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Resenha: Artillery – “X” (2021)

Como o próprio nome já insinua, “X” é o décimo full lenght da banda dinamarquesa de Thrash Metal dinamarquesa, Artillery, que foi lançado no último dia 7 de maio, pelo selo Metal Blade Records, sendo sucessor de “The Face Of Fear”, de 2018 e, ao mesmo tempo, o primeiro sem o guitarrista original Morten Stützer, que faleceu em 2019.

A Kræn Meier coube a missão de substituir Morten e compor a dupla de guitarristas com Michael Stützer. Embora Artillery pertença a uma escola de Thrash Metal menos relevante e fora da América e da Alemanha, podemos sim incluí-los entre os pioneiros do subgênero, já que seu debut, o clássico “Fear Of Tomorrow”, é de 1985.

“The Devil’s Symphony”

Assim que inicia, “The Devil’s Symphony” vem com um arsenal de riffs pesados e velocidade. Enquanto isso, o vocal de Michael Bastholm Dahl se apoia muito mais na técnica e na melodia que na brutalidade, diferentemente do que grande parte dos vocalistas de Thrash. A nova dupla de guitarristas não deixa nada a desejar, sendo igualmente impecável em bases e solos. A cozinha formada pelo baixista Peter Thorslund e o baterista Josua Madsen é precisa, construindo, desse modo, o alicerce seguro para a sonoridade atual do Artillery.

“O que é proibido deve ser o meu caminho / Não devo perdoar, mas ceder à ira / Morda a mão, odeie com prazer / Envolva-me com escuridão, minha roupa é a noite.”

Artillery / Divulgação / Facebook

“In Thrash We Trust”

“In Thrash We Trust” chega, logo após, com mais aceleração e riffs pesados. A voz de Michael conduz o ouvinte através de sua música. Alguns fãs de Thrash Metal abominam vocais mais melodiosos no estilo, porém eu não faço parte desse grupo. Quando Steve Grimmett, vocal vindo da banda de Heavy Metal, Grim Reaper, gravou o álbum “In Search Of Sanity” do Onslaught, muitos fãs da banda odiaram o disco, porém ele é fantástico. Acho espetacular que o Thrash pareça tão elegante quanto Heavy e Power, claro, que vocais mais brutais também me agradam.

“No Thrash, nós confiamos / Apenas um crança / No Thrash, nós confiamos / Você pode, você vai, você deve / No Thrash, nós confiamos / Apenas uma crença / No Thrash, nós confiamos / Você pode, você vai, você deve.”

Fancy Thrash Metal

Imagine se a banda de Hard Rock brasileira, Dr Sin, tocasse Thrash Metal. Imaginou? Então, desenhando na minha mente, o resultado soaria como “Turn Up The Rage”. Ela é sutilmente mais cadenciada que as anteriores, contudo tem estrofes e refrãos espetaculares.

“Devagar, tornando-se outra pessoa / Um rosto nos espelhos / De volta do Inferno / Olhos, que olham e não encontram / Um verdadeiro reconhecimento sem transmissão / Cruz de prata – esqueça essas regras antigas / Cruz de prata – chegou a hora dos tolos

“X”, repleto de sons avassaladores de Thrash Metal

Inclusive, tais dizeres transmitem a idea central de “Silver Cross”, quarta faixa do “X”, álbum que demonstra qualidade tanto em sua parte musical quanto na parte lírica. Por outro lado, o solo de Michael Stützer mostra que o tempo faz com que ele se um guitarrista cada vez melhor.

Os riffs e a bateria de “In Your Mind” denunciam o retorno “a pegada mais acelerada do ínicio do full lenght, canção esse que, aliás, possui um dos refrãos mais grudentos do disco.

Thrash Metal com tempero dinamarquês

“The Ghost Of Me” é a balada do álbum, que é divinamente interpretada por Michael Bastholm Dahl, proporcionando, dessa forma, um sensacional momento Hard Rock em um registro de Thrash Metal. Curiosamente, até o momento, ela entraria em meu TOP 20 de Hard de 2021.

Na sequência, o Hard Rock ficou para trás e deu lugar ao Thrash Metal. Ou seja, “The Force Of Indifference” trouxe a volta da violência sonora na audição. A parte instrumental dessa faixa trás a influência old school do Artillery a tona. Não, ela não é a nova “Time Has Come”, mas é bem interessante de ser ouvida.

A mais forte de todas / É a força da indiferença / Não há força alguma (que supere) / A força da indiferença.”

A letra mais sombria do disco

“Varg I Veum” tem a letra mais sombria do full lenght.

“Eu sei o que te criou / Te fez, te desfez / Você é real? / Você é o portador do caos / Bem aqui, em pele de ovelha / Varg i veum (Varg, o lobo) / varg, profana o altar / Símbolo de uma entidade / Você não se importa / Você não é mesmo real / Mas eu sinto sua presença agora / Pegue minha alma / eu fiz meu arco Varg i veum – varg / Profane o altar / Varg i veum – varg, profanae o altar.”

A trinca de despedida

Em seguida, a canção “Mors Ontologica (The Death of the Spirit)” é um Thrash Metal levemente mais técnico e trabalhado e me fez lembrar da banda suíça Coroner de uma forma bem sútil. Porém é fato que essa composição tem uma veia a mais de complexidade.

“Eternal Night”, por sua vez, tem uma pegada muito mais voltada ao Heavy Metal tradicional, fato que encaixa muito bem com a sonoridade do disco por conta dos vocais e dos solos de guitarra. Como resultado, esses momentos de diversidade sonora foram de muito bom gosto e combinaram absolutamente com a obra.

“Feche os olhos – não precisa ver / Essa escuridão é o que acreditamos / Nós que desistimos da luz / (Estamos na) Noite eterna.”

O décimo álbum do Artillery, “X”, encerra com a pesada e rápida “Beggars In Black Suits”, a qual trás de volta os ingredientes de suas primeiras canções. Eu até separei um trecho da letra, a fim de fazer um questionamento. A letra se refere a pastores religiosos, a políticos ou a ambos? Responda dentro de sua mente.

“Mendigos em ternos pretos / Tiram tudo de você / Mendigos em ternos pretos / Comandam tudo o você deve fazer / Mendigos em ternos pretos / Tiram tudo de você / Mendigos em ternos pretos / Comandam tudo o você deve fazer.”

O saldo positivo de “X” foi superior ao seu antecessor, “The Face Of Fear”. Seria um erro esperar um novo “Fear Of Tomorrow” ou um “By Inheritance”, porém o Artillery provou que ainda está em pé e com lenha para queimar. Disco aprovado e indicado, portanto, a fãs de Thrash Metal que são mente aberta.

“A mais forte de todas / É a força da indiferença / Não há força alguma (que supere) / A força da indiferença.”

Nota: 8,8

Integrantes:

Faixas:

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