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Resenha: Sanhedrin – “The Poisoner” (2019)

“…New York, New York…” Calma, não estou aqui para resenhar nenhum disco do Frank Sinatra não! Sente-se aí na poltrona e confira comigo o alvo da vez que é o Power trio nova-iorquino do Sanhedrin, este que lançou seu segundo disco intitulado “The Poisoner” no dia 22 de fevereiro, via Cruz Del Sur Music. Esses três soldados da boa música buscam resgatar a sonoridade da primeira leva de bandas que surgiram no início dos anos 80 sem soar como simples cópias, dando total importância para o desenvolvimento da identidade própria dentro de tais influências. Pelo menos é assim que quem voz digita percebe.

O time que pertence ao Brooklyn – New York City, conta com a líder, cantora e baixista Erica Stoltz (ex-Amber Asylum, ex-Lost Goat), o guitarrista Jeremy Sosville (Black Anvil), e o baterista Nathan Honor (Vermefüg). Iniciaram os trabalhos em 2015 na qual lançaram um EP de mesmo nome no mesmo ano de 2015. E dois anos mais tarde, foi lançado o álbum de estreia batizado de “A Funeral For The World”. Quando a isso se formos analisar a experiência desse trio pode-se notar que não se trata de qualquer banda “fuleira” que surge por aí. Veremos a seguir se este segundo disco já consolida a banda como uma das grandes revelações dos últimos anos.

Photo by Suzanne Abramson

A abertura do pergaminho começa com a empolgante “Meditation (All My Gods Are Gone)” com dizeres como este: Às vezes você é o caçador / Às vezes você é a presa / Mas quando você está confuso e não conhece as regras / É então que você se arrepende de ter jogado – uma boa análise de como não é fácil participar desse jogo da vida. A voz potente de Stoltz comanda o início da jornada apoiada por belos acordes influenciados por bandas e discos dos anos 70 e que veremos provavelmente até o fim do disco. É só notar bem quando o solo calmo e viajante de Sosville, antecedendo a quebradeira final. Chega à vez de “Wind On The Storm” com mais cara de anos 80, mas sem perder as nuances setentistas. Destaque para Honor que juntamente com Stoltz comandam o alicerce musical de forma exemplar. Em “Blood From Stone” o Rock “paulêra” continua com altas doses de qualidade onde existe um trecho que lembra a fantástica “TV Crimes” do magnífico álbum “Dehumanizer” (1992) de você sabe quem. Talvez por isso eu até goste mais dela do que das demais. O Black Sabbath bem colocado sem soar como plágio torna a canção maior do que ela já é. E ressaltando que apenas um pequeno trecho do escopo musical.

Os dedilhados iniciais abrem as cortinas para “The Poisoner” e com um pouco de percussão vagarosa tornam a faixa ainda mais exótica e misteriosa. Uma viagem sobre um mundo envenenado em que isso parece ser tão normal como se fizesse parte de um manual de péssima conduta. O som se eleva da metade para o fim trazendo aquele ar radiofônico característico sem que prejudique o andar da carruagem feroz. E falando em carruagem feroz, “The Gateway” chega a todo vapor deixando somente os rastros das rodas da carruagem e dos cascos dos puros-sangues. E em determinado trecho os cavalos param para beberem água e recobrarem suas energias para seguirem viagem novamente. “De volta em casa eles estão falando sobre você o tempo todo / Eles estão contando histórias como se estivessem fora do verdadeiro crime / Sua vida desesperada é de alguma forma glamourizada.

Divulgação

“For The Wcked” tem em sua líder um pilar forte e seguro e que sendo o grande destaque. Dessa vez o seu jeito de cantar alternou entre os versos mais graves e os mais altos, administrando de forma exímia cada momento, sem rendição. Jesus salva, não apenas você hoje / Ele desistiu e jogou sua alma para longe / Tudo está perdido e você é abandonado / Sem descanso, sem descanso para os ímpios. E eis que os impetuosos indomáveis chegam ao rodapé do pergaminho com “Saints And Sinners” – esta que carrega todo o peso, a psicodelia, a influência e estratégia musical contida no disco. Sosville e Honor parecem se divertir demonstrando total qualidade e feeling em seus respectivos instrumentos sob a batuta de mensagens intuitivas como estas: O que é certo para o pecador / Deve ser bom para o santo / É a carne que entrega / Nós todos para o mesmo lugar. – a canção parece se perder um pouco, mas retoma seu caminho normal segurando as pontas até o destino final do álbum.

Estamos exatamente no desfecho final desta leitura musical acompanhado pela trilha sonora de “In From The Outside”, faixa que fecha o disco trazendo aquela boa mistura de temperos de Maiden, Rush, Raven, Ozzy solo, Cream, somados às suas próprias características sem destoar de nada por aqui. Muito pelo contrário, pois tal canção já abre espaço para o que possa vir em um possível terceiro disco. “É quando me vejo sozinho / Olhando para mim como se eu fosse um pedaço de carne no osso / Eu olho o diabo nos olhos / Estou trabalhando como você / Por restos que eles não jogariam nas portas – “eles” na posição da própria criatura condenada ao fracasso em vida.

Cruz del Sur Music image

É bem fácil de dizer quando algo dá certo ou que se projeta de tal forma, mas podemos apontar algo a ser ajustado também que são as vozes conjuntas que não combinaram muito quando Sosville faz às vezes de backing e talvez um pouco de espaços que poderiam ser preenchidos com talvez mais riffs mais ou um andamento de bateria mais amplo. O que posso dizer é se trata sim de uma banda bastante promissora e que pode acrescentar e muito a este vasto leque pertencente ao Heavy Metal mundial. E um fato já bastante comprovado é que Erica Stoltz possui um timbre excelente que se bem trabalhado reinará por anos a fio.

Nota: 8,2

Integrantes:

Faixas:

1. Meditation (All My Gods Are Gone)
2. Wind On The Storm
3. Blood From A Stone
4. The Poisoner
5. The Getaway
6. For The Wicked
7. Saints And Sinners
8. In From The Outside

Redigido por Stephan Giuliano

Aproveite para conferir o novo trabalho da já gloriosa “Sandrinha” através da resenha abaixo:

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