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Você sabia? Antes de “Blackout”, Klaus Meine perdeu a voz por completo e quase deixou o Scorpions!

Photo: Imago - Bernd Müller

Quem acompanha a carreira musical do quinteto alemão Scorpions, sabe muito bem o quanto o grupo foi e continua sendo relevante na cena alemã. O sucesso estrondoso alcançado através de seus discos e, em especial, suas baladas incríveis, atravessaram décadas, atingiram público de várias idades e se transformaram em verdadeiros clássicos do Rock.

A verdade é que algumas dessas canções se transformaram em verdadeiros hinos, obrigatórias nas apresentações do quinteto até os dias atuais. Porém, quem ouve os timbres absolutamente agradáveis e, em alguns casos, difíceis de serem atingodos de Klaus Meine, jamais imaginaria que ele foi aconselhado a parar de cantar em um passado distante.

Sim! Esta foi a recomendação médica no início dos anos 80 logo após o lançamento de “Animal Magnestism”, sétimo álbum oficial da carreira da banda, lançado em 31 de março de 1980.

Para entender melhor o que ocorreu com Klaus Meine e a reviravolta após o ocorrido, façamos uma viagem ao longínquo ano de 1981, quando o Scorpions encerrava mais um turnê de sucesso e consequentemente programava seu próximo trabalho de estúdio. Após o sucesso do referido “Animal Magnetism”, disco que trouxe números positivos para a banda atingindo a 52a posição da Billboard graças aos (excelentes) singles ” Make It Real” e “The Zoo”, o grupo embarcou numa turnê de grande sucesso que teve início em 06 de março de 1980, na cidade de Tóquio, Japão, e encerrou em 28 de outubro do mesmo ano, em Londres, na Inglaterra, totalizando ao todo 100 apresentações.

Photo: Michael Ochs, Getty Images

Vale salientar que a turnê teve início três semanas antes do lançamento oficial do disco.
Pela primeira vez os alemães tocaram no Canadá, em Vancouver, e evidentemente foram ovacionados pelo público canadense que ansiavam por este momento. Além do Canadá, a turnê seguiu pela Bélgica, França, Reino Unido, Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental (na época, o país era dividido pelo Muro de Berlim). Durante a longa turnê, o quinteto teve como convidados os ingleses do Tygers Of Pan Tang como banda de abertura.

A banda também participou do primeiro Monsters Of Rock que aconteceu em agosto de 1980, onde tocaram ao lado de nomes como Saxon, Judas Priest, Riot, April Wine e Touch. A segunda parte da turnê trouxe os também ingleses do Def Leppard como banda de abertura, seguidos dos americanos do Blackfoot.

Esta intensa agenda de shows exigiu muito de Klaus Meine, já que as canções (e composições) da banda exigiam muito de sua voz e tudo que se ouvia em seus discos, também se ouvia nas apresentações da banda..

Após o encerramento da (longa) turnê, o grupo retornou para a Alemanha, e no final de 1981, entrou em estúdio para gravar seu próximo disco de inéditas, ainda sem título. O nome “Blackout” viria tempos depois após uma noite de bebedeira de Ruddolf Schenker (guitarras), Herman Rarebel (baterista) e membros do Judas Priest e Def Leppard. Durante as gravações, Klaus Meine sentiu dores em suas cordas vocais e, ao perceber que sua voz não conseguia atingir as notas mais altas como de costume, começou a ficar preocupado.

A princípio, o músico imaginou tratar-se de uma gripe ou talvez uma simples inflamação sem gravidade de suas cordas vocais. Porém, as dores fortes deram pistas de que a coisa era mais séria do que se poderia imaginar e em dado momento o simples fato de falar foi algo que se tornou quase impossível.

Photo: Larry Marano/Hulton Archive/Getty Images

Sim! Klaus Meine havia perdido sua voz por conta de dois nódulos em suas cordas vocais. Imediatamente, o músico procurou um médico que numa breve avaliação do seu estado de saúde lhe perguntou: “Qual a sua profissão”? Após ouvir a resposta, o médico riu e em seguida usando um tom mais sério aconselhou que Meine “mudasse de profissão”. Triste após o diagnóstico médico, Meine cogitava tomar a pior decisão de sua vida: deixar o Scorpions em definitivo.

O guitarrista Rudolf Schenker, refere-se a este momento como:

“Nunca passou pela nossa mente substituir Klaus, eu disse que iria esperar ele se recuperar, não importando se o disco fosse adiado. Pensamos em nos separar se Klaus não pudesse continuar, porque ele é fundamental para a banda.”

Após as palavras de Rudolf, bem como a motivação vinda dos demais membros da banda, o vocalista decidiu que precisava fazer uma avaliação com outros médicos especialistas no assunto. Foi então que ele (Meine) decidiu viajar até a Áustria, onde deu início ao tratamento realizado com um médico especialista em cuidar de cantores de óperas. Após duas bem sucedidas cirurgias, alguns meses de repouso e sucessivos treinamento de voz, Klaus Meine, finalmente se recuperou.

Apesar de perder parte de seus agudos, o vocalista retornava a banda com uma voz supostamente melhor e cristalina e uma extensão vocal maior que nos trabalhos anteriores. A “nova voz” de Klaus Meine, foi enaltecida por um crítico da revista Rolling Stones que ao ouvi-lo, disse:

“Agora foi dado a Klaus Meine uma voz de Metal”

Paralelo aos acontecimentos e enquanto Meine permanecia ausente da banda, os trabalhos para o novo disco deram continuidade sob a voz de Don Dokken (Dokken), “grande amigo da banda”, nas palavras do guitarrista Rudolf Schenker.

