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Ratos de Porão: “Dentro do Heavy Metal tem uma pá de f@scistinh@ escondidinho que descobriu hoje que o Ratos de Porão fala de política”, diz Jão

Ratos de Porão: "Dentro do Heavy Metal tem uma pá de f@scistinh@ escondidinho que descobriu hoje que o Ratos de Porão fala de política", diz Jão

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Jão, guitarrista do Ratos de Porão, concedeu uma nova entrevista ao podcast PodPokas e, comentou sobre a abordagem política da banda e expressou sua opinião particular sobre políticos em geral:

“Cara, eu acho que o Ratos sempre veio desse nicho. E assim, obviamente, a política faz parte da vida. Eu não gosto de político. Acho desprezível a forma como a política é feita no Brasil, essa democracia de merda que a gente vive, e sempre viveu.

[Quando] eu comecei a banda, ainda eram os milicos. Depois passei por Collor, a época do Collor foi louca. O cara roubou o país inteiro, tinha vizinho meu que vendeu o caminhão para comprar um mais novo, o cara perdeu a grana e não tinha mais caminhão para trabalhar, e o cara se matou.

Então assim, o Brasil é feito de tragédias. Eu não me vejo… Um cara de que veio de família operária, fazendo uma música que não seja de protesto social de acordo com a visão da minha banda, se as pessoas vão concordar ou não, é outra história. Ainda mais hoje no país que a gente vive que é um país dividido no meio. Só é bom para os bacanas lá, donos de tudo, para o povo é sempre uma merda. E para quem sobra qualquer pica? Não vai sobrar para o multimilionário dono de um monte de empresas, não é esse cara que vai se foder.”

Nos dias atuais, qualquer pessoa é xingada de “nazista” ou fascista” pelo simples fato de discordar, sem que essas pessoas sequer defendam tais ideias. Jão comentou se considera que esses termos são banalizados nos dias de hoje:

“Banalizados não. Mas eu acho que obviamente fugiu do termo original da história, por exemplo, se você pegar o fascismo do Mussolini…

“Eu acho que é uma forma de identificação, porque, porra, é meio complicado você não saber o que é o nazismo, não saber o que é o fascismo. Essas coisas não podem cair no esquecimento para que não se repitam. Essa que é a verdade. É lógico que o formato seria diferente, o nazismo hoje em dia, o que iria acontecer? Os que se fodem são os que sempre se foderam, América Latina, África, não é isso? Ia ser outro formato, eles não iam matar os judeus, eles são os donos da porra toda. [Risos] A Segunda Guerra fez sucesso, sucesso midiático, de tudo. Mas ninguém fala de outros extermínios até maiores. O Leopoldo [II] da Bélgica exterminou muito mais africanos do que o Hitler exterminou judeus, e ninguém fala muito, né?”

Durante um show recente do ratos de Porão no CWB Hall em Curitiba no dia 25 de outubro de 2024, Jão concedeu uma breve entrevista à Amanda Misturini e, indagado se existe algum assunto essencial para ser abordado pela banda em suas letras ou um que eles ainda não abordaram, ele declarou:

“Eu acho que um assunto que ainda não abordamos é difícil, porque o país ao invés de progredir, é um país retrógrado que fica nesse negócio de evangélico… Então a tendência é piorar, porque dentro do Heavy Metal mesmo tem uma pá de fascistinha escondidinho, e que descobriram hoje que o ratos de Porão fala de política. E tem uns que falam que a gente é do sistema, porque nós somos de esquerda, mas cara… Na verdade, o lance de ser de esquerda, é mais uma mentalidade, porque por exemplo, gostar do PT, que tenho várias restrições também, mas nem por isso vou ficar apoiando militar, evangélico e agroboy. Eu não posso fazer isso, e se eu fizer isso eu estarei me contradizendo. Fascista, cara, tem fascista, meu… Nós estamos aqui em Curitiba e aqui é um antro bem bom pra gente falar disso, e a gente ia levar horas falando dessa merda. Fascista tem que tomar chute na boca de coturno!”

Em seguida, assista a entrevista completa de Jão ao PodPokas:

Confira também a entrevista de Jão para Amanda Misturini:

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