Headspawn, banda paraibana de Groove Metal, cedeu entrevista ao redator do Mundo Metal, Cristiano Ruiz, falando sobre sua história e sonoridade desde que iniciou sua discografia com o single “Voices” em 2021. A fim de saber mais, confira o nosso bate-papo abaixo.
Desde quando iniciou suas atividades, Headspawn conta com o seguinte line-up: João Paulo Cordeiro (baixo), Marconi Jr (bateria) e Alf Cantalice (vocal e guitarra)

Questões:
Mundo Metal: em 17/11/23, após quatro anos de fundação, Headspawn, finalmente, lançou seu primeiro full lenght, “Parasites”. Como foram os shows de divulgação logo após ao lançamentos do disco? Esse trabalho segue em andamento?
Headspawn:
“Fizemos uma festa de lançamento numa casa de show tradicional da nossa cidade, a Vila do Porto. Como o álbum foi lançado já no final do ano de ’23, a maioria dos shows ficaram pro ano seguinte e assim o fizemos. Por uma série razões tivemos que adiar a turnê de divulgação para o segundo semestre, mas conseguimos fazer bastante apresentações pela região na primeira metade do ano.”
Mundo Metal: a sonoridade do Headspawn evoluiu desde que saiu o single “Voices” em 2021 até os tempos atuais. Vocês consideram que o fato de estarem com o mesmo line-up desde o princípio colaborou para tal evolução?
Headspawn:
“Sim, passa por isso também. É importante lembrar que nós surgimos como banda poucos meses antes da pandemia, não tínhamos tanta quilometragem juntos como uma banda e fomos forçados a diminuir bruscamente nossas atividades quando a coisa toda aconteceu. Ainda sim, fomos driblando as adversidades e ensaiando bastante, compondo bastante, estreitando nossas afinidades musicais e o resultado disso acabou sendo uma maturação natural de nossa sonoridade.”
Mundo Metal: como foi o processo de produção do álbum “Parasites” desde as composições? Em qual estúdio vocês gravaram, quem foi o responsável pela mixagem e masterização?
Headspawn:
“As composições surgiram ainda durante o lançamento dos singles do Pretty Ugly People, nós apresentamos as músicas ao produtor Victor Hugo Targino, com quem havíamos trabalhado no EP de estreia, então a gente foi pra o estúdio Peixe Boi gravar as guias e posteriormente gravamos a bateria. As cordas nós gravamos no home-studio de Victor Hugo e as vozes foram gravadas num outro home-studio que fica nos fundos de uma cervejaria, onde inclusive gravamos o primeiro EP inteiro. A mixagem e masterização ficaram por conta de Victor Hugo Targino.”
Mundo Metal: ainda que saibamos que a canção “Every Hates Somebody” é uma crítica a intolerâncias e preconceitos, sabemos pouco sobre as temáticas líricas do Headspawn. Assim sendo, quais são os diversos temas das letras do power trio?
Headspawn:
“Em termos gerais, são letras que retratam nossa visão de mundo. Mas cada trabalho guarda sua temática própria, por exemplo, o EP de estreia é bastante focado nas consequências da polarização política e na manipulação das massas no jogo de poder. Já o Parasites, abrange a forma bizarra com a qual o capitalismo devasta a humanidade e desvaloriza a vida, cada faixa é uma narrativa de confronto interno e/ou externo oriundo de um mundo hostil, o álbum foi pensado como uma sequência de fases de um indivíduo que tenta sobreviver escapando dos tentáculos do sistema e fatalmente perece ao final da obra. Em resumo, nós estamos o tempo todo falando da nossa própria realidade.”
Mundo Metal: a sonoridade do Headspawn traz, ao mesmo tempo, o peso e a melodia em constante alternância. Quais são as influências musicais da banda?
Headspawn:
“Nossa intenção nunca foi fazer um tipo específico e limitado de música, então nunca se deve esperar que nossas influências fiquem pairando sobre um só nicho musical. Se você considerar que influência é tudo aquilo que te inspira a fazer algo, em algum momento vamos listar artistas que sequer fazem parte do rock n’ roll, entende? Lógico que nossas bandas favoritas são clássicos do metal como; Sepultura, Slayer, Metallica, Iron Maiden, Motorhead… mas adoramos Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, coisas como Suicidal Tendencies, Madball… de repente estamos ouvindo Ramones, Black Flag, MC5, Soundgarden, Alice in Chains… Korn, Rage Against the Machine, Lamb of God, Gojira, Berzerker… é muito complicado sintetizar o que é influência simplesmente citando o que nós gostamos de ouvir, acho que nossa música não é feita para alguém que é fã de um determinado estilo musica, mas sim para aquele indivíduo que curte o estilo de vida rock ‘n roll.”
Mundo Metal: algum novo registro está em processo de composição ou haverá alguma turnê nacional ou internacional do Headspawn? Em suma, quais são os planos para o pós-“Parasites”?
Headspawn:
“Temos muitas composições novas, temos planos para gravar algo em 2025 e também em 2026, temos planos de trabalho que vão bem lá na frente. Mas você tem que entender que somos uma banda ainda pequena, que faz tudo de forma independente e por isso é preciso tomar muito cuidado com cada movimento para não comprometer as condições de trabalho do futuro. Nossos planos imediatos passam pelo lançamento do primeiro videoclipe do Parasites, depois disso vamos divulgar uma turnê de promoção do álbum e acredito que isso é tudo o que vai rolar em 2024.”
Mundo Metal: desde que iniciou seus lançamentos, a banda não passou mais de um ano sem trazer alguma novidade. Mas, no início, foram dois anos até que saísse o primeiro single. Qual a razão dessa demora inicial?
Headspawn:
“Quando a gente diz que a banda surgiu em 2019, estamos falando que literalmente nós resolvemos fazer uma banda e nada tinha realmente acontecido além de alguns ensaios. Isso foi bem no final de 2019 já, não foi um momento de atividade plena, mas apenas um começo. Em 2020 nós estávamos acertando os últimos detalhes das músicas antes de iniciar o processo de gravação od EP de estréia, nós gravamos aos trancos e barrancos durante a pandemia, imagine a prova de fogo que uma banda recém formada não estava enfrentando naquela altura… nós sabíamos o que significava sobreviver àquele momento, seria uma condecoração de resiliência logo de cara. Depois da dificuldade de gravar, ficamos esperando o trabalho de Victor Hugo na mix e master, depois fizemos um elaborado plano de lançamento, já que não estávamos lançando apenas um trabalho mas também uma banda estava dando as caras pela primeira vez. Então não foi bem dois anos, mas um ano e alguns poucos meses, o que é muito pouco tempo de existência pra uma banda surgir e apresentar um trabalho sem nunca ter tido a oportunidade de fazer um show sequer. Essa ‘demora’ se deu pelo momento crítico em que resolvemos começar a história de Headspawn.”
Mundo Metal: esse espaço serve para que vocês avaliem a entrevista, assim como para falem sobre algo que não perguntamos. Portanto, fiquem a vontade e digam o que sentirem que devem.
HEADSPAWN (GROOVE METAL) PARAÍBA:
“Gostaríamos, humildemente, de convidar o leitor a uma ponderação. Estamos vivendo uma era onde uma nova cultura surge distanciando a arte do público, a música (como outras formas de expressão) estão sendo asfixiadas pelo processo mercadológico que parece tolerar cada vez menos trabalhos originais que fujam de seus rótulos e suas formas pasteurizadas. É preciso que nós, como público, tenhamos a consciência de buscar consumir expressões artísticas fora dessa bolha mercadológica que nos é ofertada por algoritmos, é preciso que voltemos nossas atenções para o que está sendo produzido ao nosso redor. Ir aos shows que acontecem na sua cidade, consumir as bandas locais, entender e incentivar o movimento cultural que essas bandas proporcionam, tudo isso é essencial para a manutenção da arte vívida e orgânica, fora desses padrões mercadológicos que buscam apenas aferir lucros e prejudicam a fomentação da arte e cultura. Em outras palavras, apoie e incentive os artistas de sua região porque eles são o verdadeiro futuro da arte no nosso país. Para quem não nos conhece, estamos no instagram como; @headspawn_official, no YouTube como; Headspawn Channel e nossa obra está disponível em todas as plataformas de streaming que existem. Muito obrigado ao Mundo Metal pela oportunidade de trocar essa ideia e um grande abraço a todos, espero que possamos nos encontrar na cidade de vocês!”
Mundo Metal:
Opa, igualmente, será uma prazer trocar uma ideia ao vivo com vocês!
Entrevistado: Headspawn (Groove Metal) Paraíba
Entrevistador: Cristiano “Big Head” Ruiz
