Um dia depois do Monsters Of Rock e ainda sob efeito das fortes emoções vividas ontem, 19 de abril, no Allianz Parque, o Mundo Metal vai contar para você todos os detalhes de tudo que aconteceu na edição comemorativa de 30 anos do evento, organizado pela Mercury Concerts.
Um fest como este acontecer em um estádio foi, de fato, um tremendo acerto. Desde a localização privilegiada do Allianz na região da Barra Funda, até a parte logística do lugar, tudo funciona muito bem e consegue entregar a infraestrutura necessária para que o público tenha uma experiência satisfatória.
Com relação a parte técnica dos shows, provavelmente, este teve o melhor nível em termos de ajuste de som entre todos que estivemos presente. Desde a primeira banda até a última, era possível ouvir todos os instrumentos de forma nítida, não aconteceram falhas técnicas e todas as bandas que se apresentaram conseguiram entregar o máximo de sua capacidade.
As performances aconteceram sem atrasos, não presenciamos nenhuma confusão e o saldo do Monsters Of Rock 2025 foi extremamente positivo. Vamos aos shows, porque sabemos que é isso que você quer saber!
Stratovarius

Os finlandeses do Stratovarius foram os primeiros a subir no palco do Allianz às 11h30min e, podemos afirmar categoricamente, não decepcionaram. Os dois únicos representantes da formação clássica que gravou álbuns como “Episode” (1996), “Visions” (1997), “Destiny” (1998) e “Infinite” (2000), são Timo Kotipelto (vocalista) e Jens Johansson (teclado), mas nem por isso o quinteto perdeu o brilho.
O setlist foi focado justamente nesta época com algumas poucas inserções de canções mais novas. A abertura do show foi com a ótima “Forever Free”, onde percebemos que Kotipelto, apesar de ainda estar cantando muito bem, já não tem a mesma pressão e alcance de outrora. Nada que desabone ou comprometa muito, mas para quem estava acostumado com aquelas extensões de notas mais altas, pode ter estranhado um pouco. O show seguiu em alta com “EagleHeart” e depois caiu um pouco com a recente “World On Fire”.
Escolha acertada no setlist
A dobradinha “Speed Of Light” e “Paradise” levantou o plateia. Apesar de neste momento o Allianz ainda ter um público modesto, quem estava lá foi surpreendido por uma performance muito justa e, podemos dizer, digna do legado do grupo dentro do Power Metal mundial. “Survive” foi mais uma das novas que chegou e, apesar de ser uma boa música, ainda não conseguiu ter o peso necessário para encantar os fãs.
“Eternity” foi um grande acerto e também um resgate muito interessante. Em alguns trechos dessa, ficou evidente a dificuldade de Kotipelto em chegar nos tons, mas a música fala por si só. “Black Diamond” é sempre motivo de festa e não foi diferente aqui, todos cantando junto no refrão. No final, “Unbreakable” e “Hunting High And Low”, nesta última, o momento de maior reação do público e, realmente, esta é a maior música da banda em termos de reconhecimento.
Apresentação acima do esperado e boa escolha do Monsters Of Rock para iniciar um dia que, certamente, vai entrar pra história do Rock e Metal no Brasil.
Setlist:
- Forever Free
- Eagleheart
- World On Fire
- Speed Of Light
- Paradise
- Survive
- Eternity
- Black Diamond
- Unbreakable
- Hunting High And Low
Opeth

Esta foi a banda que realmente se diferenciava de todas as outras do festival. Os suecos do Opeth possuem uma sonoridade no mínimo diferente das demais e uma discografia que é uma verdadeira montanha russa de experimentações, viagens e direcionamentos. Alternando discos ligados ao Death Metal (no início), passando por uma fase Prog Metal com elementos de Death (no meio), descambando para o Prog Rock (recentemente) e, finalmente, no último trabalho, “The Last Will And Testament” (2024), recuperando um pouco de seu DNA mais extremo, o grupo é famoso pela técnica e desapego a gêneros.
Com pouco tempo de show, cerca de 55 minutos, Mikael Åkerfeldt e seus comparsas teriam que se virar para apresentar músicas que pudessem atender aos fãs das diferentes fases e de quebra proporcionar uma performance interessante para o público em geral. Esta foi uma missão praticamente impossível de ser cumprida e, de fato, o show do Opeth foi o mais morno de todo o evento. Não por incompetência, falta de técnica ou desempenho abaixo do esperado, mas por conta de ser uma banda com sonoridade muito complexa e destinada a um nicho muito específico do Metal.
A difícil tarefa de decifrar o Opeth
E escolha de setlist foi pensando em mesclar composições de várias épocas e ainda divulgar o novo álbum. Sendo assim, “§1”, do disco de 2024 abriu o show, seguida de “Master’s Apprentices”, presente em “Deliverance” (2002). “§3”, novamente do novo registro, veio logo após e, inevitavelmente, este começo já gerou um tremendo anticlímax. Poucos presentes no Monsters Of Rock conheciam à fundo o Opeth e por conta das faixas trazerem peso em certos momentos, mas possuírem passagens mais progressivas e com vocais limpos em outros, era nítido que boa parte das pessoas não estavam entendendo muito bem a proposta.

Isto não é um demérito para a banda, mas uma constatação que em um festival com tantos nomes ligados ao Rock e ao Metal tradicional, os suecos serão relegados a meros figurantes. O show seguiu com “In My Time Of Need”, do álbum “Damnation” (2003), e “Ghost Of Perdition”, de “Ghost Reveries” (2005). Nesta última, o único momento de todo set onde vimos uma reação realmente positiva da plateia. No entanto, “Sorceress” desacelerou tudo novamente e, justo no final do show, a temperatura voltou a baixar. O encerramento aconteceu com “Deliverance” e foi isso.
O frontman Mikael Åkerfeldt acabou ganhando alguns pontos positivos com os brasileiros por conta de alguns comentários e piadas bem sacadas, incluindo uma menção ao Scorpions. Quem é fã seguiu amando a banda e quem não conhecia ou não entendia muito bem o som, seguiu sem entender.
Setlist:
- §1
- Master’s Apprentices
- §3
- In My Time of Need
- Ghost of Perdition
- Sorceress
- Deliverance
Queensrÿche

Nota do redator: eis aqui a magia que somente um festival consegue proporcionar. Particularmente, nunca fui um fã assíduo do Queensrÿche, mas confesso que gosto muito do clássico “Operation: Mindcrime” – e até aí não há nenhuma novidade, quem em sã consciência não gosta desse álbum? Mas enfim, até a tarde de ontem, este seria um show que definitivamente eu não pagaria para ver caso a banda estivesse se apresentando sozinha. Até o dia 19 de abril de 2025, eu não sairia de casa para assistir somente o Queensrÿche, mas em um festival com diversas outras bandas legais, por que não? Foi o que pensei e, no auge da minha ignorância, tinha convicção que seria apenas mais um show legal em meio a tantos que aconteceriam no dia. Nada mais que isso. Bem, eu estava tremendamente enganado.
Com apenas dois membros da formação clássica no atual lineup, sendo eles o guitarrista Michael Wilton e o baixista Eddie Jackson, o Queensrÿche chegou ao Monsters Of Rock sem um novo disco de estúdio para divulgar. O último trabalho foi “Digital Noise Alliance” (2022) e o grupo ainda não está trabalhando em novo material. Sendo assim, a escolha foi das mais acertadas possíveis: tocar somente hinos e hits.
O show impecável do festival
O problema (no bom sentido) é que eles fizeram isso com maestria e brilhantismo. Já sabendo da competência do vocalista Todd LaTorre, a esperança era de uma apresentação bastante correta, principalmente, no que diz respeito aos vocais difíceis gravados originalmente por Geoff Tate, mas depois de presenciar a performance de LaTorre, preciso ser acima de tudo honesto, pouquíssimos vocalistas em atividade no Rock e Metal hoje conseguem entregar o que esse cara entrega. Simplesmente impecável e digno de nota máxima.

