombardeio metálico tradicional germânico como tem que ser. Em resumo, foi um dos melhores shows do Sodom que pude presenciar, sem sombra de dúvida!
Para finalizar, reitero que essa primeira edição do Março Maldito está de parabéns e aguardamos a segunda e outras também! Todavia, a única coisa negativa a meu ver o festival foi o calor! Mas isso não desabonou nenhuma das apresentações. Tudo foi muito bem feito e organizado! E digo mais, antes de entregar o nanquim tradicional de volta para o Stephan:
“Remember the fallen!”
Stephan Giuliano/Mundo Metal
A chegada do redator e o olhar clínico a partir de então
Antes de dar continuidade aos comentários sobre o que de melhor aconteceu no evento, devo agradecer a participação do Ale por conta do aceite em participar dessa análise referente à 1ª edição do Março Maldito. Festival esse que promete dar seguimento e se estabilizar nessa data, com o intuito de abrir mais o leque para eventos desse porte em favor dos metalheads brasileiros, além dos estrangeiros que aportam por aqui durante eventos como este. Agora sim, vamos de fato ao que mais interessa!
A chegada até o local da trama foi simples, pois a fiz fora de fluxo e na contramão de quem voltava do trabalho. Ao aportar pelas alamedas próximas ao Carioca Club, avistei bastante gente de preto nos bares que ficam na mesma rua da casa de shows. Portanto, logo pensei se tratar daqueles que estavam lá somente para ver o headliner da noite. Entretanto, não sei bem dizer sobre isso. Afinal, dentro da casa estava realmente abarrotado. Os ingressos haviam se esgotado e aquela era a prova viva desse acontecimento.
Os alemães do Desaster já estavam incendiando o palco com suas fortes canções, enquanto eu acabara de chegar no recinto. Para se ter uma ideia, eu não consegui sair do trecho embaixo da marquise. Sendo assim, acompanhei de modo precário a apresentação de uma das bandas de Black/Thrash Metal que mais gosto.
Stephan Giuliano/Mundo Metal
Desaster e um “meio show” de levantar a multidão
A partir do momento em que pude presenciar o quarteto liderado pelo guitarrista Infernal, pude notar não só a presença em massa do público como também fizeram os headbangers cantarem a plenos pulmões todas as músicas tocadas, praticamente. O vocalista Sataniac agitou os presentes e chamou para a valsa flamejante ao entoar frases em um “portunhol” bem humorado. Depois dizem que alemão não tem bom humor. Existe até um dicionário brasileiro e alemão contendo gírias e palavras específicas com significados referentes ao futebol de cada país, só para exemplificar.
Bem, sobre os principais destaques, tivemos “Teutonic Steel” (“Hellfire’s Dominion”, álbum de 1998). É, com toda a certeza e razão, uma das faixas mais queridas do público. “Nekropolis Karthago”, com seu refrão simples e direto, pertencente ao melhor álbum da banda, “Tyrants of the Netherworld” (2000), segundo muitos adeptos dos germânicos. O final com “Divine Blasphemies”, do álbum homônimo lançado em 2002, e “Metalized Blood”, também do “Hellfire’s Dominion”, fizeram o pessoal presente sorrir maldosamente de orelha a orelha. Show impecável, apesar de ter pego somente da metade para o fim do mesmo.
O retorno do Bewitched em alto estilo
Confesso nunca ter pensado em poder presenciar um show dos suecos do Bewitched, pois a banda havia encerrado as suas atividades. Tanto que o último álbum, “Spiritual Warfare”, foi lançado em 2006. Portanto, esse retorno é ainda mais surpreendente e importante. Afinal, trata-se de uma das ótimas bandas do estilo surgidas na segunda metade da década de 90. Mais precisamente em 1995. Então, eis que as cortinas pretas do Carioca Club se abrem e surge em cena o Bewitched com o guitarrista e vocalista Vargher em primeiro plano.
A partir de então, pude me posicionar melhor para conferir o show dos suecos e me atentei a uma coisa. O microfone principal estava com a programação de eco sintonizada, o que tornaria a audição e a apresentação da banda mais insana. E o cantor soube usar tão bem que acabou se empolgando ao incorporar o Tom Warrior ao recitar o seu famoso “Uh!”, sendo inicialmente, para lá de ótimo!
Ao conferir a apresentação completa do Bewitched, notei o quão o set estava voltado para seus dois primeiros discos, “Diabolical Desecration” (1996) e “Pentagram Prayer” (1997). Ao todo cinco músicas de cada um desses álbuns foram tocadas, restando um espaço mínimo para os outros álbuns. Todavia, eu fiquei desde o início aguardando uma música em especial a qual evidencia bem o Black Metal com o Heavy Metal tradicional. Afinal, a banda alterna bem entre os três estilos destacados antes.
