O universo da boa música está explodindo de alegria com tantas bandas promissoras surgindo em cada canto do mundo. E não é à toa que muitos adeptos andam ávidos por novidades de uns tempos pra cá. Fato esse que trouxe a esse espaço um cenário jovem e com bastante vontade de tomar a cena de assalto. Obviamente que existem aqueles seres que pararam no tempo e preferem cultivar aquele pouco de tempero que conheceram na floresta musical do Metal mundial.

O clima frio é bastante propício para apresentar ao público leitor mais uma novidade agora oriunda de Joensuu, Finlândia. Terra esta que se antes detinha a alcunha de país da sinfonia e dos teclados poderosos, hoje é um dos novos antros do Thrash. E provavelmente quem gosta de novidades acabou de lembrar-se dos também finlandeses do Lost Society, por exemplo. Além do álbum de estreia possuem o EP “Thrash Assault” (2015), banda esta que iniciou suas atividades em 2013, encabeçada pelo baterista Jesse Räsänen (Sadistic Drive) propondo um Thrash Metal com características da nova safra que remete aos saudosos anos 80. Segundo a banda, sua influência percorre os caminhos de Metallica, Slayer, Exodus, Havok, Sacred Reich, Iron Maiden e Warbringer. Isso traz uma ideia de um som rico em riffs com solos e melodias de destaque. Agora vamos ao que interessa, pois todos nós queremos saber se os finlandeses estão ficando realmente afiados nesse estilo que outrora não fosse tão comum assim por lá. Claro que existe e sempre existiu banda de todas as principais vertentes do Metal até nos lugares mais longínquos e fora de rota no circuito musical, mas esse nunca fora um estilo muito explorado nessa parte do território escandinavo.
Com uma breve introdução de dedilhados e estalar de pratos ao fundo os maníacos iniciam a jornada infernal com “Fooled Again” que traz todo o arsenal esperado por quem buscou informações sobre a mesma. Mudanças de andamento colocando o baixo de Parviainen em evidência mostram que ninguém aqui está para brincadeira sem se deixar enganar conforme diz a letra. “Estou tão cansado de filhos teimosos nesta bola / Circulando através do espaço e do tempo esperando a chamada da cortina.” Vale ressaltar que esta faixa recebeu um videoclipe para divulgação.

Segunda parte do alicerce reforçado com um riff inicial cortado e cadenciado entregando ao ouvinte “Watery Tomb”, que da forma mais Thrash possível descamba para uma correria na ladeira em que o carrinho de rolimã começa a fritar nas curvas em alta velocidade, mas sem ninguém perder a rodinha na guia da próxima rua correndo o risco de cair no córrego e se afogar. “A água enche seus pulmões / A vida está expirando agora!” A faixa termina com uma simulação de afogamento. E lá vem o terceiro grito intitulado “First World Disease” – faixa mais acelerada que as anteriores, mas que também possui mudanças de andamento. Destaque para os solos de Elo. “Como uma praga se espalhando / Ao redor deste mundo / Sem alternativas / Uma maneira de viver na Terra.”

A quarta começa sem perder o pique e “Evil Brotherhood” entrega todo o lado bom dessa correria agressiva com algumas moderações construtivas. Iniciada pelo baixo explosivo de Parviainen. Uma mistura de Pantera com Testament é notada devida à distorção e à levada. Obviamente que os finlandeses não conseguem manter a música com o freio de mão puxado e aceleram ao máximo nas encruzilhadas seguintes. “Compartilhe minha sabedoria na tela da sua TV / Massas silenciadas vão se curvar para mim.”
“Destroyer Of Worlds” é completamente sem freio fazendo jus ao seu nome. Linhas de baixo certeiras e uma bateria muito precisa de Räsänen. Taurus e Elo conduzem com muita eficiência essa tijolada alavancando a qualidade dos trabalhos até aqui. “Vingança, vingança / A força acima retrocede / Chame de Deus ou Satanás / Estendendo-se para fora do campo escuro.” “No Hope For You” chega com o ímpeto de uma lança buscando seu alvo como todo bom fã de Thrash espera que aconteça. Uma chuva de riffs para coroar esse debut. Suas mudanças de temperaturas não interferem no resultado final que é pra lá de positivo. Pappinen possui um timbre forte de voz que não precisa chegar ao gutural para mostrar atitude com o microfone. “Correndo em círculos, é isso que fazemos / Agora não há esperança / Sem esperança para você.”

“Hatebound” é uma das faixas de maior destaque que mostra o verdadeiro poderio desse arsenal escandinavo sendo altamente nocivo aos jovens fedelhos que não aguentam um tilintar de pedais sequer. “Porque eu sou odioso! / Ódio tão profundo! / O ódio é meu combustível! / Porque eu sou odioso!”. A penúltima canção é denominada “Thrash Assault”. E sabe o que acontece em “Thrash Assault”? Um ataque sonoro a ponto de você reclamar que o disco já está no fim. “Encaixe seu pescoço / Enquanto você bate cabeça /A única maneira de viver / Thrash até a morte!” Na sequência temos um cover do Sepultura. E a executada é a lendária “Troops Of Doom” – faixa que tocaram de forma coesa com maestria honrando o legado da canção.

Esse debut que foi lançado no dia 10 de maio de 2019 via Inverse Records é altamente indicado para os adeptos do já citado Lost Society, além de Burning Nitrum, Comaniac, Havok, Woslom, Ultra-Violence e Phrenetix. E é indicado também para quem brincou muito com carrinho de rolimã na ladeira e gosta de uma boa dose de riffs e variações pesadas.
Finalizando, posso dizer que em meio a essa nova onda da chamada New Wave Of Old School Thrash Metal, pudemos encontrar mais uma banda a figurar nesse novo celeiro do estilo mais recentes e com potencial elevado. Aguardando desde já pelo segundo full-length dos residentes da Carélia do Norte ou Pohjois-Karjalan, como o caríssimo leitor desejar!
Nota: 8,7
Integrantes:
- Niklas Pappinen (vocal)
- Jesse Elo (guitarra)
- Janne Aleksi Parviainen (baixo)
- Saku Tauru (guitarra)
- Jesse Räsänen (bateria)
Faixas:
1. Fooled Again
2. Watery Tomb
3. First World Disease
4. Evil Brotherhood
5. Destroyer Of Worlds
6. No Hope For You
7. Hatebound
8. Thrash Assault
9. Troops Of Doom (Sepultura cover)
Redigido por: Stephan Giuliano