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Resenha: Patriarkh – “Prorok Ilja” (2025)

A briga em torno do nome Batushka se tornou uma das maiores tretas do Black Metal, do quilate de Cronos vs. seus ex-companheiros de Venom. Iniciada em 2019 e com sentença dada em 2024, Bartłomiej “Bart” Krysiuk (Варфоломией) perdeu todos os direitos sobre o nome Batushka para Krzysztof “Derph” Drabikowski (Христофор). Poucos meses após a decisão judicial que ainda cabe recurso, ele lança pelo Patriarkh o álbum “Prorok Ilja” (2025), uma obra conceitual sobre a vida de Eliasz Klimowicz, o profeta Ilja (ou Elias).



O conceito de “Prorok Ilja”

Klimowicz foi uma figura cercada de religiosidade, fanatismo e mistério. Tudo começou com um sonho, onde recebeu a missão de construir uma igreja. Com o tempo, começaram a circular boatos a respeito de suas curas e profecias, atraindo seguidores que passaram a tratá-lo como “a reencarnação do profeta Ilja“. Essa fama crescente criou problemas com seu antigo aliado, o clero Ortodoxo, que passou a atacá-lo como se fosse um “herege, blasfemador e falso intérprete da bíblia”, razão pala qual ele começa então a se afastar da igreja Ortodoxa e se aproximar mais da Católica.

Seus seguidores continuavam indiferentes as críticas e polêmicas, suficiente para que as autoridades locais considerassem haver ali uma “psicose religiosa”. O número de fiéis se torna tão grande que Klimowicz funda então um vilarejo só para seu povo, uma espécie de “nova Jerusalém“, chamada de Wierszalin (mesmo nome de todas as músicas do disco).

Reprodução/Youtube

O que teria acontecido com Klimowicz é um mistério, mas é provável que seu fim não tenha sido grandioso igual ao do profeta Elias, que, de acordo com a Bíblia, foi conduzido ao céu em um redemoinho de fogo. Não há evidências, mas acredita-se que ele tenha desaparecido no começo da Segunda Guerra Mundial após a invasão soviética na Polônia, em setembro de 1939. Ele pode ter sido executado como tantos outros poloneses, preso e condenado a trabalhos forçados na Sibéria ou mesmo fugido para o interior do país. Toda essa aura misteriosa em torno do seu nome faz com que ainda hoje alguns povoados mais afastados do interior da Polônia se lembrem e reverenciem a imagem e obra de Klimowicz.



É Black Metal ou não é?

Chegamos então enfim a “Prorok Ilja” (2025), uma obra igualmente complexa. Dá para perceber uma mudança no som do Patriarkh em relação a “Hospodi” (2024), que nessa época nem era um grupo, mas uma dupla. Agora em “Prorok Ilja” (2025) temos uma banda completa, incluindo três guitarristas, corais e o excepcional baterista Лех (ex-Hate, ex-Vader e passagem por inúmeras bandas polonesas), além de instrumentos folclóricos típicos poloneses, como talharpa, bandolim, bandoloncelo, hurdy gurdy (espécie de sanfona) e dulcimer de cordas.

Há quem diga que o som do Patriarkh se tornou tão peculiar por causa de tantos corais e instrumentos diferentes que o grupo não seria Black Metal, mas Neo Dark Folk e outras derivações afins. Cuidado com os falsos profetas! O extremismo do Black Metal continua presente sim, seja na voz áspera de Варфоломией, seja na bateria brutal de Лех, vide “Wierszalin V” e “Wierszalin VII”.

Photo: Pawel Mielko

As letras são baseadas em liturgias locais, contando com sons ambientes e interpretações de M. Maleńczuk (poeta, vocalista e guitarrista das bandas Homo Twist e Psychodancing recitando falas que seriam de Klimowicz), o que funcionou muito bem. Mais melódico do que seu antecessor, “Prorok Ilja” (2025) ainda é um disco bruto, mas extremamente agradável de se ouvir. Isto, é claro, desde que você não se incomode com tantos corais. “Wierszalin III” tem um clima grandioso, graças as vozes mais graves. Já o ponto alto do disco, “Wierszalin IV”, é mérito da participação de Eliza Sacharczuk (cantora e professora de canto). “Wierszalin VIII” traz uma boa amostra de tudo que foi feito no disco.

Lançamento no Brasil

Sei que parte dos fãs do Batushka nem vão se dar ao trabalho de ouvir “Prorok Ilja” (2025) e ainda assim dizer que lhes falta criatividade, que Bart é um ladrão de ideias e afins. Coisas de fãs. Não foi a primeira e nem vai se a última banda a viver uma disputa assim. De acordo com declaração de Bart, o Patriarkh não está nada preocupado com esse tipo de receptividade negativa e segue lançando vídeos muito bem-feitos. Além disse, seguem fazendo apresentações ao vivo que são de encher os olhos por conta dos trajes religiosos, velas, incensos, painéis, etc.



Disponível no Brasil pela parceria Shinigami Records com a Napalm Records, “Prorok Ilja” (2025) ganhou uma edição caprichada: CD slipcase com três painéis, um encarte muito bem-feito que contém letras das músicas e bonitas fotos em preto e branco de Klimowicz e de moradores locais (a ficha técnica é que ficou inviabilizada de ler, já que saiu no idioma local).

Nota: 8

Integrantes:

Лех (bateria)
Монах Тарлахан (guitarra)
Монах Борута (guitarra)
Архангел Михаил (guitarra)
Хиацынтос Яца (coros)
Язычник (coros)
Варфоломией (vocal)

Faixas:

01 Wierszalin I (intro) feat. M. Maleńczuk
02 Wierszalin II
03 Wierszalin III feat. Adam Strug e M. Maleńczuk
04 Wierszalin IV feat. Eliza Sacharczuk
05 Wierszalin V
06 Wierszalin VI
07 Wierszalin VII
08 Wierszalin VIII

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