Pontos altos de um show bastante especial
Os pontos mais altos do show foram vários, pois se trata de uma banda com gana e vontade de destruir o palco e incendiar o certame. Após a intro de abertura e preparo do espetáculo que estava por vir, foi iniciada a marcha sonora com “Blood on the Altar” e “Night of the Sinner”, duas faixas incríveis e pertencentes ao segundo full length da banda, “Pentagram Prayer”. O desempenho inicial trouxe alegria para muitos presentes, enquanto aqueles que não conheciam, acabaram por se surpreender de maneira amplamente positiva.
Stephan Giuliano/Mundo Metal
O impacto causado pelos efeitos e microfone
Logo de cara, ficou bem perceptível o efeito de eco junto ao microfone principal, na qual permitia ao cantor e guitarrista Vargher explorar esse recurso, tornando as canções ainda mais maléficas. Contudo, essa surpresa deixaria de ser tão impactante com a utilização incessante por parte do vocalista durante todas as faixas tocadas. Entretanto, isso não tirou o brilho de canções do calibre de “HolyWhore”, a sensacional “Hellcult” e a incrível “Deathspell”, ambas do álbum de estreia “Diabolical Desecration”.
Portanto, para quem conhecia a banda de longa data, foi um prato transbordando de alegria e profanação. Em contrapartida, quem não era muito familiarizado com a sonoridade e com a discografia da banda, ficou com aquele semblante de estar conhecido tudo aquilo naquele exato momento. E isso também se deve ao fato da banda estar há muitos anos parada. Agora sim, talvez receba maior reconhecimento do público underground.
Até então, nenhuma faixa do meu disco predileto dos caras havia sido tocada. Foi quando o Vargher anunciou a joia bruta chamada “Sabbath of Sin”, pertencente ao álbum “At the Gates of Hell”, de 1999. O ano de lançamento é muito interessante, pois vai de encontro ao fato de que o Thrash Metal ainda não havia retornado com força total e o Heavy Metal ainda estava ganhando terreno novamente aos poucos.
Entretanto, os estilos mais extremos seguiam de vento em polpa com seu espaço sendo preenchido com vários e ótimos lançamentos. A sexta música da noite trouxe uma alegria e esperança a mais para mim, muito por conta da possibilidade real de tocarem a melhor música do disco citado. Ela estava por vir, mas seria um momento desafiador através da espera para presenciá-la ao vivo.
Pequenas e gratas lembranças dos outros discos
O Bewitched, de fato, não deixaria nenhum dos seus trabalhos de fora e, mesmo que pudesse somente tocar uma música de determinado álbum, assim o faria.
Após “Triumph of Evil”, também pertencente ao debut, tivemos a excelente “Fucked by Fire”, faixa que abre o disco “Spiritual Warfare” (2006) e último até então. Todas as faixas funcionam muito bem e fizeram o público agitar bastante. Na emenda do parágrafo, tivemos outra faixa de outro disco ainda não representado no show. Trata-se de “Worship the Fire”, presente em “Rise of the Antichrist” (2002). Logo depois, a banda veio com um trio de músicas do segundo trabalho. São elas: “Hellcult Attack”, “Hellblood” e “Cremation of The Cross”, ambas do álbum “Pentagram Prayer”. Portanto, um deleite para os fãs de longa data e também para quem era adepto recente, mas que conhecia os dois primeiros fulls da banda.
Por fim, ainda faltava a cereja do bolo sangrento e nefasto. E o meu presente veio, com ela, a magnânima “At the Gates of Hell”, quinta faixa do disco homônimo e aquela que melhor representa o conjunto de ideias da banda. Assim sendo, na minha opinião! Seu refrão simples e cativante foi cantado por todos na plateia, dando a entender que o Bewitched nunca deveria ter parado e que agora deve seguir em frente, pois é uma banda super competente no quesito fazer música suja e com variações precisas e insanas.
“At the gates of hell Forever bound by Satan’s spell At the gates of hell Proud we stand, in the devil’s land At the gates of hell Forever bound by Satan’s spell At the gates of hell”
Stephan Giuliano/Mundo Metal
Desfecho final com o brilho infernal de um retorno magistral
Por fim, a apoteose ocorreu com “Hard as Steel (Hot as Hell)”, outra grandiosa faixa do álbum “Diabolical Desecration”. Além disso, vale ressaltar o empenho dos outros componentes da banda. Principalmente, Wrathyr, a alma do alicerce dos riffs e dedilhados, tocando seu contrabaixo com precisão e com backing vocals de fazer estremecer os planos lá “debaixo”. Sua linha vocálica atravessa de forma ainda mais profunda os mares do Black Metal e complementam muito bem os vocais principais.
Contudo, a banda ainda possui toda a energia nefasta reunida junto ao guitarrista Hellfire e ao baterista Robert “Zoid” Sundelin. E portanto, foi um retorno triunfal dos suecos a qual pude presenciar. Que retornem mais vezes e também lancem material novo, pois as chamas negras infernais jamais podem se apagar!
