Listenable Insanity Records
RatºGod é o debut da banda de Death/Thrash Metal americana, Inhuman Condition, projeto idealizado pelo guitarrista Taylor Nordberg (The Absence) e o baterista Jeramie Kling (The Absence, Venon Inc), aliados ao lendário baixista Terry Butler (Ex-Six Feet Under, Ex-Massacre, Obituary) lançado no dia 4 de junho, via Listenable Insanity Records.
“Inhuman Condition” é o título de um EP lançado em 1992, pela banda de Death Metal Massacre, banda essa em que o veterano baixista Terry Butler tocou durante mais de 20 anos, tendo gravado o clássico de “From Beyond” de 1991. Daí vem o nome do atual projeto, que ainda conta com dois ex-membros do Massacre, porém de curta passagem pela banda.

Antes de entrarmos em território de condições desumanas, é necessário dedicar um breve parágrafo ao fantástico trabalho de gravação e mixagem, que sem dúvida nenhuma é ponto mais alto deste registro. Do timbre cavernoso e enxuto da guitarra, passando pelo estrondoso som da caixa e os pratos da bateria, o inconfundível timbre robusto e vagaroso do baixo e o desempenho vocal amedrontador criam uma sonoridade que soa como uma registro gravado nos primórdios do Death Metal old school, porém com um trabalho de mixagem e masterização decente e digno. O registro foi gravado no Smoke & Mirrors Studio, propriedade do baterista e vocalista Jeramie Kling, local da onde costuma desenvolver alguns dos mais insanos projetos e registros, ao lado de Taylor Nordberg, seu parceiro de longa data e exímio guitarrista. Dito isso, já deixo bem claro que temos um dupla especialista em Metal, em basicamente todos os subgêneros aliás, mas aqui eles decidiram focar no Death Metal carniceiro, ao lado de outro especialista no assunto.

O álbum se inicia com o pé na porta mais insano possível, “Euphoriphobia” não tem intro, não tem massagem, é direta ao ponto logo nos primeiros segundos, e dá inicio ao registro derrubando tudo pelo caminho. “The Neck Step”, assim como fica exposto título, é aquela faixa do tipo trava coluna cervical, um festival diabólico de riffs e aquela levada clássica de bateria, incapacita o ouvinte a se manter imóvel, impossível não fazer uma leve comparação com o poderoso Obituary aqui, é nítido a influência da sonoridade única dos carniceiros da Flórida. “Planetary Paroxysm” não deixa o nível de estamina abaixar em momento nenhum, aproveito para elogiar novamente o trabalho de produção e seleção de faixas, influenciou muito na consistência perfeita do álbum, da primeira a última música, somos levados e trazidos de volta ao sanatório “RatºGod”.
Em “Killing Pace”, o rodízio de riffs não para de chegar, e como sempre o ouvinte nunca está satisfeito e aqui eu devo dar os devidos créditos ao timbre obscuro e robusto do Sr. Terry Bulter, e para quem conhece os trabalhos antecessores em algumas das mais consagradas bandas de Metal Extremo que existem, sabe que o Sr. Butler opta por um timbre extremamente discreto e volumoso, porém é justamente essa sonoridade pesadíssima que soma na brutalidade dos registros em que participa.

“Gravebound”, inicialmente, aparenta ser a mais vagarosa e cadenciada do registro, até tudo ir pro espaço novamente após 47 segundos de puro Doom malvadão, não se engane caro leitor, esse registro não tem freio e nem parada, é uma colisão atrás da outra e fraturas expostas. “Tyrantula” é a faixa mais intrigante, de inicio temos uma levada tribal de bateria cheia de groove, uma batucada com muita influência percussiva de um certo peso pesado brasileiro por ai. “RatºGod”, a temida faixa que carrega o nome do registro, carrega também o arsenal de medalhões que influenciaram os músicos, Taylor Nordberg (guitarra), citou durante o período de divulgação, que o álbum é composto basicamente do material que foi escrito para a banda Massacre, enquanto ele e Jeramie Kling ainda faziam parte do grupo, e isso fica bem nítido, quando se conhece a prolífica carreira dos músicos.

“Crown of Mediocrity” é a faixa do registro que mais me cativou, tecnicamente, não tem muitos aspectos diferentes das antecessoras, porém ela tem um momento muito intenso chegando na metade da audição, algo que da um gostinho de quero mais, mas dura muito pouco, o suficiente para danificar a musculatura do pescoço por semanas. De volta ao hospício “RatºGod”, vemos a placa de saída em “Fait Accompli”, canção que encerra muitíssimo bem o registro, com a presença de solos alavancados malignos no melhor estilo Kerry King, algo que poderia ter aparecido mais frequência no decorrer no álbum, seria muito bem vindo aliás. Aqui também temos um desempenho vocal mais intenso e intimidador por parte do Sr. Kling (vocal, bateria), ele deixou o melhor pro final com certeza, poucas vezes podemos sentir um nível de ódio e violência tão vívidos como aqui.

Chegando ao final, é quase impossível não fazer comparações com bandas veteranas, em específico com o Massacre, que é simplesmente o progenitor desse embrião. É um registro feito não só por músicos competentes, mas por fãs de Death Metal old school, então temos aqui um registro que soa como se tivesse sido gravado em 1991, tendo sido sofisticado 30 anos depois, com um desempenho mais maduro dos integrantes e mais conciso em sua proposta. Ou seja, direto, pesado e agressivo ao extremo, feito para bater cabeça e não pensar muito…A menos que você verifique as composições líricas.
Nota: 8,8
Integrantes:
- Jeramie Kling (bateria, vocal)
- Taylor Norderg (guitarra)
- Terry Butler (baixo)
Faixas:
- 1.Euphoriphobia
- 2.The Neck Step
- 3.Planetary Paroxysm
- 4.Killing Pace
- 5.Gravebound
- 6.Tyrantula
- 7.RatºGod
- 8.Crown of Mediocrity
- 9.Fait Accompli
Redigido por: Vaz