O restante da banda também está afiada e o entrosamento é notório, todos entregando ótimas performances. Este conjunto de fatores fizeram do show do Queensrÿche uma experiência arrebatadora e capaz de mudar a opinião deste teimoso que vos escreve. Na abertura do set já dava para notar que seria irrepreensível. “Queen Of The Reich”, “Operation: Mindcrime” e “Walk In The Shadows”, todas sendo executadas de forma perfeita.
Plena satisfação
Mas não parou por aí, vieram mais canções emblemáticas da carreira e, a cada execução, uma certeza, o Queensrÿche pode até não estar lançando álbuns novos de encher os olhos, mas os shows apresentam o auge de uma banda ao vivo. “I Don’t Believe In Love”, do clássico “Operation: Mindcrime” (1988) e a matadora “Warning”, do icônico “The Warning” (1984), mantiveram a energia, mas o trabalho de maior sucesso da carreira do quinteto norte americano foi lembrado mais vezes. Ao total foram 5 faixas de “Operation: Mindcrime” (1988).
As próximas duas foram, “The Needle Lies” e “The Mission”, transformando o Allianz Parque em um caldeirão. “Nightrider” trouxe velocidade para a apresentação, enquanto “Take Hold Of The Flame” e “Empire” mexeram com a nostalgia dos fãs. Perto do final, “Screaming In Digital”, e talvez esta seja a única que me soou um pouco deslocada. De repente, trazê-la mais para o começo do set teria sido uma escolha mais acertada, mas este sou eu sendo extremamente chato. Na derradeira, não poderia ser outra: “Eyes Of A Stranger”. Nem preciso comentar que todos cantaram junto com a banda e, certamente, o show foi finalizado com aquele sentimento de satisfação e dever cumprido.
Setlist:
- Queen Of The Reich
- Operation: Mindcrime
- Walk In The Shadows
- I Don’t Believe In Love
- Warning
- The Needle Lies
- The Mission
- Nightrider
- Take Hold Of The Flame
- Empire
- Screaming In Digital
- Eyes Of A Stranger
Savatage

Um dos shows mais aguardados do festival foi o do Savatage. O saudoso grupo norte americano estava parado desde 2003 e, neste tempo todo, fez apenas uma única apresentação em conjunto com a Trans-Siberian Orchestra (o outro projeto dos integrantes) no Wacken Open Air de 2015. Portanto, a expectativa era enorme, inclusive, pelo fato do vocalista, tecladista, compositor e membro fundador, Jon Oliva, não estar participando destes primeiros eventos por conta de problemas de saúde.
Confesso que nunca tinha presenciado comoção tão grande em meio a uma plateia. Havia grupos de pessoas que vieram do Chile, da Colombia, do México e outras localidades somente para ver o Savatage. É inegável que o grupo possui uma base apaixonadíssima de fãs e este tempo todo fora dos palcos gerou um sentimento fortíssimo de nostalgia e também de urgência. Os fãs queriam ver para poder crer, queriam saber se era realmente de verdade e, convenhamos, a atmosfera do Monsters Of Rock fortaleceu de mais esse clima que se formou.
Emoções à flor da pele
Quando as primeiras notas de piano anunciaram a introdução “The Ocean”, foi uma sensação realmente indescritível. Ver ali Zak Stevens (vocal), Johnny Lee Middleton (baixo), Jeff Plate (bateria) e a dupla Chris Caffery e Al Pitrelli (guitarras) adentrando o palco em uma apresentação única como Savatage foi para emocionar qualquer fã de Heavy Metal que se preze.

E eles sabiam o que estavam proporcionando aos fãs, já que no final de “The Ocean”, ainda brincaram com nossas emoções ao emendar a abertura de “City Beneath The Surface”, música icônica do EP “The Dungeons Are Calling” (1984). Foi de arrepiar e uma pena que não executaram a canção na íntegra – quem sabe no show solo que acontecerá no Espaço Unimed? Vamos aguardar.
“Welcome” foi a canção que realmente iniciou o set e, não poderia ser diferente, foi cantada em uníssono, principalmente na parte final com os versos “Welcome to the show! Welcome to the show!”. Confesso que chorei. E foi difícil se desvencilhar das lágrimas quando seguiram com “Jesus Saves” e “The Wake Of Magellan”. Tudo sendo executado como manda o figurino. “Dead Winter Dead” foi a próxima e manteve a temperatura alta para o acontecimento à seguir.
Efeitos especiais vindos do além
Havia uma previsão de tempestade por volta das 15h em São Paulo – justo na hora que o Savatage tocaria – e, realmente, quando a banda começou seu show, nuvens negras começaram a cobrir o Allianz Parque. Parecia que a chuva forte chegaria à qualquer momento e após “Dead Winter Dead”, ela realmente começou a cair. Zak percebeu a coincidência e falou que a chuva era propícia para aquele momento. Nesta hora, a capa do álbum “Handful Of Rain” apareceu no telão e a canção título foi tocada debaixo de chuva. Como em um passe de mágica, quando a canção foi encerrada, a chuva se dissipou, proporcionando um efeito especial vindo diretamente dos deuses do Heavy Metal. Certamente, eram eles enviando sua aprovação ao retorno do Savatage.

