O Suicidal Tendencies acaba de lançar sua nova música “Adrenaline Addict”. Embora nenhum anúncio tenha sido feito sobre a chegada de um novo álbum, o vocalista Mike Muir indicou que existe uma inclinação para isso.
“Quando fizemos o último disco [com material totalmente novo], foi ‘World Gone Mad’ em 2016, eu meio que disse, soa ruim, mas eu não gosto de fazer discos, porque é como uma completa merda mental para mim e, então, é o tempo, a família e tudo mais. É difícil. Mas agora, tendo [o guitarrista] Ben na banda, Jay na banda… Uma das primeiras coisas que Jay fez depois de alguns shows, ele simplesmente disse: ‘Cara, eu quero fazer um disco, porra’. E do jeito que ele e Ben disseram, eles disseram, tipo… Ben disse, tipo, ‘Quando eu tinha 12 anos e ouvi Suicidal, isso me tocou. E outras músicas, eu ouvi muita música.'” Ele disse: “Quero fazer um disco assim”. E foi exatamente isso que Jay disse. Obviamente, tendo Tye, filho de Robert, lá, Robert disse: “Cara, vocês precisam fazer um disco. Fazer aquilo”. E então eu acho que estamos definitivamente inclinados a fazer isso.
Percebemos que muitas pessoas, no mundo da música, olham ao redor e veem o que é popular, o que está na moda, e voltamos ao que era popular e na moda quando gravamos nosso primeiro disco, e não fizemos nada disso, e todas as críticas foram terríveis. Então, faremos um disco que as pessoas provavelmente não gostarão, e eu ficarei muito feliz e tudo mais. Mas acho que daqui a alguns anos as pessoas vão parar e pensar, e haverá muitas pessoas que não são tão ligadas em tendências ou gêneros, que vão dizer: ‘Esse disco é foda pra caralho’. E é isso que eu quero fazer. Como eu disse, gosto de gostar das pessoas, mas não me importo se elas gostam de mim. [Risos] Isso facilita minha vida.”
Recentemente, o vocalista do Judas Priest, Rob Halford, conversou com a Rádio Futurodo Chile para falar sobre o mais novo álbum “Invincible Shield“. Vale lembrar que o Judas Priest está no Brasil com a “Shield of Pain Tour” para oMonsters of Rock que será realizado no sábado, 19 de abril. Além disso, a banda tem mais uma data no Espaço Unimed no dia 20 de abril ao lado do Queensrÿche.
Veja a declaração de Rob Halford:
“É extraordinário. Não há nenhuma outra banda de metal por aí que faça esse tipo de declaração. E nós trazemos esse tipo de filosofia conosco. Estamos sempre pensando na melhor maneira de representar o Judas Priest neste momento específico, porque recentemente comemoramos o 50º aniversário do álbum de estreia do PRIEST , ‘Rocka Rolla’, lançado em 1975, e aqui estamos, décadas depois, com ‘Invincible Shield’ e a trilha sonora do metal, todos esses álbuns. Estamos sempre tentando fazer o melhor metal possível, e acho que toda banda diria isso, que é o que se deve dizer. Mas em termos de composição, performance, atitude dos caras e produção, ‘Invincible Shield’ foi provavelmente o mais próximo de uma declaração importante desde ‘Painkiller’ que me lembro.”
Halford abordou a expectativa dos fãs no intervalo entre um lançamento e o próximo, e revelou que existe uma preocupação em não decepcionar os fãs:
“Muitas pessoas se perguntavam — quando sua banda favorita lança um álbum e você tem que esperar dois, três, quatro anos pelo próximo, sempre há uma expectativa: ‘Por favor, Deus, não deixe o álbum ser ruim’, esse tipo de pensamento. ‘Não decepcione seus fãs’. Pode se tornar um tipo muito complexo de reflexão excessiva, um lugar em que você pode se colocar. Então, você deve estar ciente de quem você é, do que fez e de como chegou lá, mas, ao mesmo tempo, está fazendo o metal agora, fazendo o metal neste momento. E acho que onde estávamos, ao fazer ‘Invincible Shield’, foi uma demonstração particularmente forte de relevância, de que não estamos nos segurando, de que ainda estamos avançando e fazendo álbuns de metal realmente bons.”
Sepultura e Angra foram, de longe, as bandas que foram mais longe dentro do Metal brasileiro. Ambas conseguiram, de jeitos diferentes, se consolidar como nomes grandes, importantes e relevantes, não apenas na cena local, como também internacionalmente.
Em 2025, ambos os “gigantes” do Metal nacional estão muito próximos do final de suas carreiras, o Sepultura, inclusive, em meio a uma turnê de despedida. Por outro lado, o Angra também não parece ter fôlego para muito mais, já que anunciou um hiato por tempo indeterminado e, visivelmente, o grupo não goza do mesmo prestígio de outrora.
Vamos neste texto entender o que aconteceu com ambas as bandas e fazer uma análise sobre que tipo de legado os dois nomes mais respeitados do Brasil deixarão. Musicalmente, não há dúvidas que este legado será duradouro, mas será que é somente isto? Poderiam ter feito mais?
Vem com a gente nesta reflexão.
O Sepultura chegou lá na base da raça
O Sepultura, das duas, foi a que conseguiu alcançar o mainstream de uma forma bastante difícil, porém, mais duradoura. A história da banda envolve muito daquele sentimento “do it yourself” (ou “faça você mesmo”), presente nos anos 70 e 80.
É preciso ressaltar que o quarteto mineiro estava no lugar certo e na hora certa. E digo isso pois a cena mineira estava em ebulição, mas os integrantes tem todo o mérito por conta da resiliência. O sepultura acreditou, insistiu, batalhou e conseguiu assinar contrato com uma gravadora internacional (a Roadrunner) por conta própria. Mais tarde, com o lançamento de “Chaos AD” (1993) e, principalmente, “Roots” (1996), conquistaram um dos mercados mais cobiçados do mundo, o norte americano.
Nem é preciso mencionar o tamanho da influência que a banda possui no surgimento de estilos como Groove Metal, Nu Metal e outros mais modernos. Muitas bandas que hoje são enormes, mencionam o Sepultura como uma de suas principais inspirações. Podemos afirmar com tranquilidade que se Max Cavalera não tivesse deixado a banda em 1996, os brasileiros hoje seriam no mínimo tão grandes quanto o Slayer. Este era o cenário que estava sendo desenhado na época.
O empurrãozinho dos empresários na consagração do Angra
No caso do Angra, o mérito é muito mais musical do que ter conseguido algo por esforço e trabalho próprio. E você que é fã, se acalme, pois é necessário entender pontos importantes sobre o grupo para conseguir analisar de uma maneira mais sóbria e menos passional. Dessa forma, sim, nós concordamos que todos os músicos que passaram pela banda são extremamente talentosos, são técnicos em um nível altíssimo e, é claro, os discos que colocaram a banda no auge em meados dos anos 90 e início dos 2000 são realmente muito bons.
Mas é inegável que o Angra tinha um padrinho, um empresário, alguém que movia as peças no tabuleiro, que tinha contatos com gravadoras importantes, com produtores internacionais e, sem dúvida, alguém que fazia as coisas acontecerem. Por mais talentosos que fossem, qual banda brasileira começa gravando seu álbum de estreia na Alemanha, em um estúdio gabaritado, com um produtor renomado e consegue sucesso imediato? Isto simplesmente não acontece.
O que queremos deixar evidenciado é que as duas bandas trilharam caminhos distintos – praticamente opostos – e conseguiram se destacar justamente por conta disso. Nenhum dos dois meios é mais certo ou mais errado, esse tipo de julgamento nós não faremos. A intenção é mostrar as estradas trilhadas pelas duas maiores bandas brasileiras e tentar entender porque nenhuma outra chegou tão longe novamente.
Existiram outros nomes que poderiam ter se tornado tão grandes?
Sim, existiram e existem! Nós temos alguns nomes no decorrer das décadas que poderiam ter conseguido. Alguns deles tiveram uma ascensão meteórica em algum momento do passado, outros estão atualmente em alta, mas nenhum ainda sequer chegou perto do que conseguiram Sepultura e Angra, principalmente, se pensarmos no mercado internacional.
Por mais que respeitemos as histórias de nomes como Korzus, Sarcófago, Claustrofobia, Dr. Sin, Torture Squad, Hibria, Nervosa, Crypta e Krisiun, ainda há vários degraus para subir para tentar chegar perto das duas supracitadas.
Um ponto que sempre gera discussão é: Sepultura e Angra poderiam ter puxado outras bandas junto com eles? Poderíamos ter uma cena mais estabelecida com outros nomes de sucesso caso isso tivesse acontecido? Eles deveriam ter feito isso? Por que não fizeram? Estão certos ou errados?
É um assunto complexo, sem verdades absolutas, mas com reflexões importantes sobre o que ambas deixarão como legado para as próximas gerações.
Um rápido paralelo entre Sepultura e Metallica
É sabido que o Sepultura fazia parte do circuito de bandas em Belo Horizonte, gravou splits com outros nomes da época, participou de coletâneas e, querendo ou não, se beneficiou da cena underground até chegar ao status de banda famosa e bem sucedida. Mas e depois do sucesso midiático? O Sepultura seguiu ajudando esses outros grupos? Até onde se sabe, mesmo que no começo estivessem todos juntos e unidos pela música que amavam, isso não aconteceu.
E eles não eram obrigados, que fique claro, mas você como fã da banda, responda com sinceridade, teria sido muito mais legal. Sim ou não? Se hoje, tivéssemos outros 4 ou 5 nomes realmente grandes, nossa cena não estaria tão enfraquecida e todos estes grupos seriam gratos ao Sepultura, como acontece no Thrash norte americano onde quase todos são gratos ao Metallica.
Para quem não sabe, os integrantes do Metallica mesmo no final dos anos 80, já na turnê de “…And Justice For All”, isto é, depois de estarem completamente estabelecidos na cena e gozando de muito prestígio, ainda se correspondiam por cartas com as outras bandas da Bay Area. Eles indicavam os caminhos corretos a serem percorridos, as pessoas certas com as quais os músicos deveriam manter contato, os bons promotores, os empresários confiáveis, os melhores locais para se tocar e outras dicas extremamente valiosas que ajudaram no fortalecimento do Thrash estadunidense como um todo.
Não é a toa que a escola norte americana do Thrash Metal é considerada a principal entre todas as outras, ainda mais se pensarmos em termos de prestígio e bandas bem sucedidas.
Mergulhados dentro de suas próprias crises
O Sepultura não foi o tipo de grupo que estendeu a mão ou procurou levantar outros nomes do circuito brasileiro. Não existe banda que tenha conquistado algum destaque nacional ou internacional por interferência direta do Sepultura. Este é um fato imutável e incontestável.
E antes que comecem a reclamar, nós sabemos que cada banda precisa escrever a sua própria história e não ficar dependendo de ajudas vindas de terceiros. Nao é este o ponto. A questão é: para conseguir fazer o que o Sepultura fez, é uma chance em um milhão, e sabendo disso, não seria interessante facilitar a vida dos demais?
O que pode ser argumentado para justificar de alguma forma este “descaso”, e não consigo pensar em outra palavra que defina melhor, se você conseguir escreva no espaço destinado aos comentários, mas o que podemos levar em consideração é um conjunto de fatores. Os músicos eram muito jovens, não tinham qualquer experiência e não foram direcionados ou ensinados a lidar com a fama, tudo simplesmente foi acontecendo e, quando os próprios se deram conta, já tinha passado.
Depois da saída de Max, tudo virou de ponta cabeça e os remanescentes precisaram de muita força de vontade para seguir em frente. Foram anos de discos questionados, críticas muitas vezes infundadas, mudanças de lineup e, mais uma vez, resiliência e luta para alcançar novamente um patamar de respeito na cena Metal atual. Se esse turbilhão de acontecimentos serve para isentar a banda, aí é com você. Nós do Mundo Metal pensamos que o Sepultura poderia ter sido muito mais do que uma banda de sucesso.
O Angraverso
Se o Sepultura não ajudou outras bandas a alçarem voos mais altos, o Angra fez pior e criou um multiverso da loucura oriundo de suas próprias desavenças internas. Com o tempo, os integrantes do Angra foram saindo da banda e dando origem a novos grupos menores e, evidentemente, não tão bem sucedidos. O próprio Angra, com o passar dos anos e a ineficácia em manter uma mesma formação, também foi se apequenando. Apesar de ainda ser o segundo nome mais relevante do Metal brasileiro (o primeiro é disparadamente o Sepultura), há anos não consegue ser tão relevante ou repetir os bons momentos do passado.
O que aconteceu é que, infelizmente, foi construído um ecossistema ao entorno de músicos que passaram pela banda em algum momento de suas carreiras. Esta espécie de cena paralela do Metal nacional, aos poucos, foi se ramificando e, em cada subdivisão, acontecia uma nova polêmica e uma discussão pública. O Angraverso é formado por nomes como Angra, Shaman, André Matos solo, Almah, Noturnall, Edu Falaschi e, agora mais recentemente, com o baixista Luís Mariutti tentando emplacar o descabido Shamangra. Até o Viper, que foi a primeira banda de André Matos, foi capturado e inserido dentro do Angraverso.
A babação de ovo
Os fãs do Angraverso não são necessariamente amantes de Heavy Metal e suas vertentes, mas em sua maioria, demonstram um comportamento absolutamente nocivo de idolatria e fanatismo por artistas específicos. A afeição é pela pessoa e não por sua obra. Importante ressaltar que muito do comportamento do público vem do comportamento dos músicos. Beira o ridículo ver adultos chegando os 40 anos de idade (ou mais) e ainda se comportando como se estivessem na quinta série. É como se todos esses caras que tocaram na banda ou tiveram suas carreiras ligadas ao Angra em algum ponto, fossem lendas incontestáveis do Metal. Nada ou ninguém pode fazer qualquer tipo de crítica aos trabalhos destas figuras e, caso faça, logo aparecerão argumentos do tipo:
“Vai lá e faz melhor!”
“O cara gravou os melhores discos do Metal nacional, você fez o que?”
“Não importa que ele estava desafinando e cantando mal, ele é uma lenda, as pessoas foram lá só pra ver ele.”
“Se eu quisesse ouvir igual no estúdio eu escutava o disco em casa.”
É desse nível para pior. E é por conta deste comportamento patético que praticamente todas essas bandas do Angraverso estão há tempos lançando discos burocráticos, sem tesão, sem energia e na base do piloto automático. Quase todos esses músicos nem ouvem mais Metal (eles admitem) e, portanto, não tem sequer parâmetros para criar obras verdadeiramente impactantes nos dias de hoje. Mas veja bem, todos eles sabem que independente do que apresentarem, mesmo sendo aquele disco cheio de clichês e auto-referências, o multiverso da loucura estará lá para aplaudir.
Vivemos uma realidade onde basicamente todos os músicos e ex-músicos do Angra tem feito turnês nostálgicas executando discos antigos. Os trabalhos autorais novos não foram tão bem assim…
O legado do Sepultura
Foto: Stephanie Veronezzi
O Sepultura deixará como legado a obra musical, a história de resiliência e a luta para conquistar uma posição de destaque. O quarteto foi o grande desbravador no sentido de conquistar mercados internacionais, apesar de não ter facilitado para que nenhum outro conseguisse fazer o mesmo.
Os álbuns da banda, principalmente, os odiados pelos fãs mais radicais aqui do Brasil, serviram para solidificar o nome do grupo em território internacional e, provavelmente, serão sempre mencionados por conta da importância e influência exercida sobre outros nomes gigantes da indústria musical.
O legado negativo fica por conta de não ter conseguido explorar todo seu potencial midiático. Também pelas inúmeras brigas públicas entre integrantes e ex-integrantes e, claro, por nunca ter se preocupado com o fortalecimento do Metal brasileiro. A banda deixará de existir a partir do ano que vem e o cenário Heavy Metal do Brasil continua capenga do jeito que sempre foi. E quando digo isso, não estou jogando a culpa no Sepultura, mas uma banda deste tamanho e com tamanha importância, poderia ter ajudado muito.
O legado do Angra
Photo: Marcos Hermes
O Angra também deixará um legado por conta de sua obra musical. E será lembrado como exemplo de como é importante possuir gestão profissional na parte do business. A banda também deixa uma lição de resiliência e força de vontade por não ter desistido mesmo após tantas mudanças de formação.
Sobre os discos e, principalmente, sobre a base de fãs conquistada, tememos que a adoração e o fanatismo não passem para as próximas gerações. É praticamente impossível que passe. E isso impactaria diretamente na relevância dos registros, já que diferente do Sepultura, o Angra não foi o grande estopim de nenhum subgênero do Metal, não é mencionado por grandes bandas do mainstream como inspiração e, mesmo tendo feito muito sucesso na Europa em determinado momento, não vemos este estilo de Metal em alta e tampouco vemos outras pessoas fora do Brasil mencionando “Angels Cry”, “Holy Land”, “Rebirth” ou “Temple Of Shadows”.
O lado negativo é, sem dúvida, esta cena paralela onde os próprios músicos trabalham para que se retroalimente. Trazer todo problema interno para mídia e fazer com que fãs fiquem tomando partido em embates de músicos não é algo para se orgulhar.
O que esperamos do futuro dessas bandas?
