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Resenha: Doro – “Triumph and Agony – Live” (2021)

Doro - “Triumph and Agony – Live”

Doro - “Triumph and Agony – Live” (Gravadora: Rare Diamonds)

Quase trinta e cinco anos se passaram desde que os alemães do WARLOCK, grupo liderado pela bela Doro Pesch, lançou “Triumph and Agony”, quarto e último registro do quinteto e, particularmente falando, um dos melhores discos de Heavy Metal, bem como um dos grandes trabalhos lançados na metade dos anos 80.

Bem recebido e aclamado, “Triumph and Agony” é um daqueles registros perfeitos em todos os sentidos, pois apresenta a mesma fórmula dos trabalhos anteriores, e todos eles de excelentes qualidades, diga-se de passagem.

Lançado oficialmente em 29 de setembro de 1987, e contendo 10 faixas distribuídas em pouco mais de 39 minutos de duração, o álbum apresenta canções geniais que ficaram marcadas na carreira da cantora, visto que o Warlock encerraria as atividades após o lançamento do mesmo.

Apesar de somente duas canções terem sido singles, “All We Are” e “Für Immer”, outras músicas também despontaram, e foram aclamadas, principalmente, nas apresentações ao vivo da carreira solo da artista. Faixas como “I Rule The Ruins”, “Make Time For Love”, “Metal Tango” e “Touch Of Evil” (não confundir com a música de mesmo título gravada pelos britânicos do Judas Priest), fizeram e ainda fazem a cabeça dos fãs do Warlock e também da carreira solo da Rainha do Metal.

Por motivos óbvios, Doro sempre incluiu músicas de sua época de Warlock em seus shows ao vivo. Músicas estas que sempre foram o ponto alto de suas apresentações, tendo inclusive os fãs cantando em uníssono seus refrãos.

Em entrevistas concedidas, ela admite que “sempre foi um sonho tocar o álbum ao vivo na íntegra”, e finalmente isso aconteceu.

Para celebrar os trinta e cinco anos de seu lançamento, “Triumph and Agony (Live)” acaba de ser lançado apresentando as mesmas 10 faixas presentes em sua versão original, diferenciando apenas a ordem das músicas.

As gravações do disco, que também será lançado nas versões Blu-ray, DVD, Vinil e Cassete, além de um Box especial, aconteceram no famoso Sweden Rock Festival, numa apresentação primorosa onde a banda apresenta as 10 canções, distribuídas em pouco mais de 50 minutos de duração e Doro Pesch, mostrando por quê ainda deve ser considerada Rainha do Rock/Metal de todos os tempos.

Antes, porém, é preciso apontar para a produção espetacular deste trabalho, bem como a edição, mixagem e masterização, que sem dúvidas é uma das cerejas do bolo, deste belíssimo e obrigatório registro.

Nota: A resenha supracitada foi feita através do DVD e não do CD, como de costume.

Trazendo em seu line up: Doro Pesch (vocais), Bas Maas (guitarras), Tommy Bolan (guitarras), Luca Princiotta (guitarras, teclados), Nick Douglas (baixo, teclados) e Johnny Dee (bateria), o show tem início com a magistral “Touch Of Evil”, precedida de sua “Intro”, com a belíssima Doro adentrando ao palco com sua voz poderosa, berrando o refrão espetacular desta que em minha humilde opinião, é umas das melhores (senão a melhor) músicas do Warlock. E como é bom ver Doro Pesch no auge de seus 57 anos, comandando uma banda absurdamente técnica, pesada e claramente feliz com o que está fazendo. Também é notório que os anos trouxeram não apenas maturidade, como também foram responsáveis por limitar um pouco seus vocais e isso fica evidente nos tons mais altos, onde ela não consegue mais atingir. Ruim? Claro que não! Este é apenas um detalhe que ela tratou de resolver. Ao invés dos tons inatingíveis, ela domina o alcance dos tons evitando assim as derrapadas e desafinações.

Como sempre fora, “Touch Of Evil” continua sendo perfeita, pesada e grudenta, tal qual era 35 anos atrás, quando Doro tinha apenas 23 anos de idade.

Como é de costume dizer: Excelente faixa de abertura!

A entrada com “Touch Of Evil” não poderia ser melhor, e dar sequência com “I Rule The Ruin”, é motivo para acabar com o coração peludo dos “ogros mais sensíveis” (sou um deles). Os riffs de guitarras em seu início já são mais que suficientes para fazer até o mais tímido dos headbangers bater cabeça sem parar. Não bastasse a excelência da música em si, ao vivo foi incorporado uma dose extra de peso e o resultado é no mínimo magistral.

Como de costume, esse é o momento onde a rainha brinca e interage com o público que responde à altura suas ordens (quem ousa desobedecer?). Transpirando felicidade e com a plateia em suas mãos, Doro parece não acreditar na forma com a qual fora recepcionada. O resultado? Uma aula de riffs onde banda e público interagem numa canção conduzida com maestria por músicos espetaculares e uma vocalista que é um exemplo a ser seguido. Pra coroar o momento, uma coreografia à la Accept e Judas Priest, onde a Rainha também participa.

Numa palavra: Sensacional.

Sem tempo para respirar (quem se importa com isso nessas horas?), “East Meets West” é o próximo ataque sonoro (e que ataque). Com seu estilo a la Accept, Saxon e Judas Priest, temos aqui uma versão mais pesada que a versão em estúdio e isso é possível graças aos riffs das guitarras cortantes comandadas pelo trio Maas (Bas), Bolan (Tommy) e Princiotta (Luca), num verdadeiro ataque sonoro. Em um dos momentos mais belos do show, Doro é carregada nos ombros do guitarrista Tommy Bolan, enquanto o resto da banda forma a linha de ataque e se diverte com a cena, para delírio do público.