Seguindo, foi a vez de “Chance”, tocada na íntegra e com direito as sobreposições de vozes contidas na parte final. “Gutter Ballet” seguida de “Edge Of Thorns” chegaram para testar os corações dos fãs, porque quem estivesse com algum problema cardíaco, fatalmente, não aguentaria o que aconteceu à seguir.
O show mais emocionante de todos!
Zak Stevens falou algumas palavras enaltecendo Jon Oliva e anunciou que Jon havia feito algo especial para o público. Os telões então exibiram um vídeo de Oliva, onde o eterno Mountain King começou a tocar ao piano o hino “Believe”. Depois do primeiro refrão com Jon cantando e tocando, boa parte do público foi às lagrimas. O restante da banda entrou, prosseguiu com a música e na hora do solo, Zak anunciou a homenagem mais do que merecida ao saudoso guitarrista Criss Oliva, falecido em 1993 em um acidente automobilístico. Os telões então começaram a exibir imagens e vídeos do falecido músico e, caso houvesse alguém que não tinha se emocionado ainda, à partir deste momento não existia mais esta possibilidade. O maior momento do festival, sem sombra de dúvidas.
O final ainda trouxe dois grandes clássicos, “Sirens”, do debut homônimo de 1983, e a obrigatória “Hall Of The Mountain King”, ambas, tocadas de maneira espetacular. Á partir de agora, você já pode gritar à plenos pulmões que o Savatage voltou. E voltou em grande estilo com um showzaço no festival Monsters Of Rock.
Setlist:
- The Ocean
- Welcome
- Jesus Saves
- The Wake Of Magellan
- Dead Winter Dead
- Handful Of Rain
- Chance
- Gutter Ballet
- Edge Of Thorns
- Believe
- Sirens
- Hall Of The Mountain King
Europe

O Europe é um caso muito interessante, pois estão na ativa desde 1979, já tiveram altos e baixos na carreira, e apesar de não lançar um disco realmente importante há bons anos, o grupo segue fazendo muitos shows e são sempre elogiados por onde passam. Finalmente eu entendi os motivos de tantos elogios.
Com uma performance de palco muito intensa e repleta de energia, Joey Tempest (vocal), John Norum (guitarra), John Levén (baixo), Mic Michaeli (teclado) e Ian Haugland (bateria), conseguiram fazer o Allianz Parque se render ao Hard Rock contagiante dos suecos.
O setlist trouxe diversas canções presentes nos primeiros discos da banda e, literalmente, levantou o público. O começo da apresentação com “On Broken Wings” e “Rock The Night” foi para passar o recado que o grupo chegou para animar e transformar o local em um festa Hard – pelo menos durante o tempo desta apresentação. “Walk The Earth”, do disco homônimo de 2017, tentou mostrar que os trabalhos mais recentes podem conter grandes faixas, mas a sequência com “Scream Of Anger” e “Sign Of The Times” deixa evidenciada a melhor fase da carreira.

Energia e… Hard Rock!
“Hold Your Head Up”, apesar de mais recente, também foi bem recebida, mas novamente, a temperatura só voltou a subir com a baladinha “Carrie”. E veja bem, está canção pode ser chamada de batida, datada, hino de DVD flashback, mas quando o Europe começa a tocá-la, até mesmo os que reclamam se derretem por completo e cantam junto com Joey Tempest. Não me contaram, eu presenciei. O número de headbangers malvadões emocionados no show do Europe neste momento foi realmente surpreendente.
“Last Look At Eden” e “Ready Or Not” voltaram a trazer a apresentação para o campo do Hard Rock clássico, mas foi a trinca final que realmente sacudiu o estádio. “Superstitious”, “Cherokee” e a manjada, mas funcional, “The Final Countdown”, encerraram o show de forma apoteótica.
Dois pontos precisam ser levantados sobre a participação do Europe no festival. A performance do vocalista Joey Tempest foi incrível, o cara estava inspirado, sorridente, foi carismático e agitou o tempo todo. A outra menção fica por conta de John Norum, que é simplesmente um monstro na guitarra e foi o músico que mais me impressionou em todo o evento.
Setlist:
- On Broken Wings
- Rock The Night
- Walk The Earth
- Scream Of Anger
- Sign Of The Times
- Hold Your Head Up
- Carrie
- Prelude
- Last Look At Eden
- Ready Or Not
- Superstitious
- Cherokee
- The Final Countdown
Judas Priest

O que dizer desta banda que amamos tanto e nunca nos decepciona em um show ao vivo? O Judas Priest faz isso há mais de 50 anos e, como disse Rob Halford em determinado momento da apresentação, de “Rocka Rolla” à “Invincible Shield”, o Priest sempre defendeu e empunhou a bandeira do Heavy Metal. E isso é a mais pura verdade, tanto que é notório o orgulho do público ao perceber que é esta banda a fazer uma declaração deste tipo. É algo como se a plateia dissesse em silêncio, apenas com sorrisos e em consentimento, “ok, vocês realmente nos representam e podem falar em nome do Metal”.
E quem já foi a um show do Judas Priest sabe que poucas coisas podem ser tão Metal quanto Halford entrando no palco com sua Harley. Poucas bandas podem cantar com tamanha propriedade letras como as de “Breaking The Law” ou “Living After Midnight” sem soar caricatas. Estamos falando de uma verdadeira instituição do Metal e poder presenciar uma performance dos caras é um tremendo privilégio. Posso mencionar um pequeno adendo aqui, entre todas as vezes que vi o lendário grupo britânico ao vivo, nenhuma se igualou ao show feito no Monsters Of Rock de 2025. O guitarrista Richie Faulkner e, principalmente, Rob Halford, estavam literalmente endiabrados.

Rob Halford endiabrado!
Logo nas primeiras músicas, a nova “Panic Attack” e uma sequência inabalável de hinos como “You’ve Got Another Thing Comin’”, “Rapid Fire”, “Breaking The Law” e “Riding On The Wind”, o que ficou nítido foi a voz de Halford tinindo. O Metal God estava disparando agudos e notas altas como se realmente estivesse recebendo algum tipo de benção vinda dos céus (ou lá de baixo, vai saber). O fato é que independente de onde tenha vindo esta carga extra de energia para nosso velhinho favorito, foi muito bem vinda.
“Love Bites” e “Devil’s Child” são duas canções não muito reconhecidas, mas sempre funcionam muito bem quando aparecem nos sets. “Crown Of Horns”, do mais recente álbum, “Invincible Shield” (2024), parece ter caído de vez nas graças do público, mas foi “Sinner”, do mágico “Sin After Sin” (1977), que promoveu o headbanging desenfreado. “Turbo Lover”, faixa presente no criticado “Turbo” (1986), fez a multidão berrar o refrão à plenos pulmões e, certamente, Rob Halford deve ter ficado satisfeito.
A próxima foi a veloz “Invincible Shield”, seguida do hino “Victim Of Changes” e do cover do Fleetwood Mac para “The Green Manalishi (With The Two Prong Crown)”. O baterista Scott Travis foi ao microfone e provocou, “se o Judas Priest só pudesse tocar mais uma música, qual música vocês queriam ouvir?”. Todos gritaram o nome de “Painkiller” e, obviamente, o pedido da plateia foi atendido prontamente.

The Priest will be back
No bis, o que poderia ser melhor que “The Hellion/Electric Eye”? Provavelmente nada, mas depois dela pudemos presenciar a cena mais icônica em um show do Priest. Halford acelerando sua Harley Davidson até o meio do palco para cantar “Hell Bent For Leather”. Você pode ter assistido isto milhares de vezes, mas a emoção é sempre a mesma, incrível! No final, é claro, ainda houve tempo para “Living After Midnight” e todos ficaram extremamente felizes com mais este show do grandioso Judas Priest na capital paulista.
Só para não deixar passar batido, apesar de Richie Faulkner ser um tremendo guitarrista, Andy Sneap poderia ter um pouco mais de espaço na banda. De todas as músicas do set, Sneap fez apenas o solo principal de “Hell Bent For Leather”. Todos os outros, sejam eles de Glenn Tipton ou KK Downing, estão sendo feitos por Faulkner.
Em breve o Judas Priest deverá estrear a sua nova turnê “Shield Of Pain”, com foco na divulgação do novo trabalho e também celebrando os 35 anos do inigualável “Painkiller” (1990). Certamente, esta será mais uma oportunidade de ver a banda em solo brasileiro e com um setlist novíssimo em folha.
Setlist:
- Panic Attack
- You’ve Got Another Thing Comin’
- Rapid Fire
- Breaking The Law
- Riding On The Wind
- Love Bites
- Devil’s Child
- Crown Of Horns
- Sinner
- Turbo Lover
- Invincible Shield
- Victim Of Changes
- The Green Manalishi (With The Two Prong Crown)
- Painkiller
Encore:
- The Hellion/Electric Eye
- Hell Bent For Leather
- Living After Midnight
Scorpions
(Texto da resenha do Scorpions por Daniel Ramon)