Apenas 8 minutos de atraso contados no relógio
Esse é um título mais pra brincar com o fato de que o Sodom havia atrasado bastante a sua entrada ao palco do Carioca Club no último Setembro Negro Festival. Todavia, dessa vez o atraso foi curto a ponto de render essa brincadeira sadia. Tom Angelripper, Frank Blackfire e seus aliados de batalha estavam apostos após esses minutos de intervalo a mais. Apesar disso, teve gente que andou reclamando um pouco, mas logo começaram a entoar o famoso coro:
“Olê, olê, olê Sodom Sodom”
Só para ilustrar, esse é um cântico que faz o nosso querido Tom germânico se emocionar. É sempre recíproco, pois é muito gratificante participar desse momento. Agora, sobre o show, o Sodom segue a sua toada presente contando com dois guitarristas e somando muito para as apresentações ao vivo. Principalmente nesse dia, pois a estrutura sonora estava bem postada e muito bem regulada. Ou seja, superando àquela apresentada no outro festival tanto citado aqui. Embora eu tivesse me divertido muito mais no evento anterior, aqui o som estava mais afiado.
Cortinas negras se abrem e o Sodom toma o local de assalto
Em resumo, eu poderia simplesmente dizer isso. Mas seria simplório demais retratar um show tão intenso dessa forma. Porém, não é o nosso modelo a ser apresentado por aqui. Assim sendo, estamos adentrando novamente ao headliner da festa, e mais uma vez contando com o panzer alemão do Thrash Metal: o Sodom!
A expectativa era notória e eu estava bem mais tranquilo, pois conseguiria conferir mais um show de forma mais clara e contundente. Seria um modo mais calmo de conferir a devastação sonora que estava por vir, pois me faria ausente da grande valsa nessa noite. O Sodom, por sua vez, surge ao abrir das cortinas tradicionais da casa e você consegue notar a alegria estampada na feição de Blackfire ao retornar e, para quem não sabe, ele até morou no Brasil por um tempo. Tanto, que consegue conversar conosco numa boa em um bom português com sotaque alemão.
Completando o time, temos o também guitarrista Yorck Segatz e o baterista Toni Merkel. Ambos estão somando e muito para a sonoridade da banda e já nos presentearam com um excelente disco, “Genesis XIX”. Além disso, a banda está com o livrinho de bolso ajeitado para o lançamento do sucessor deste que fora lançado no ano de 2020.
Stephan Giuliano/Mundo Metal
A explosão inicial da guerra
O Sodom iniciou sua jornada com a trinca “Shellfire Defense”, “Jabba the Hut” e “The Crippler”. Porém, o ponto ainda mais alto desse início ficou por conta da faixa seguinte a qual carrega o nome de um dos seus principais discos. Certamente, estou falando da clássica “Agent Orange”, do álbum homônimo lançado em 1989. Porém, antes de falar sobre essa maravilhosa canção de fazer os gárgulas sorrirem, devo admitir a grata surpresa com a abertura desse show com uma das faixas do excelente e também clássico álbum “Better Off Dead”, de 1990. Diferentemente da apresentação anterior em que tocaram a faixa-título desse disco, além da abertura ter contado com uma das músicas do maravilhoso álbum “M-16”, de 2001.
Já a segunda canção é uma das figurinhas carimbadas da banda e sempre está nos setlists da maioria dos shows. E nem mesmo a ordem dela foi trocada. É a única a ser lembrada do álbum “Get What You Deserve”, lançado em 1994. Entretanto, a terceira música é outra novidade no set, trazendo à tona o grande álbum “Tapping the Vein”, de 1992. Álbum esse que recebeu um relançamento remasterizado amplamente digno e caprichado recentemente. Ainda irei adquirir o meu.
Agora sim, sobre “Agent Orange”, quando foi anunciada, o público se manifestou com uma alegria única. Afinal, o poderio dessa canção é completamente marcante. Headbangers e banda estavam ansiosos para o início da destruição sonora em massa.
A grande valsa já estava formada desde o início, mas ela entrou em combustão acelerada a partir de então. Os primeiros riffs e versos desse clássico alimentou a carga de combustível da galera, que respondeu à altura durante o espetáculo. Outro destaque vai para o fato de que “Agent Orange” é a música mais ouvida no Spotify, algoz dos puritanos de plantão.
“A fire that doesn’t burn”
Sodom/Na Lâmina da Foice
Demos e EPs entram em cena
Aqui, tivemos outro momento parecido com “Agent Orange”, ocorrendo dessa vez quando “Sodomy and Lust” (“Expurse of Sodomy” EP, de 1987) foi tocada a plenos pulmões. Antes disso, tivemos grandes aperitivos com “Let’s Fight in the Darkness of Hell” (“Victims of Death” demo, de 1984 e também presente no EP mais recente, contando com a formação atual, “1982”, de 2023) e “Proselytism Real” (“Obsessed by Cruelty”, de 1986). Essa última é, com toda a certeza, uma das faixas preferidas daqueles fãs mais ferrenhos e que consideram o debut do Sodom uma obra prima.
