A banda de Heavy Metal, Fifth Angel, lançou o álbum “When Angels Kill”.
Sejamos francos com nós mesmos, afinal de contas, o Heavy Metal possui grandes iguarias reunidas em seu passado e também nos tempos atuais. Basta acessar o site Mundo Metal para descobrir boa parte delas e, juntamente conosco, poder aprender e desvendar novos e antigos mistérios da boa “múzga” para o nosso deleite como fã e ouvinte de música pesada.
Direto de Bellevue, Washington, os norte-americanos do Fifth Angel adentraram ao mundo da música galopante e repleta de palhetadas em meados de 1984. Seus dois principais trabalhos de estúdio, sendo o autointitulado, de 1986, e “Time Will Tell” (1989), fizeram da banda uma das detentoras do selo cult de qualidade, pertencente à era mágica do Metal.
Consequentemente, antes mesmo da virada para a década de 90, o Fifth Angel encerrou suas atividades, assim como ocorreu com grande parte das bandas de sua época. Afinal, a concorrência era muito grande e quem não conseguia um lugar ao sol através de algum selo importante, estaria praticamente à deriva.
O renascer sob as asas do anjo metálico
Desde então, quem apreciava o som dos caras passou a sonhar com uma possível volta da banda, o que de fato não era nada certo. Somente em 2010 a banda reapareceu, mas foi preciso guardar os fogos de artifício por mais sete anos, até que… Finalmente, em 2017, aconteceu o tão aguardado retorno e de quebra com um álbum novo na praça. “The Third Secret”, assim como o próprio nome sugere, veio para fechar a tão esperada trinca de álbuns de estúdio da banda, embora a mesma também possuísse em seu cardápio musical dois split albums e o seu primeiro registro oficial, a demo de 1985.
Só para ilustrar, os músicos se reuniram para tocar no festival Keep It True 2010 em Lauda-Koenigshofen, Alemanha. Então, novamente em 2017, desta vez também para um show em Seattle, EUA.
O terceiro álbum chamou a atenção dos adeptos de longa data do estilo e também da banda, contribuindo para a divulgação do disco. O resultado foi bastante promissor e a banda seguiu adiante, mesmo que tenha causado certa desconfiança por conta do tempo passado desde o lançamento do álbum mais recente, em 2018.
Ainda assim, houve tempo hábil para planejar seu sucessor, e essa data chegou com “When Angels Kill”, sendo lançado via Nuclear Blast no dia 16 de junho.
Sobre o novo álbum
Com quase 1 hora e 10 minutos de duração, distribuída em 14 faixas, o álbum apresenta dois músicos convidados para ajudar a abrilhantar a obra. Será que conseguiram? Surpreendentemente, existem pistas de que sim! Mas, então? Me conta aí! Se assustou com a quantidade e a duração total das faixas? Embora isso cause certo espanto, vamos juntos ver como funciona essa engrenagem de peças adicionais.
Assim sendo, te convido para embarcar nessa viagem que poderá ser alucinante, seja para mais ou para menos. Acha que vale o risco? Então, vamos nessa!
A descida até a escuridão para ver quando os anjos matam
A fim de desvendar por completo todo esse novo livro de escritas elétricas, que passam por toda a extensão do Heavy Metal, a história começa com a intro “Descent Into Darkness”. Ademais, é bom ressaltar que seu desenvolvimento é encarado como uma canção normal, ou seja, possui seu início contido, e que alavanca em uma distribuição de novas agudas e percussivas, com o intuito de servir de embrião para um dos principais singles do disco. A breve narrativa inicial contempla os tempos atuais e futuros, envolvendo um misto de mitologia com tecnologia avançada.
Certamente, estamos falando de “When Angels Kill”, faixa que ganhou um videoclipe muito bem elaborado e executado. Assim, oferecendo maior poder ofensivo aos ouvidos do headbanger ávido por novas composições.
As guitarras ecoam como chamados de trombetas para um violento ataque sob as asas de um anjo, que por sua vez, rasga os céus e transforma tudo à sua volta através das chamas do destino. O ritmo e a timbragem da bateria anuncia os passos galopantes das criaturas em sua vibrante ofensiva contra o primogênitos de posto maior.
“Há silêncio nos céus, e os céus acima são de bronze,
A violência de todo o inferno foi libertada,
Na neblina as estrelas escurecem, não há luz nesta terra,
Esconda sua alma, a loucura está próxima”
Com o propósito de carregar a tocha de suas tradições sonoras, os solos revelam as forças destes seres mágicos capazes de provocarem o fim de tudo num piscar de olhos. Os riffs precisos e o alicerce formado pelas camadas potentes de contrabaixo, aumentam a neblinam e fortalecem a escuridão durante o desenrolar da trama, além da junção dos arranjos de teclado.
Quebrando o silêncio entre prosa e verso
O quinquagésimo anjo está seguindo com seu voo rasante e passando por paisagens bastante danificadas por conta das guerras, Assim sendo, a sonoridade o acompanha nessa nobre empreitada para quebrar o silêncio e resistir ao poderio do tirano.
Antes de mais nada, como em grande parte das composições líricas, o leitor pode muito colocar a figura tirana ao seu modo, desde que consiga retratar uma letra com sentido, sem que entre em conflito com as doses cavalares de guitarras.
O anúncio de uma nova guerra foi dado, e através dos solos iniciais, acompanhados por uma abertura que até lembra o Therion, (ouça e entenderá!), você sobrevoa os campos devastados pelo individualismo quanto ao poder e controle.
O som cadenciado reforça os dizeres de que o silêncio será quebrado e haverá resistência contra a tirania.
“Não, não vamos nos encolher de medo,
Só agora você provou o fogo,
Você pegou o preço em sangue,
Ajoelhe-se ou morra, em seu desejo de poder”
Ocasionalmente, vamos nos adaptando àquela parte da canção que remete ao Therion de Christofer Johnsson, com coros graves e uma levada mais densa. Contudo, isso torna ainda mais desafiador o plano exibido junto aos versos desse ótimo single chamado “Resist The Tyrant”, e que também recebeu outro belo videoclipe.
Nas asas do puro aço, somos imortais
Inegavelmente, temos aqui uma grande sequência do álbum com “On Wings Of Steel”, seguida de “We Are Immortal”.
A primeira citada, primordialmente, incendeia os céus já cinzentos de tanta revolta. Com seus dedilhados iniciais remetendo aos moldes dos suecos do Arch Enemy, emendando aos riffs priestianos e linhas vocais alocadas ao alicerce construído ao longo dos anos por Biff Byford, do glorioso Saxon, temos uma receita qualificada, só para ilustrar.
Obviamente, Steven Carlson tem seu próprio timbre vocálico e jeito de cantar, mas se observar com atenção, verá o mergulho feito nas águas da cantoria britânica destacada.
Sing in now!
“On wings of steel, cries from the dying,
One final warning, screaming in the dark…”
Assim sendo, as leis estão quebradas, tudo está de pernas para o ar, nada se encaixa e você só assiste a desgraça acontecer diante dos olhos de Deus. Nem mesmo as leis de lá funcionam mais, “assim na terra como no céu”, você sobrevoa nas asas de aço sem destino certo. Pairando em meio aos solos devastadores, que aprimoram a sensação de pouso forçado para o fim dos tempos, com a intenção de alavancar todo o caos consequente atual.
Decerto, podemos chamar de futuro hino da banda, já que sua clássica levada a evidencia para tal. Sim, estamos falando da dona do videoclipe que aparece logo abaixo! Portanto, a seguirmos pelo próximo parágrafo, daremos sequência a essa jornada.
De cara, primeiramente, vemos uma impetuosa e caminhante bateria, iniciando o espetáculo, o hino de bravura nos mais marcantes moldes de todo o Traditional Heavy. Você poderá contestar se for capaz, mas saiba que Ken Mary estará pronto para pisotear sua cabeça com sua arte percussiva massacrante e voraz. Tanto que, inclusive, o destaque é totalmente dele mais próximo do fim da canção, nos concedendo a benção da imortalidade dentro do Heavy Metal.
A maneira como é executada a partir de seu início, é feita de tal forma que surpreende o ouvinte logo com o refrão à tona e bem na cara. A plumagem sonora se modifica conforme seu andamento e aterrissa no mais puro Metal com aquela força do alicerce apresentado no Hard Rock oitentista mais direto.
Sinta esse drama de perto agora mesmo!
