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Comaniac – “Instruction For Destruction” (2017)

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Selo: Saol Records

E lá se foram quase dois anos desde que o debut “Return To The Wastelands” me surpreendeu com um Thrash Metal intenso, visceral, técnico e acima de tudo, muito criativo e inspirado. Fiquei espantado logo nas primeiras audições e o Comaniac me parecia ser um daqueles nomes predestinados a figurar entre as grandes revelações do estilo. Para que isso se confirmasse, bastava apenas que a banda mantivesse o nível do disco de estréia em seu próximo trabalho.

Para quem ainda não conhece, o grupo foi formado em 2010 na cidade de Aargau (Suiça), e antes do registro de estréia lançaram duas Demo Tapes (“Cowshed Demo” e “Demo”). Estes lançamentos foram capazes de chamar a atenção de nomes como Coroner, Kreator e Exodus, que chamaram a recém formada banda para excursionar e abrir alguns de seus shows na Europa.

Alguns anos se passaram e eis que o novo disco foi lançado no último dia 7 de abril. O que podemos comprovar não é nada mais do que o esperado, o quarteto suiço começa aqui a se consolidar realmente e “Instruction For Destruction” não apenas mantém a boa impressão do registro anterior, como eleva a musica da banda e os coloca em um patamar diferenciado. A segunda empreitada dos caras é uma viagem que nos leva a conhecer todas as influências do grupo e demonstra uma evolução evidente em relação a musicalidade antes apresentada.

Reprodução/Facebook

Duas mudanças importantes aconteceram no line up da banda e talvez isso tenha contribuído para que a musicalidade apresente novas nuances. O guitarrista Dominic Blum deu lugar ao novato Valentin Mössinger e além dele, o baterista Cédric Iseli foi substituído pelo surpreendente Stefan Häberli. Os riffs poderosos continuam presentes e em abundância, os solos e linhas são extremamente bem encaixados e a parte rítmica ainda destaca a performance do excelente baixista Raymond Weibel.

Se atestamos a existência de novos elementos e direcionamentos, é claro que também está presente aquela pegada seca e cortante já conhecida e responsável pelas inúmeras críticas positivas ao trabalho de estréia. Quase tudo isso é cortesia do vocalista e guitarrista Jonas Schmid, que além de ser um ótimo compositor e letrista, toca muito e tem um estilo vocal único, não tentando soar como Mille, Schmier, Zetro ou qualquer outro influente. Jonas grita e berra, mas faz isso da sua maneira, o que torna as músicas da banda ainda mais únicas e interessantes.

Só pra você se situar. Hoje em dia apareceram tantas bandas de Thrash Metal executando o que chamamos de Thrash old school, que para conseguir se destacar é mais do que necessário exibir qualidades extras e possuir acima de tudo, identidade e atitude. Esses caras são realmente diferentes, pois conseguem fazer uma amálgama muito convincente onde clichês, referências e músicas bem variadas, formem um disco que soa complexo ao mesmo tempo em que é simples e despojado. Essa mistura de elementos faz com que a audição se torne prazerosa, você termina de ouvir e quer imediatamente dar play novamente. Conseguir que um registro que prima pela técnica seja também de fácil assimilação é uma arte que poucos grupos conseguem executar com tamanha precisão, o Comaniac não somente tem sucesso como parece dominar essa habilidade.

“Instruction For Destruction” é composto por 10 composições e pouco mais de 47 minutos de duração, sendo “Shattered” uma introdução. Apesar de todas as músicas cumprirem muito bem o seu papel, gostaria de mencionar “Suborned”, a faixa título “Instruction For Destruction” e “Self Control”. Essas três composições são capazes de resumir de uma forma bem didática a proposta da banda.

Em “Suborned” e na faixa título temos dois momentos opostos, enquanto “Suborned” é uma música direta e agressiva que não chega a bater na casa dos 3 minutos de duração, a faixa título é uma música épica que beira os 7 minutos, é aquele tipo de som pomposo e com um refrão grandioso de fácil assimilação. “Self Control” é caracterizada por não ser uma faixa linear, a parte instrumental se destaca com passagens realmente empolgantes e as mudanças rítmicas acontecem a todo instante. É claro que existem outros destaques, como nas não menos excepcionais “Coal”, “Bow Low” e “Heart Of Stone”, cada uma delas com suas particularidades e minuciosamente acrescentadas ao tracklist do disco para nos brindar com Thrash Metal de alta qualidade.

Em suma, o segundo registro de estúdio do Comaniac não decepciona e mostra uma banda que busca evoluir e olhar para novos horizontes. Apesar de executar um Thrash Metal à moda antiga, acrescentam uma abordagem atual que faz com que sua música não soe datada. Pode ser que ainda não sejam capazes de se equiparar a alguns nomes de maior relevância pertencentes a esta nova safra, mas estão chegando lá. Acrescento que é um dos grupos novos que mais me agrada e acredito demais no potencial dos caras. Recomendo!

Nota:8,7

Formação:

Jonas Schmid (vocal e guitarra)
Valentin Mösslinger (guitarra)
Raymond Weibel (baixo)
Stefan Häberli (bateria)

Faixas:

1. Coal
2. Suborned
3. Bow Low
4. Guarding Ruins
5. How To End It All
6. Self Control
7. Shattered
8. Heart Of Stone
9. Forever More
10. Instruction For Destruction

Redigido por Fabio Reis

Resenha: Testament – “Brotherhood Of The Snake” (2016)

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“Brotherhood Of The Snake” é o novo full lenght do Testament.

2016 foi um ano em que o Thrash Metal apresentou lançamentos de um nível absurdo. Um dos grandes destaques sem dúvidas é a grande fase que as bandas mais antigas e tradicionais vivem. Tivemos Anthrax, Megadeth, Destruction, Sodom, Death Angel e até mesmo o Exumer, apresentando os seus mais novos trabalhos, e que trabalhos! Todos com uma qualidade acima da média e demonstrando que os “velhinhos” ainda tem muita lenha pra queimar, sorte nossa.

Confirmando o bom momento do gênero, o Testament concebeu o conceitual “Brotherhood Of The Snake”. Apesar das declarações dos guitarristas Alex Skolnick e Eric Peterson afirmando que o disco seria uma espécie de “Reign In Blood”, o trabalho equilibra muito a pancadaria desenfreada com doses cavalares de melodia. Assim sendo, a comparação com o clássico do Slayer não se confirmou. Porém, isso não é nenhum demérito. O novo disco do quinteto californiano é certamente um dos melhores álbuns de Thrash do ano, o que não é pouco se somarmos a quantidade de ótimos registros lançados.

TESTAMENT / Line-up 2016 / Acervo

Composições do “Brotherhood of the Snake”

Todas as faixas foram compostas por Peterson e apesar de Chuck Billy ter mencionado que as gravações foram tensas em diversas entrevistas, o resultado final de “Brotherhood Of The Snake” é surpreendente e mostra o velho Testament em uma forma invejável. A formação atual é praticamente uma seleção de músicos gabaritados e do alto escalão da música pesada, houve apenas uma troca de integrantes com relação ao último trabalho e um dos destaques deste novo petardo é justamente relacionado a essa troca. O baixista Greg Christian deu lugar ao monstruoso Steve DiGiorgio, que repete a cozinha insana do álbum “Individual Though Patterns” do Death, com o relógio humano Gene Hoglan nas baquetas.

Essa parte rítmica é tão fantástica que precisaríamos de uma resenha completa apenas pra analisar com precisão o que esses dois caras são capazes de fazer. Se não bastasse, o Testament ainda conta com o talento inquestionável do virtuoso guitarrista Alex Skolnick e a solidez de Eric Peterson, isso sem mencionar que Chuck Billy talvez viva o melhor momento de sua carreira e consegue alternar com precisão todas as suas técnicas vocais.

Destaques do disco

É claro que ter músicos tão espetaculares não é garantia de músicas agradáveis, mas aqui os caras desfilam toda a sua técnica de maneira muito natural e nos presenteiam com faixas matadoras. A veia mais agressiva e visceral é predominante no disco e em faixas como “Centuries Of Suffering”, “Canna Business” e “The Number Game”, o grupo pisa no acelerador sem dó.

Na desenfreada “Stronghold”, a brutalidade é tanta que em alguns momentos, nota-se até mesmo alguns elementos de Death Metal. Ainda temos “Born In A Rut”, “Neptune’s Spear” e principalmente “Seven Seals” (o melhor refrão do trabalho). A cadência aparece para contrastar com a velocidade, já que nessas canções a banda se torna mais maleável. No entanto, a recordação de álbuns como “Practice What You Preach” e “Souls Of Black” é inevitável. Nas faixas “Brotherhood Of The Snake”, “The Pale King” e “Black Jack”, a banda alterna partes ultra velozes e outras bem melódicas, trazendo ao disco uma variedade de ritmos incrível e enriquecendo demais a audição.

Testament / Credit: Stefan Brending

Andy Sneap na produção mais uma vez

A produção ficou mais uma vez a cargo de Andy Sneap e realmente o cara parece saber como atingir as timbragens exatas e equilibrar de maneira perfeita aquela sonoridade mais suja e característica do Thrash, com a limpidez e clareza das produções mais atuais. Como resultado, ficou bem satisfatório e é mais um grande trunfo a ser ressaltado no álbum.

A temática de “Brotherhood Of The Snake” faz menção a uma sociedade secreta (A Irmandade da Serpente) que supostamente existiu a mais de seis mil anos atrás e teve como papel renegar todas as religiões existentes, a Irmandade também é ligada a “reptilianos” e teorias da conspiração envolvendo alienígenas. Quase todas as músicas tem o tema ligado a este assunto, porém não contam uma história sequencial. A arte da capa é do artista Eliran Kantor, assim como aconteceu com a capa de “Dark Roots Of Earth”. Ele é conhecido por seus trabalhos com Hatebreed, Soulfly e Kataklysm.

Mesmo com todos os acertos e pontos acima ressaltados, o novo registro não supera o disco anterior, considerado um novo clássico para muitos, em contrapartida, consegue ao menos se equiparar e não soar uma cópia ou uma sequência óbvia. “Brotherhood Of The Snake” é mais Thrash Metal, mais brutal e mesmo com toda a sua complexidade, é um disco mais simples, direto e cru que “Dark Roots Of Earth”. O Testament mantém o alto padrão dos seus lançamentos e consegue aqui emplacar uma sequência que impõe respeito. Confirmando, dessa forma, o momento grandioso da banda. Em suma, exaltando a capacidade criativa de um estilo que um dia ousaram blasfemar e decretar como morto, mero engano.

Integrantes:

  • Chuck Billy (vocal)
  • Eric Peterson (guitarra)
  • Alex Skolnick (guitarra)
  • Steve DiGiorgio (baixo)
  • Gene Hoglan (bateria)

Faixas:

  • 1.Brotherhood of the Snake
  • 2.The Pale King
  • 3.Stronghold
  • 4.Seven Seals
  • 5.Born in a Rut
  • 6.Centuries of Suffering
  • 7.Neptune’s Spear
  • 8.Black Jack
  • 9.Canna-Business
  • 10.The Number Game

Redigido por Fabio Reis

Mundo Metal é a casa de quem ama Rock e Metal

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Resenha: Anvil – Legal At Last (2020)

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“Legal At Last” é o décimo oitavo full lenght da banda canadense de Heavy Metal, Anvil.

Com mais de quatro décadas de história e dedicação ao Heavy Metal, os canadenses do Anvil lançaram, no dia 14 de fevereiro de 2020, seu full-lenght de número 18, “Legal At Last”. Steve “Lips” Kudlow e Robb Reiner demonstram a cada novo registro que ainda têm muita lenha pra queimar.

Reprodução / Facebook / ANVIL

Início

A canção título inicia o disco em altíssimo astral, já que a pegada Speed/Heavy Metal proporcionada, principalmente, pelo arranjo de bateria de Reiner, eleva o interesse ao nível máximo para o restante da audição. Em seguida, “Nabbed In Nebraska” não acelera o rítimo quanto à anterior. No entanto, mantém o peso em seus riffs. Lips se torna, inegavelmente, um guitarrista melhor a cada novo lançamento.

O refrão de “Chemtrails”, que resgata a pegada da faixa de abertura, é outro tema com altíssima vibe, fechando uma trinca perfeita. Eu não me animava, assim, com uma trinca do Anvil, desde que eles lançaram “Hope In Hell” em 2013.

https://www.youtube.com/watch?v=17u1hj34Ygw

https://www.youtube.com/watch?v=vtUEY7yYT98

A segunda trinca

Logo depois temos “Gasoline”, que´é a minha favorita do álbum. “Gasoline” é daquele tipo de canção mais lenta do Anvil, que sempre funciona. “Forged In Fire”, “Thumbhang”, “This Is Thirteen”, “Hope In Hell” são exemplos que provam o que acabo de afirmar.

“I’m Alive” volta às raízes mais profundas da banda, pois tem uma sonoridade a la “Hard’N’Heavy”. Ela representa o mais puro Rock’N’Roll, sem rótulos, nem firulas.

“Talking To The Wall” encerra a segunda trinca do disco com perfeição. Meio disco já passou e a minha animação não caiu em nenhum instante.

Terceira trinca

O riff de “Glass House” não soa como o Anvil que acostumei a ouvir, pois a produção dos vocais nessa canção a tornam diferente das demais. A banda fez questão de não soar repetitiva em nenhum momento dessa produção, embora eles não tenham trazido nada de absolutamente novo.

“Plastic In Paradise” segue essa mesma receita, se diferenciando das demais, como resultado, tendo sonoridade ímpar dentro do contexto geral. Desse modo, me arrisco a dizer que Lips se encontrou, claramente, como guitarrista solo nesse disco.

A pegada do debut voltou a dar as cartas em “Bottom Line”, encerrando mais um trinca, absolutamente, impecável.

Divulgação / Facebook / ANVIL

Trinca de encerramento

Mais um riff avassalador introduz a rápida “Food For The Vulture”. Robb Reiner gravou a sua melhor bateria nessa canção e estando ele entre precursores do pedal duplo, prova que continua evoluindo ainda que os anos passem.

A faixa “When All’s Been Said And Done” remete a música “Lord Of This World” do Black Sabbath. Lips, certamente, fez isso de forma proposital, como já havia feito na canção “Through with You” do “Hope In Hell”, a qual tem o riff muito semelhante com o do clássico “Smoke On The Water” do Deep Purple. Embora os desavisados possam acreditar que se trata de plágio, não é. Mas sim, é uma menção descarada e maravilhosa. “No Time”, citada como bônus track, fecha a quarta e última trinca e encerra esse ótimo full-lenght do Anvil.

Em suma, para ser bem sincero, não tenho esperado algo impressionante da banda nos últimos anos, talvez por essa razão, as repetidas audições do “Legal At Last” tenham me deixado tão contente.

Indico essa obra, portanto, aos fãs de Anvil e de Heavy Tradicional. Vale à pena conferir.

Nota 8,5

Integrantes:

  • Steve “Lips” Kudlow (vocal e guitarra)
  • Robb Reiner (bateria)
  • Chris Robertson (baixo)

Faixas:

  • 1.Legal At Last
  • 2.Nabbed In Nebraska
  • 3.Chemtrails
  • 4.Gasoline
  • 5.I’m Alive
  • 6.Talking To The Wall
  • 7.Glass House
  • 8.Plastic In Paradise
  • 9.Bottom Line
  • 10.Food For The Vulture
  • 11.When All’s Been Said And Done
  • 12.No Time

Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz

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