Contudo, a velharada pirou quando foi tocada, mas foi na faixa em que mais destaco aqui que outro ápice aconteceu. O refrão de “Sodomy and Lust” foi um deleite para a plateia e o microfone com efeito trouxe mais maldade às vociferações de Angelripper, que estava com a voz em dia. O baixista e vocalista demonstrou muito conforto e alegria ao estar nesse evento.
Insanidade sonora em sequência
Imagina você, que conhece o Sodom de cabo a rabo, e se depara com uma sequência avassaladora como essa: “Blasphemer” (“In the Sign of Evil” EP, 1985) sendo tocada com a sujeira clássica aliada aos tempos atuais e completamente insana; “Tired and Red”, mais uma do “Agent Orange” e que fez o povão vibrar com tamanha agressividade sonora; “Conflagration”, retirada do EP recente chamado “Partisan”, de 2018; e essa quadra simplesmente REPETACULÊ fechou com a magnífica e magnânima “Nuclear Winter”, do clássico absoluto “Persecution Mania”, de 1987! Álbum este que, junto com o “Agent Orange”, forma a grande força motriz da banda!
Todas as músicas foram tocadas com o moshpit fervilhando e todas as faixas etárias se encontraram e se encantaram com tamanha brutalidade oferecida pelos thrashers alemães. Em suma, o Sodom sabe realmente do que é capaz. A despeito dos primeiros riffs que complementam os primeiros passos de “Nuclear Winter”, essa é uma daquelas músicas que não podem ficar de fora do setlist jamais. Afinal, seus solos são um experimento da ciência e ligados às bases ríspidas e aniquiladoras. Isso sem contar o refrão que você pode cantar logo abaixo:
“Make us die slowly Nuclear winter Clouds of dust will hide the sun forever Celebrate Nuclear winter Blows straight into your heart Nuclear winter Day of tomorrow we’ll go through Make you testament Nuclear winter”
Stephan Giuliano/Mundo Metal
Arco macabro da festa
Eu estava com saudade do cover de “Iron Fist” (Motörhead), em que o Sodom havia tocado no show anterior. Até por fazer parte do “Persecution Mania” e seria uma grande parceira da “Nuclear Winter”. Entretanto, a festa só havia começado e então, veio sim um cover. Se não era o legado de Lemmy Kilmister, era a música do Venom chamada “Leave Me in Hell”, e que serviu como ótimo preparativo para nada mais nada menos do que a podreira “Outbreak of Evil” (“In the Sign of Evil” EP, de 1985).
De repente, o chão começou a estremecer com os primeiros dedilhados e a arquitetura local começou a ruir (em sentido figurado) e a desgraceira começou a todo vapor. A forma simples como Angelripper anuncia essa faixa é um prenúncio completo da destruição a seguir e que aconteceu, de fato. Tanto essa música quanto o EP e o álbum subsequente, o sujo e voraz “Obsessed by Cruelty” (1986), contribuíram e muito para o surgimento do subgênero híbrido mais sólido do Metal – o Black/Thrash Metal.
Então, “Better Off Dead” foi novamente agraciado através da faixa “The Saw Is the Law”, outro clássico da banda. Seu refrão é inconfundível e fácil de assimilar, além do seu formato amplamente favorável.
O efeito das alavancas são um charme no disco e também ao vivo. É, portanto, aquele refresco regado a uma boa cerveja alemã. Somado ao efeito no microfone, a canção ficou com o refrão ainda mais intenso e despertou a alegria do pessoal. Os solos serviram para aquela concentração e viagem ao mesmo tempo para observar os músicos “in action” e fazer aquele “air guitar” de “responsa”!
“The saw is the law The law is the saw The saw is the law The law is the saw”
Poderiam ter acrescentado a faixa seguinte a ela no disco, que vem a ser a esplêndida “Turn Your Head Around”.
Stephan Giuliano/Mundo Metal
Relembrando o Setembro Negro de maneira invertida
As duas próximas músicas também estiveram presentes no festival anterior, só que em ordem invertida. Naquela ocasião, “Remember the Fallen” foi tocada antes de “Ausgebombt”. Agora, no Março Maldito, o processo foi inverso e também funcionou muito bem. As duas são outros dos grandes clássicos do álbum mais tocado pela banda, o bravo e memorável “Agent Orange”.
Quando a bateria de Toni Merkel e o baixo de Angelripper começaram a ecoar por toda a extensão da casa, era a impetuosa “Ausgebombt” que estava a dar o ar da desgraça. A timbragem e a captação do som da bateriam estavam impecáveis, então a explosão foi ainda maior. Portanto, serviu para a roda continuar acesa e a consequente valsa seguir em frente.