Esta pergunta é muito fácil de ser respondida, embora não acreditamos que as coisas serão feitas da forma que vamos apresentar.
Se nem Sepultura e nem Angra, enquanto bandas em atividade, trabalharam no fortalecimento da cena e na ascensão de novos nomes, ao menos, depois que encerrarem suas carreiras poderiam fazer isso.
Andreas Kisser e Rafael Bittencourt são nomes conhecidos e respeitados. Andreas tem um programa de rádio, Rafael tem um podcast, ambos possuem contatos, conhecem atalhos e são influentes. Por que não fomentar a cena e, dessa forma, garantir que aja outros Sepultura’s e Angra’s em um futuro próximo?
Seria muito interessante ver novas bandas surgindo com a orientação dos dois maiores nomes do Metal brasileiro. A cena nacional, com a qualidade das bandas atuais, poderia inclusive se espelhar em movimentos do passado como a NWOBHM, o US Metal, a cena Death de Tampa e, mais recentemente, movimentos de Metal retrô como a NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal) e NWOOSTM (New Wave Of Old School Thrash Metal).
A pergunta que fica é: os ilustríssimos integrantes de Sepultura e Angra estarão dispostos a ajudar nisso? Se não estiverem, que ao menos se aposentem rápido e deixem a cena florescer sem estas duas presenças fantasmagóricas. Atualmente, elas mais atrapalham do que ajudam.
Deixe sua opinião no espaço destinado aos comentários.
Se você é um daqueles que acha que o metal não produz mais nada de bom, o Gaahls WYRD chegou para te mostrar que você está errado e tem todo o direito de estar.
A dica de hoje é uma banda norueguesa de metal extremo chamada Gaahls WYRD, formada em 2015 e que está prestes a lançar o seu segundo álbum de estúdio intitulado “Braiding the Stories” em 6 de junho via Season Of Mist.
Eles lançaram há poucos dias o single “Time and Timeless Timeline”, que vai te provar que o Metal e, em especial o metal extremo, está em um nível, hoje, extraordinário tecnicamente e criativamente. Este é, sem dúvida, caso do Gaahls WYRD, como verá e sentirá na música a seguir. O clipe da música foi gravado no Solslottet Studio, em Bergen, Noruega. Produzido por Iver Sandøy & Gaahls WYRD. Mixado e masterizado por Iver Sandøy no Solslottet Studio.
A canção é descrita como “embebida em produção inspirada nos anos 80 e groove oculto, ‘Time and Timeless Timeline’ é um mergulho hipnótico na paisagem onírica surreal que define ‘Braiding the Stories’. Assista como Gaahls WYRD canaliza sua presença sobrenatural em uma performance de estúdio sem filtros que confunde os limites entre ritual e realidade.”
Integram o lineup o vocalista Gaahl, o guitarrista Lust Kilman, o baixista Nekroman e o baterista Spektre.
Siga a banda no Spotify para acompanhar o incrível trampo desses caras:
Faixas:
1. The Dream 2. Braiding the Stories 3. Voices in My Head 4. Time and Timeless Timeline 5. And the Now 6. Through the Veil 7. Visions and Time 8. Root the Will 9. Flowing Starlight
Dino Cazares, (Fear Factory, Asesino, Divine Heresy, Brujeria), propôs aos fãs uma reflexão sobre a Inteligência Artificial em uma postagem no X, onde disse:
“A linha entre humano e máquina está se confundindo. Como podemos navegar pela confiança em um mundo onde os limites entre o real e o artificial não são mais claros? As pessoas se apegaram ou se tornaram dependentes de sistemas de IA e não percebem isso.
Dentro de 10 anos, se a IA se tornar tão poderosa quanto o cérebro humano, provavelmente enfrentaremos um profundo momento de ajuste de contas — e do que significa ser humano. O que você acha disso? Animado, cauteloso, os dois?”
Em uma entrevista para Graspop Metal Meetingno ano passado, Cazares falou sobre o tema, e, embora ele tenha demonstrado otimismo com o avanço da I.A, ele admitiu que essa tecnologia disruptiva poderá promover mudanças significativas, e que isso pode ser assustador:
“Bem, nós meio que sabíamos que coisas assim iriam mudar eventualmente. E espero estar vivo o suficiente para realmente ver androides conosco e ver como isso funciona. Porque usamos a tecnologia há muito tempo para melhorar nossas vidas. Acho que o próximo passo seriam esses pequenos nanorrobôs que eles injetariam no sangue e seriam capazes de combater o câncer e ajudar a limpar o fígado e coisas do tipo. Acho que isso seria o próximo avanço que seria realmente útil para nós, humanos. Mas como a IA e como ela está mudando muitas coisas, isso pode ser realmente assustador. Haverá muitas mudanças chegando e as pessoas precisam estar preparadas para isso.”
O Anthrax é uma das bandas convidadas a participar do show “Back To The Beginning”, que ocorrerá no próximo dia 5 de julho, no Villa Park, em Birmingham. O evento marcará o adeus definitivo de Ozzy Osbourne e do Black Sabbath dos palcos. E esta será, sem dúvida, uma ocasião bastante especial para os integrantes do Anthrax. O Black Sabbath teve grande importância na carreira da banda quando o grupo ainda era apenas uma promessa.
Em 1986, o Anthrax fez uma turnê com o Black Sabbath. Na época, os britânicos divulgavam o álbum “Seventh Star” e esta foi certamente a primeira vez que o Anthrax tocou em arenas para um público realmente grande. Podemos afirmar que esta foi a turnê onde os thrashers novaiorquinos ascenderam ao mainstream.
Cada um dos integrantes do Anthrax fizeram questão de contar sua experiência pessoal com o Black Sabbath e demonstrar todo seu agradecimento e devoção ao icônico quarteto britânico. O baterista Charlie Benante disse o seguinte:
“Sou um grande fã do Black Sabbath, e o Black Sabbath foi muito, muito influente no instrumental do Anthrax naquela época.
Em 1986, quando estávamos trabalhando no nosso terceiro álbum, queríamos fazer um lado B de uma música do Black Sabbath. ‘Sabbath Bloody Sabbath’ foi a música que escolhemos. Fizemos como lado B, tocamos ao vivo e se tornou um grande sucesso para nós.”
Já o guitarrista Scott Ian, relembrou uma passagem engraçada de sua infância envolvendo a banda:
“Crescendo como católico, em uma família católica, minha mãe não gostava do Black Sabbath. Um dia, quando cheguei em casa, minha irmã tinha me levado à loja de discos e comprei uma daquelas camisetas termocolantes do Black Sabbath, era a capa de ‘Sabbath Bloody Sabbath’. Cheguei em casa, minha mãe viu e fez minha irmã me levar de volta à loja para devolver. Ela não a deixou entrar em casa porque tinha o ‘666’ gravado. Eu não devolvi, ainda era fã do Black Sabbath, então tive que escondê-la da minha mãe.
Descobri o Black Sabbath quando tinha uns oito anos, sentado no quarto do meu tio, na casa dos meus avós. Meu tio tinha 17 ou 18 anos, tinha uma grande coleção de vinis e pôsteres de luz negra por todas as paredes, e eu o achava o cara mais legal do mundo. Eu folheava os álbuns dele, pegava uns discos e ele tocava para mim. Lembro-me de pegar um disco que dizia ‘Black Sabbath’, a capa do álbum era meio assustadora, então perguntei a ele ‘o que é Black Sabbath?’. E ele disse: ‘Ah, eles são Acid Rock…’ e eu não sabia o que isso significava… pensei que talvez essa fosse a terminologia naquela época para um gênero. E então ele colocou o álbum para tocar. Todo mundo sabe como aquele disco começa, com os efeitos sonoros, a chuva e o sino, e então a banda começa… não há nada igual. Naquela época, a coisa mais assustadora e pesada que eu já tinha ouvido na vida. Talvez até hoje, quando aquela música ‘Black Sabbath’ começa, não há nada igual. Comecei a tocar violão quando tinha uns 10 anos, e Tony Iommi foi definitivamente uma influência, então eu tentava descobrir como tocar ‘Iron Man’ ou ‘Paranoid’. Só de ouvir os discos, Tony Iommi era basicamente meu professor de violão.”
Anthtax e Tony Iommi em 1986 – Reprodução/Facebook
Joey Belladonna lembra que já fez diversos covers do Black Sabbath assim como de Ozzy Osbourne em carreira solo. O vocalista disse estar muito honrado em participar da despedida da banda:
“Sou definitivamente um grande fã do Sabbath e ao longo dos anos fiz covers de muitas músicas do Black Sabbath e do Ozzy Osbourne.
Fizemos uma turnê com o Sabbath em 86, e foi eletrizante. Foi uma turnê enorme para nós, e ficamos simplesmente maravilhados por fazer parte dela.
É uma grande honra que o Anthrax tenha sido convidado para fazer parte do show ‘Back To The Beginning’ do Sabbath.”
O baixista Frank Bello fez questão de manifestar o quanto foi influenciado por Geezer Butler:
“Ouvi falar do Sabbath através dos meus amigos da escola, que disseram que a banda era ótima. Além disso, achei a capa do álbum assustadora pra caramba.
Embora eu ame a maioria dos álbuns do Black Sabbath, o primeiro, ‘Black Sabbath’, ainda é o meu favorito porque foi a minha introdução a eles, e as músicas continuam incríveis. Também sou um GRANDE fã do Geezer Butler. Cresci ouvindo a forma como ele tocava e agora tenho a honra de dizer que ele é um amigo. O Geezer foi e ainda é uma das minhas principais influências no baixo. Ele sempre coloca uma musicalidade e melodia lindas em tudo o que toca. Suas linhas de baixo fazem você querer tocar baixo. Ele também é uma pessoa incrível.
É uma honra fazer parte deste show e sou muito grato ao Black Sabbath e à Sharon Osbourne por nos convidar para fazer parte dele.”
Já Jon Donais, relembra o seu álbum favorito do Black Sabbath. Ele também conta uma passagem de um momento onde ficava acordado até a madrugada ouvindo músicas da banda:
“Sou absolutamente 100% fã do Black Sabbath. Eu era fã do Ozzy primeiro porque cresci nos anos 80 e, claro, o Ozzy estava na MTV o tempo todo, então foi ele quem eu comecei a curtir. E aí, na minha adolescência, nos anos 90, comecei a curtir o Black Sabbath.
Quando começo a me interessar por uma banda, geralmente pego os maiores sucessos dela ou alguma coletânea. Mas meu primeiro álbum do Black Sabbath foi ‘Sabotage’, que na verdade é meu disco favorito da banda. ‘Sabotage’ era um pouco mais sombrio que os outros, e eu o ouvia do começo ao fim assim que o colocava para tocar. Um grande amigo meu e eu estudamos na mesma faculdade, e ficávamos acordados até as três ou quatro da manhã só ouvindo ‘Sabotage’ e depois tínhamos que acordar para ir à escola no dia seguinte, e isso era uma droga.”
Back To The Beginning
O último show do Black Sabbath e de Ozzy Osbourne contará com nomes inegavelmente grandes na cena. Artistas como Metallica, Guns N’ Roses, Tool, Slayer, Pantera, Gojira, Alice In Chains, Anthrax, Mastodon, Lamb Of God, Rival Sons e Halestorm estarão presentes.
Uma vastidão de músicos também aparecerão para executar jams no decorrer do dia. Entre os confirmados estão Billy Corgan (The Smashing Pumpkins), David Draiman (Disturbed), Duff McKagan & Slash (Guns ‘n Roses), Frank Bello (Anthrax), Fred Durst (Limp Bizkit), Jake E Lee (Ozzy Osbourne, Badlands), Jonathan Davis (Korn), KK Downing (Judas Priest, KK’s Priest), Lzzy Hale (Halestorm), Mike Bordin (Faith No More), Rudy Sarzo (Ozzy Osbourne, Quiet Riot), Sammy Hagar (Van Halen, Monstrose), Scott Ian (Anthrax), Sleep Token II (Sleep Token), Papa V Perpetua (Ghost), Tom Morello (Rage Against The Machine), Andrew Watt, Chad Smith (Red Hot Chilli Peppers), David Ellefson (ex-Megadeth), Vernon Reid (Living Colour), Whitfield Crane (Ugly Kid Joe) assim como Wolfgang Van Halen e Zakk Wylde
A banda grega de Melodic Black/Death/Doom Metal, Gothic Metal, Nightfall, lançou um novo single de seu próximo álbum intitulado “Children of Eve”, que será lançado no dia 2 de maio via Season of Mist.
A faixa “Seeking Revenge” é o terceiro single revelado pela banda e está disponível nas plataformas digitais e em formato de lyric video no Youtube:
“Nosso novo álbum, Children of Eve, nasceu em meio a esses tempos difíceis e sombrios em que vivemos. O artista por trás da capa é Eliran Kantor. Estamos felizes que em breve poderemos compartilhar ainda mais com vocês! A espera está quase acabando…”, declarou a banda.
A banda é formada por Efthimis Karadimas (vocal), Kostas Kyriakopoulos (guitarra), Fotis Benardo (bateria) e Vasiliki Biza (baixo).
Faixas:
1. I Hate 2. The Cannibal 3. Lurking 4. Inside My Head 5. Seeking Revenge 6. For the Expelled Ones 7. The Traders of Anathema 8. With Outlandish Desire to Disobey 9. The Makhaira of the Deceiver 10. Christian Svengali
Perder um vocalista original e consagrado abala profundamente as estruturas de qualquer banda, e assim aconteceu quando Ozzy Osbourne saiu do Black Sabbath em 1989. Mas os demais membros, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward não iriam jogar a tolha facilmente, então eles logo trataram procurar uma nova voz para o Sabbath. Porém, surpreendentemente, quem apresentou Iommi ao futuro vocalista do Black Sabbath, Ronnie James Dio, foi Sharon Osbourne, que se tornaria a futura esposa de Ozzy.
Em uma entrevista à Guitar World, Iommi contou que clássica faixa “Children of the Sea” era uma ideia remanescente da era Ozzy, e explicou como ela foi importante para dar vida à nova formação:
“A ideia de ‘Children of the Sea surgiu antes do Ronnie entrar. Fizemos uma demo com o Oz — e ele colocou uma linha melódica em ‘Children of the Sea’. Mas nunca a utilizamos porque tínhamos nos separado do Ozzy naquele momento.
Então, só tínhamos um pedacinho dela. E aí colocamos um começo em ‘Children of the Sea’, quando o Ronnie chegou e trabalhou no começo. E eu tinha o riff inicial pesado, mas não tinha o começo. Então, trabalhamos no começo e construímos a música quando o Ronnie chegou, na verdade. E isso foi em Los Angeles.”
No outono de 1979, a banda se instalou no Criteria Studios em Miami, com o lendário produtor Martin Birch, o melhor que poderiam ter, como Iommi contou àVintage Guitarem outra entrevista:
“O Martin foi de grande ajuda para mim, em particular, porque eu podia relaxar um pouco tentando me envolver na produção. Então, eu tinha alguém lá que era contratado como produtor. E ele era bom – ele me deu algumas ideias diferentes, e funcionou. Eu tinha um som diferente para aqueles álbuns do que os primeiros do Sabbath – um pouco mais coeso e um pouco mais presente.”
Dio se tornou o principal letrista da banda. Segundo Geezer Butler, em uma entrevista ao SongFacts: “Ele compôs praticamente todas as músicas. Acho que só compus uma ou duas com ele.”
O Savatage está apenas há alguns dias de fazer a sua reestreia ao vivo após mais de 20 anos. Durante todo este período, o grupo se reuniu apenas para uma única apresentação em 2015, no Wacken Open Air, da Alemanha. Para esta nova etapa que está se iniciando, o Brasil foi escolhido para acolher os primeiros shows dos norte americanos. O grupo é uma das atrações do Monsters Of Rock que acontecerá no próximo sábado, 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo, mas também fará uma apresentação solo no Espaço Unimed, segunda feira, dia 21 de abril.
Sem a presença de Jon Oliva (vocalista, tecladista, compositor e membro fundador) se recuperando de problemas de saúde, o Savatage irá chegar ao Brasil basicamente com o mesmo lineup que gravou os álbuns “Dead Winter Dead” (1995) e “Wage Of Magellan” (1997). Zak Stevens será mais uma vez o vocalista, Johnny Lee Middleton (baixo) e Jeff Plate (bateria) comandam a parte rítmica, além de Al Pitrelli e Chris Caffery, que compõe a dupla de guitarristas.
Jeff Plate reflete sobre o que esperar do Savatage em 2025
Em uma nova entrevista concedida a Clay Marshall do Blabbermouth, o baterista Jeff Plate explicou sobre a química existente entre esta formação atual. Ele ainda lembrou que mesmo não tendo gravado tantos álbuns com o Savatage, todos os músicos continuaram trabalhando juntos no Trans-Siberian Orquestra. Veja o que disse Jeff:
“Há algo especial quando esse grupo de caras se reúne para tocar. Ao longo dos anos as formações mudaram, mas Johnny e Jon têm sido os pilares desde que entrei na banda. Como seção rítmica, Johnny e eu nos dávamos bem em qualquer cenário, seja no Savatage ou até mesmo no Trans-Siberian Orquestra. Simplesmente faz sentido e soa bem sempre que tocamos. Para mim, pessoalmente, quando entrei no Savatage, foi tipo, ‘Uau, encontrei um lar. Meu estilo de tocar se encaixa muito bem aqui’, e é por isso que estou nisso há 31 anos.
E agora estou aqui novamente, todos esses anos depois, voltando para a sala e estamos tocando juntos de novo — mesmo que estejamos reaprendendo e reconstruindo muitas dessas músicas, há algo especial ali, e sempre foi assim com essa formação que gravou ‘Dead Winter Dead’: eu, Johnny , Caffery e Al. Obviamente, Jon também fazia parte disso. Quando começamos a turnê pela Europa com a banda de ‘Dead Winter Dead’, foi algo como, ‘Uau — tem algo especial nesta banda’. Isso não desapareceu. Acho que o fato de termos permanecido conectados na Trans-Siberian Orquestra nos manteve unidos e afiados. Provavelmente somos melhores músicos agora do que nunca, e agora estamos aplicando isso a este novo Savatage.”
“Dead Winter Dead” (1995) acabou aumentando a popularidade do Savatage na Europa. Talvez a temática do disco tenha ajudado nisso, já que retrata a Guerra da Bósnia, um assunto presente na mente dos europeus naquela época.
Jeff Plate falou sobre como foi chegar na Europa em meados dos anos 90 e receber uma recepção inegavelmente acima do esperado. Ele também assume que estão revisitando o disco neste retorno para, dessa forma, tocar algumas daquelas músicas ao vivo. Veja:
“Quando chegamos com essa nova formação e esse novo disco, a base de fãs de lá simplesmente adorou. A banda, nós éramos obviamente mais jovens e mais inexperientes, mas quando subimos no palco e tocamos, aquela formação simplesmente arrasou. Foi incrível. O público europeu, quando vai ver um show, quer ver, mas também está ouvindo atentamente, enquanto eu acho que talvez nos Estados Unidos, há uma atmosfera mais de festa em eventos ao vivo. Na Europa, as pessoas levam isso um pouco mais a sério.
Elas estão ouvindo, estão focadas nos músicos. Para mim, sempre senti que as pessoas estão lá menos para ficar bêbadas e se divertir. Elas estão lá para curtir a banda, mas também são muito críticas, então conseguem te manter alerta, quer você goste ou não. O conceito por trás de ‘Dead Winter Dead’ teve muito a ver com tudo isso, porque aquele álbum era sobre algo que estava acontecendo na Europa, então todos sabiam tão bem quanto qualquer um sobre o que o álbum era e o que ele significava.
Revisitando esse disco agora e reaprendendo coisas para os próximos shows, tem muita música boa ali.”
Sobre os motivos que fazem o Savatage romper tantas barreiras linguísticas e ter conseguido se solidificar em mercados difíceis como os da Alemanha, Grécia e Brasil, Jeff Plate refletiu:
“Acho que há uma sinceridade real na música. De ‘The Dungeons Are Calling’ atá ‘Poets And Madmen’, é simplesmente ótima música. Pode não agradar a todos, e tudo bem, mas quando você se senta e ouve esses álbuns — na verdade, qualquer um deles — todos são únicos e originais, e não soam artificiais. Até mesmo a formação de quatro integrantes — havia muitas bandas de Rock de quatro integrantes por aí, mas nenhuma delas soava como o Savatage.
E vou te dizer uma coisa: por que essa banda se conectou — Criss Oliva, um dos guitarristas de Rock/Metal mais singulares de todos os tempos. Havia algo muito real em seu jeito de tocar. Então, Jon Oliva, com sua composição musical — pode-se dizer que é simples, mas há uma emoção muito complexa nisso e realmente se reflete em seus vocais. Não há cantor que soe mais sincero, e há uma sensação de desespero e emoção na voz do Jon, algo que você não pode negar quando ouve.
‘When The Crowds Are Gone’, ‘Believe’ — quer dizer, meu Deus, quando você ouve ‘Believe’ e ouve o Jon cantar, como não se deixar levar por isso? É um cara cantando de coração. O coração dele está sangrando e soa assim no vocal. Não soa falso e acho que é por isso que essa música perdurou, e por isso que as pessoas simplesmente não desistem dela.”
Após 15 anos fora do Dream Theater, o baterista Mike Portnoy retornou à banda em outubro de 2023, após 13 anos fora. Recentemente, o Dream Theater lançou seu novo álbum “Parasomnia”, o primeiro após seu retorno. Refletindo sobre sua decisão de deixar a banda em 2010, Portnoy disse em uma nova entrevista à CBC Radio Onedo Canadá:
“O engraçado é o seguinte. Quando saí do Dream Theater em 2010, saí porque estava esgotado de compor-gravar-turnê, compor-gravar-turnê, compor-gravar-turnê. Era um ciclo sem fim que já durava 25 anos para mim. E eu, sendo o controlador que eu era, supervisionava todos os elementos, não apenas a música, as letras, as melodias e a produção, mas também os produtos, os fã-clubes e tudo mais, o repertório. Então, era tudo abrangente, e eu estava esgotado. A maior ironia é que eu queria dar um tempo e chegamos a um ponto em que acabei saindo da banda porque precisava de um tempo. Mas a maior ironia de todas é que eu saí de lá e formei umas 87 bandas. [Risos]
Nos 13 anos em que estive fora do Dream Theater, fiz — sei lá — 50 ou 60 álbuns com dezenas de bandas e artistas diferentes. Então, a maior ironia é que, de repente, passei de compor-gravar-turnê, compor-gravar-turnê com uma banda para agora fazer isso com uma dúzia de bandas e nunca ter uma pausa. E todo mundo no começo pensava: ‘Ah, achamos que você precisava de uma pausa’. E eu pensava: ‘Bem, talvez eu só precisasse de uma pausa do mundo do Dream Theater’.
Então, fiquei muito inspirado fazendo todos esses álbuns com todos esses outros músicos que eu admirava e amava. E qualquer coisa que minha imaginação pudesse imaginar, eu estava em ótima posição para montar essas bandas. Eu queria formar uma banda com [o então guitarrista do Deep Purple] Steve Morse. Certo. Formei uma banda com Steve Morse. Eu queria formar uma banda com [o Mr. Big] Billy Sheehan e Richie Kotzen. ‘Certo, vamos fazer isso.’ Eu queria fazer algo com [a lenda da guitarra] Tony McAlpine e [o ex-tecladista do Dream Theater] Derek Sherinian, ou fazer um álbum de thrash metal com os caras do Anthrax, Metallica e Megadeth.
Qualquer coisa que minha imaginação pudesse pensar, eu era capaz de fazer todas essas outras coisas com outras pessoas. Então, sim, foi a década mais ocupada e frutífera de toda a minha carreira. E eu era capaz de fazer tantos estilos musicais diferentes. Todo mundo meio que me conhecia como o cara da bateria de cem peças do Dream Theater, mas de repente agora eu estava fazendo rock clássico no estilo do Cream ou [Jimi] Hendrix com o The Winery Dogs, ou fazendo thrash metal com o Metal Allegiance, ou até mesmo fazendo shows de pistoleiros contratados. Eu tinha feito uma turnê inteira com o Avenged Sevenfold. Eu tinha me juntado ao Twisted Sister para sua turnê de despedida… Eu sou a pessoa mais improvável que você poderia imaginar Seria o cara que conseguiria o show com o Twisted Sister para sua turnê de despedida. Mas acho que, na verdade, isso demonstra mais meu gosto eclético. Mesmo tendo feito meu nome com o Dream Theater, fazendo música progressiva no estilo do Dream Theater, ainda sou o maior fã dos Beatles que você já conheceu, sou o maior fã do U2, o maior fã do Jellyfish. Então, sim, eu precisava expandir minhas asas musicais durante aqueles anos.”
Segundo Portnoy, para que sua volta pudesse acontecer, eles tiveram que “aparar as arestas” primeiro, ou seja, consertar o que ficou quebrado no relacionamento pessoal entre eles:
“Bem, o primeiro passo foi consertar os relacionamentos pessoais com os outros quatro caras da banda, porque sei que os magoei quando os deixei, e sempre me senti muito mal por isso. Tomei uma decisão que foi essencialmente muito egoísta, deixar a banda em… Tínhamos acabado de tocar no Madison Square Garden com o Iron Maiden e então, tipo, um mês depois eu saí da banda. Era como se tudo estivesse a todo vapor naquele momento, mas tomei uma decisão egoísta de que precisava coçar uma coceira, ou então teria me arrependido de não ter saído. Adoro essa expressão: ‘é melhor se arrepender de algo que você fez do que de algo que você não fez’, e era mais ou menos onde eu estava. Foi tipo, cara, ‘Se eu não seguir meu coração e tentar outras coisas, vou ficar me perguntando para sempre o que aconteceria se’. Então eu precisava fazer isso.
Mas, respondendo à sua pergunta, voltando, eu precisava consertar os relacionamentos pessoais com todos os caras e me redimir por possivelmente tê-los magoado. E isso aconteceu lentamente. Quer dizer, primeiro eu e John Petrucci começamos a sair socialmente. Nossas famílias são nossas amigas. Nossas esposas costumavam tocar em uma banda juntas. Nossos filhos são amigos. Então começamos a nos reunir nos feriados e a fazer coisas com nossas famílias. E então seguiu o exemplo com Jordan Rudess. Jordan e eu nos reuníamos. E então John Myung mora literalmente no fim do quarteirão onde eu moro na Pensilvânia. Então, os relacionamentos pessoais precisavam ser consertados. E a peça final desse quebra-cabeça foi James LaBrie, porque eu não falava com James há mais de uma década. E ele guardava rancor de mim, e eu tentei me redimir muitas vezes com ele, mas ele simplesmente não estava pronto. E em um No final de 2022, acho que foi. Fui assistir ao Dream Theater em Nova York e pude ver James pessoalmente pela primeira vez, e em um minuto tudo se dissipou. Em um minuto, foram grandes abraços, beijos: “Eu te amo. Sinto sua falta.” E toda aquela besteira que aconteceu por anos, todo o drama imediatamente se dissipou. E foi isso.
Para ser honesto, mesmo naquela época, quando James e eu tínhamos feito as pazes, se alguém me perguntasse: ‘Você acha que voltaria ao Dream Theater ?’, eu diria: ‘É, não sei se apostaria nisso. Não sei.’ E então começaram a surgir esses passos musicais que me fizeram sentir: ‘Ok, talvez isso seja inevitável’. Toquei no álbum solo de John Petrucci e fiz uma turnê com ele. Jordan, eu e John Petrucci fizemos um terceiro álbum do Liquid Tension Experiment, junto com Tony Levin. Então começamos a ter esses passos musicais que me fizeram sentir: ‘Bem, talvez este seja o momento e o lugar’. E estamos todos envelhecendo. Estamos todos na casa dos sessenta e alguns caras já estão na casa dos sessenta. E olhamos para o que aconteceu com o Rush. Eles fizeram sua turnê de 40º aniversário e depois se aposentaram e, cinco anos depois, Neil se foi. Então, coisas assim nos faziam pensar, tipo, quem sabe quanto tempo nos resta aqui — pessoal ou coletivamente como uma banda? E com tudo meio que se encaixando conosco em níveis pessoais e musicais fora do Dream Theater, começamos a sentir: ‘Talvez esta seja a hora’. E fico feliz que tenha acontecido, porque vejo histórias como a de Roger Waters nunca mais voltar ao Pink Floyd ou a de Peter Gabriel nunca mais voltar ao Genesis, e eu sempre temi, tipo, ‘Espero que não seja o caso entre mim e o Dream Theater. Espero que um dia nos reencontremos e cavalguemos juntos rumo ao pôr do sol, como deve ser.’ E é aí que estamos. Aqui estamos.”