Esta é uma indicação dos Programas Rock On e Hard Attack
Algumas bandas e/ou artistas simplesmente dispensam comentários quando a intenção é falar de sua obra. Numa lista de bandas e artistas de renome, Aerosmith é um desses casos.
Falar do quinteto, de seus trabalhos (excelentes) e do carismático e talentoso Steven Tyler, é simplesmente “chover no molhado”.
Donos de uma carreira onde altos e baixos fizeram parte de sua história, o grupo atravessou décadas, lançou discos incríveis, emplacaram hits, figuram no hall dos grandes nomes da música mundial e Steven Tyler faz parte de uma seleta lista de maiores e melhores vozes da música de todos os tempos.
Como diria um amigo (Fabio Reis), “Não compare Tyler aos demais vocalistas, já que o mesmo não é deste planeta”.

Após o sucesso com o disco “Done With The Mirror” , lançado em novembro de 1985, o quinteto lançou em agosto de 1987 o excelente “Permanent Vacation”, nono álbum da carreira e um dos discos “arrasa quarteirão” da banda.
Contendo 11 faixas inéditas além da versão para “I’m Down” dos Beatles, “Permanent Vacation” marca a estreia do renomado Bruce Fairbairn, conhecido por produzir trabalhos de grupos como Bon Jovi, Van Halen, Loverboy, Scorpions, Blue Öyster Cult, INXS, Kiss, AC/DC, Krokus, Yes e tantos outros.
Catapultado pelos singles “Rag Doll”, “Dude (Looks Like a Lady), “Hangman Jury” e “Angel”, o disco é de fato um dos grandes momentos de Mr. Tyler & Cia e não por acaso figura na lista de bem sucedidos na carreira da banda.
Ok! Hora de conferir esta maravilha e de preferência com o volume no máximo. Vem comigo.
Trazendo em seu line up Steven Tyler (vocais), Joe Perry (guitarras), Brad Whitford (guitarras), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria), o disco abre com “Heart’s Done Time”, faixa que apresenta riffs pesados e um excelente trabalho de baixo, bateria e os vocais rasgados e espetaculares de Steven Tyler em um refrão fácil de decorar. Como é de costume dizer. Belíssima faixa de abertura.

Já que falei de riffs, são eles os responsáveis por darem as boas vindas a maravilhosa “Magic Touch”, canção que traz a junção perfeita entre as melodias do Hard Rock e Blues Rock e a pergunta: por que diabos esta música não se transformou em um dos hits da banda?
Por falar em hit, hora de conferir “Rag Doll”, indiscutivelmente, uma das músicas mais bacanas do grupo e claro, do álbum.
Trazendo o casamento perfeito entre o Hard e o Blues, esta é uma daquelas músicas que conquistam o ouvinte de imediato, convidando-o a cantar junto e abraçar a vibe alegre e festeira de suas harmonias grudentas, amparadas pelos vocais grandiosos de Mr. Tyler. Ao final, somos obrigados a usar a tecla “Repeat” sem moderação.
Destaques para o espetacular Joe Perry e seu trabalho genial de guitarras. Temos aqui uma das músicas contempladas com videoclipe.
*”Rag Doll” apresenta em sua composição sons de trombone, saxophone, trumpet e clarinete, instrumentos não convencionais para uma banda de Hard Rock, mas que de forma inteligente, soube adicioná-los a sua musicalidade resultando em algo formidável.
Trazendo uma pegada mais voltada ao Heavy Metal, “Simoriah” é a faixa seguinte em mais um grande momento do disco onde os vocais de Tyler soam mais agressivos, tal qual as guitarras da dupla Perry & Whitford. Em suma. Mais uma faixa espetacular.
Prosseguindo em alto estilo “Dude (Looks Like a Lady), segundo e excelente single, é a bola da vez e assim como em “Rag Doll”, traz em suas melodias as harmonias bem construídas dos instrumentos de sopros, que aliados aos riffs de guitarras, baixo e bateria fazem desta uma das melhores faixas de do disco.
*Temos aqui mais uma canção contemplada com um excelente videoclipe.
Saindo um pouco do Hard Rock e mergulhando em momentos voltados ao Classic Rock e ao Blues Rock, temos “St. John”, belíssima faixa que musicalmente soa diferente das demais remetendo-nos a fase setentista da banda, lembrando também alguns momentos de “Done With The Mirror” (álbum anterior).
*Ouvindo atentamente a sonoridade de “Permanent Vacation”, descobrimos a fonte onde os americanos do TESLA beberam ao lançar os dois primeiros trabalhos da banda (excelentes, diga-se).
Seguindo a linha Blues/Country Rock, somos envolvidos pela harmônica de Steven Tyler na grandiosa “Hangman Jury”, terceiro single e mais um dos momentos espetaculares do disco. Assim como sua antecessora e lembrando o já citado “Done With The Mirror”, a música foge da sonoridade do Hard Rock propriamente dito, descambando para o Country Rock, Embora os elementos de Hard estejam presentes e evidentes.
Trazendo os mesmíssimos riffs iniciais de “Magic Touch” e voltando ao Hard Rock, “Girl Keeps Coming Apart” nos lembra aqueles vocais a la Axl Rose, bem como os solos cuja impressão é que Slash seja o cara empunhando as guitarras. Particularmente penso que tenhamos aqui uma música mediana, porém, é inegável o trabalho instrumental apresentado que consegue chamar a atenção. Em especial as linhas de contra baixo de Mr. Tom Hamilton e mais uma vez a Harmônica do Sr. Steven Tyler.

Hora de tirar o pé do acelerador, mudar as vestimentas, abraçar o porta retrato, fechar os olhos e desafinar cantando refrão grudento de “Angel”, excelente balada cujo clipe explodiu nas programações da MTV e dos extintos programas Clip Trip e Realce. No Brasil, a música ganhou uma versão da banda Yahoo (aquela que gravou “Mordidas de Amor”), aqui batizada de “Anjo”. E sim, este é o momento “In Love” de Tyler & Cia.
Em sua reta final o disco apresenta “Permanent Vacation”, faixa que batiza o título e mais um “musicão”. Numa pegada mais, Rock ‘n Roll e flertando com a sonoridade de bandas como Rolling Stones, somos envolvidos pelo solo (brilhante) de Perry, os vocais descontraídos de Tyler, levada de baixo absurda de Hamilton, a bateria certeira e bem conduzida de Kramer e claro, melodias cativantes que te obrigam a lembrar que existe duas teclas importantes em seu aparelho de som. Volume e Repeat.
O que acontece quando uma lenda viva do Rock resolve prestar uma homenagem a uma banda influente e certamente uma de suas influências? Basta ouvir a versão para “I’m Down”, gravada originalmente pelos Beatles e tirar suas próprias conclusões.
Particularmente, achei-a uma das melhores versões. A atmosfera sonora de “I’m Down”, além de combinar com a musicalidade apresentada no álbum, a interpretação “escrachada” de Mr. Tyler fez desta uma das músicas bacanas e interessantes de se ouvir neste registro (e olha que não sou fã de Beatles).
*Artistas como Ace Frehley, Jimmy Page & Yes, The Wailers, etc., também gravaram suas versões para a referida canção.
Fechando as cortinas desta maravilha musical, temos “The Movie”, faixa instrumental e por incrível que pareça uma música incrível que caiu feito luva no conceito sonoro do disco, encerrando este que na minha humilde opinião é um dos grandes trabalhos lançados pelo quinteto americano na reta final dos anos 80.
“Permanent Vacation”, não é apenas mais um álbum na carreira do Aerosmith! O disco marca um novo capítulo na vida dos músicos que haviam se reencontrado e selado a paz entre eles no registro anterior.
Com isso, podemos dizer sem medo que “Done With The Mirror” e “Permanent Vacation”, foram os discos que restabeleceram o Aerosmith, colocando-os novamente nas paradas americanas de sucesso, onde ultrapassaram a marca de cinco milhões de discos vendidos, apenas nos Estados Unidos.
*Segundo os músicos, todos haviam se livrado das drogas e o último a abandonar o vício foi o baixista Tom Hamilton que ainda deu uma última “cheiradinha” nas gravações de “Permanent Vacation”.
Em paz com a vida e o reencontro com o sucesso, fez com que Steven Tyler & Cia alcançassem números exorbitantes e atingissem o topo de forma meteórica. A turnê de divulgação foi um sucesso e trouxe como banda convidada os americanos do Guns ’N’ Roses que na época despontavam como novas promessas do Hard Rock.
O “novo trabalho” invadiu países mundo afora, despontando nas paradas da Billboard 200 (11.ª posição), contemplando o grupo com álbum de ouro e cinco discos de platina.
Não obstante, o grupo emplacou os singles “Hangman Jury” (14.ª posição), “Dude, Looks Like A Lady”(4.ª posição), “Rag Doll” (12.ª posição) e “Angel”, que atingiu a 3.ª posição na Billboard Hot 100 e a 2.ª posição na Mainstream Rock Tracks.
É importante salientar o trabalho primoroso do produtor Bruce Fairbairn, que conduziu o disco de forma brilhante já que temos nele a sonoridade dos anos 70 aliada a sonoridade dos anos 80 e o resultado não poderia ser outro senão, Perfeito!
Merece créditos também a brilhante ideia de incluir na sonoridade Hard/Blues da banda instrumentos não convencionais como Mellotron, Trompete, Violoncelo, Clarinete, Saxofone, Trombone e outros. Ao final, ganhou o ouvinte que pode desfrutar de um disco que já nasceu grandioso, trazendo consigo a missão de se tornar um CLÁSSICO. E assim o fora.
Além da voz privilegiada e da simpatia ímpar, Tyler é aquele que todo mundo deseja ter como amigo e o admira não apenas por seu talento, mas principalmente por não ser uma figura egocêntrica, arrogante, prepotente e mal educada, o que geralmente é comum em bandas que lançaram um disco “mediano”, mas se acham a nova estrela da constelação. Vida longa ao mestre Steven Tyler e seu Aerosmith.
N do R. Os Garotos Maus de Boston (The Bad Boys From Boston), como foram conhecidos no início dos anos 70, continuam sendo uma das maiores bandas de Hard/Rock do mundo e Steven Tyler, de fato, não pertence ao planeta terra. Quem já assistiu aos shows do Aerosmith, certamente, sabe o que esse cara consegue fazer em cima do palco.
PS: A banda planeja uma turnê mundial (com datas já marcadas inclusive) para 2022.
Faixas:
- Heart’s Done Time
- Magic Touch
- Rag Doll
- Simoriah
- Dude (Looks Like A Lady)
- St. John
- Hangman Injury
- Girls Keep Coming Apart
- Angel
- Permanent Vacation
- I’m Down (The Beatles cover)
- The Movie
Integrantes:
- Steven Tyler (vocal)
- Joe Perry (guitarra)
- Brad Whitford(guitarra)
- Tom Hamilton(baixo)
- Joey Kramer(bateria)