Em seguida, foi anunciada outra que jamais sairá do setlist da banda, “Remember the Fallen”, com seu início “tranquilo”. Assim sendo, com aquele formato clássico para bangear e cantar junto. Com duas guitarras, você ouve a base totalmente presente e os solos breves, porém excepcionais. Isso sem contar as mudanças de andamento e a tradicional parada, ou intervalo, como queiram. Além de mais solos e momentos mais velozes, que a tornam uma das grandes músicas dos alemães.
“Their tormented souls will never rest To pay us back for their innocent death No quarter shed our proud blood Retaliation on the warpath”
Seria uma senhora apoteose, mas o Sodom tinha mais munição a desferir…
Vocês estão acordados? Estão cansados? Querem mais? Mais uma? Duas? Três?
Essas foram algumas das perguntas durante a comunicação feita por Frank Blackfire a nós, o público. O guitarrista, sempre bem humorado, e aproveitando que sabe falar português, sempre fala bastante com a plateia. Tom Angelripper, por suas vez, também brinca com o público, mas falando em inglês mesmo entre um trago e outro no cigarro. Yorck Segatz também aproveitou para abastecer os seus pulmões. Hahahaha!
O som tocado não foi nenhuma surpresa, pois se trata da ótima “Bombenhagel”, presente em “Persecution Mania”. Eu gosto, mas poderiam trocar por “Christ Passion”, só para exemplificar. A apoteose foi bastante insana e contou com a boa vontade do excelente público presente, agitando do início ao fim do show. Todavia, ela funciona muito bem para o fechamento de uma apresentação devido à sua intensidade e por ser bem direta. E também por ser uma faixa que evidencia bastante o contrabaixo do líder do Sodom, além de abrir espaço para todos os integrantes explorarem seus respectivos equipamentos.
E o que dizer das pausas que a música possui? Dentro do mosh você percebe o quão grandiosa essa pausa é, juntamente com o retorno das notas isoladas de baixo. Não há o que reclamar dessa outra figura tarimbada e carimbadíssima nos shows do Sodom. O final é acompanhado pela trilha chamada “Glück auf der Steiger kommt”. Como diriam muitos, isso foi simplesmente uma aula!
Stephan Giuliano/Mundo Metal
Músicos participantes e setlists das bandas
Todas as cinco bandas presentes no festival vieram com seus respectivos times completos e trouxeram um verdadeiro caos sonoro ao local. Portanto, é hora de destacar quem deu o ar da desgraça sonora e seus respectivos acervos tocados ao vivo.
Formação do The Black Spade:
R. Maniac Hammer (bateria)
E. Soulreaper (guitarra)
T.Aversvs (guitarra)
The Black Spade Cavalo Bathory (vocal)
J. Azag (baixo)
Setlist tocado ao vivo:
Intro 1. O Despertar da Aura Negra 2. Condessa Sangrenta 3. Lvna Draconis 4. Hino a Wallachia 5. Soberano Exu Caveira
Formação do Sacramentum:
Setlist tocado ao vivo:
Intro 1. Burning Lust 2. Fog’s Kiss 3. Far Away from the Sun 4. When Night Surrounds Me 5. Blood Shall Be Spilled 6. To the Sound of Storms 7. Awaken Chaos
Formação do Desaster:
Infernal (guitarra)
Odin (baixo)
Sataniac (vocal)
Hont (bateria)
Setlist tocado ao vivo:
Unholy Intro 1. Satan’s Soldiers Syndicate 2. Devil’s Sword 3. Learn to Love the Void 4. Sacrilege/Profanation (medley) 5. Towards Oblivion 6. Damnatio Ad Bestias 7. Teutonic Steel 8. Nekropolis Karthago 9. Hellbangers 10. Divine Blasphemies 11. Metalized Blood
Formação do Bewitched:
Nisse Karlén (vocal)
Anders Brolycke (guitarra)
C von Gravfenheim (guitarra)
P. Possessed (bateria)
Pablo (baixo)
Setlist tocado ao vivo:
Intro 1. Burning Lust 2. Fog’s Kiss 3. Far Away From the Sun 4. When Night Surrounds Me 5. Blood Shall Be Spilled 6. To the Sound of Storms 7. Awaken Chaos
Formação do Sodom:
Tom Angelripper (baixo, vocal)
Frank Blackfire (guitarra)
Yorck Segatz (guitarra)
Toni Merkel (bateria)
Setlist tocado ao vivo:
1. Shellfire Defense 2. Jabba the Hut 3. The Crippler 4. Agent Orange 5. Let’s Fight in the Darkness of Hell 6. Proselytism Real 7. Sodomy and Lust 8. Blasphemer 9. Tired and Red 10. Conflagration 11. Nuclear Winter 12. Leave Me in Hell (Venom cover) 13. Outbreak of Evil 14. The Saw Is the Law 15. Ausgebombt 16. Remember the Fallen
Encore:
17. Bombenhagel
Considerações malditas finais
Decerto, é muito gratificante ver um novo evento obtendo sucesso e voltado para o underground. Não há do que reclamar diante disso. O público, reconhecendo a qualidade e tradição do Setembro Negro, comprou a ideia facilmente. Isso faz com que haja uma boa reviravolta na questão da elaboração e produção de festivais. Afinal, recentemente tivemos um grave problema envolvendo uma produção desastrosa. E sabemos muito bem como funciona grande parte dos ditos fãs de Metal. Ou seja, generalizam tudo sem estudar ou pesquisar nada a respeito.
Diante disso, tivemos um evento coeso em um lugar já bastante tradicional e atrativo. O local ficou realmente lotado de pessoas em todos os setores disponíveis. Portanto, isso significa que o Março Maldito veio para ficar e funcionará como uma prévia do evento principal, mesmo sem ter uma ligação combinada. Mas por possui um formato semelhante, mesmo sendo de menor porte.
Eu não sei como funcionou a questão das saídas e entradas do local, pois não foram entregues pulseiras o qualquer artifício de identificação para quem comprou o ingresso. Assim como ocorre no festival tradicional de setembro. O endereço é bastante conhecido e possui fácil acesso.
Pontos positivos e negativos a destacar
Começando pela parte não tão boa da coisa, não vai de encontro aos shows em si. Mas isso vai de encontro ao próprio fã que paga o ingresso para estar no evento. Não consigo entender a falta de noção de quem resolve acender uma “paranga” em local fechado e no meio de todo mundo. É inadmissível isso e vou abrir ainda mais essa ferida, pois muita gente não percebeu a bagunça que isso causa.
Quem fuma cigarro normal, por assim dizer, vai até o espaço reservado chamado de fumódromo pelos mais íntimos. Naquele espaço, quem fuma fica tranquilo para queimar o seu tabaco e esvaziar a sua caixinha de Minister, Free, Marlboro, Hollywood, L&M, Vila Rica, Dallas, Derby ou Belmont. Ainda existe Belmont? Esse era típico de jogador de sinuca de boteco com camisa social meia aberta e caneta Bic no bolso. Portanto, esse pessoal obedece a regra. Agora, alguém que fuma maconha pode fumar no meio do show? Percebeu tamanha injustiça? Não é bem contra mim, mas é contra você que fuma um cigarro de tabaco simples. O cara que acende uma porcaria daquela que é o produto real, pois está misturado até com rastro de pombo se bobear, causa um fedor terrível.
Outro fato é que em um show existem pessoas de todos os tipos e níveis de saúde. Quem tem asma, bronquite e qualquer outro problema respiratório pode se complicar, principalmente em estar num local cheio e sem tanta fuga de ar. O calor também ficou intenso por conta do número de pessoas. Estava abarrotado de gente e a entrada de ar precisa ser melhorada nesse aspecto. E quanto aos celulares, deixa pra lá…
Continuação dos pontos
Agora, vamos ao que de melhor podemos destacar além do evento excepcional em si. O público que compareceu em peso e a faixa etária que era bastante variada. Tinha uma molecada afiadíssima por lá. E não eram somente alguns. Ou seja, o Metal está sim tendo o seu público renovado. A mídia falastrona é quem não quer divulgar isso, dando aos falsos dizeres de que “o Metal está morto”.
Para saber realmente, devemos comparecer e ver com nossos próprios olhos e em um show que envolve bandas de acesso não tão fácil, ver que tem pessoas das mais variadas idades, não há preço que pague isso. Também teve a presença da vela faísca no mosh, o que enfeitou bastante o show. Não sei se a vela, também chamada de sparkler, denota algum risco em se tratando de evento indoor. Mas o efeito é bem legal.
Por fim, o Março Maldito Festival teve a sua primeira edição iniciada com o pé direito e já foi garantido que será um evento contínuo. Além disso, vale destacar os fãs de todas as bandas, praticamente, no festival. Todos em prol do Metal, de verdade e de coração. Obrigado pela oportunidade e nos vemos nos próximos episódios!
