Algumas oportunidades simplesmente aparecem em nossa vida e nós precisamos agarrá-las. No mundo da música isto acontece com certa frequência e alguns músicos acabam se destacando e recebendo convites inusitados para tocar junto com astros renomados.
Aqui no Brasil mesmo temos alguns casos emblemáticos. O baterista Marcelo Castellani e o guitarrista Evandro Martel passaram de meros covers do Manowar no Brasil para ir tocar com a própria banda. Kiko Loureiro se destacou tanto com seus trabalhos no Angra que recebeu convite para tocar no Megadeth. Mais recente, Eloy Casagrande, destaque nos últimos registros do Sepultura, acabou sendo integrado ao Slipknot.
Mas tais acontecimentos não acontecem apenas no Brasil. Este ano o vocalista Mark Osegueda anunciou que estava se juntando ao guitarrista do Slayer, Kerry King, em seu novo projeto solo. E como foi que Mark disse isso aos seus amigos de Death Angel?

Pode parecer algo bastante simples já que a oportunidade é incrível para o músico convidado, mas sua decisão irá abalar e modificar a vida de outras pessoas. Isso faz com que as coisas não sejam tão simples como todos pensam. O Death Angel, por exemplo, provavelmente, tocará menos, excursionará menos, gravará menos e, é claro, isso deverá impactar e gerar uma diminuição na arrecadação da banda.
Em uma nova entrevista concedida ao programa “Let There Be Talk”, o vocalista Mark Osegueda contou como foi para ele ter que lidar com esses fatos e, dessa maneira, como foi o momento de contar para seus amigos que ele estaria entrando de cabeça em um outro projeto:
“Oh, cara. Como isso é difícil. Eu realmente tive que respeitar o NDA (acordo de não divulgação) que assinei com a equipe de Kerry King. Eu realmente fiz isso. E isso estava me consumindo. Porque o Death Angel tem feito turnês consistentemente, nós fizemos turnês consistentemente quando o mundo fechou devido à pandemia. Eu estava começando a fazer essas demos durante a pandemia e, depois disso, comecei a ver Kerry regularmente para fazer mais demos e foi quando o disco começou a ser realmente idealizado. Foi um ano antes de ser lançado. E eu estaria em turnê com o Death Angel nesse período. E houve algumas noites em que eu e Rob Castany, guitarrista do Death Angel, estávamos no salão, só eu e ele, bebendo, ouvindo música e apenas rindo das coisas e conversando como nós sempre fazemos. E precisei dar tudo de mim para não contar a ele o que estava acontecendo.
Olha, irmão, essa é uma daquelas coisas que, goste ou não, algumas pessoas vão pensar que sou um idiota, mas eu realmente prometi ao Kerry e assinei o NDA. Eu prometi a todos que não contaria a ninguém. As únicas pessoas que sabiam eram minha namorada, minha mãe e minha irmã. Não contamos nem ao meu pai porque ele tem a língua solta. Então não contamos a ele. Então essas são as três pessoas que sabiam. E, claro, as pessoas que estavam no estúdio quando estávamos gravando, e coisas assim, que eram todas pessoas do NDA também. Mas esperei e informei-os por e-mail no mesmo dia que o anúncio oficial aconteceu. E logo depois disso conversei com Rob e Ted.”

Mark foi questionado sobre o teor do e-mail e respondeu:
“Eu disse no e-mail: ‘Olha, esta é a coisa mais difícil que eu preciso contar a vocês.’ E como eu expressei isso em um aspecto para eles foi basicamente que: ‘isso vai ser a coisa mais surpreendente do mundo para vocês ou será a coisa mais óbvia do mundo para vocês’. E eu até disse no final, porque era um e-mail para todos os caras, e eu apenas disse: ‘reservem um tempo para realmente processar tudo isso antes de me responder, antes de conversarmos, e então, quando estivermos juntos, se vocês quiserem falar comigo todos conversaremos’. E logo depois disso, conversei com Ted e Rob. E eles ainda estavam um pouco impressionados. com certeza estavam. eu pude ver em seus rostos…
Fizemos uma espécie de chamada FaceTime pelo Zoom, nós três, e ambos definitivamente ainda estavam processando isso, mas no final da ligação, depois de conversarmos por cerca de uma hora, eles me apoiaram, e com certeza ficaram felizes por mim. E disseram ‘agora que você mencionou tudo isso, cara, é a porra da coisa mais óbvia do mundo mesmo’ (Risos). Mas foi difícil, cara, não vou mentir, porque passamos por tantas coisas juntos, tantas coisas, especialmente, eu e Rob, quero dizer, Ted está na banda desde 2001, e agora Damien e Will estão na banda há mais de uma década. Então é uma loucura, eu e Rob nos conhecemos desde que estávamos no berço, então foi difícil, mas agora Rob é muito, muito favorável. Antes do primeiro show da banda de Kerry King, recebi uma mensagem dele dizendo, ‘faça um show matador, irmão’. E todas essas coisas. No dia do lançamento do álbum ele me mandou os parabéns pelo dia do lançamento, então, eles aceitaram isso. E o Death Angel vai continuar fazendo música. Mas realmente foi difícil.”