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Resenha : Ashes of Ares – “Emperors and Fools (2022)

Rock Of Angels Records



Se aproximando dos seus dez anos de existência, o projeto Ashes of Ares tem trazido alguns dos registros de Metal mais sólidos dos últimos anos. Formada no ano de 2013 por dois ex–membros do Iced Earth, Matt Barlow (vocal) e Freddie Vidales (baixo e guitarra), a banda traz uma sonoridade que mescla Power e Progressive Metal de maneira simplesmente espetacular. Porém, podemos afirmar que, de forma geral e mais precisa, se trata basicamente de um Heavy/Power Metal potente e certeiro, com alguns momentos de dualidade e versatilidade instrumental, que nada mais são, do que características essenciais em registros mais progressivos.

Rock of Angels Records / Divulgação

Para os amantes do Iced Earth, a potência vocal arrasadora do Sr. Matt Barlow é conhecida há mais de 25 anos, tendo sido a voz incansável presente nos quatro maiores clássicos da banda, e o primeiríssimo e aclamado registro ao vivo da mesma. Mas para alguns, é desconhecido o talento e versatilidade do Sr. Freddie Vidales, responsável pelas estrondosas linhas de baixo e o impecável trabalho de guitarra, nos três álbuns de estúdio do Ashes of Ares, uma verdadeira força da natureza e imprescindível alicerce da sonoridade do duo. Apesar de não fazer mais parte da banda oficialmente, temos mais uma vez o habilidoso baterista Van Williams (ex-Nevermore) prestando seus serviços, e como de costume, entrega um verdadeiro show a parte no instrumental da mesma. É nítido como alguns bateristas do gênero, simplesmente elevam a sonoridade de suas bandas para um nível altíssimo, Van Williams tem esse dom.

Ashes of Ares/divulgação

Sem mais delongas, nossos olhos voltam então para “Emperors And Fools”, lançado no dia 21 de janeiro via Rock of Angels Records, sendo o terceiro álbum de estúdio do Ashes of Ares, fechando uma trinca de Ases de respeito e muita proficiência, trazendo mais uma vez, um Power sombrio e dualístico cheio de personalidade. Devo destacar um fator primordial sobre esse disco, sua produção de forma geral, que inclui mixagem e masterização de som, é simplesmente perfeita, tudo no registro soa extremamente cristalino e nítido, do timbre intimidador e robusto das guitarras, passando pelas personas vocais de Matt Barlow, até a verdadeira tempestade sonora promovida por Van Willians é impecável aqui, cortesia do produtor e engenheiro de som, Byron Filson, conhecido por trabalhar com bandas, que possuem sonoridades e propostas um pouco “fora da caixa”, como Vektor (Thrash Metal)e Agnostic Front(Hardcore/Crossover Thrash).




Mantendo a tradição de seu antecessor, o disco abre com a instrumental “A City in Decay”, que se assemelha muito a trilha sonora de um filme de grande orçamento hollywoodiano, créditos ao tecladista Jonah Weingarten, ex-parceiro de Matt Barlow no projeto Pyramaze. “I Am The Night” da o pontapé inicial na devastação sonora, e já podemos ouvir os primeiros riffs mordazes e contemplar o timbre de guitarra absurdo que foi apresentado aqui, Freddie Vidales brilha forte em todo registro e Matt Barlow, por sua vez, não fica atrás, transitando pelas múltiplas personalidades diferentes que seu barítono maléfico possui. Caso o titulo da faixa não tenha sido suficiente, “I Am The Night” faz referencia a um dos personagens mais antigos e conhecidos dos quadrinhos e do cinema mundial, seu símbolo de justiça e sua história são contados em breves trechos da faixa.

“Todos aqueles contra mim
Podem ver seu reflexo
A escuridão eu me tornei

Este manto, malevolência
Entregando a verdadeira vingança
Para aqueles que deixariam seu filho órfão.”



Em “Our Last Sunrise”, fica evidenciado o quão fundamental o trabalho de Van Willians na bateria se tornou. Este Power Metal sombrio e explosivo que o grupo faz deve bastante a essa forma inclemente e poderosa como o baterista conduz o ritmo nas faixas mais agressivas.

“A escrita na parede está pintada com o medo da humanidade Agora voltamos à raiva primitiva A queda da sociedade está aqui.”

