Inegavelmente, o Pantera foi uma das maiores bandas de Metal dos anos 90. Foi a primeira e única a tocar música extrema no mainstream e conseguir emplacar um disco na primeira posição da Billboard, batendo todos os artistas pop do momento. Isto aconteceu no lançamento de “Far Beyond Driven”, em 1994, e jamais se repetiu até hoje.
Porém, todos sabem que o início do Pantera não foi com uma musicalidade muito pesada. No começo, principalmente, nos três primeiros discos, o grupo executava um Glam Metal ou uma espécie de Hard Rock mais pesado.
As coisas só começaram a mudar de fato após a chegada do álbum “Ride The Lightning”, do Metallica, um disco que chamou muito a atenção dos jovens músicos. E, mais tarde, certamente, com a adição do vocalista Phil Anselmo ao lineup.
Em uma nova entrevista a Scott’s Bass Lessons, o baixista Rex Brown falou justamente sobre este período inicial do grupo. Brown relembrou os primórdios do Pantera e a relação com os irmãos Abbott. Ele disse o seguinte:
“Os irmãos Abbott tocavam mais coisas do tipo Loverboy, em 1981, 1982, com um pouco de Van Halen — muito de Van Halen, muito de Def Leppard — mas o senso pop ainda estava lá. Éramos uma banda popular. Estávamos apenas tentando compor boas músicas nesse sentido, e isso é difícil de fazer, cara. Então, por volta de 84, quando ‘Ride The Lightning’ do Metallica foi lançado, foi quando tudo mudou — esses riffs pesados apareceram e foi quando tudo mudou. Como éramos tão jovens, mantivemos aquela progressão natural. Nós tínhamos uma banda unida; todos nós podíamos tocar muito bem juntos. Tínhamos um vocalista diferente nos três primeiros discos e então encontramos um cara maluco em Nova Orleans chamado Philip Anselmo. Ele não era tão maluco assim; só estou dizendo. Ele era diferente porque ele não era do mesmo bairro. Todos nessa banda, basicamente, morávamos a menos de oito quilômetros de distância uns dos outros no Texas.
O mais legal de tudo isso é que toquei em uma banda de jazz do sétimo ao décimo segundo ano. E eu conseguia ler partituras à primeira vista muito, muito bem. Vinnie e eu nos conhecíamos desde o ensino fundamental. Tínhamos uma das melhores bandas de laboratório para o ensino médio no norte do Texas. E eles tinham professores muito bons. Foi lá que Vinnie e eu tocávamos naquela banda de laboratório. E o pai dele, por acaso, era engenheiro de som no único estúdio por quilômetros no Texas. Acho que pode ter havido outro. Isso é meio louco para o final dos anos 70. Mas tudo mudou naquela época. E ele era um engenheiro de som muito bom, mas era mais country. Ele não estava pronto para o Rock dos filhos. Então, acho que foi daí que surgiu um pouco de angústia e rebelião naqueles primeiros anos, porque brigávamos com o pai, só para tentar conseguir alguns sons lá. Ele não estava acostumado a gravar aquele tipo de música.
Eles foram os primeiros garotos com um PA na cidade. Mas quando entrei na banda, eles me disseram: ‘Bem, você não pode fumar e não pode beber’. E então eu apareci no primeiro ensaio com um maço de seis Löwenbräu e um cigarro na boca… Foi divertido. Tínhamos 17, 18 anos e queríamos fazer um nome para nós mesmos. E para fazer um nome para si mesmo, você tem que sair e praticar, praticar, praticar e aprender as músicas de outras pessoas. Minha irmã era 17 anos mais velha que eu, e eu tinha todo esse material ótimo para extrair — desde os Rolling Stones e os Beatles. Quer dizer, qualquer coisa dos Beatles até os anos 60, estava tudo acabado. Então eu simplesmente vasculhava esses discos, cara, e aprendia a tocar. Eu era guitarrista primeiro antes de começar a tocar baixo. Eles queriam que eu tocasse guitarra na banda do laboratório… E eu também queria estar na bateria por causa dos rudimentos e todo esse tipo de coisa… Eu fiz aulas de música do sétimo ao décimo segundo ano. Era tudo música.
Foi muito difícil — foi mesmo. Acho que as coisas acontecem por um motivo: estar no lugar certo na hora certa e ter a perseverança de seguir em frente e ver o que realmente é, mas continue… Meu Deus, estávamos compondo coisas incríveis, e a química só melhorava. Aos 25 anos, tínhamos um contrato com uma grande gravadora.”

Apesar do sucesso conquistado à partir do álbum “Cowboys From Hell”, de 1990, poucas pessoas sabem que o quarteto foi rejeitado por nada menos que 28 gravadoras até finalmente assinar um contrato com a modesta Atco Records. Rex confirmou esta história e disse o seguinte:
“Nós sabíamos que íamos fazer isso, mas como íamos fazer? Então começamos a vender todas as nossas fitas cassete nos shows. Vendemos 46.000 cópias do banco de trás do nosso carro. E foi aí que alguém disse: ‘Bem, é claro, preferimos ganhar dinheiro do que deixar vocês fazerem isso sozinhos’. Mas, uma vez que nós demos o primeiro passo, não era hora de dizer: ‘Ufa, somos estrelas do Rock’. Era hora de começar a trabalhar. E isso estava tocando em todas as rádios… Mas ainda tínhamos o senso melódico que sobrou dos anos 80 na nossa música. E então incorporamos coisas assim. Quer dizer, até uma música como ‘Fucking Hostile’. Você pega essa música — é uma música pop. Ela se tornou popular. Sim, se tornou — mesmo não tocando na rádio. Ninguém a tocava. Ninguém tinha coragem naquela época para fazer isso. Philip e eu ainda carregamos isso conosco. Com certeza.”