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Clássicos: Motörhead – “Overkill” (1979)

Gravado entre dezembro de 1978 e janeiro de 1979 no Roundhouse Studios, “Overkill” chegou às lojas em 24 de março de 1979.



Lançado pela Bronze Records e produzido pela dupla Jimmy Miller and Neil Richmond, o segundo álbum de estúdio do Motörhead, chegou a alcançar a posição #24 nas paradas de sucesso inglesas e imediatamente influenciou a cultura punk regional. É claro que esta não foi a única e tampouco a mais importante influência deste disco, mas falaremos mais sobre isto à frente.

Photo: Fin Costello/Redferns

O tempo a favor

No disco de estreia concebido em 1977, o homônimo “Motörhead”, o trio formado por Lemmy Kilmister, Phil “Animal” Taylor e “Fast” Eddie Clarke já tinha nos dado uma pequena amostra do que estaria por vir. Querendo ou não, apesar de ser notoriamente mais crua e despojada, a sonoridade da banda ainda refletia muito da passagem de Lemmy pelo Hawkwind. Tanto que as faixas “Motörhead”, “Lost Johnny”, assim como “The Watcher”, foram todas compostas por Lemmy para sua ex-banda.

Um fator que provavelmente deu outro tom para o desenvolvimento de “Overkill” foi o tempo que tiveram em estúdio. Se no anterior, todo o tracklist foi gravado em apenas 3 dias, agora o Motörhead pôde usufruir de severas 6 semana e, dessa forma, o desenvolvimento das ideias foi bem melhor. É claro, se pensarmos neste período comparando ao que as bandas utilizam hoje, chegaremos à conclusão que 6 semanas não são praticamente nada, mas para um nome pouco badalado no final dos anos 70, esse “tempo a mais” fez toda a diferença.



Photo: Fin Costello/Redferns

Também é preciso mencionar que algumas músicas como “Damage Case”, “No Class”, “I Won’t Pay Your Price” e “Tear Ya Down” já eram tocadas ao vivo antes de serem gravadas, portanto, já tinham sido testadas e modificadas de acordo com a experiência de palco. Segundo Lemmy:

“Sim, isso ajudou a desenvolvê-las. Você ficaria surpreso com a maneira como as músicas mudam quando você as leva para o palco, então suponho que o que fizemos – embora não deliberadamente – foi permitir que elas amadurecessem de uma forma que nunca poderia acontecer apenas no estúdio. Mas esse é um processo contínuo. Se você ouvir a maneira como fizemos ‘Metropolis’, por exemplo, no álbum, quase não tem qualquer conexão com o que fazemos ao vivo.”

O acaso se faz presente

A vibração entre os músicos era ótima, sendo assim, após diversos momentos de desilusões pessoais e profissionais, é certo que o Motörhead tinha se tornado um receptáculo de energia. “Fast” Eddie Clarke também chegou a esta constatação. Ele disse o seguinte sobre o período de gravações de “Overkill”:



“Tivemos tantos começos falsos e decepções que quando ‘Overkill’ surgiu, tínhamos acumulado muita energia e muitas ideias, e estávamos apenas esperando a oportunidade de mostrar o que podíamos fazer”.

Reprodução/Youtube

Como quase tudo que o Motörhead fez em sua carreira, “Overkill” foi uma experiência de voo às cegas. Nem Lemmy, nem “Fast” Eddie, nem “Animal” Taylor tinham a noção exata do que estavam fazendo. O nascimento da canção título, por exemplo, foi um total acaso. Lemmy e “Fast” Eddie entraram no estúdio para um ensaio corriqueiro e então flagram “Animal” Taylor martelando o kit de bateria tentando acertar a sua coordenação.

“Eu estava prestes a parar”, disse Philthy, “e então eles disseram: ‘não! Não pare! Continue!’ E foi assim que ‘Overkill’ começou a ser escrita.”



Reprodução

Melhores músicos em “Overkill”

Um capítulo à parte da história do Rock and Roll e do Heavy Metal começava a ser escrito à partir dali, mas nenhum dos três tinham sequer noção disso. Ainda assim, creio que nem o próprio Lemmy anos mais tarde tinha tal noção. Quando questionado pela Metal Hammer sobre a importância de “Overkill” e a sua condição de clássico, o frontman desconversou:

“Ele é isso? Eu realmente não sei! O que ouço é um disco que é… bem, na verdade ele é muito lento! Tocamos essas músicas muito mais rápido agora. Para nós, foi um trampolim que levou ao ‘Bomber’ e depois ao ‘Ace Of Spades’, embora eu ache que ‘Overkill’ é um disco melhor. Mas o que isso fez foi provar que éramos uma banda de verdade.”



E nessa resposta, apesar de ignorar um pouco a importância do trabalho, Lemmy foi certeiro quando menciona que o álbum prova o talento dos três como uma banda de verdade. Isso foi algo perceptível até mesmo para o mais abobalhado dos críticos na época.

Reprodução

Eles estavam tocando mais do que nunca e isso refletiu na qualidade das composições. Quase todas as faixas contidas no tracklist se transformaram em hits ou clássicos da discografia. Além das já mencionadas “Damage Case”, “No Class”, “I Won’t Pay Your Price”, assim como “Tear Ya Down”, ainda temos as mais contidas “Capricorn” e “Metropolis”, que soam basicamente como uma última reverência de Lemmy a sonoridade do Hawkwind. Além disso, temos maravilhosa “Stay Clean” e a injustiçada “Limb From Limb”.