Local: Carioca Club Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros, São Paulo – SP Organização: Tumba Productions Bilheteria: Clube do Ingresso, Carioca Club
Lars Ulrich, baterista do Metallica, revelou seu álbum favorito do Mercyful Fate e falou sobre a influência da banda dinamarquesa no Metallica durante uma entrevista a Rolling Stone. Ele relembrou, inclusive, dos ensaios do Metallica no estúdio do MF, e de turnês que fizeram juntos. Em seguida, veja como “Melissa” e os shows do Mercyful Fate impactaram o baterista do Metallica:
“O Mercyful Fate era obviamente uma banda significativa e essencial no nosso radar. Eles foram uma grande parte da formação do som do Metallica, e para muitas pessoas no underground do hard rock, eles foram uma das bandas que fizeram seu nome circular. Este foi o primeiro álbum deles de verdade. Foi uma influência enorme, enorme, enorme em muitas das bandas da próxima geração, como nós, e eles também eram grandes amigos e se tornaram parceiros no crime. Nós ensaiamos no estúdio de ensaio deles, fizemos shows juntos e, na verdade, fizemos um medley de todas as músicas deles para um dos álbuns de “garagem” [do Metallica]. Eles tinham duas guitarras, muitas harmonias e aventuras musicais — algumas das músicas são muito longas. Tem uma música chamada “Satan’s Fall” que deve ter pelo menos 10 minutos de duração, ou algo assim.
Os shows deles eram loucos. [O vocalista] King Diamond, tipo, recitava o Pai Nosso de trás para frente antes de uma música, e para uma das músicas, eles tinham algumas penas de ganso e faziam todo esse ritual, pelo qual King Diamond era superapaixonado. Ele é um cara superlegal. Sabe, nós realmente gostávamos da música. Era tão novo e tão original e nós amávamos aqueles caras. Eles eram realmente como irmãos de armas por muitos anos.”
Vivemos em um mundo caótico se pararmos para pensar. A internet nos conectou com praticamente tudo o que gostamos e também com o que não gostamos. E através de um simples smartphone você recebe uma infinidade de notificações sobre notícias de todos os tipos. Se não tomamos cuidado, vivemos uma vida fictícia através da tela de um aparelho celular.
Qual o limite do aceitável para interagir com o mundo virtual e as redes sociais?
O guitarrista do Iron Maiden, Adrian Smith, falou com Andrew McKaysmith do podcast Scars And Guitars justamente sobre este tema. Questionado sobre os benefícios e as desvantagens das mídias sociais e sobre como as pessoas estão cada vez mais presas em seus smartphones, Adrian fez a seguinte crítica:
“Bem, você só precisa dirigir pela rua e parar seu carro porque as pessoas estão passando na sua frente sem olhar porque estão no celular. Elas são viciadas. Ei, eu sou sugado para isso como todo mundo. Às vezes, isso toma conta da sua vida. Você é bombardeado com todas as coisas que gosta. Tudo vem muito fácil, continua aparecendo no seu feed, todas as coisas que você ama, então você está lá, você está olhando para isso com o pescoço dobrado e não para. Você é bombardeado com notícias 24 horas por dia, 7 dias por semana, sobre todas essas coisas terríveis que estão acontecendo no mundo. Quero dizer, o que você deve fazer? Não é natural ter que se preocupar tanto com absolutamente tudo.
Acho que as pessoas estão indo muito além de suas esferas pessoais, tentando mudar coisas sobre as quais não têm poder, porque estão cientes delas e então sentem que precisam fazer algo a respeito. E elas pararam de fazer o básico, colocar um pé na frente do outro, ganhar a vida, pagar seus impostos e apenas viver sua vida e ser feliz. E é só — não acho que isso deixa as pessoas felizes. De qualquer forma, aqui vai este pequeno discurso.”
E eterno ex-guitarrista do Deep Purple e também responsável pela criação do Rainbow, Ritchie Blackmore, está casado de forma oficial com a musicista Candice Night há 17 anos, mas estão juntos há mais de 36 anos. Candice contou em uma nova aparição no programa Dawn Osborne da TotalRock que seu marido sofreu um ataque cardíaco no ano passado. Ela contou sobre o ocorrido quando questionada sobre o futuro dos shows da banda Blackmore’s Night e também sobre a saúde de Ritchie. Candice falou o seguinte:
“Quanto a voar para qualquer lugar agora, Ritchie foi realmente informado por seu cardiologista para não entrar em um avião. Ele teve um ataque cardíaco há cerca de um ano e meio. Ele tem seis stents. E eu não posso acreditar que ele vai fazer 80 anos em 14 de abril, o que é uma loucura, mas ele não parece ter essa idade, ainda não age como tal.
mas eventualmente essas necessidades médicas acabam te pegando. Então temos que ter certeza de mantê-lo feliz e saudável. E ele está lidando com gota e algumas coisas artríticas. E, claro, suas costas sempre foram um problema por anos. Então está ficando mais difícil para ele — é complicado — mas, ei, eu vi pessoas mais jovens do que ele em cadeiras de rodas no palco fazendo o que fazem. Então eu acho que ele provavelmente não quer que as pessoas o vejam dessa forma.
Eu vejo a outra perspectiva — da perspectiva de um fã, eu acho que as pessoas ficariam felizes em estar sob o mesmo teto com ele e ouvi-lo tocar o que quer que ele invente. Então, nós meio que temos essa discussão, ou argumentamos — eu diria que é uma boa discussão — o tempo todo. Mas ele foi recentemente ao cardiologista e eles disseram: ‘Vamos colocar as viagens de avião em espera’. Então, espero que a gente consiga resolver tudo isso e que isso mude em breve. Mas eu aviso vocês se isso mudar.”