Seguindo com a audição, temos aqueles momentos de breve dualidade sonora, e o ritmo é desacelerado bruscamente, em uma introdução acústica serena bem enganosa, pois no minuto seguinte, o nível de intensidade é retomado com força. Pode parecer fatigante enaltecer um musico já consagrado nesse meio, mas, é realmente cativante como a voz de Matt Barlow transita por essas abordagens tão distintas de maneira muito eficiente, e a faixa “Primed” traz uma pequena comprovação disso.



Matt Barlow/reprodução

Chegamos então em um dos momentos favoritos deste que vos escreve, em “Where God Fears To Go” toda a octanagem guardada até aqui é liberada com força numa faixa recheada de riffs grudentos com uma pegada Heavy incansável, muito mais sucinta e pesada, guiada pela performance de Barlow alcançando agudos estridentes. Todo esse arsenal de batalha é posto em ação em uma composição lírica muito ambígua e interessante, em vários momentos, é possível tirar uma interpretação diferente da inicial, aparentemente a faixa se trata de jovens mineradores em sua jornada exaustiva e angustiante, colhendo fortunas jamais vistas por eles mesmos e se afastando cada vez mais da luz do sol. Essa é a premissa superficial e direta, porém, no decorrer da faixa, alguns significados mais profundos podem ser internalizados pelo ouvinte.


“Passo a passo mais longe de casa
Centímetro a centímetro mais perto do inferno
Abaixo neste buraco onde Deus teme ir
Ele não pode nos salvar
Nós oramos para um novo Deus abaixo”

Mostrando mais uma vez como a construção do tracklist é impecável, temos a magistral “Emperors And Fools”, faixa titulo, que narra de maneira mais ampla e metafórica, o que é mostrado na arte da capa do mesmo, criada pelo artista Kamil Pietruczynik . Estamos sempre entre reis e peões, imperadores e idiotas, ditando o rumo das coisas de maneira arbitrária, aqueles que sabem que conhecimento é poder e nos deixam na escuridão. Uma faixa com uma mensagem poderosa destinada a qualquer época da humanidade.



Reprodução / Facebook

Em “Be My Blade”, primeiro single liberado em novembro do ano passado, fica bem difícil não fazer algumas comparações com os tempos áureos de Matt Barlow no Iced Earth. É uma faixa muito boa, direta e grandiosa, cumpre o seu papel para manter o alto nível da audição.

“What Tomorrow Will Bring” é uma das mais empolgantes do registro, desde seus primeiros acordes iniciais serenos até explodir em peso novamente. A maneira concisa como a bateria de Van Willians cria uma verdadeira união simbionte com os riffs de Freddie Vidales é um dos aspectos mais cativantes. Considerando que o Sr.Vidales é responsável pelo pulsar constante das linhas de baixo e pelos potentes riffs apresentados, isso torna a parceria ainda mais impressionante.

Reprodução / Facebook


Sem perder um pingo de estâmina, “The Iron Throne” retoma para o épico de forma absurdamente empolgante, com um andamento cheio de variações sinistras e novamente o instrumental mantém o nível, alicerçando todo o contingente de batalha, para que Matt Barlow possa incorporar o lado Rob Halford de sua persona vocal, alcançando agudos impressionantes.

“Nenhum deles é jovem ou velho demais para sacrificar
Todo reino paga seu preço
Não confie em pai nem em seu filho
A traição vem em todas as formas”



Voltamos então para os breves momentos de calmaria, em “Gone”, temos uma sonoridade que flerta bastante com o Hard Rock atual, quase uma power ballad muito distinta e agridoce, algo que se encaixaria facilmente em um álbum do Iced Earth.

Chegando nos momentos derradeiros do registro, temos “Throne of Iniquity”, uma das primeiras faixas apresentadas ainda em forma EP, trazendo no material bônus, um cover do clássico “Dust in The Wind” do Kansas, em dezembro do ano passado. Curiosamente fica aquela sensação de estar escutando uma ramificação da faixa anterior, o que é basicamente isso mesmo, o álbum mantém uma coerência sonora intrigante, muito bem construída e redonda, que apesar de fórmula não se torna repetitivo, principalmente considerando que o mérito está justamente na sonoridade tão prazerosa de se escutar, graças a produção e execução espetaculares.

E por fim, e talvez o mais importante e esperado momento do registro, temos a aliança de forças num dueto espetacular entre Matt Barlow e Tim “Ripper” Owens na faixa “Monster´s Lament”, um épico grandioso e introspectivo de quase 12 minutos duração, que narra uma conversa entre aparentemente dois amigos, conhecidos há anos, e as coisas acabam por tomar rumos estranhos, entre magoas passadas e atos imperdoáveis cometidos, uma aparente busca por redenção e compreensão, e quanto mais se escuta mais imerso nesta historia o ouvinte fica, tudo isso com a melhor trilha sonora possível, com momentos de amargor, melancolia e fúria impetuosa, reproduzidos de maneira minuciosa no instrumental. Os momentos em que Tim Owens divide os vocais com Barlow, tanto quanto seus momentos solo, é algo estarrecedor, uma faixa que merece ser apresentada ao vivo, por ambos.



Tim Owens/reprodução

Na época em que foi divulgado a parceria, Matt Barlow comentou sobre as nuances da composição:


” Tim faz música para viver. Então pensamos que poderia ser legal. Estamos falando sobre fazer uma colaboração há algum tempo. Parecia o momento certo porque poderíamos realmente pagá-lo como músico. E fizemos isso para alguns músicos que fizeram participações especiais.




Barlow continuou:


“Nós apenas pensamos que isso era uma boa ideia.Esta era uma música que Freddie (Vidales) teve por um tempo, ele escreveu a letra para ela. Ele tinha o conceito, essa ideia de uma coisa do tipo dueto. É um dueto, mas não realmente. Quero dizer, é, mas são dois personagens separados, Tim e eu estamos interpretando dois personagens separados. E é bastante longo, mas é muito legal também. Tem as partes de rasgar a cara e depois coisas mais suaves e meio que voltando para o inicio. Tem mais de 11 minutos.”




” Freddie tinha letras, mas ele não tinha necessariamente as melodias vocais, então eu trabalhei as melodias. E então as coisas que eu trabalhei, eu trabalhei para Tim e eu e então entreguei para ele . Mas eu não o segurei em restrições ,eu não disse, ‘Ei, cara, use isso tipo de voz’ ou ‘Faça isso’. Eu só queria que ele fizesse o Tim . O que quer que o tenha atingido do jeito que o atingiu e meio que seguindo pelo menos o modelo e permanecendo dentro de certos limites, mas deixando-o ser ele mesmo. E acho que isso realmente funcionou. de fazer algo quase ponto-contraponto ao que ele está fazendo .está fazendo Matt , e espero que atinja as pessoas da maneira certa que estávamos tentando criar algo que estava fluindo e refluindo. Não estamos competindo uns contra os outros. Estamos tecendo isso para que seja uma música coesa com diferentes personagens envolvidos. Então, espero que as pessoas curtam.”

Fica então evidente que “Emperors and Fools” é um registro potente e coeso, e não se deixe levar pelos critérios estabelecidos para rotular as bandas em determinados gêneros, caro leitor. Existe uma nuance sombria na sonoridade do Ashes of Ares, independente de ser Power Metal ou Progressive Power Metal, muito disso se deve ao barítono inclemente de Matt Barlow, que sempre casou muito melhor no território mais nefasto. A banda fecha sua primeira trinca de maneira muito consistente e satisfatória, e ainda pode concorrer no pódio nos melhores do ano, sem dúvida.

Nota: 8,5



Integrantes:

  • Matt Barlow (vocal)
  • Freddie Vidales (guitarras, baixo)

Músicos convidados:

  • Van Williams (bateria em todas as faixas)
  • Jonah Weingarten (teclado na faixa intro)
  • Wiley Arnett (solo na faixa “The Iron Throne”)
  • Charlie Mark (solo na faixa “The Iron Throne” )
  • Bill Hudson (solo na faixa “Monster’s Lament” )
  • Tim “Ripper” Owens (vocais na faixa “Monster’s Lament”)
  • Brian Trainor (teclado na faixa “Monster’s Lament”)

Faixas:



  1. A City In Decay (intro)
  2. I Am The Night
  3. Our Last Sunrise
  4. Primed
  5. Where God Fears To Go
  6. Emperors And Fools
  7. By My Blade
  8. What Tomorrow Will Bring
  9. The Iron Throne
  10. Gone
  11. Throne Of Iniquity
  12. Monster’s Lament (feat.Tim “Ripper Owens)

Redigido por: Giovanne Vaz

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