O ano era 1992 e o mundo da música ainda estava contaminado com um dos piores vírus de todos os tempos, o grunge, já que nos anos anteriores nomes como Pearl Jam e Nirvana haviam lançado seus respectivos discos e aqui (em 1992) o pesadelo continuava com L7, que lançava seu 3º disco e Stone Temple Pilots que editava seu álbum de estreia.
Correndo em via paralela estava o quarteto suíço Gotthard, que debutou com o excepcional “Gotthard”, um dos melhores discos lançados naquele ano, bem como um dos melhores registros de Hard Rock e principalmente, um dos grandes trabalhos da carreira do quarteto suíço. Sim! finalmente vamos falar de MÚSICA.
Contendo 11 faixas divididas em aproximadamente 47 minutos de duração, o disco é uma boa pedida aos amantes de Hard Rock e por que não dizer Hard ‘n’Heavy já que nos trabalhos futuros a banda também flertou com um pouco mais de peso em suas composições. Aqui, as canções seguem aquela linha mais “Melodic Hard Rock”, feito com maestria por nomes como Whitesnake, Deep Purple, Rainbow, Foreigner, Great White, Badlands, House of Lords, Led Zeppelin, Magnum, Van Halen, entre outros.
Trazendo em seu line up os excelentes Steve Lee (vocais), Leo Leoni (guitarras, backing vocals), Marc Lynn (baixo) e Hena Habegger (bateria), o disco é uma verdadeira “caixa de surpresas” já que a cada faixa o ouvinte surfa na onda de excelentes melodias, belíssimas harmonias, feitas por uma banda que dispensa comentários.
Traduzindo: Temos em mãos um excelente cartão de visitas de um quarteto que daria muito certo num futuro não muito distante.

Sem delongas, é hora de conferir faixa a faixa as melodias de “Gotthard” e mergulhar num disco perfeito, lançado em um momento onde os amantes da boa música de fato precisavam acordar de um terrível pesadelo. Vem comigo!
A largada tem início com “Standing In The Line”, a qual não deixa dúvidas de que o disco promete e que a banda não está pra brincadeira. Hard Rock como tem que ser com guitarras perfeitas, vocais super afinados, backing vocals sendo a cereja do bolo, linhas de teclados sutis e refrão grudento.
Traduzindo: Belíssima faixa de abertura!
Sem tempo pra respirar, “Downtown” chega chutando a porta com seu riff pesado, linhas geniais de contra baixo, teclados precisos, backing vocals excepcionais, vocais espetaculares, melodias grudentas e aquele solo de guitarra perfeito. Algo mais precisa ser dito? Por um momento notamos uma conexão sonora entre as duas canções já que suas melodias são quase idênticas.
Em ritmo mais cadenciado, “Firedance” tem a missão de não deixar a peteca cair, garantido que o disco apresente uma trinca Hard perfeita. Bingo! Missão cumprida, já que temos aqui uma música espetacular, destacando os vocais espetaculares de Steve Lee e as guitarras perfeitas de Leoni (Leo).
É fato que a banda não pretende brincar em serviço e isso fica devidamente explícito em “Hush”, faixa originalmente gravada por Joe South que ganhou várias regravações, sendo a do Deep Purple, uma das melhores (senão a melhor). Aqui, temos mais uma excelente versão daquelas as quais costumamos dizer que a criatura superou o criador, já que Steve Lee mostra que não é um Ian Gillan, porém na lista de “Grandes vozes”, Lee figura perfeitamente tal qual o mestre Gillan.
Não por acaso, temos aqui um dos singles e “hits” da banda.
Numa palavra: Perfeito!
Os riffs de “Mean Street Rocket” anunciam mais um grande momento do disco em mais uma faixa pegajosa, com linhas de teclados mais evidentes e pegada mais voltada ao Heavy Metal. Talvez por sua velocidade e também pelas linhas perfeitas do contra baixo de Marc Lynn, aqui soando mais pesadas e precisas.
Por alguns segundos a impressão que estamos ouvindo David Lee Roth em sua época de Van Halen, já que “Get Down” tem um início exatamente igual. Aliás, tudo aqui nos remete ao Van Halen, inclusive o solo de guitarras que traz um “quê” do mestre Eddie Van Halen, com suas linhas rítmicas, harmonias e riffs soando similares. A diferença fica mesmo nos vocais, já que David Lee Roth jamais teria o alcance vocal de Lee e entre voz e reboladas, optou sempre pela segunda opção, deixando o que realmente importa de lado.
E já que falei de vocais: Abram alas para “Take Me”, uma das melhores faixas do disco com seus vocais lá em cima e extremamente bem encaixados. Em mais um momento excepcional, Steve mostra que o Gotthard estava chegando para ficar, trazendo em sua bagagem uma verdadeira artilharia de melodias e harmonias voltadas ao Hard e ao Melodic Hard Rock, além de músicos excepcionais.
Um disco de uma banda Hard sem uma balada Hard, definitivamente não existe. Certo? Certíssimo! Então, é hora de olhar no celular aquela última mensagem onde a patroa (agora, ex-patroa) dizia que “Foi bom enquanto durou” e mergulhar nas melodias de “Angel”. Fazendo aquela linha Power Ballad, suas melodias nos remetem ao Van Halen (fase Hagar), Fair Waning e Whitesnake. Ou seja, música perfeita daquelas pra chorar debaixo do chuveiro e tentar aquela reconciliação.
Numa aposta sobre as melodias iniciais de “Lonely Heartache”, aposte todas as suas fichas e em “Fool For Your Loving” de Mr. David “Love” Coverdale e seu Whitesnake. Tudo aqui lembra Whitesnake. Desde suas harmonias, melodias, riffs, vocais e até o encerramento é absolutamente igual. Ruim? Claro que não! Musicão com aquele clima dos discos tops da “Cobra Branca”, lembrando os bons tempos em que Mr. Coverdale oferecia riscos às taças e vidraças com seus agudos pra lá de afinados.
Em sua reta final, “Hunter” enfia o pé no acelerador, adicionando uma dose extra de peso e velocidade. É certo que temos aqui uma música totalmente voltada ao Heavy Metal. Apesar de que, ouvindo atentamente suas harmonias é como se houvesse um encontro entre “Back For The Attack” do Dokken e “OU812” do Van Halen. E sim! As guitarras de Leoni fazem referências aos monstros George Lynch e Eddie Van Halen. Ao final, Hena Habegger debulhando sua bateria como uma máquina de demolição.
Traduzindo: Sonzaço! (Ouça sem moderação).
Cruzando a linha de chegada temos “All I Care For”, belíssima balada no estilo Voz & Violão, onde os vocais poderosos de Lee casam perfeitamente com os violões acústicos de Leoni, resultando numa belíssima e emocionante canção.
Mais que um excelente cartão de visitas, “Gotthard” (debut homônimo) é um dos grandes trabalhos lançados pelo quarteto suíço, bem como um dos disco geniais lançados no início dos anos 90.
Algumas observações acerca do álbum:
*”Gotthard” (o disco) alcançou a posição # 5 nas paradas suíças e foi certificado como Platina por suas vendas que ultrapassaram a marca de 30 mil cópias, na época de seu lançamento.
*Tanto o sucesso estrondoso, quanto as vendagens relevantes garantiram a banda a 5a posição na parada mensal da Schweizer Hitparade da Suíça.
*Na lista anual de discos, “Gotthard” atingiu a 8a posição na Schweizer Hitparade.
*O disco conta com a participação especial do guitarrista Vivian Campbell (Def Leppard) e dos tecladistas Pat Regan e Neil Otupacca.
N do R: O sucesso do álbum de estreia foi o pontapé inicial para que o Gotthard embarcasse numa viagem de excelentes discos lançados, tornando assim um dos grandes e importantes nomes do Hard Rock Suíço.
Além de seus discos magistrais, a banda pode se orgulhar de ter em seu line up, Steve Lee, uma das mais belas e poderosas vozes do Hard Rock mundial.
- Faixas:
- 1.Standing In The Light
- 2.Downtown
- 3.Firedance
- 4.Hush
- 5.Mean Street Rocket
- 6.Get Down
- 7.Take Me
- 8.Angel
- 9.Lonely Heartache
- 10.Hunter
- 11.All I Care For
- Integrantes:
- Steve Lee (vocais)
- Leo Leoni (guitarras, backing vocals)
- Marc Lynn (baixo)
- Hena Habegger (bateria)
- Redigido por: Geovani Vieira
