Três anos após “Ossuarium Silhouettes Unhallowed”, a banda finlandesa de Doom/Death Metal, Hooded Menace, lançou “The Tritonus Bell”, seu sexto full lenght, no dia 27 de agosto, pelo selo Season Of Mist.
A sonoridade, a qual mescla a atmosfera sabbáthica macabra do Doom e intensidade extrema do Death, sempre soa especialmente agradável para mim, mas confesso que Hooded Menace foi além das minhas expectativas com esse estilo e me surpreendeu positivamente.
Há momentos que as introduções das canções me fazem imaginar que estou ouvindo um típico Doom old school, até que entram os guturais de Harri Kuokkanen e eu me lembro na hora que estou pisando em solo mais extremo e sombrio.
Lasse Pyykkö
Portanto, Lasse Pyykkö, responsável pelos riffs e solos de guitarra, baixo e teclado, coloca as composições em um nível altíssimo de qualidade. A produção é impecável, não consigo encontrar pontos negativos. As faixas de maior duração são prazerosas e a riqueza de suas nítidas influências resulta em um som com a marca registrada Hooded Menace.

Doom/Death Metal
Muitos apontam o disco “Severed Survival”, lançado pela banda americana Autopsy em 1989, como o embrião do Doom/Death Metal e embora esse registro não soe assim em toda a sua duração, realmente, não me lembro de nada mais antigo que possa ser apontado como o início do Doom em sua forma mais macabra e extrema.
O Hooded Menace consegue exalar perfeitamente essa aura que nasceu no final da década de oitenta, misturando tendências distintas e chegando ao resultado fabuloso que podemos conferir com a audição de “The Tritonus Bell”.
“Scattered Into Dark”
Vou exemplificar utilizando minha canção favorita para que o caro leitor entenda melhor o que quero dizer. Se fôssemos escutar “Scattered Into Dark”, de forma isolada, teríamos a impressão de que ouviríamos Melodic Doom Metal sueco old school, até que os vocais guturais de Kuokkanen iniciassem a parte cantada e a veia Death Metal se misturasse ao ambiente Doom, formando uma massa sonora homogênea.
Analisando a canção em si, ela é perfeita em todos os sentidos. Seus riffs, seus solos melódicos, os vocais aterrorizantes, ou seja, tudo se encaixa exatamente no que almejo encontrar em uma apreciação de Death/Doom Metal. Seus 9m06s de duração passam imperceptíveis.

“Those Who Absorb The Night”
“Those Who Absorb The Night” foi single e tema de videoclipe. Ao contrário de “Scattered Into Dark”, ela é toda moderna e mescla uma interessante pitada Gothic, que a torna mais “assustadora”.
Portanto, mesmo que muitos neguem tal afirmação, o universo gótico sempre fez parte do Doom, basta lembrarmos os crucifixos utilizados por membros do Black Sabbath e a “batina franciscana” de Messiah Marcolin.
“Chime Diabolicus” inicia com riffs sabbáthicos, os quais vão ganhando variações, tornando-se riffs mais complexos a la Death Metal, executados com pegada Doom.
Conseguiu compreender? Se ainda não, ouvindo ficará bem mais simples assimilar o que eu disse.
“Lançado à desolação / Liberte o feitiço / Um vórtice diabólico / De absurdos grosseiros / Serenatas assombradas / Fuja para o escuro / Fuja para o escuro.”
Os solos de guitarra de Lasse Pyykkö são quase todos completamente rendidos a melodia e ao feeling, sendo as coisas mais técnicas exploradas só em algumas horas.
Em contrapartida, “Blood Ornaments” é diferenciada, pois tem um instrumental que chega a ser Heavy/Doom, sendo discretamente mais acelerada, tornando a audição mais empolgante.
Logo após, “Corpus Asunder” é a “mais rápida” do full lenght, explorando a pegada mais acelerada, mas aquela que faz parte do planeta Doom e claro, também, do Death Metal.
Podemos notar algo similar na parte final da canção “Black Sabbath” ou mesmo “Children Of The Grave”.
Enfim, o encerramento de inéditas fica por conta do lindo tema instrumental “Instruments Of Somber Finality”, o qual tem uma qualidade acima da média e torna a apoteose fantástica.
Sobretudo, o álbum que começou com a faixa instrumental “Ctthonic Exordium” encerrou da mesma forma e tudo com absoluta classe. Ademais, como bônus, uma versão perfeita para a canção “The Torture Never Stops” da banda americana de Hard & Heavy, WASP.
Doom Metal de 2021
Resenhei os melhores discos de Doom Metal de 2021, Wheel, Crownded In Sorrow e Dread Sovereign, pois então posso dizer com propriedade que Hooded Menace é concorrente forte ao pódio anual com seu lançamento, “The Tritonus Bell”.
Em resumo, aprovado e indicado para fãs de Doom, de Death e, principalmente, do híbrido perfeito entre ambos.
Nota: 9,0
Integrantes:
- Lasse Pyykkö (guitarra, teclado, baixo)
- Harri Kuokkanen (vocal)
- Teemu Hannonen (guitarra)
- Pekka Koskelo (bateria)
Faixas:
- Ctthonic Exordium
- Chime Diabolicus
- Blood Ornaments
- Those Who Absorb the Night
- Corpus Asunder
- Scattered Into Dark
- Instruments Of Somber Finality
- The Torture Never Stops (Cover do WASP)
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz
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