PUBLICIDADE

[ Anuncie Aqui ]

Resenha: Saxon – “Carpe Diem” (2022)

Após mais de 40 anos se dedicando de corpo e alma ao Heavy Metal, o lendário grupo britânico, um dos pilares da NWOBHM, chega ao seu 25º álbum de estúdio. E só por isso precisamos celebrar este registro, afinal, quantas bandas chegaram a esta marca tão importante de mais de 20 trabalhos oficiais lançados? E podemos filtrar um pouco mais esta afirmação e fazer a pergunta que não quer calar: quantas bandas chegaram a esta marca lançando discos de qualidade inquestionável? Não me recordo de nenhuma. Sendo assim, podemos afirmar que o Saxon, acima de tudo, possui algo que a maioria das outras bandas gostariam de ter e não tem: credibilidade.



“Carpe Diem” foi lançado no dia 4 de fevereiro via Silver Lining Music e entrega exatamente o que o fã de Heavy Metal espera de uma banda de Heavy Metal. Alguns reclamões de plantão podem até dizer que o disco não traz nada de novo e repete uma fórmula já manjada, mas para os verdadeiros fãs do gênero, é exatamente este o ponto mais forte da audição. Algumas bandas tem certa dificuldade em manter uma coerência entre os seus lançamentos, já outras precisam se reinventar de tempos em tempos, raros são os nomes que possuem identidade suficiente para se manter agarrados em suas raízes sem se tornar repetitivos ou descartáveis. O Saxon é um desses.

Em um passado muito distante, os ingleses chegaram a desagradar uma parcela dos fãs com a chamada fase Hard, mas sejamos justos, desde 1995, quando retornaram com força total ao Heavy Metal com o excelente “Dogs Of War”, eu não consigo me lembrar de um registro que possa ser classificado sequer como mediano. Há muitos anos testemunhamos um ícone da música pesada apresentar obras do mais alto calibre com extrema naturalidade e desenvoltura. Não vamos nos esquecer, estamos falando de senhores (no sentido literal) que poderiam muito bem compor músicas apenas para cumprir tabela, Felizmente, para nós, isso não acontece e caras como o vocalista Biff Byford (71 anos) e o guitarrista Paul Quinn (70 anos), seguem demonstrando vitalidade, energia e tesão suficiente para nos manter fisgados e na expectativa por novos álbuns da banda.

Reprodução/Facebook

No final do ano passado, pudemos conferir a primeira prévia do que viria pela frente. Os britânicos disponibilizaram no dia 2 de novembro de 2021, a faixa “Carpe Diem (Seize The Day)”. Após ouvi-la, ficou evidente que o Saxon não se distanciaria das suas raízes. Na época, o vocalista Biff Byford explicou:



“TUDO COMEÇA COM UM BOM RIFF. SE O RIFF FALAR COMIGO, ENTÃO ESTAMOS NO CAMINHO. ESTE É UM ÁLBUM MUITO INTENSO, E ISSO TUDO SE DEVE AO FATO DE QUE A ESSÊNCIA DE UMA GRANDE MÚSICA DE METAL É O RIFF QUE A INICIA, E ESTE ÁLBUM TEM UM MONTE DELES.”

Sobre a música, “Carpe Diem” é um termo em latim que significa “aproveite o dia”. É sabido que na época do império romano, os romanos diziam isso com regularidade uns aos outros e, como disse o próprio Biff, “é uma coisa muito poderosa de se dizer”. “Carpe Diem (Seize The Day)” abre o trabalho com uma pequena introdução climática que logo é interrompida por um ritmo frenético e contagiante. A condução de bateria e baixo dos exímios Nigel Glockler e Nibbs Carter martelam com segurança e, de forma imponente, dão vazão para que sir Paul Quinn e seu comparsa. Doug Scarrat, desfiram riffs de guitarra matadores o suficiente para que você comece a bangear logo nos primeiros momentos da audição.

É necessário constatar que os vocais de Biff Byford nunca estiveram melhores e “Age Of Steam” comprova esta afirmação. Eu realmente não sei o que come ou bebe na Inglaterra, mas seja lá o que for, eu gostaria de provar tal elixir que faz com que um senhor de 71 anos de idade cante como um garotinho de 20. A canção trata-se de um Heavy poderoso e impositivo e, de quebra, apresenta um refrão tão pegajoso quanto o da música anterior.