Na ocasião, o vocalista havia lançado “Breaking The Chains”, álbum de estreia da banda que leva seu sobrenome, Dokken. Diferente do que se costuma ouvir, Don, foi contratado para cuidar apenas das partes de backing vocals (e o fez), enquanto Meine se recuperava das cirurgias.

Na época, rumores davam conta que Don Dokken havia assumido os vocais do novo disco, porém não se sabe ao certo se há de fato um fundo de verdade em toda esta história, visto que o guitarrista e líder do Scorpions, Rudolf Schenker, deixa claro em sua fala que a substituição de Klaus Meine era algo impensado.

Sob as vozes de Don Dokken, foram gravadas fitas Demo. No entanto, nenhuma dessas gravações foi usada no álbum, já que Klaus Meine assumiu o posto e terminou enfim as partes de vozes. Como forma de agradecimento pelos trabalhos prestados, a banda creditou a passagem de Don Dokken como “vocais de apoio”.

Após a recuperação total de Meine, a banda lança em 29 de março de 1982, “Blackout”, oitavo e bem sucedido trabalho de inéditas e um dos melhores discos editados no início dos anos 80.

O novo registro chegava envolto em dúvidas, e ao mesmo tempo numa carga enorme de curiosidade por parte dos fãs, que queriam ver/ouvir como a banda estava soando após todos os problemas como seu frontman. Se alguém tinha dúvidas sobre como soaria a voz de Klaus Meine após a cirurgia, e se ele conseguiria atingir os tons mais altos, a resposta vem logo na abertura com “Blackout”, faixa que batiza o disco e mostra enfim que o Scorpions estava de volta, chutando tímpanos e fazendo com que o “escorpião alemão” soasse mais “venenoso” do que nunca.

Rapidamente o disco tornou-se o mais vendido da banda, atingindo números expressivos nas paradas musicas, e apesar de trazer apenas dois singles: “No One Like You” e “Can’t Live Without”. O novo petardo conseguiu emplacar também faixas como “When Smoke Is Going Down”, “Dinamite” e a já citada faixa título. Embora, oficialmente estas músicas não constam como singles oficiais.

O sucesso estrondoso de “Blackout” (o disco), elevou o nome do quinteto alemão que via o registro subir tal qual um foguete nos rankings de vendas e de aceitação por parte de público e crítica. Em todas elas, os elogios eram unânimes quanto à “nova voz” de Klaus Meine.

O single de “No One Like You”, figurou na 1a posição da Mainstream Rock Americana, tornando-se o primeiro e único single da banda a atingir tal posição. Após o sucesso mundial do trabalho, a banda parte para uma turnê pelos Estados Unidos, onde tocaram com o Iron Maiden como artista convidado. Na ocasião, os britânicos haviam lançado o excelente “Piece Of Mind”, quarto álbum de sua extensa discografia.

Em maio de 1983 o Scorpions foi convidado para tocar no US Festival em San Bernardino na Califórnia, durante o Memorial Day Weekend, juntamente com as bandas Triumph, Ozzy Osbourne, Quiet Riot, Van Halen e Judas Priest. O público estimado para o festival foi de 325 mil pessoas, embora haja controvérsias quanto aos números de fato, já que na segunda noite do festival quando os alemães se apresentaram, o público estimado foi de aproximadamente 375 mil pessoas.

O show foi transmitido ao vivo pela MTV, dando o banda larga exposição. Com este álbum, os alemães embarcam numa turnê de sucesso que durou aproximadamente dois anos, levando-os a se apresentarem nos maiores festivais do mundo.

Curiosidade: como já mencionado no início do texto, a origem por trás do título do disco deu-se após uma noite de bebedeira entre os membros do Scorpions, Judas Priest e Def Leppard. Após o baterista Herman Rarebell contar a Rudolf Schenker que o mesmo havia tido um “Apagão” na noite anterior por conta do excesso de bebidas e explodido a TV do quarto dos caras do Def Leppard ao jogar uma mistura de whisky, cerveja e vinho no pobre aparelho, o guitarrista decidiu que “Blackout” (apagão) era o nome perfeito para o novo disco de sua banda.

Photo: Chris Walter/WireImage

Observações acerca do álbum:

Nota do Redator

Após “Blackout”, a banda lançou grandes discos, seguidos de inúmeros singles, compilações, live albums, DVD ‘s, etc. Embora alguns trabalhos não apresentem a mesma qualidade musical de outrora, é fato que o Scorpions ainda mantém-se como um dos grandes nomes do Heavy/Hard alemão.

A banda prepara o lançamento de “Rock Believer”, novo e 19º registro de inéditas, previsto para o dia 25 de fevereiro de 2022. O novo trabalho é o sucessor de “Return To Forever”, lançado em 20 de fevereiro de 2015. Recentemente a banda lançou os singles “Peacemaker”, “Rock Believer”, “Seventh Sun” e “Shining Of Your Soul”, todas composições que estarão no vindouro e aguardado novo registro.

Ouça o clássico “Blackout” e depois todos os novos singles:

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