Influenciando o Thrash Metal

Mas voltando a canção título, é seguro dizer que sem ela, provavelmente, não teríamos o Metallica ou o Slayer, ou que todo o gênero do Thrash Metal, caso existisse, seria algo totalmente diferente. Esta foi a música que direcionou os holofotes para o Motörhead, não por parte da mídia ou das paradas de sucesso, mas do outro lado do mundo, alguns jovens rebeldes e desajustados se voltaram para “Overkill” e encontraram ali a sua bíblia metálica oficial. Alguns anos depois, foram estes jovens que formaram as primeiras bandas que se tornaram os alicerces para o Thrash Metal.

Reprodução

Poderíamos escrever uma matéria exclusivamente sobre a canção “Overkill”. Ouvindo e analisando hoje em dia, parece algo totalmente intencional, mas sabemos que não foi e isso dá a ela um charme ainda maior. Além da levada de bateria e baixo que inspirou toda uma geração, finalmente, ainda devemos destacar o tom provocador, intenso e desafiador da letra.



“De pé, você sente a batida/ Ela vai direto para sua coluna/ Balançe a cabeça, você deve estar morto se isso não te faz voar”

“O único modo de sentir o som é quando ele está bem alto.”

“Saiba que seu corpo foi feito para se mexer, sinta isso em suas entranhas/ O Rock and Roll nem merece este nome se não te fizer agitar”



“Overkill” é visceral se pensarmos em termos rítmicos, mas é também técnica e possuidora de um feeling absurdo. Sua letra é um convite e ao mesmo tempo um desafio. É uma música feita para ser tocada ao vivo e moldada para que o ouvinte ultrapasse seus próprios limites enquanto a ouve. Este é o “exagero” mencionado e repetido exaustivamente no refrão. Sendo assim, ela despeja uma quantidade imensurável de energia e eletricidade sobre nossas cabeças e não é a toa que foi tocada em praticamente todos os shows da banda desde seu lançamento.

O que dizem sobre “Overkill”

Dave Lombardo, ex-baterista do Slayer, falou sobre sua surpresa ao escutar “Overkill”:

“Foi a primeira vez que ouvi bateria e contrabaixo no Motörhead nesse padrão. Eu já tinha ouvido falar de outros contrabaixos, mas não acho que eles fizessem nada parecido com aquilo, você sabe, naquele ritmo e naquela batida…”



Reprodução

Scott Ian, guitarrista do Anthrax, confessa:

“Não há como superestimar a influência do Motörhead. Estávamos ouvindo eles sem parar quando trabalhamos em nosso primeiro álbum. Na época, não havia nada igual a eles.”

Reprodução/X

Já Lars Ulrich, baterista do Metallica, deu o seguinte depoimento para a revista Rolling Stone:



“Eu nunca tinha ouvido ninguém cantar como Lemmy, era uma fusão de Punk, Rock e Metal, e foi uma loucura. Eram letras de desenho animado. E a consistência de ‘Overkill’ para ‘Stay Clean’, quero dizer, ‘Stay Clean’ foi tocada ao vivo por anos, depois ‘I Won’t Pay Your Price’, ‘No Class’, que saiu quase direto de um manual do ZZ Top, ‘Damage Case’, que o Metallica tocou. Temos também faixas mais longas e profundas como ‘Metropolis’ e ‘Limb From Limb’. É uma loucura. O Motörhead era a única banda, onde não importa se você gostava de Rock, de Progressivo, de Pop, Punk, porra, não sei, Ska… você pode concordar que o Motörhead foi simplesmente o mais legal de todos. E, para mim, o álbum definitivo do Motörhead é ‘Overkill’, sem dúvidas.”

Reprodução/Facebook

Todo reconhecimento ainda é pouco!

É interessante tal reconhecimento em cima de “Overkill”, até por que ele não é o disco mais vendido e nem o mais popular – deixemos esta parte para “Ace Of Spades”. O que podemos concluir à partir de todas estas constatações, certamente, é que estamos diante do masterpiece do Motörhead.

Hoje em dia, entretanto, temos doses generosas de leviandade ao conceder para certos discos a alcunha de clássico. Um clássico não pode ser constituído de apenas um único hit ou hino, precisa sobreviver ao teste implacável do tempo e, de preferência, precisa trazer algo muito relevante para a história da banda ou para história em geral.



Reprodução

O segundo trabalho de estúdio do Motörhead abraça todas estas prerrogativas, além de algumas outras. “Overkill” tem no mínimo 6 clássicos definitivos que foram tocados durante toda a carreira da banda, além disso, ele não apenas sobreviveu ao teste do tempo como se manteve inexplicavelmente atualizado se pensarmos nos temas, nas afirmações e na acidez lírica de Lemmy. Obviamente, ele é relevante para a discografia do Motörhead, mas é ainda mais relevante se pensarmos em sua importância para o surgimento do Thrash Metal.

Ajoelhem-se diante da grandeza intimidadora do todo poderoso “Overkill”. Mais do que obrigatório, este aqui é NECESSÁRIO!

Nota: 9,9

Integrantes:



Lemmy Kilmister (vocal e baixo)
Eddie Clarke (guitarra)
Phil Taylor (bateria)

Faixas:

  1. “Overkill”
  2. “Stay Clean”
  3. “(I Won’t) Pay Your Price”
  4. “I’ll Be Your Sister”
  5. “Capricorn”
  6. “No Class”
  7. “Damage Case”
  8. “Tear Ya Down”
  9. “Metropolis”
  10. “Limb from Limb”

Redigido por Fabio Reis

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