Quando os primeiros acordes de “The Pilgrimage” são ouvidos, o clima épico e medieval te faz fazer uma viagem rápida até 1984, mais precisamente até o álbum “Crusader” e sua grandiosa faixa título. Obviamente, esta é apenas uma referência, a canção em questão possui vida própria e logo se distancia do hino de 84 mostrando-se uma faixa extremamente inspirada. O ritmo cadenciado, o riff de fácil absorção e o refrão simples cativam instantaneamente e me arrisco dizer que dificilmente “The Pilgrimage” não se tornará um clássico. É preciso mencionar que a letra desta música é simplesmente maravilhosa, “The Pilgrimage” (A Peregrinação) narra uma busca incessante que pode ser interpretada até mesmo como uma busca da própria banda por algo maior. O Saxon iniciou esta cruzada lá no longínquo ano de 1978 e, pelas estradas tortuosas do Heavy Metal, vem até hoje peregrinando com muita dignidade até o seu destino.

Trecho:

“Vai ser difícil, vai ser longo
Nós nunca vamos vacilar, seremos fortes
Nosso destino é a nossa busca
Não vamos renunciar, não vamos descansar
A jornada começou
Estamos marchando sem parar
É a peregrinação”



Trecho 2:

“Através dos tempos o caminho foi usado
para encontrar redenção e renascer
Nos tempos modernos, buscamos nossos heróis
Procuramos conforto, procuramos paz
Um significado mais elevado, algo espiritual
Um ícone da música ou um milagre religioso
Procuramos algo para mostrar o caminho
Somos todos apenas peregrinos na estrada da vida”

Depois de uma viagem como esta, com conteúdo tão complexo e profundo, é preciso dizer que este humilde resenhista se emocionou ao ler as notícias e ver que “Carpe Diem” está sendo muito bem avaliado e está trazendo números representativos para a banda. O disco estreou na posição de número 17 nas paradas britânicas, coisa que não acontecia desde 1983, quando lançaram o clássico “Power & The Glory”, entrou na posição de número 3 na Alemanha, fato inédito na carreira do Saxon, estreou na posição de número 15 na Suécia e já é sabido que está bem posicionado em diversas outras paradas de sucesso no mundo. Nada mais justo e merecido do que ver estes senhores conquistando marcas históricas sem sair um milímetro da sonoridade Heavy Metal que os acompanhou durante esta longa jornada.



Photo: Jaime Monzon

Bem, vamos seguir com a audição pois agora é a hora de falarmos sobre “Dambusters”, composição direta e sem frescuras que possui um refrão chiclete e um riff de guitarra mais chiclete ainda. A letra é daquelas épicas onde o fantástico se mistura com a realidade em um conto que tem como único intuito entreter o ouvinte.

Já em “Remember The Fallen”, partimos novamente para uma abordagem mais séria e emocional. Através de uma composição altamente cativante, somo convidados pelos saxões a prestar homenagem a todas as vítimas da pandemia que assola o mundo, principalmente, aqueles que estiveram na linha de frente ao combate da Covid-19. “Quando esta guerra terminar/ Nossas vidas nunca mais serão as mesmas/ Se lembre dos heróis/ Se lembre de suas vidas/ Se lembre dos heróis/ Se lembre/ Se lembre daqueles que caíram”.

“Remember The Fallen” foi o segundo single do álbum e ganhou um videoclipe muito bonito e emblemático lançado no dia 11 de janeiro:

Mostrando serem experts em construção de tracklist, novamente, emendam uma bordoada Heavy para animar o ouvinte após a inclusão de um tema sensível. “Supernova” pisa no acelerador sem piedade e traz aquele andamento veloz e propício para o headbanging. Música absolutamente empolgante e, como o título já entrega, fala sobre as explosões de intenso brilho que ocorrem no universo.



Momento cultural: uma supernova é a maior explosão que ocorre no espaço sideral. Uma supernova ocorre quando o núcleo de uma estrela, por alguma razão, entra em colapso. Esse colapso pode ocorrer de duas maneiras diferentes, tendo como resultado uma supernova. O primeiro tipo de supernova ocorre nos sistemas binários de estrelas. O segundo tipo de supernova acontece no final da vida de uma única estrela. À medida que o combustível nuclear da estrela vai se esgotando, parte de sua massa flui para o núcleo. Consequentemente, o núcleo vai ficando mais pesado e, em algum momento, o peso é tanto que a estrela não pode suportar sua própria força gravitacional. O núcleo entra em colapso, o que resulta na explosão gigante de uma supernova.

“Lady In Gray” retorna ao peso e a cadência em detrimento da velocidade, mas se engana quem pensar que a música não tem o seu brilho próprio. Gosta de histórias de terror? Pois é meu amigo, aqui Biff Byford nos conta a história da “Lady In Gray” (A Dama de Cinza). E se por um acaso, quando você ouvir no refrão os dizeres: “It’s Supernatural!” (É sobrenatural!), não pense que se trata de uma brincadeira. Segundo uma recente entrevista de Biff, ele já teve diversas experiências sobrenaturais:

“SIM, MUITAS VEZES NA MINHA VIDA (sobre ter tido essas experiências). ESSA HISTÓRIA EM PARTICULAR É UMA EM QUE EU COMPREI PARA MEU FILHO E SUA NAMORADA UMA NOITE NO CASTELO MAIS ASSOMBRADO DA INGLATERRA E O QUARTO É CHAMADO DE QUARTO CINZA. “A DAMA DE CINZA” ASSOMBROU AQUELE QUARTO E, APARENTEMENTE, ELA MORREU QUANDO SEU MARIDO A DEIXOU. ELA MORREU DE CORAÇÃO PARTIDO E VAGOU PELO CASTELO PROCURANDO POR ELE. É DAÍ QUE VEM A LETRA. SE VOCÊ PESQUISAR NO GOOGLE, ENCONTRARÁ MUITAS IMAGENS DELA ANDANDO PELOS QUARTOS.”



E aí? Achou assustador?

Photo: John Inglis/MetalTalk

Seguimos para a próxima faixa já que o fim se aproxima. “All For One” é mais uma daquelas aulas de Heavy Metal que o Saxon costuma oferecer a alunos dispostos a aprender. Riffs esmagadores, solos alucinantes e uma performance vocal de tirar o fôlego, servem apenas para nos trazer a famosa história dos “três mosqueteiros”. E o refrão não poderia ser outro: “um por todos e todos por um”.

Liricamente, “Black Is The Night” é como se fosse um pesadelo gelado onde você tenta sobreviver à noites congelantes no ártico. A música é poderosa como todas as outras do disco e mantém toda a coerência e assertividade demonstradas até aqui. Isso sem mencionar que é a ponte perfeita para a música mais rápida e visceral do tracklist, “Living On The Limit”. Esta é realmente uma verdadeira voadora no peito daqueles que bradam o famigerado discurso, “eles estão velhos, você não queria que tocassem com o mesmo vigor dos anos 80, né?”. Aos que usam esse tipo de argumentação para justificar a musicalidade morna e sem sal de algumas bandas que há muito tempo vem lançando trabalhos apenas para marcar território, recomendo que escute esta e outras composições presentes em “Carpe Diem”.

Por último, mas não menos importante, é necessário abordar mais uma vez a produção magistral de Andy Sneap. O cara é uma verdadeira fera e onde coloca as mãos é quase certo que teremos música boa e de qualidade. Aqui, não temos qualquer exceção à regra, timbragem perfeita, som cristalino, todos os instrumentos evidentes, tracklist bem montado, quantidade certa de faixas e tempo de duração mais do que apropriado. Um disco de Heavy Metal que beira a perfeição e deixará qualquer fã extasiado. O quinteto inglês prova a cada lançamento que não é necessário fazer nada além do esperado para obter ótimos resultados. Que me desculpem os advogados de defesa de outros grupos britânicos, mas o trono do Heavy Metal na atualidade só tem um rei possível: o Saxon!



“O que plantamos é o que colhemos
Não tenha medo de cavalgar as tempestades
Basta pegar o touro pelos chifres
Vivendo no limite, Vivendo no limite”

Nota: 9,5

Integrantes:



Paul Quinn (guitarra)
Biff Byford (vocal)
Nigel Glockler (bateria)
Nibbs Carter (baixo)
Doug Scarratt (guitarra)

Faixas:

  • 1. Carpe Diem (Seize the Day)
  • 2. Age of Steam
  • 3. The Pilgrimage
  • 4. Dambusters
  • 5. Remember the Fallen
  • 6. Super Nova
  • 7. Lady in Gray
  • 8. All for One
  • 9. Black Is the Night
  • 10. Living on the Limit
PUBLICIDADE

[ Anuncie Aqui ]

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.

Veja também

PUBLICIDADE

[ Anuncie Aqui ]

PUBLICIDADE

[ Anuncie Aqui ]

Redes Sociais

36,158FãsCurtir
8,676SeguidoresSeguir
197SeguidoresSeguir
261SeguidoresSeguir
1,950InscritosInscrever

Últimas Publicações

PUBLICIDADE

[ Anuncie Aqui ]