“The Poison Chalice” é o oitavo álbum da banda holandesa de Death/Thrash Metal, Legion of the Damned, que saiu no último dia nove de junho, pelo selo Napalm Records, sendo o sucessor de ”Slaves of the Shadow Realm” de 2019, no entanto, essa história é ainda mais longa do que parece, pois, de 1992 a 2005, Legion of the Damned se chamava Occult, com um total de cinco discos, até mudar para o nome que é conhecido até hoje. Dessa forma, se considerarmos Occult e Legion of the Damned como duas partes de uma única história, “The Poison Chalice” é na verdade o décimo terceiro álbum da história da banda. Porém, falar sobre esses detalhes é muito menos importante do que comentar a evolução da sonoridade, seja do Legion of the Damned ou do Occult que se transformara em Legion of the Damned.

Sonoridade através da história Occult / Legion of the Damned
Se tomarmos como base o derradeiro disco do Occult, “Elegy for the Weak” (2003) e seu debut, “Prepare To Meet Thy Doom” (1994), há uma sonoridade, realmente, mais voltada ao Death Thrash, ainda com aquela pegada old school característica, porém quando o assunto é Legion of the Damned, é possível que sejam notadas mais mudanças. No debut “Malevolent Raputre”, por exemplo, já há alguns elementos mais modernos, enquanto no penúltimo full lenght, “Slaves of the Shadow Realm” temos canções flertam com o Black/Thrash, principalmente, devido às características do vocal de Maurice Swinkels.
Já no atual lançamento, “The Poison Chalice”, o trabalho da dupla de guitarristas, Fabian Verweij e Twan van Geel, quanto aos riffs e harmonias em geral, dá um toque de Melodic Death Metal, ainda assim, havendo várias mudanças rítmicas, solos a la Slayer, mantendo, de alguma forma, as raízes primordiais, ainda que haja bastante variação, assim sendo, há demonstração de evolução sonora e não tentativa de deixar a música do Legion of the Damned mais acessível, pelo contrário, é porrada sobre porrada, sem misericórdia alguma.
Saints in Torment e um início avassalador
A canção de abertura, “Saints in Torment”, possui todas as características sonoras que foram apontadas até agora, pois, introduz com dedilhado, tem muitas variações rítmicas, riffs e harmonia que se assemelham aos de Melodic Death Metal, uma pitada de Thrash old school, outra de Death Thrash, além do Black/Thrash, caracterizado pelo tipo de vocal de Swinkels. Em seguida, “Contamination” mantém a mesma pegada, ainda que seja mais plana que sua antecessora, o que faz com que as canções não soem repetitivas. “Progressive Destructor”, igualmente, segue tal escrita e embora seja um pouco mais contida, lembra o Teutonic Thrash old school.
“Skulls Adorn the Traitor’s Gate” afunda o pé no acelerador com força até que o cabo do mesmo se rompa, contudo, o disco não permanece constantemente dessa forma, de acordo com o que se imaginava pela forma como foi produzido o full lenght anterior, “Slaves of the Shadowns Realms”.
“Muralhas construídas para resistir a um cerco de 1000 anos / Protetor do reino ameaçado que abriga aqueles com medo / Fortificações indestrutíveis resistindo às hordas / No entanto, um fruto venenoso da traição amadurecendo atrás das portas do palácio / Conspiração insidiosa de emissários da traição / Envenenamentos e assassinatos em um jogo de capa e adaga / O manto do engano cobrindo a face da traição / Assassinatos ocorrem perpetradores envoltos em mistério / Crânios adornam o portão do traidor sem cabeça e desprezado / Crânios adornam o portão do traidor sem cabeça e desprezado.”

Massacre sonoro contínuo e maldito no “The Poison Chalice”
Permito a mim mesmo, dizer que Legion of the Damned reúne em sua sonoridade tudo o que é maldito, profano e extremo no mundo do Metal, sonora e liricamente falando, a fim de demonstrar o que acabo de relatar, uso como exemplo a canção “Behold the Beyond”, a mais longa do registro.
“Encantamentos buscando acesso a um mundo espiritual difamado / Feiticeiro do conhecimento proibido guarda incenso e feitiços negros / O portão é o sigilo eis o além / Portais para esferas escuras contemplam o além / Incursões astrais / O portão é o sigilo eis o além / Portais para esferas escuras contemplam o além / Intrusões espectrais / Bolas de cristal e espelhos de vidência viajam para mundos astrais / A magia mais negra, os feiticeiros das artes mais negras entram em dimensões espectrais / Assine o pacto, demônios da carne percorrem o caminho da esquerda / Olhar prolongado passa pelo portão com reverência diabólica.”
“Retalation” denota novamente influência no Teutonic Thrash, embora essa conclusão seja baseada puramente em minhas lembranças, o mais importante é que cada ouvinte encontre dentro de si suas próprias referências dentro da sonoridade agressiva do Legion of The Damned, encontre o seu próprio veneno sonoro no “The Poison Chalice”, além disso, a sexta canção do tracklist exala elementos de Melodic Death, estando eles explícitos. Logo após, “Savage Intent” soa puro Thrash, salvo pelo vocal a la Black de Maurice. Destaque para a bateria precisa de Erik Fleuren, ao lado de Maurice, um dos membros remanescentes da formação do Occult.

Espancamento apoteótico
Primeiramente, a trinca final mostra sua garras com “Chimes of Fragellation” e como eu já dissera antes, esta fora de cogitação ignorar o peso lírico dessas composições. Aprecie sem moderação:
“Através do tempo e do espaço / Dos mundos exteriores / A maldade vem com um pedido de por favor / Transformando o eu / Eu desengaiolei / De nossas mentes tortas / Sangue frio reabastecido / Moral paralisada / Deitado acorrentado dentro do nosso regime mascarado / Mentes retiradas para a obscuridade / É como se estivéssemos dançando nesta casa da morte / Mãos cruéis envolvendo nossos pescoços de veludo”
“Beheading of the Godhead” nos prepara para a faixa título, “The Poison Chalice”, e para o fim, enfim. O seu diferencial reside no trabalho de arranjo das guitarras, pois dá um pingo de suavidade mergulhado em um oceano de tormento.
Quando a introdução de “The Poison Chalice” começa a soar suas primeiras notas, o sentimento de “valeu à pena a audição” se engrandece e fica nítida a superioridade do atual full lenght em relação ao seu antecessor, o qual nós nos propusemos a ouvir em 2019, embora ele tenha causado uma boa impressão, é fato que o atual registro o superou.
Vida longa ao Legion of the Damned da Holanda!
Nota: 8,7
Integrantes:
- Harold Gielen (baixo)
- Maurice Swinkels (vocal)
- Erik Fleuren (bateria)
- Fabian Verweij (guitarra)
- Twan van Geel (guitarra)
Faixas:
- 1.Saints in Torment
- 2.Contamination
- 3.Progressive Destructor
- 4.Skulls Adorn the Traitor’s Gate
- 5.Behold the Beyond
- 6.Retaliation
- 7.Savage Intent
- 8.Chimes of Flagellation
- 9.Beheading of the Godhead
- 10.The Poison Chalice
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz