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Shaman: divisão política, fim da banda e atitudes imperdoáveis de Confessori

Reprodução/Facebook

Não é de hoje que a polarização política no Brasil vem causando estragos na cena Rock/Metal. E aqui deixamos claro, o problema não está em acreditar ou seguir uma ideologia em específico, mas sim partir para os extremismos.

Infelizmente, vivemos em um país onde as pessoas decidiram apenas opinar e nada mais. As opiniões em grande parte das ocasiões não são embasadas e não são emitidas após pesquisa séria ou estudo, na verdade, não passam de meros achismos que, às vezes, descambam para a pura ficção tresloucada de algum influencer ou blogueiro.

No Brasil, boa parte das ditas pessoas engajadas politicamente não passam de torcedores fanáticos. E este eterno Fla x Flu está produzindo aquilo que menos necessitamos para a cena Rock Metal, principalmente, a underground: estamos falando de uma segregação jamais vista em nosso meio.

O nosso underground nunca foi um exemplo de receptividade e sempre sofreu com panelas, problemas estruturais e atitudes pouco inteligentes vindas de algum livro de regras que nunca existiu. Com a polarização política, tudo ficou ainda pior e aquilo que antes capengava agora passou a literalmente se arrastar. Militantes extremistas, embalistas ignorantes e pessoas que querem apenas fazer parte da turma passaram a se hostilizar e se odiar.

O motivo?

Pensam diferente, apoiam o político diferente, possuem ideologias diferentes, enfim, possuem idéias de mundo diferentes.

Tornou-se inaceitável pensar. Ou você concorda ou você é um inimigo declarado. Ou você se enquadra ou será cancelado. Ou repete os “chavões certos” e mostra que está do “lado certo” ou será uma vítima em potencial.

Sim, nós sabemos que isso tudo é ridículo, mas é assim que as coisas tem funcionado no underground brasileiro. Na verdade, é assim que as coisas tem funcionado em todo o país em praticamente todos os âmbitos.

Até quando?

Reprodução/Divulgação

Ontem, 10 de janeiro de 2023, a tradicional banda paulistana de Power Metal, Shaman, encerrou atividades exatamente por divergências políticas e atitudes lastimáveis de um de seus integrantes.

O baterista Ricardo Confessori me fez lembrar de um outro fato deplorável protagonizado por outro grande ícone da música pesada no passado, me refiro a João Gordo, do Ratos de Porão. Na época, me lembro de ter ficado absolutamente revoltado ao ver Gordo xingando fãs de forma pesada, insandecida e inconsequente em seu Instagram. Pois ontem foi a vez do baterista do Shaman repetir o mesmo erro bizarro e inadmissível.

Photo: Thiago Kiss

Confessori fez uma publicação onde hostilizava o atual presidente da república por conta do discurso feito após a invasão seguida de quebra-quebra que rolou nos atos acontecidos em Brasília no último domingo, dia 8 de janeiro. Veja bem, criticar um político é algo absolutamente legítimo, mas apoiar um ato repleto de vandalismo onde pessoas tentavam criar ferramentas para que um golpe de estado fosse instaurado, não.

Obviamente, fãs começaram a comentar, questionar e desaprovar o posicionamento do baterista, que prontamente passou a responder os fãs com xingamentos, comentários preconceituosos e ofensas gratuitas da pior estirpe.

Traduzindo, tudo o que um músico jamais deve fazer contra o seu patrimônio mais precioso: os fãs.

Desrespeitar os fãs é algo verdadeiramente asqueroso, insano e indignante. O músico que faz isso está literalmente cuspindo no prato que comeu e não merece qualquer tipo de clemência.

Imediatamente após tal atitude, os irmãos Luis e Hugo Mariutti resolveram deixar o Shaman. Hugo postou em suas redes sociais que “compromissos serão mantidos, mas infelizmente os ciclos acabam”.

Hoje, o vocalista Alírio Netto publicou uma nota oficial que diz o seguinte:

“Estar nessa banda foi uma das grandes honras que eu tive nessa vida.
Infelizmente devido aos acontecimentos do dia de ontem, fica claro que não tem mais clima pra continuar.
Repúdio à qualquer comentário homofóbico, racista, machista, discurso de ódio, e descabido de qualquer empatia!
Gostaria de agradecer aos meus companheiros de banda pela confiança e por essa jornada incrível!
Gostaria também de agradecer aos nossos verdadeiros fãs que sempre nos deram o suporte!
E principalmente gostaria de agradecer ao nosso saudoso “Andre Matos” por ter me ensinado tanto através de suas músicas”.

Reprodução/Divulgação

Precisamos nos acalmar, precisamos recuar dessa polarização, precisamos entender que as pessoas pensam de forma diferente e, principalmente, precisamos rebobinar nosso cérebro e lembrar que não somos assim.

Com todos os defeitos existentes na cena Rock/Metal, nós sempre procuramos nos manter unidos e o motivo dessa união é a música que amamos.

Até quando vamos nos matar por causa de políticos? Até quando vamos esquecer que jamais na história do nosso país algum político fez algo em prol do Rock ou Metal? Até quando vamos ver nossa cena enfraquecida por conta disso? Até quando vamos ver bandas sendo desfeitas, amizades sendo perdidas?

ATÉ QUANDO?

Nunca as falas de Lemmy me soaram tão corretas como agora:

Redigido por Fabio Reis

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