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Resenha: 1349 – “The Wolf & The King” (2024)

“The Wolf & The King” é o oitavo full lenght da banda norueguesa de Black Metal, 1349, que saiu no dia 4 de outubro de 2024 pelo selo Season of Mist. O sucessor de “The Infernal Pathway” chegou, portanto, quase cinco anos completos após o seu lançamento. Atualmente, o baixista Seidemann, o vocalista Ravn, o guitarrista Archaon e o baterista Frost compõe o line-up do quarteto, que iniciou suas atividades na cidade de Oslo, em 1997.

Assim como já dissemos na resenha do álbum anterior, “The Infernal Pathway”, o nome 1349 se refere ao ano mais crítico da Peste Negra. Ou seja, a história o registra como o ano mais cruel da pior epidemia que a humanidade tem registro. Porém, se o assunto é Black Metal, 1349 pertence ao grupo de bandas mais competentes dentro do subgênero mais extremo do Metal.

Antes que comecemos a falar sobre o conteúdo musical do regitro em questão, podemos afirmar que, certamente, “The Wolf & The King” vai fazer parte de muitas listas de melhores do ano de 2024 na categoria Black Metal.

1349 – Foto @ Vesa Ranta

Primeira Parte

A intensa canção “The God Devourer”, que também foi single do atual registro, atua como cartão de boas vindas da obra, demonstrando, logo de cara, toda a excelente sonoridade que marca o trabalho do 1349 desde que a banda iniciou sua discografia em 2001. Ainda assim, não podemos deixar de destacar a excelente performance vocal de Ravn, que executa um gutural sombrio, agressivo e nítido. Os criativos riffs e solos de guitarra de Archaon sempre estão em busca da originalidade, enquanto a cozinha do baterista Frost e do baixista Seidemann se encarrega da construção de um alicerce rítmico recheado de mudanças dinâmicas e de contratempos.

Em seguida, é a vez de “Ash of Ages”, a nossa favorita do disco. Essa composição merece todos os predicados que atribuímos a sua antecessora, contudo, elevados ao cubo. Fora isso, “Ash of Ages” tem um refrão viciante que não abandona a mente tão cedo, ainda que seja depois de uma única audição. O Black Metal, inegavelmente, atinge um nível superior nas máos de uma banda como 1349.

“As cinzas dos tempos – Obscurecidas pela poeira”
“As cinzas das eras – Congeladas no tempo”
“As cinzas dos tempos – Os eternos”
“As cinzas das eras – Apagada – Toda a sabedoria secreta perdida”

“As cinzas dos tempos – Obscurecidas pela poeira”
“As cinzas das eras – Congeladas no tempo”
“As cinzas dos séculos – Os eternos”
“As cinzas dos tempos – Imortalizadas em pedra sagrada”

Inicialmente, “Shadow Point”, que também foi single do trabalho, introduz com um dedilhado, dando a impressão que vai ser mais cadenciada. No entanto, ela ganha peso e velocidade em poucos instantes, tornando-se, inclusive, mais acelerada que as anteriores. Ela só não supera a rapidez de “Inferior Pathways”, música que encerra a primeira parte do álbum. Em seu minuto final, “Inferior Pathways” sofre uma metamorfose, que torna a atmosfera da audição ainda mais macabra. Em suma, esse disco oferece prazer absoluto aos fãs de Black Metal e só chegamos a sua metade.

1349 Photo by Dmitry K Valberg

Parte final

O baixo e a bateria fomentam um clima ritualístico na canção “Inner Portal”, o qual permenece mesmo depois da adição da guitarra e da voz, já que combina perfeitamente com a parte lírica da composição. A cada nova faixa dessa audição, podemos saborear um Black Metal, que embora tenha total influência na era old school do subgênero, possui uma produção impecável, isenta de qualquer possibilidade de críticas. Mesmo que haja aqueles que preferem som de colmeia, uma boa produção eleva uma sonoridade que é naturalmente ótima a um patamar superior. Esse é justamente o caso da canção “The Vessel and the Storm”.

Quase na hora da despedida, a música “Obscura” propicia momentos que destacam novamente o elevado nível técnico do baterista Frost. Entretanto, é necessário que deixemos claro que não há virtuoses desnecessárias e que não ofertem exatamente o que a música demanda. Aliás, um dos maiores problemas que podem acontecer com bandas que possuem instrumentistas extremamente técnicos é que a musicalidade pode ficar em segundo plano. Felizmente, esse não é o caso do 1349.

1349 / Divulgação / Metal Archives

Finalizando “The Wolf & The King”, a canção “Fatalist”, que tem variações vocais que a tornam única no registro e, ao mesmo tempo, traz consigo um ambiente cosmicamente e misticamente infernal, nos presenteia com uma temática que ultrapassa os limites da lisergia. Que tal conferir um trecho?

“Sob os vitriólicos brilhos azuis de Saturno
Planeta mais negro, ascenda através desta carne
O menor, o maior, o majestoso e o chifrudo
Réquiem das almas ordenadas pela morte
Sujeito de Marte, tome forma das brasas
Carne para conhecimento, coroa para carne
Sobre os três pilares elementais fundadores
Morte do eu através do renascimento alquímico”

“Lobo para o rei, carne de lobo
Transcendendo o estrato infernal
Em caminhos espagíricos seja conduzido
Para a metamorfose absoluta”

Como mencionamos anteriormente, no início do texto, 1349, novamente, ofereceu aos seus fãs um Black Metal de altíssima qualidade e, por essa razão, deve ser saboreado sem moderação alguma.

Nota: 9,2

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