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Resenha: Megadeth – “Dystopia” (2016)

Nota do redator: com o novo álbum de estúdio do Megadeth no forno, resolvi resgatar uma resenha que escrevi na época do lançamento de “Dystopia”. Ela apresenta um pouco de como estava a hype em 2016 e um pouco de como analisamos o álbum nos primeiros meses. Pensei em acrescentar algumas informações e detalhar mais o conteúdo musical, mas creio que o charme deste texto é trazer a visão daquele momento.

No dia em que “Dystopia” completa seis anos de vida, vamos embarcar nesta leitura!

Reprodução/Facebook

Muito se especulou sobre o direcionamento musical que o décimo quinto álbum de estúdio do Megadeth apresentaria. Dave Mustaine, sendo o bom marqueteiro de sempre, fez diversas declarações insinuando que o disco poderia nos remeter a clássicos do porte de “Peace Sells” e “Rust In Peace”. Além disso, em grande parte das entrevistas concedidas, foi mencionado que “Dystopia” definitivamente soava Thrash Metal.

Um suspense enorme foi mantido por meses até que finalmente pudemos ouvir o novo lançamento e constatar o que já era esperado. Não! O mais novo petardo de Mustaine e cia. não é uma cópia de nenhum de seus clássicos, não tenta resgatar a musicalidade dos primórdios do grupo e muito menos soa old school.

“Dystopia” é inegavelmente direcionado ao Thrash Metal. É pesado, dono de ótimos riffs e faixas grudentas, porém possui uma vasta gama de novos elementos. As entradas de Cris Adler (Bateria) e do brasileiro Kiko Loureiro (Guitarra), surtiram efeito positivo e é nitidamente percebida a inclusão de características de ambos durante a execução de todo o álbum.

Bumbos duplos, guitarras com mais groove do que o de costume, solos inspiradíssimos e cheios de feeling, são algumas das marcas que os dois novos integrantes trouxeram. Kiko Loureiro parece estar bem a vontade tocando um estilo mais agressivo e é sem dúvidas o maior destaque do registro. Quem por ventura tinha alguma dúvida sobre o brasileiro não se encaixar bem na proposta do Megadeth, após algumas audições de “Dystopia”, certamente, mudará de opinião.

Reprodução/Facebook

Além da notória química entre Kiko e Dave, o novo guitarrista ainda teve algumas participações importantes e foi responsável por dar uma cara diferenciada a algumas faixas. As partes de piano em “Poisonous Shadows” e o violão clássico no início da instrumental “Conquer… Or Die!”, são os maiores exemplos disso.

Senti falta de uma ou duas faixas mais rápidas e agressivas, porém este detalhe acaba não influenciando no resultado final. O trabalho é detentor de momentos excepcionais como nas antes disponibilizadas “The Threat Is Real”, “Dystopia” e “Fatal Illusion”. “Death From Within” e “Bullet To The Brain”, apresentam refrões pegajosos, “Post American World” é pesada, detentora de alternâncias rítmicas bem interessantes e um solo matador.

“Poisonous Shadows” é daquelas canções para se degustar aos poucos, começa com uma introdução belíssima e possui um refrão que me remeteu a balada “Promisses”, do álbum “The World Needs A Hero”, porém, a canção é bem mais complexa e os bumbos duplos de Adler não me permitem classificá-la como uma mera balada. A instrumental “Conquer… Or Die!” começa de forma lenta, com o uso de violão clássico e vai crescendo até atingir seu clímax e servir como uma perfeita ponte para a composição mais agressiva do registro, “Lying In State”.

O álbum encerra com “The Emperor” e o cover para “Foreign Policy”, da banda Fear. Na primeira, temos a mais acessível entre todas as faixas do disco, detentora de um apelo comercial inegável, é a típica canção pra ser veiculada nas rádios. No cover, o Megadeth como de costume, apresenta uma versão mais pesada e agressiva que a original, fechando com chave de ouro a audição.

Photo: Leandro Anhelli/Divulgação/T4F

Diferente do que muitos imaginavam, “Dystopia” não traz uma banda tocando na velocidade da luz e apesar de classifica-lo como legitimamente Thrash, é um Thrash mais moderno e moderado. Se tentarmos comparar com algum clássico do passado, certamente “Countdown To Extinction” seria um bom parâmetro, mas esta comparação serve apenas como referência à sonoridade mais pesada e composições não tão velozes.

O trabalho possui muita identidade e apresenta um Megadeth que definitivamente, não olha pra trás. Se “Super Collider” dividiu opiniões e foi alvo de muitas críticas, está aqui a redenção que todos os fãs esperavam. Belo álbum!

Integrantes:

Faixas:

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