Os veteranos da banda alemã Scorpions foram a atração principal do evento, apresentando o show de sua turnê comemorativa de 60 anos de carreira. O setlist foi razoavelmente coerente com a proposta, embora os álbuns mais antigos não terem faixas presentes na apresentação.
Os álbuns contemplados foram “Lovedrive” (1979), “Animal Magnetism” (1980), “Blackout” (1982), “Love at First Sting” (1984) e o mais recente “Rock Believer” (2022). Isso assegurou que os maiores clássicos da banda fossem executados e, dessa forma, levasse entusiasmo puro as diversas gerações de fãs presentes no Allianz Parque.
O show começou às 21:25, abrindo com uma introdução em vídeo que mostrou um pouco do histórico da banda ao longo dos anos e terminou dizendo que os alemães estavam “Coming Home” (chegando em casa). Esta foi a entrada do grupo para tocar a faixa de mesmo nome. Após cumprimentar o público, uma sequência de peso com “Gas In The Tank”, “Make It Real” e a intrincada “The Zoo”.

A chuva atrapalhando
A chuva acabou engrossando, fazendo parte do público buscar partes cobertas do estádio durante “Coast To Coast” e o longo medley “Top Of The Bill/ Steamrock Fever/ Speedy’s Coming/ Catch Your Train”. Na sequência, “Bad Boys Running Wild” fez o público pular e agitar novamente, enquanto a chuva diminuía um pouco e dava uma folga aos espectadores.
Nesse momento Tivemos uma dobradinha de baladas com “Send Me An Angel” e “Wind Of Change”, nem é preciso dizer que a plateia cantou junto e se emocionou, inclusive, com as lanternas dos celulares ligadas.
Após esse momento de calmaria, a pisada no acelerador foi sentida com “Loving You Sunday Morning”, “I’m Leaving You” e uma jam com baixo e bateria, que culminou em um visceral solo por parte de Mikkey Dee. Tal solo trouxe referências a diversas músicas e álbuns do Scorpions e até mesmo ao Motorhead, banda icônica que Dee tocou por muitos anos.
Um encerramento mais do que digno
Para “encerrar” o set, nada melhor que a pedrada “Tease Me Please Me”, a festeira “Big City Nights” assim como a baladona “Still Loving You”. Com o ânimo lá em cima, os alemães saíram do palco e deixaram os delirantes fãs em polvorosa para o bis, que contou com um escorpião animatrônico gigante no palco, mostrando uma produção caprichada. Desse modo, as canções escolhidas para o verdadeiro encerramento foram “Blackout” e a queridinha do público “Rock You Like A Hurricane”, encerrando o festival com as devidas honras.
O Scorpions acertou em cheio trazendo um set consideravelmente diferente do da edição passada do festival, evitando que a repetição de casting soasse desinteressante. Sendo assim, o show teve muita interação com o público e um grande capricho por parte da banda, que contou com diversos visuais e os mais extravagantes instrumentos musicais, combinando com a personalidade dos músicos e satisfazendo à todos.
Setlist:
- Coming Home
- Gas In The Tank
- Make It Real
- The Zoo
- Coast To Coast
- Top Of The Bill/ Steamrock Fever/ Speedy’s Coming/ Catch Your Train
- Bad Boys Running Wild
- Send Me An Angel
- Wind Of Change
- Loving You Sunday Morning
- I’m Leaving You
- Jam com baixo e bateria/ solo de bateria
- Tease Me Please Me
- Big City Nights
- Still Loving You
Encore:
- Blackout
- Rock You Like A Hurricane
Confira a playlist do Mundo Metal com algumas das melhores músicas tocadas no Monsters Of Rock 2025: