Em meio a turnê de despedida intitulada “Celebrating Life Through Death”, o Sepultura vêm fazendo shows em diversos lugares do mundo. Com a performance agendada no festival Lollapalooza, até mesmo a rede Globo quis entrevistar o veterano grupo mineiro.
E lá se foram Andreas Kisser e Paulo Xisto aos estúdios do G1 para conversar sobre a história, o legado e o atual momento de adeus aos fãs. Em determinado momento da entrevista, Kisser comenta sobre o preconceito que as pessoas tem com o Heavy Metal e as restrições que alguns países impõe para bandas que queiram tocar nos seus territórios. Ele disse o seguinte:
“O Heavy Metal sempre foi assim, muita gente tem um preconceito absurdo ainda, mas Heavy Metal é coisa de família, é muito família, é o estilo mais popular do mundo. O Sepultura já tocou em mais de 80 países em 40 anos de história. Já fomos pra Geórgia, pra Armênia, tocamos com banda iraniana, sendo que no Irã é proibido. Enfim, fiquei sabendo que a gente tá banido agora na China também.”
Questionado como ficou sabendo disso, Andreas respondeu:
“Porque a gente tá procurando lugares pra tocar, né. E de repente chega umas coisas do tipo, ‘por causa dessa letra’ ou por causa de não sei o quê. No Líbano e no Egito a gente também não pode tocar por causa de coisas religiosas e políticas. Mas tem o fã de Heavy Metal lá, não à toa a gente estava lá pra tocar, tinha mais de 2000 pessoas no Líbano pra nos ver e os caras cancelaram no último momento. A gente tava na Turquia e não conseguimos nem voar pro Líbano.
Hoje tá uma situação horrível de guerra. A Rússia é um dos lugares mais legais e espetaculares que a gente toca e também não pode ir lá por causa disso. A Ucrânia também. É uma tristeza né. E o Heavy Metal sempre reportou isso também nessas coisas de guerra, a gente tem uma música chamada ‘Territory’, que fala justamente disso, de fronteiras. O que tá acontecendo com Gaza é desde aquela época, enfim… o Heavy Metal fala desses assuntos também, não é só sobre dragões e fogo e etc.”
Andreas ainda foi questionado sobre de onde ele acha que vem este preconceito com o Heavy Metal. Ele respondeu:
“É uma incompreensão. Você vestir preto, você vê um demônio na capa, acha que é todo mundo satanista, seja lá o que isso signifique. Mas é uma coisa de história, a própria religião trouxe esses conceitos de Deus e Satã. E eles mesmos reclamam que a gente usa esses termos. Eu aprendi muito sobre bíblia e história com o Iron Maiden. ‘666 The Number Of The Beast’, ‘Revelations’ que são as revelações, ‘Aces High’ que fala da segunda guerra mundial. Entre outras coisas, ‘Acacia Avenue’, que fala ali da cena londrina. A gente aprendeu muito com isso, com o próprio Metallica, com livros, Edgar Allan Poe, que foi influência pro Iron Maiden também.
E muita gente não vê isso. E eu acho que o Heavy Metal é muito educativo. Não só da parte de letras e vídeos e etc, mas de misturas musicais. O próprio Sepultura trazendo a influência da música brasileira pra fazer um Heavy Metal diferente. O Metallica com a música country americana pra fazer um Heavy Metal único, enfim, as bandas da Europa, eu mencionei a Rússia, nós fizemos 16 shows na Rússia em 2013, com 5 shows na Sibéria, com bandas locais usando vários instrumentos que a gente nunca viu na vida e tocando Heavy Metal, é maravilhoso.”
Veja a entrevista na íntegra: