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Resenha: Archon Angel – “II” (2023)

Reprodução

Após pouco mais de dois anos, o Archon Angel retorna com seu novo álbum de estúdio, “II”. Mas afinal de contas, o que nós achamos deste novo disco da banda? Veja abaixo!

Um ano movimentado para os fãs de Savatage

Podemos afirmar que 2023 foi um ano movimentado quando o assunto em questão são notícias à respeito do Savatage. Sim, estamos falando de um provável retorno às atividades com direito a disco novo e turnê passando pelos principais festivais de Metal do mundo.

E durante esta avalanche de notícias envolvendo a lendaria banda norte americana, temos o lançamento do segundo registro do Archon Angel, novo grupo encabeçado por nada menos que o vocalista Zak Stevens (Savatage e Circle II Circle) e o guitarrista Aldo Lonobile (Edge Of Forever, Secret Sphere e Sweet Oblivion).

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Quando “Fallen”, o disco de estréia, foi disponibilizado em 2020, ficou evidente que tratava-se de muito mais que um mero projeto. O conteúdo musical soou diferenciado o suficiente ao ponto de render reviews favoráveis em diversos sites ao redor do mundo e fazer com que fãs de Zak, do Savatage, do Circle II Circle e, obviamente, amantes da boa música em geral, ficassem na expectativa de mais material inédito da banda.

Não demorou tanto assim e pouco mais de 2 anos, podemos conferir o sucessor de “Fallen”. O novo registro foi batizado apenas de “II” e chegou às lojas no último dia 14 de abril, via Frontiers Records.

Se a maioria dos fãs de Zak estão com a cabeça nas novidades sobre o Savatage, recomendamos fortemente que promovam uma breve pausa nessa ansiedade maluca para conferir a habitual competência do vocalista neste segundo petardo do Archon Angel.

Sequência perfeita!

Seguindo a mesma linha do álbum anterior, porém, incorporando novos elementos e trazendo grandes horizontes prontos para serem desbravados. Este é “II”, é uma viagem somente de ida pelas estradas mágicas do Power Metal norte americano.

Reprodução/Facebook

Devo lembrar o caro amigo leitor que quando utilizamos as palavras “Power Metal” e “Estados Unidos” na mesma frase, não devemos ter em mente o estilo executado por bandas como Helloween, Gamma Ray, Stratovarius, Edguy ou outras da mesma estirpe. Esqueçam as canções felizes e ritmos alegres embalados por bateristas massacrando os bumbos de seus kits, o US Power Metal é praticamente o oposto disso e investe muito mais no peso das guitarras e em andamentos mais contidos, se assemelhando muitas vezes ao Heavy mais tradicional.

O Archon Angel circula justamente por este tipo de estrada, mas com alguns adendos interessantes. O guitarrista Aldo Lonobile, o baixista Nik Mazzucconi, o baterista Marco Lazzarini e o tecladista Alessandro Del Vecchio, todos são de origem italiana. Portanto, pertencentes a escola européia do famigerado “Happy Happy Helloween”. É claro que o estilo de composição de Zak foge completamente dessa linha, porém, com toda uma equipe oriunda daquela região, temos algumas inserções cirúrgicas em momentos absolutamente pontuais que ajudam o disco a transcender para outro patamar.

Reprodução/Youtube

Onde quero chegar? Se você é fã das ex-bandas de Zak Stevens, certamente, vai se apaixonar pelo conteúdo aqui explorado. Se joga de cabeça e aproveita. Mas se não é, talvez este seja o registro capaz de mudar as suas perspectivas.

Início avassalador

Começando a audição nos deparamos com “Wake Of Emptiness”. Ela tem uma introdução ao estilo Savatage, com piano e voz, mas a sonoridade lembra de fato o que Zak fez na época mais prolífera do Circle II Circle.

Já “Avenging The Dragon”, soa mais ao estilo do registro anterior. Cadenciada e pesada, com belas linhas vocais e um refrão poderoso, não deixa dúvida sobre a categoria dos músicos envolvidos. Na sequência, “Fortress” é aquela composição grudenta que martela seu ritmo hipnotizante em nossas cabeças até que, sem perceber, estamos cantando seus versos.

É preciso deixar registrado que esta é uma marca muito forte da banda. No disco de estréia há algumas músicas com este conjunto de características peculiares e isto se repete durante toda a audição de “II”.

Quando parece que entendemos por completo a musicalidade do Archon Angel, a visceral “Quicksand” invade os falantes mostrando que o Power Metal encorpado e melódico também pode pisar no acelerador. Está é a minha favorita do tracklist, tanto por conta da variação de riffs como pela quantidade de energia depositada. “Away From The Sun” mantém o álbum na zona de conforto e repete a cadência e o peso presente em “Avenging The Dragon”, mas com um refrão mais marcante e certeiro.

Mantendo o nível durante toda audição

“Afterburn”, um dos singles previamente disponibilizados, demonstra funcionar muito melhor quando inserida no tracklist do álbum do que quando executada em separado. Pesada e com excelentes linhas, ela faz a ponte para a instigante “I Will Return”, um Heavy Metal pulsante e de primeira linha, além de trazer o melhor refrão do trabalho.

Perto do fim, “One Last Reflection” inicia a trinca derradeira de forma bastante incisiva. Sem poder ser identificada como uma canção cadenciada, mas também sem descambar para a alta velocidade, ela consegue andar no meio fio entre a pura adrenalina e a melancolia controlada. “Shattered” poderia ser uma faixa extremamente comum, mas a habilidade e o bom gosto do guitarrista Aldo Lonobile em tecer belas melodias eleva o nível da mesma.

E para encerrar um disco praticamente perfeito, que tal uma canção fora da caixa? Surpreendentemente, “Lake Of Fire” abandona os clichês do Power e do Heavy Metal e situa-se em algum lugar entre uma Power Ballad e uma canção Pop/Hard do final dos anos 70. Um diferencial é que mesmo contendo este tipo de construção, ela jamais perde o peso. Em alguns momentos me lembrei do Kansas no álbum “Leftoverture”, assim como em outros, nomes como Jethro Tull e Uriah Heep me vieram na mente.

Photo: Joel Barrios

E foi justamente nesta música que Zak deixou para encaixar os famosos coros sobrepostos que viraram marca registrada do músico através de hinos do Savatage como “Chance”, “The Hourglass” e “The Wake Of Magellan”. Final fabuloso!

Mantendo o Power Metal em alta

Mantendo a tradição dos últimos anos, o Power Metal vem se mantendo forte e no topo, apresentando discos não somente repetidores de clichês, mas obras como esta do Archon Angel, onde temos uma receita de bolo diferente da tradicional, incluindo muito espaço para adição de novos e surpreendentes ingredientes.

Se o primeiro trabalho da banda nos deixou com aquela boa e velha satisfação estampada na face, mas ainda deixava dúvidas se deveríamos encarar apenas como um “novo projeto paralelo”, este segundo álbum me parece muito mais conciso e, de fato, com cara de nova banda.

Esperamos que as novas atividades do Savatage não deixem o Archon Angel de molho durante muito tempo. Seria uma pena.

Nota: 9

Integrantes:

Zak Stevens (vocal)
Aldo Lonobile (guitarra)
Nik Mazzucconi (baixo)
Marco Lazzarini (bateria)
Alessandro Del Vecchio (teclado)

Faixas:

  1. Wake of Emptiness
  2. Avenging the Dragon
  3. Fortress
  4. Quicksand
  5. Away from the Sun
  6. Afterburn
  7. I Will Return
  8. One Last Reflection
  9. Shattered
  10. Lake of Fire

Redigido por Fabio Reis

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