Em 5 de abril de 1994, Kurt Cobain, vocalista, guitarrista e líder do Nirvana, cometeu suicídio em sua casa em Seattle. Com isso, além de ceifar sua própria vida, ele também deu o tiro de misericórdia no movimento Grunge.
O carismático músico é lembrado como uma das figuras mais influentes da música dos anos 90. O Nirvana foi uma daquelas bandas que furou a bolha do Rock e se transformou em um verdadeiro fenômeno incontrolável e avassalador. A morte trágica de Kurt deixou uma marca praticamente incurável na cultura musical e serviu para levantar questões importantes sobre saúde mental, fama e como lidar com a pressão demasiada.
Carta de suicídio de Kurt Cobain – Reprodução
Infelizmente, Kurt não foi o único músico do Rock que terminou desta maneira. Ian Curtis, do Joy Division, cometeu suicídio em 1980, Chris Cornell, do Soundgarden, fez o mesmo em 2017, assim como Chester Bennington, do Linkin Park, também em 2017. Layne Staley, o talentosíssimo cantor do Alice In Chains, faleceu de overdose em 2002 e muitos consideram um suicídio implícito, assim como os casos de Hillel Slovak (Red Hot Chili Peppers), Andrew Wood (Mother Love Bone) e tantos outros.
O que aprendemos com as lutas pessoais de Kurt Cobain?
Voltando a Kurt Cobain, por trás do sucesso, ele enfrentou diversos desafios importantes. Primeiramente, o músico lutou à sua maneira contra problemas de saúde mental, como depressão e transtorno de déficit de atenção. Além disso, havia o já conhecido vício em drogas que afetou sua vida pessoal e profissional em níveis estratosféricos. Essas questões são cruciais para conseguirmos ter de fato um entendimento mais específico sobre o estado emocional de Cobain nos anos que precederam sua morte.
Podemos afirmar que a relação entre saúde mental e música é muito mais profunda do que imaginamos. A música serve como uma ferramenta de expressão emocional que permite a artistas processarem suas experiências e sentimentos. O ato de ouvir música comprovadamente reduz o estresse e a ansiedade, além de poder promover conexões sociais quando as pessoas se permitem participar de concertos, eventos e grupos relacionados. A identificação com gêneros musicais como o Rock e o Heavy Metal pode proporcionar senso de pertencimento, isso sem mencionar o fator quase sobrenatural que a música causa ao evocar memórias e influenciar nosso humor.
Courtney Love e Kurt Cobain Foto: Divulgação
Infelizmente, não foi o que aconteceu com Kurt, já que na manhã de 5 de abril de 1994, ele foi encontrado morto em sua casa em Seattle. A autópsia confirmou a morte por conta de um ferimento causado por arma de fogo e a investigação concluiu que se tratava de um suicídio. A notícia chocou fãs e músicos ao redor do mundo, levantando um clamor sobre a necessidade de discutir a saúde mental no mundo da música.
O legado musical de Kurt Cobain
A morte de Cobain gerou uma onda de tributos e homenagens de artistas e fãs. É inegável o impacto que o Nirvana causou na música. Álbuns como “Nevermind” (1991), “In Utero” (1993) e o “MTV Unplugged In New York” (1994), foram responsáveis diretos pelo estrelato atingido pela banda. Isso sem mencionar que ajudaram a definir o Grunge como um subgênero dentro do Rock. Sucessos como “Smells Like Teen Spirit”, “Lithium”, “In Bloom”, “Come As You Are”, “Rape Me”, “Heart Shaped Box” e as versões para “About A Girl”, “The Man Who Sold The World” e “Where Did You Sleep Last Night”, tornaram-se hinos de uma geração.
Apesar disso, talvez o maior legado deixado por Kurt Cobain tenha sido outro. Muitos começaram a discutir abertamente questões de saúde mental e depressão. A pressão causada pela fama também foi outro tema muito importante e debatido à fundo, principalmente, na época do acontecido. A morte do principal expoente do Grunge também levou à criação de fundações e iniciativas voltadas para a conscientização sobre a depressão e o suicídio.
Kurt Cobain – Reprodução/Facebook
Kurt Cobain continua a ser uma figura emblemática no universo da música e cultura pop, ainda mais dentro do nicho do Rock. Sua morte serviu como lembrete da importância de cuidar da saúde mental, assim como apoiar aqueles que estão lutando com seus próprios demônios. É vital promover diálogos abertos sobre estes assuntos e, desse modo, ajudar a resolver outros problemas que possam desencadear ações tão tristes. Desse modo, ao reavivar em nossas mentes este fatídico acontecimento que mudou para sempre a história da música, vamos nos lembrar de oferecer apoio a quem precisa.