E já que falei de “ataque”, é justamente isso que acontece em “Three Minute Warning”, uma das músicas mais pesadas e mais Heavy Metal do álbum. Com seu estilo rápido, pesado e agressivo, direi que esta é daquelas composições que flertam também com o Power e o Speed Metal. Sim! O público simplesmente vai ao delírio (mais uma vez). Destaque para a dupla Johnny Dee e Nick Douglas, baterista e baixista, respectivamente, responsáveis pela dose extra de peso e agressividade incorporada à música.

Em mais um momento grandioso, “Kiss Of The Death” comanda o espetáculo, com suas melodias grudentas e cara de power ballad, embora suas harmonias fujam do termo supracitado, já que sua construção rítmica muda no decorrer de seus quatro minutos de duração. Aqui, mais um momento grandioso do show.

Hora de tirar o pé do acelerador e mergulhar em algo mais brando, sutil e menos pesado. Entram em cena os acordes belíssimos de “Für Immer”, uma das mais belas canções gravadas pelo Warlock. Dona de melodia cativante e refrão simples, a música que tem sua letra em alemão fala de uma jura de amor e a promessa de permanecerem juntos, não importando o que irá acontecer. Aqui, aquele momento onde o público simplesmente se entrega às melodias, canta o refrão e dá aquele show à parte. Destaques para Luca Princiotta (teclados) e Tommy Bolan, responsável pelas guitarras excepcionais em um dos momentos mais belos do show.

Lencinhos e isqueiros guardados, pois, é hora de chutar traseiros e a trilha sonora para tal ato é “Cold Cold World”, faixa que honestamente sempre achei a mais fraca do disco (até hoje), porém ao vivo ela tornou-se bem mais pesada, apresentando inclusive riffs de guitarras que nos remetem ao grande Blackie Lawless do W.A.S.P, embora tenhamos aqui uma música mais voltada ao Heavy Metal, propriamente dito, com uma boa dose de peso extra.

A verdade precisa ser dita: Que música espetacular.

Sabe os lencinhos e os isqueiros guardados à pouco? Pegue-os de volta, você vai precisar. Hora de se “apaixonar” sob os acordes de “Make Time For Love”, uma das mais belas baladas/power ballads de todos os tempos (opinião pessoal).

Conduzidos pelos vocais roucos da Rainha Doro, somos conduzidos às melodias cativantes de uma canção cujo refrão gruda de imediato e faz com que sejamos obrigados a usar a tecla “Repeat” por inúmeras vezes. Sempre gostei da atmosfera dessa canção e aqui ela simplesmente conseguiu me encantar ainda mais. Que música linda e que performance espetacular.

Preciso dizer que o público simplesmente se rendeu à Rainha?

Destaques mais uma vez para as guitarras de Mr. Tommy Bolan. Não seria exagero dizer que seu solo (genial) nos remete a Wolf Hoffmann (Accept) executando a grandiosa “Amamos La Vida” do álbum “Objection Overruled”.

De volta aos riffs e ao peso, “Metal Tango” é mais uma daquelas músicas perfeitas para cantar a todo pulmão, principalmente em seu refrão. Em sua versão ao vivo, ela ganhou riffs afiados de guitarra e backings vocals que lembram Accept, principalmente na parte dos coros. Claro que estamos diante uma daquelas músicas onde o público precisa se envolver e é exatamente isso que acontece. Curta, porém precisa e empolgante, “Metal Tango” é sem dúvidas um dos hinos do saudoso Warlock.

* Abrindo um parêntese: Apesar da resposta e receptividade do público presente, ainda acho que caso um show desses acontecesse aqui no Brasil, certamente a resposta seria outra já que os fãs brasileiros são mais interativos e costumam cantar até “solos”, fato esses que deixa os artistas surpresos (e com razão).

Com fôlego para mais umas duas horas de show e sem mostrar cansaço, já que a alegria estampada em seu rosto mostra exatamente isso, Doro encabeça o coro da excelente “All We Are”, e como de costume, o público aparece como a cereja do bolo, já que seu refrão, fácil e simples, é um convite para cantar junto (e assim o fazem), encerrando de forma brilhante esta grande apresentação.

“É tão emocionante ouvir as versões ao vivo das músicas clássicas. Eles capturam ainda mais magia agora. Quando vejo os fãs nos shows e os ouço gritar e cantar junto, eu sei para que vivo” (Doro Pesch).

Algumas observações acerca de Doro e do álbum:

N do R: Se em algum momento alguém teve ou tem dúvidas de que “Triumph and Agony” é um disco excepcional, aconselho que reveja seus conceitos e ouça com a devida atenção a genialidade musical de um trabalho que no meu ponto de vista, é um dos clássicos do Heavy Metal Oitentista.

Sem o Warlock na ativa, é preciso desejar longos anos de vida a Doro Pesch, a bela e grande Rainha do Heavy Metal que conduziu sua carreira e fez sucesso em um movimento “machista” (segundo a galerinha sem nenhum talento), mas que nunca usou subterfúgios ou argumentos pífios como pretexto para ser vista e/ou venerada. Ao invés disso, ela preferiu fazer boa música.

Nota 9,8

Integrantes:

Faixas:

  1. Legacy (Intro)
  2. Touch Of Evil
  3. I Rule The Ruins
  4. East Meets West
  5. Three Minute Warning
  6. Kiss Of Death
  7. Für Immer
  8. Cold, Cold World
  9. Make Time For Love
  10. Metal Tango
  11. All We Are
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