“Rise up from the flames into he night,
We are immortal,
Ride onto the plains, fear not the fight,
We are immortal”
Os acordes, os solos de guitarra e, principalmente, o contrabaixo de John Macko fazem as caixas de som vibrarem como torcidas de futebol ao apoiarem seus respectivos times. Enquanto isso, temos em verso a figura de um guerreiro sem tempo a perder, e que após cuspir sangue na neve após mais uma duríssima batalha, não pode lamentar o ocorrido e deve seguir em frente o mais rápido que puder.
Perseverança é a chave para o sucesso e também de sua sobrevivência, e o guerreiro deve permanecer unido aos seus aliados até seu último suspiro em vida. Não há espaço para o medo, sem temos ao fogo, aos céus escuros do anoitecer e muito menos à própria morte, que cavalga lado a lado com a tropa. “Se morrermos, te vejo do outro lado.”
O império do ódio corrompido pela escuridão
Em virtude de uma jornada emocionante até então, podemos classificar essa parte como uma segunda fase dentro do disco. Afinal, “Empire Of Hate” apresenta uma cartela de informações musicais mais diferenciada, assim se tornando algo além dos horizontes apresentados até então.
Isso é ruim? Claro que não! O leque da Mai Shiranui mal se abriu. Venha conferir de perto!
O dedilhado inicial acompanhado pelos acordes com a notas harmônicas, antecede a narração, que por sua vez, abre espaço para as linhas de bateria com sequências próximas ao Satan e, durante a caminhada, apresenta um toque especial do inesquecível Cozy Powell, à época na instituição chamada Black Sabbath.
Os solos casam com toda a estrutura sonora, aumentando a força da massa musical como um todo, principalmente nos momentos em que são colocados os pedais duplos. Após a pancadaria que evidencia o modo vingativo de um governante sem escrúpulos, que julga a sociedade e promete transformá-los em verdadeiros escravos do ódio, representando o mote principal do seu império.
Todavia, esse tipo de monstro está por toda a parte e no momento em que surge a voz de uma jornalista com o intuito de anunciar um novo ataque terrorista devastador, todas as estrofes da canção ganham mais força e o impacto da sonoridade fica ainda mais amplo.
Black Sabbath dos anos 90
“Run To The Black” possui ímpeto de grandeza e quase propõe ao Tony Martin (fase do disco “Cross Purposes”, de 1994) para que o cantor suba ao palco de acordo com a forma apresentada em se tratando da própria música.
Seu refrão pedindo para correr sem olhar para trás em busca do ponto mais sombrio a fim de encontrar o demônio em seu santuário para desafiá-lo, acaba não sendo tão abrangente como fora nas canções anteriores. Muito disso por conta do impacto causado por elas, porém os solos, as emendas e as pontes compensam e complementam essa breve passagem sabbathica.
Em resumo, apenas… “Run… Run… To fight from the shadows…”
Nas asas de sete anjos ancestrais, cego e sangrando
Em síntese, estamos ligados às asas e aos céus de maneira bastante direta. Não acha?!
Pois, bem. “Seven Angels” está aqui para reforçar essa premissa e entregar ao honorável público uma sequência musical franca e honesta. Mais mensagens codificadas são apresentadas brevemente na introdução da faixa para trazer o aspecto futurista aos verbetes.
O toque do shofar indica a hora dos últimos ritos antes do tempo cair sobre a espada esta noite. A última noite de muitos que buscam fuga antes de encontrarem seu destino final. Através dos sete selos, a canção esbanja otimismo e braveza ao retratar com categoria temas ligados aos anos 80 e também ao Heavy Metal dos anos 90, mais próximo do Pariah, só para ilustrar, assim como a carne encontra o aço.
Os riffs das pontes fazem um leve intercâmbio com o Thrash, reforçados pelo enorme comboio oferecido pelo alicerce formado entre baixo e bateria. O deleite maior fica por conta dos solos e das emendas para a volta final do piloto da equipe de Heavy Metal, o remanescente Fifth Angel!
“Blinded And Bleeding” é a via crucis direta para a sequência da jornada e apresenta em seus dizeres musicais o momento conturbado entre figuras bíblicas famosas, mas podendo adaptar aos tempos atuais.
Atenção quanto às nuances do livro sagrado
“Não posso apagar todos os pensamentos sobre você, (principalmente pela traição por conta das mentiras que contou) / Quantas almas, clamando pelos tolos? (uma rainha dos ladrões com olhar sem alma, sem qualquer tipo de compaixão) / Eu uso as cicatrizes, e aqui estou, (sangrando profundamente em um mundo sombrio e de sensação amplamente tenebrosa) / Consumido pela dor, como isso vai acabar? (a cegueira impede a volta para casa, transformando tudo isso em uma prisão sem saída)
E agora você me trouxe de volta à terra (para comprar e vender a figura por trinta peças de prata).”
As feridas são expostas através da plumagem sonora, que por sua vez, coloca em primeiro plano uma intro mais melódica, embora faça de suas bases, as serras para cortar a madeira que servirá para formar as cruzes. Talvez a melodia tenha sido tendenciosa demais a ponto de enfraquecer o poder de fogo dos refrãos.
A canção forma sua conjectura através de bases e versos mais vagarosos, completando a receita com solos envolventes e chamativos ao público ouvinte. Os últimos metros antes da linha de chegada são executados de forma concentrada e sem estardalhaço.
Acabando com o pecado em cinco dias
Início realizado de forma bem sinistra, sendo narrada e contando com efeitos já apresentados durante a audição do álbum. Contando com a força do contrabaixo e o desprendimento da mesmice das guitarras, temos em “Kill The Pain” um começo mais contido, se comparado com as demais canções. Entretanto, a simplicidade é preenchida por um refrão que os maiores destaques do Hard Rock antigo e atual aceitariam de muito bom agrado.
Assim sendo, trata-se de uma semi-balada, ou algo do tipo que alguns costumam mencionar por aí, seja por escrito ou juntamente a comentários feitos em entrevistas.
Os solos, primordialmente, funcionam de maneira exímia e completamente de acordo com a trama, sem deixar lacunas ou até mesmo aquela impressão de que foi colocado de qualquer jeito na música.
Com a sensação de estar com sangue nas mãos, é vista a mancha carmesim ao mesmo tempo em que tudo está perdido, só para ilustrar. Certamente, o fogo do inferno é um dos grandes obstáculos, porém se coloca como um desafio vencível caso exija o salvamento de alguém importante para a figura.
E, enquanto a décima fase do game se encerra, a narração em voz masculina é colocada em primeiro plano, destacando uma quase contagem regressiva ao anunciar… Five days…
Decerto, “Five Days To Madness”!
Eis que um riff bastante ousado e preciso joga as cartas viradas na mesa e pede truco sem ver as cartas! Assim sendo, um riff inicial amplamente confiável e que serve de ponte a breve estrofe, caminhando para o bem trabalhado refrão. Palhetadas e dedilhados precisos, recheados com breves harmônicos, colocam a contagem dos cinco dias em destaque.
As passagem mudam sua composição e caem como uma luva diante dos solos mais uma vez muito bem elaborados e executados. Não poderiam faltar os efeitos, porém essa parte mergulha em uma aura bem mais viajante, antecedendo então aos solos seguintes.
“Eu vim ver as almas torturadas de uma raça patética e moribunda” – e não está errado se pensar assim.
O término com pedais duplos, solos e acordes alucinantes funciona de maneira eficaz para alavancar a importância e o sofrimento diante dos tais cinco dias para a loucura, já que está tudo próximo de ir pelos ares. Presenciar o fim da terra abandonada por Deus, ouvindo as preces para que a dor cesse por completo.
Desse modo, a narrativa retoma o posto e com ela surgem arranjos orquestrais feitos em teclados. Cães latem, passos em fuga, comunicando com a ala responsável…
…Começa o período das cinzas
Uma voz suave e feminina contorna o princípio da jornada, agregando valor ao calor do encordoamento acústico. As asas do destino proclamam a queda dos céus, enquanto quem olha e busca uma paisagem estrelada, mal sabe que já está cego e não consegue enxergar a desgraça que acontece desde sempre à sua volta. Com isso, os caminhos são selados e emoldurados pela voz da convidada Marta Gabriel (Crystal Viper). Ficando em segundo lugar, abre espaço para a voz principal de Steven Carlson recitar em canto os seus versos.
O refrão carrega bastante emoção e lida muito bem diante das expectativas formadas a partir do formato da canção. Longe de ser uma das melhores faixas de “When Angels Kill”, serve para reforçar o bom plantio das linhas de baixo e a consequente e ótima colheita de John Macko.
Ken Mary contribuiu com bastante perspicácia ao relacionar o seu kit com a fórmula da música de número 12 no tracklist. Embora não seja uma canção de baixa qualidade, apresenta sensações de término de disco e cansaço mental, muito por conta de seu formato, e isso ainda se torna agravante por conta do full length ainda possuir mais duas faixas antes do fim definitivo.
Surpreendentemente, no minuto final entram as guitarras com tons viscerais por esperarem tanto para aparecerem como se deveria. E se todos estão a morrer, que minhas cinzas prevaleçam diante da queda final.
O fim de tudo indo de encontro à luz nos céus
A brasa, a brasa ainda queima com os primeiros acordes que tocam a alma de que os ouve, mas agora a luz se foi, juntamente com a trilha sonora que resolveu percorrer os vales estreitos do Power Metal, onde tudo está feito e tudo se acabará ao sussurrar do anjo durante o fechar de olhos.
Minha visão ainda fala comigo através dos versos e do refrão de “Ashes To Ashes”, de maneira que até o fim estou agarrando areia, pois tudo está tornando ao pó novamente. Cinzas às cinzas, é o fim de tudo, de acordo com os solos emuladores de um passado que acabou…
“Este é o fim, o fim é tudo
Este é o fim, tudo se foi,
Este é o fim, o fim de tudo que eu sei
Este é o fim, tudo está perdido”
“The End Of Everything”…
…Traz consigo a motivação necessária para a batalha ainda continua por dentro, mesmo que a figura não consiga encontrar a vontade de continuar.
A trilha cinematográfica toma conta do cenário e apresenta uma climatização regada á muita chuva, na qual nunca mais poderá ser sentido, enquanto o caminhar o leva para uma missa.
Os trovões e a incessante onda de devastação abre caminho para a grande apoteose. Porém, lembra de que a vida não apresenta justiça, sempre indo de pó em pó… Até que o anjo sussurra novamente ao fechar de olhos sobre um passado que simplesmente acabou.
Demorou, mas o fim da estrada chegou ao encontro da luz
Já que estamos diante do término dessa nova jornada musical do simpático “B52’s Angel” (do famoso: entendedores entenderão), sobretudo devemos mencionar a ala quase conceitual do disco. Não chega a ser por completo, pois você pode alterar as canções do tracklist sem tirar o sentido da história.
“Light The Skies” promove o último desfecho de tal forma que muitos podem não notar a sua linha mais voltada ao termo tradicional da coisas. O clima de fim de álbum foi antecipado e os problemas ficaram para essa boa canção. Ficou com cara de bonus track!
Por mais que possua suas partes agressivas e suas paradas alá Accept, acaba por carregar um fardo pesado que não lhe pertence. Ouça isoladamente ou mude sua posição no tracklist original e terá uma audição mais leve da mesma. Em resumo, ela possui bons solos, ótima condução e viradas importantes dentro de sua própria proposta. Porém, não é capaz de se livrar das amarras por si só.
“Os ímpios se reúnem à noite, (os ejércitos de las tinieblas, como diria o Tierra Santa na faixa de mesmo nome para o álbum “Caminos De Fuego”, de 2010) / Os olhos estão cegos e enganados na luta final, (você não sabe de que lado o outro está e vice-versa) / As forças rastejando para o seu destino, (a lua é banhada em sangue e o céu é completamente preto, enquanto as almas vestidas de branco clamam, e a justiça cai sobre os injustos) / Nem mesmo um resistirá, eles entrarão em seu túmulo eterno, (o destino foi selado e, sendo tarde demais, todos foram enterrados).
Em edições especiais, temos a versão editada de “Resist The Tyrant”, deixando o álbum com cara de coletânea sem fim.
Por entre as asas das considerações finais
As considerações ficam por conta de uma banda que voltou ao expediente para ficar e mostra novamente a que veio. A proposta unindo passagens históricas por entre contos e relatos reais, com o presente e futuro, é algo muito gratificante, ainda mais por colocar todo um capítulo que parece ser totalmente conceitual, mas que você pode desmontar como um brinquedo e montar novamente do seu jeito que funciona, por assim dizer.
Aproveitando o momento de harmonia regada a sons de trombeta pelos sete anjos flamejantes, pode-se dizer que o trio de guitarristas que participou desse novo full length serviu como um belo aglomerado de galáxias ao juntarem forças em prol de uma grande causa.
O álbum consiste em passagens leves por temas bíblicos e envolvem os laços entre contos e fatos históricos com o cotidiano do ser humano comum ao lidar com suas fraquezas e toda a sociedade em si. As junções entre o Heavy, o Power e o Hard Rock ficam intrínsecas e soam facilmente palatáveis, tanto para quem já era fã de longa data da banda e também dessa receita, quanto para que não é tão adepto assim desse cardápio sonoro.
Poderiam aproveitar melhor
Assim sendo, é um álbum que mantém o Fifth Angel no prumo certo e em evidência no cenário da música pesada mundial. Resta saber se as novas músicas poderão ser tocadas aqui no Brasil mais adiante. Quem sabe, não é mesmo?! Afinal, o momento é bastante propício para a banda e para o Metal.
Só para ilustrar, é bom citar o acontecimento junto às experimentações quanto ao ouvir o novo álbum do Fifth Angel. Afinal, a participação de Marta Gabriel ficou muito aquém do esperado e propiciou algo como “quase não saiu na foto”. Os americanos perderam a chance de incrementar e muito bem o seu novo trabalho. Tanto com a voz incrível de Marta quanto suas outras habilidades no certame musical.
Informações adicionais dos céus de bronze
Nas traduções da Bíblia hebraica, o termo shofar é citado como uma espécie trombeta. Entretanto, estar longe de ser ou sequer parecer com uma, além de ser um objeto muito anterior à mais conhecida trombeta.
O chifre, sendo um instrumento milenar, era frequentemente utilizado no campo de batalha dos povos do Alto Mediterrâneo e Mesopotâmia, porém somente o povo judeu manteve seu uso de maneira constante.
O shofar é na realidade o nome que os hebreus davam para o chifre animal, cuja massa óssea pudesse ser extraída facilmente de sua camada queratinosa.
Ao contrário do que dizem boa parte das crenças, esse chifre não deve ser de um animal puro, chamado de kosher, assim obedecendo as leis judaicas, mas sim de uma espécie de chifre oco.
Mais curiosidades sobre o chifre oco
Curiosamente, o shofar somente passou a pertencer a liturgia depois da diáspora, impulsionado pela iconografia cristã.
Outro fato interessante é que A palavra shofar aparece 72 vezes no Antigo Testamento bíblico, mas
sempre em contextos como batalhas, coroações, ocasiões especiais e desastres. Em síntese, possui a função mais do que clara de uma trombeta, além de possuir suas características específicas.
Sobre os guitarristas e artistas convidados
São três por ter um guitarrista convidado, o nobre Jim Dofka (Habitual Sins, Dofka, entre outros), que contribuiu com solos ao redor do disco. Além disso, temos no line up oficial do Fifth Angel, Ed Archer e do estreante Steve Conley (F5, Flotsam And Jetsam). Juntamente com essas figuras, temos a incrível participação de Marta Gabriel, líder, vocalista e guitarrista do Crystal Viper, além de seu projeto solo. Marta também toca contrabaixo e teclado, se mostrando uma musicista insaciável quando o assunto é tocar Heavy Metal.
“Fighting for breath we won’t fear death,
I hold my sword to the skies,
The death angel rides, if we should die,
I’ll see you on the other side,These souls will live forever,
Strike us down and we will rise again…”
nota: 8,7
Integrantes:
- Steven Carlson (vocal)
- Ed Archer (guitarra)
- Steve Conley (guitarra)
- John Macko (baixo)
- Ken Mary (bateria)
Artistas convidados:
- Jim Dofka (guitarra solo)
- Marta Gabriel (vocal – faixa 12)
Faixas:
1. Descent Into Darkness
2. When Angels Kill
3. Resist The Tyrant
4. On Wings Of Steel
5. We Are Immortal
6. Empire Of Hate
7. Run To The Black
8. Seven Angels
9. Blinded And Bleeding
10. Kill The Pain
11. Five Days To Madness
12. Ashes To Ashes
13. The End Of Everything
14. Light The Skies
Redigido por Stephan Giuliano